A verdade é que, do longo
processo de governamentalização das Forças Armadas, promovido por PS e PSD,
resulta um claro esbatimento da exigência constitucional de apartidarismo da
instituição militar.
Inesperadamente, ou talvez não,
assistimos à «lavagem de cara» do líder do PSD, num almoço realizado numa
unidade militar, a Base Aérea/Aeródromo de Manobra N.º 1 de Ovar, com a
participação do Presidente da República, do presidente da Câmara Municipal de
Ovar (vice-presidente do PSD), do presidente do PSD e do Chefe de Estado-Maior
da Força Aérea.
Foi neste quadro, com a Força
Aérea como pano de fundo, que Marcelo Rebelo de Sousa fez um rasgado elogio a
Rui Rio, promovendo-o inclusive a líder da oposição, esquecendo que o
presidente dos social-democratas é, tão só, o líder do maior partido e que o
PSD não representa toda a oposição.
É verdade que, do longo
processo de governamentalização das Forças Armadas, promovido por PS e PSD,
resulta um claro esbatimento da exigência constitucional de rigoroso
apartidarismo da instituição militar, cada vez mais evidente no processo de
nomeação das chefias militares e com reflexos na ascensão e na carreira de
oficial general. Mas nada justifica este episódio inédito, pelo menos à
porta aberta.
Entretanto, ficamos na
expectativa de saber se se tratou de uma gafe ou se vamos ter novas surpresas
e, quando menos se esperar, o Comandante Supremo das Forças Armadas vai levar
Catarina Martins a almoçar à unidade da Marinha de Vale de Zebro
ou sentar-se à mesa da messe de oficiais do regimento do Exército de
Vendas Novas com Jerónimo de Sousa.
AbrilAbril | editorial
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