Se há coisas que fazem grande
falta ao sistema que intruja o povoléu é Fátima e o Futebol, porque o país dos
três efes já lá vai, devido ao Fado ter pulado a cerca e deixado para outros e
para trás no tempo os fados dos desgraçadinhos e das nossas senhoras.
Anteontem comemorou-se Fátima
milagreira. A tal que em outras versões há os que defendem que o que ali pairou
na Cova da Iria foi um OVNI e outros com as mais variadas versões. Como o
respeito é muito bonito há que respeitar todas elas. As pessoas e as versões. Sendo que a da
nossa senhora é, alegadamente, a mais popular. Erguidos, cabisbaixos, de
joelhos ou de rastos, sejamos democráticos mas nem por isso ingénuos ao ponto
de nos deixarmos levar ainda mais pelas conveniências de trupes, seitas e sistemas que
nos tramam e têm por principal objetivo a exploração do homem pelo homem – sem esquecer
as mulheres que ainda são, tantas vezes, maiores vítimas.
Mais coisa menos coisa o Curto de
hoje é o espelho disso, dos enganos. Não de propósito mas sim de raiz – devido ao
modo como somos moldados desde que nascemos. Como o fado, também nisso da
formatação dos indivíduos há os que pulam a cerca.
São esses os que perante a
sociedade e sem papas na língua vêem os gestores como grandes chulos e ou ladrões
da sociedade baseada na exploração do trabalho e produção nunca devidamente
remunerada pelos que a produzem de facto. Acrescente-se muitos políticos,
banqueiros, grandes empresários e até alguns pequenos que se tiverem sucesso na
ladroagem conseguem atingir o pódio da grandeza. E desenvolverem as mais
variadas e novas artimanhas de exploração.
No Curto de hoje, em certa medida
podemos ler isso mesmo nas entre-linhas, quase todos os dias assim é. Não
porque os jornalistas, também explorados, escrevam sem papas na língua e dêem o
destaque real e devido às realidades do mundo do trabalho ou de outros mundos
que sugam o primeiro – como o dos roubos, da corrupção, do parasitarismo
daqueles que se usam dos orçamentos públicos para enriquecerem sem esforço,
porque sim. É o caso do Novo Banco, da banca, dos banqueiros, dos políticos dos
favores a esses mesmos parasitas do grande e médio capital…
Que o airoso “Fundo de Resolução”
vai pagar o que é surripiado dos cofres públicos, enganosamente de todos nós
(que neles não mandamos nem controlamos) … Loas. Pagam quando? No dia de São
Nunca à Tarde? Eis os expedientes dos verdadeiros sacanas da sociedade.
Expedientes produzidos na era do governo chefiado por Passos Coelho (figurão
nocivo), com Paulo Portas submarinado na estirpe de um suposto Adolfo Dias de
Locupletar, “doador” do CDS…
É assim, plebeus, que continuamos
entregues aos “bichos”. Nesta maléfica e falsa democracia. Afinal responsável pela
fuga de muitos enganados para a extrema direita (olhai o Ventura) que parece
que é o que não é. E disso já Portugal sabe com a experiência salazarista de
quase meio século.
Afinal temos aqui razões de pano
para mangas no texto incompleto e não para um curto preâmbulo em antecipação ao
Curto do Expresso. Vamos acabar assim.
Aos iludidos pedimos desculpa por qualquer
coisinha. Só a esses. Aos chulos, aos ladrões, aos corruptos e aos radicais
adeptos do nepotismo (cunhas), é que não. Ver o sol aos quadradinhos é o que merecem.
Bom dia, se puderem. Apesar de
tantos não terem o que comer, nem como pagar contas de necessidades básicas na
presente sociedade dirigida e ocupada por uma amálgama de sacanas de espécies variadas que
preponderam nos poderes.
De sacanas, chulos e ladrões está Portugal cheio. E o resto do mundo também.
Salte para o Curto com olhos de
ver. Aprenda e pense bem onde estamos metidos. Pior que uma camisa de forças ou de onze varas.
MM | PG
Bom dia, este é o seu Expresso
Curto
Hoje é dia de avaliação
Raquel Moleiro | Expresso
Bom dia.
Se Portugal fosse um ser humano, dotado de emoções e fraquezas, hoje tinha acordado com o estômago um bocadinho enrolado, as mãos a suar frio como quando se está na iminência de receber o resultado de um teste importante, daqueles que abrem portas e mudam vidas. Este muda a de dez milhões, e viabiliza (ou não) o fim de outras tantas barreiras, em pequenas e grandes superfícies, escolas, lares, relvados e areais.
Esta quinta-feira de manhã, há reunião quinzenal no Infarmed e o Governo receberá dos epidemiologistas as primeiras avaliações aprofundadas da progressão da covid-19 após o fim do estado de emergência, sendo que a DGS admite que só desde ontem os números começaram verdadeiramente a refletir os efeitos do desconfinamento iniciado a 3 de maio. O povo saiu à rua (moderadamente) e hoje pesam-se as consequências, que vão permitir firmar decisões sobre a abertura (a segunda) da economia e da sociedade a mais atividades durante os próximos 15 dias, a validar sexta-feira num conselho de ministros extraordinário.
