Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Tivemos tempos em que as
incertezas e as dúvidas imperam; dúvidas e incertezas sobre a vida social,
política e económica. Contudo, existem algumas certezas, sendo o regresso da
austeridade uma delas.
A propagação do vírus e a
subsequente paralisação das economias já está a ter um forte impacto nas
mesmas. Como se sabe, nesta história tão bem conhecida, os responsáveis ficarão
impunes (o dinheiro fala sempre mais alto) e serão os mais pobres e os remediados
a pagar a factura.
Assim sendo, espera-se o regresso
da tão malfadada austeridade que se traduzirá na receita do costume: mais
impostos para quem já os paga, menos rendimentos para quem trabalha.
Paralelamente, não seria de rejeitar a possibilidade de novas privatizações,
sobretudo quando os Estados forem chamados a pagar as dívidas que contraíram na
sequência da epidemia.
Creio que a nova austeridade pode
vir acompanhada pelo recrudescimento e fortalecimento da extrema-direita. Com
essa nova austeridade, virá o desespero de tempos recentes - o desespero aliado
a uma ignorância que nem a gestão desastrosa da epidemia adoptada por Trump ou
Bolsonaro ajudará a mitigar.
Se os governos, sobretudo os
verdadeiramente democratas, falharem, caindo novamente nas malhas apertadas da
austeridade, espera-se o pior, do ponto de vista político, designadamente com o
enfraquecimento, já em curso, das democracias.
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