"Neste momento a China já não
precisa de se preocupar com aviões militares americanos a sobrevoar o rio Yalu
ou a entrar no espaço aéreo e a largar bombas sobre a sua embaixada na
Jugoslávia, como fizeram há 20 anos atrás. Trata-se de 30 anos de acumulação de
dor do lado chinês."
David Chan* | opinião
Lembro-me de o antigo presidente
norte-americano Barack Obama partilhar abertamente em frente a representantes
de 23 países na Cimeira de Shangrila que a China tem 1,3 mil milhões de pessoas
e que, assim sendo, quanto mais o país cresce menos deixa para a restante
população, existindo um limite para os recursos globais. Ou seja, para
continuar a seguir o atual estilo de vida, é necessário conter o
desenvolvimento da China. Esta é a atitude americana em relação à China. A
maioria dos políticos americanos não se importa com o país, e por isso já
repetidamente disse abertamente em conferências internacionais que o veem como
uma ameaça.
Agora que o surto está a atingir
os EUA e as doações de produtos médicos por Jack Ma e pela Huawei foram
recebidas com críticas, é normal que exista alguma discussão sobre se o Governo
chinês deve ou não auxiliar os EUA nesta luta contra a epidemia. Um exemplo
disso mesmo foi a recusa do epidemiologista Zhong Nanshan viajar para os EUA
para partilhar conhecimento sobre a epidemia, visto que a ajuda chinesa parece
nunca resultar em gratidão americana. A China não é um país pequeno, a história
fez a respetiva escolha. O país nunca teve vontade de dominar o mundo, mas face
a mais de 30 anos de luta contra os EUA a impedir o seu desenvolvimento, a
China, com uma história de mais de 5.000 anos e uma população de 1,3 mil
milhões, tem de lutar pela felicidade. Nunca procurou hegemonia, mas os EUA
empurraram a China para esta posição, sendo agora a sua obrigação lutar. Neste
momento a China já não precisa de se preocupar com aviões militares americanos
a sobrevoar o rio Yalu ou a entrar no espaço aéreo e a largar bombas sobre a
sua embaixada na Jugoslávia, como fizeram há 20 anos atrás. Trata-se de 30 anos
de acumulação de dor do lado chinês. Se os EUA se mostrassem gratos, e para que
o Ocidente merecesse ser elogiado, não seriam precisas doações de máscaras e
ventiladores, nem de ajuda chinesa, seria preciso sim que parassem de tentar
impedir o desenvolvimento chinês.
Simpatia barata, que não irá
receber gratidão de volta, apenas irá criar mais insultos. Uma nação que não
saiba estar agradecida não tem futuro, tal como uma população que não saiba o
que é vingança. Devemos pagar o preço dos nossos erros, essa é a lei da
história, não o podemos negar. Se a China auxiliar os EUA, estará a dizer ao
resto do mundo que não tem princípios, perdendo os seus verdadeiros aliados
internacionais.
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