"Não há nenhuma máscara
certificada que resista a 25 lavagens, muito menos a 50 e ainda menos a
90", garante Braz Costa, diretor-geral do Citeve.
Prometem máscaras com cores,
feitios e dezenas ou centenas de lavagens com certificação. No entanto, uma
grande parte das empresas que vendem máscaras reutilizáveis na Internet e em
algumas lojas de retalho nunca pediram testes de produtos ao Citeve, o único
centro tecnológico têxtil com protocolo com o Infarmed e DGS para certificar.
Uma rápida pesquisa no Google ou
Facebook permite encontrar dezenas de vendedores que asseguram estar
certificados pelo centro tecnológico ou que vendem máscaras reutilizáveis
várias vezes.
A "Safe Máscaras
Reutilizáveis", por exemplo, promete "enorme resistência e
durabilidade" em "mais de 100 lavagens". O problema é que o
Citeve ainda não certificou máscaras que sejam reutilizáveis mais de cinco
vezes. O JN confrontou a empresa, mas não obteve qualquer resposta.
Para Braz Costa, produtos com
mais lavagens "podem não cumprir parâmetros fundamentais para que a
proteção possa acontecer", uma vez que não foram testados.
Há ainda outras empresas que
asseguram ter máscara "lavável até 50 vezes e certificada", como a
Hospivida. No Facebook, a empresa refere que o produto é certificado "pelo
Citeve". Contudo, o centro só terá certificado as propriedades
antibacterianas do tecido, o que não garante a fiabilidade da máscara como um
todo, pois ficam por analisar outros aspetos como a filtragem de partículas e a
respirabilidade, por exemplo.
SÓ TECIDO NÃO BASTA
"A proteção não vai resistir
a 50 lavagens", assegura Braz Costa, que revela que o uso da certificação
do tecido como se fosse da máscara toda é o logro mais comum: "Já
detetámos várias situações e entramos em contacto com as empresas para
resolverem o problema".
Há ainda entidades públicas que
caem no engano. A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior ofereceu, no dia 22,
máscaras que dizia estarem "certificadas para 75 lavagens". O logro
foi denunciado pelo "Sexta às 9", da RTP, e desde então a junta
passou a anunciar que é o tecido que está certificado. Ou seja, a máscara não
garante proteção contra as partículas de Covid-19. Ao JN, o presidente da
Junta, Miguel Coelho, não quis falar sobre o assunto.
Entretanto, a ASAE tem
multiplicado as ações de fiscalização junto de vendedores não certificados.
Quem quiser vender deve "dar cumprimento aos normativos legais e à
legislação aplicável", sob pena "de estar a ser desenvolvida uma
atividade ilegal", refere aquela autoridade ao JN, que está a compilar o
número de contraordenações e processos-crime já instaurados por venda irregular
ou ilegal de equipamentos de proteção.
Delfim Machado | Jornal de Notícias
Na imagem: Câmara da Póvoa de
Lanhoso distribuiu à população 12 mil máscaras que levaram o selo do Citeve sem
estarem certificadas
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