Chama-se Ivermectina e
investigadores australianos garantem que uma única dose deste medicamento que
serve para tratar piolhos e outros parasitas conseguiu eliminar o novo
coronavírus em testes de laboratório. ("in vitro"). É produzido pela
farmacêutica portuguesa Hovione, que pede cautela e espera por ensaios clínicos
Investigadores australianos
garantem ter descoberto que um medicamento chamado ivermectina, que está
disponível em todo o mundo e é produzido por uma farmacêutica portuguesa,
consegue com uma dose única eliminar o covid-19 em dois dias.
Num estudo liderado pelo
Biomedicine Discovery Institute (BDI) da Monash University em Melbourne (Austrália), em
conjunto coma Peter Doherty Institute of Infection and Immunity (Doherty
Institute), foi provado que em culturas de células o medicamento
antiparasitário (utilizado por exemplo no combate aos piolhos] mata o vírus que
está a causar uma pandemia mundial.
"Descobrimos que mesmo uma
dose única poderia eliminar todo o RNA viral dentro de 48 horas e, além disso,
às 24 horas há uma redução realmente significativa", disseram os
investigadores, cujo trabalho foi publicado na revista Antiviral. Este
medicamento, aprovado por várias agências de medicamentos, incluindo a
americana, também demonstrou ser eficaz "in vitro", segundo os
investigadores, contra uma ampla gama de vírus, incluindo HIV, dengue,
influenza e zika. No entanto, os testes ainda não foram realizados em pessoas.
"A ivermectina é amplamente
usada e é considerada uma droga segura. Precisamos determinar agora se a dose
que pode ser usada em humanos será eficaz, esse é o próximo passo. Agora,
quando temos uma pandemia global e não há tratamento aprovado, se tivéssemos um
composto que já estava disponível em todo o mundo, isso poderia ajudar as
pessoas mais cedo. Realisticamente, levará um tempo até que uma vacina
amplamente disponível seja aplicada", afirmam os investigadores.
Medicamento produzido em Portugal
O Ivermectine é um desparasitante
produzido pela farmacêutica portuguesa Hovione, segundo a Rádio Renascença, que ouviu o diretor comercial da marca
sobre a descoberta australiana. Marco Gil manifestou-se cauteloso perante o
estudo sobre este medicamento que é sobejamente conhecido desde os anos 80 do
século passado, já que era usado para combater diversas doenças como a cegueira
dos rios.
Em declarações à RR, Marco Gil
recordou essa bagagem toda que o Ivermectin tem e que, de resto já valeu o
prémio Nobel a dois investigadores pela aplicação em África salvando milhares
de pessoas. Ainda à rádio, Marco Gil lembrou que "neste momento, têm de
ser feitos estudos de fase três - já em pacientes - e terá de descobrir-se a
dose terapêutica, para se apurar se, de facto, essa dose está dentro dos
limites de toxicidade com que pode ser usado este produto", mas reconhece
que o facto de se conhecer a molécula há décadas "acelera o processo".
Ainda que tenha apontado um horizonte de seis a nove meses para conhecer o
resultado da eficácia do medicamento.
O responsável da Hovione admitiu
limitações na produção em grande escala do medicamento num curto espaço de
tempo. "Depende das quantidades e da população a tratar e evidentemente
haverá depois limitações e um tempo de adaptação para conseguir aumentar de
forma exponencial a produção caso venha a ser necessário", disse à RR.
Ainda assim, o Ivermectin não tem patente, é um genérico e, por isso, a
produção em larga escala poderá ser realizada em outros países e não será cara.
Marco Gil trava expectativas
exageradas sobre a administração rápida do medicamento, explicando que, se por
um lado o Ivermectin "não tem efeitos secundários relevantes, sendo de
administração segura, muito estudado há muitos anos, e, desse ponto vista traz
a segurança de ser um produto com toxicidade baixa", por outro lado
"dependerá muito da dose terapêutica que será necessário administrar aos
doentes da Covid 19".
Paula Sá | Diário de Notícias
À MARGEM:
Num comentário a propósito do
texto acima podemos ler no Diário de Notícias o seguinte:
Como já alertei a respeito de
outras euforias, calma! A experiência foi in vitro. Daí à. aplicação humana vai
uma grande distância. Leva tempo e pode não produzir resultados. Lembro só que
em experiência na Tailândia há uns dois anos o fármaco revelou-se eficaz in
vitro contra o Denge mas depois não teve resultados positivos na ampliação nos
humanos. O mesmo contra o HIV. Esperar para ver.
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