domingo, 24 de maio de 2020

Portugal | As Forças Armadas não eram apartidárias?


A verdade é que, do longo processo de governamentalização das Forças Armadas, promovido por PS e PSD, resulta um claro esbatimento da exigência constitucional de apartidarismo da instituição militar.

Inesperadamente, ou talvez não, assistimos à «lavagem de cara» do líder do PSD, num almoço realizado numa unidade militar, a Base Aérea/Aeródromo de Manobra N.º 1 de Ovar, com a participação do Presidente da República, do presidente da Câmara Municipal de Ovar (vice-presidente do PSD), do presidente do PSD e do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea. 

Foi neste quadro, com a Força Aérea como pano de fundo, que Marcelo Rebelo de Sousa fez um rasgado elogio a Rui Rio, promovendo-o inclusive a líder da oposição, esquecendo que o presidente dos social-democratas é, tão só, o líder do maior partido e que o PSD não representa toda a oposição.

É verdade que, do longo processo de governamentalização das Forças Armadas, promovido por PS e PSD, resulta um claro esbatimento da exigência constitucional de rigoroso apartidarismo da instituição militar, cada vez mais evidente no processo de nomeação das chefias militares e com reflexos na ascensão e na carreira de oficial general. Mas nada justifica este episódio inédito, pelo menos à porta aberta.

Entretanto, ficamos na expectativa de saber se se tratou de uma gafe ou se vamos ter novas surpresas e, quando menos se esperar, o Comandante Supremo das Forças Armadas vai levar Catarina Martins a almoçar à unidade da Marinha de Vale de Zebro ou sentar-se à mesa da messe de oficiais do regimento do Exército de Vendas Novas com Jerónimo de Sousa.

AbrilAbril | editorial

Sem comentários:

Mais lidas da semana