Grande lata. Diz a CIP que com
dinheiro a fundo perdido não há despedimentos. Ora, com o dinheiro do Estado, a
fundo perdido, não faltam empresários de sucesso, criadores de emprego e
riqueza.
AbrilAbril | editorial
Já conhecíamos o sentido
patriótico dos nossos empresários, nomeadamente durante o período da troika,
quando as empresas portuguesas de maior dimensão e a esmagadora maioria das que
estão cotadas na bolsa de Lisboa transferiram a sede das suas holdings para
a Holanda, para fugirem ao pagamento de impostos em Portugal.
Mas, a «filantropia» dos
nossos empreendedores, como gostam de ser chamados, não pára de nos
surpreender.
Não, não estamos a falar das
muitas situações em que o surto epidémico tem servido de pretexto para
despedimentos, cortes de salários, ataques a direitos dos trabalhadores e as
mais diversas arbitrariedades, nomeadamente a imposição de férias antecipadas, as
alterações unilaterais de horários de trabalho, o corte de prémios e subsídios,
incluindo o subsídio de refeição, ou a recusa de exercício de direitos
parentais.
Não, também não estamos a falar
da especulação que os grupos económicos promovem, a pretexto da situação de
crise que atravessamos, decidindo como entendem sobre os preços que praticam em
relação a bens e produtos essenciais.
Estamos a falar da afirmação que
o Expresso tem hoje na primeira página, quando nos dá conta da
posição «altruísta» da fina-flor do grande capital nacional: anuncia a CIP
que «com dinheiro a fundo perdido não há despedimentos».
Como diz o povo, com as calças do
meu pai também sou um homem!
Na imagem: António Saraiva,
presidente da Confederação Empresarial de Portugal / Miguel A. Lopes / Agência
Lusa
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