Os relatórios diários foram sendo animadores, com uma diminuição constante dos internados em cuidados intensivos e os recuperados a duplicar desde o início do mês. Porém, nem o número de novos infetados nem a taxa de letalidade estabilizaram completamente na descida, como que a relembrar que nesta pandemia tudo é matéria volátil e desconhecida, e que nem as linhas desenhadas com a geografia certa garantem o êxito do combate. Está-se em fase de estagnação, mas o medo (e a possibilidade) da reversão existe, bastando para isso que se descurem os deveres de recolhimento e proteção.
O secretário de Estado da Saúde disse estar “expectante num balanço positivo”, e é à luz dessa esperança que se percebe que, mesmo antes do primeiro relatório do estado de calamidade, se avancem recomeços: visitas controladíssimas aos lares a 18 de maio, no mesmo dia em que os alunos do 11º e 12º ano voltam à escola e as creches e os restaurantes reabrem; missas de máscara no fim de maio; e a I Liga de Futebol a jogar a 25ª jornada a 4 de junho, à porta fechada.
Cavalgando o optimismo, arrisco dizer que, se em 1917 Nossa Senhora tivesse surgido na Cova de Iria uns meses mais tarde, se calhar o 103ª aniversário da primeira aparição, que ontem se realizou em versão minimalista e quase sem peregrinos, teria tido santuário lotado, respeitando uma quadrícula de segurança ao estilo do 1º de maio. Mas vendo as fotografias do António Pedro Ferreira e lendo os textos da Rosa Pedroso Lima, que lá estiveram nos últimos dois dias, ninguém pode afirmar que Fátima não se encheu de Fé .
E foi precisa uma grande dose da dita - independentemente da religião - para acreditar que Mário Centeno ainda amanheceria hoje como ministro de Estado e das Finanças, depois de um dia de pingue-pongue de culpas a propósito da transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco, em que o presidente do Eurogrupo levou com boladas de todos os lados, com críticas de Marcelo Rebelo de Sousa, com o primeiro-ministro a nada acrescentar às palavras do Presidente, com Rui Rio a pedir-lhe a demissão e o Bloco de Esquerda a falar em "remodelação em direto".
Centeno acabou a noiteem
São Bento , numa reunião de urgência com António Costa, decidido
a demitir-se, como conta aqui a
Liliana Valente. Três horas depois, já depois das 23h, saiu ainda dono da
pasta. Mas não saiu sozinho. Saíram os dois juntos e sorridentes. Era preciso dar
prova de vida da confiança pessoal e política, que seria depois firmada por
escrito.
Esta quinta-feira, depois do encontro com os epidemiologistas que lhe permitirá decidir o futuro próximo do país, o primeiro-ministro segue para Belém para um almoço privado com Marcelo Rebelo de Sousa. No topo da ementa está a avaliação do futuro político de Centeno. Anteveem-se dores de barriga e suores frios para os lados do Terreiro do Paço.
Se Portugal fosse um ser humano, dotado de emoções e fraquezas, hoje tinha acordado com o estômago um bocadinho enrolado, as mãos a suar frio como quando se está na iminência de receber o resultado de um teste importante, daqueles que abrem portas e mudam vidas. Este muda a de dez milhões, e viabiliza (ou não) o fim de outras tantas barreiras, em pequenas e grandes superfícies, escolas, lares, relvados e areais.
Esta quinta-feira de manhã, há reunião quinzenal no Infarmed e o Governo receberá dos epidemiologistas as primeiras avaliações aprofundadas da progressão da covid-19 após o fim do estado de emergência, sendo que a DGS admite que só desde ontem os números começaram verdadeiramente a refletir os efeitos do desconfinamento iniciado a 3 de maio. O povo saiu à rua (moderadamente) e hoje pesam-se as consequências, que vão permitir firmar decisões sobre a abertura (a segunda) da economia e da sociedade a mais atividades durante os próximos 15 dias, a validar sexta-feira num conselho de ministros extraordinário.
Os relatórios diários foram sendo animadores, com uma diminuição constante dos internados em cuidados intensivos e os recuperados a duplicar desde o início do mês. Porém, nem o número de novos infetados nem a taxa de letalidade estabilizaram completamente na descida, como que a relembrar que nesta pandemia tudo é matéria volátil e desconhecida, e que nem as linhas desenhadas com a geografia certa garantem o êxito do combate. Está-se em fase de estagnação, mas o medo (e a possibilidade) da reversão existe, bastando para isso que se descurem os deveres de recolhimento e proteção.
O secretário de Estado da Saúde disse estar “expectante num balanço positivo”, e é à luz dessa esperança que se percebe que, mesmo antes do primeiro relatório do estado de calamidade, se avancem recomeços: visitas controladíssimas aos lares a 18 de maio, no mesmo dia em que os alunos do 11º e 12º ano voltam à escola e as creches e os restaurantes reabrem; missas de máscara no fim de maio; e a I Liga de Futebol a jogar a 25ª jornada a 4 de junho, à porta fechada.
Cavalgando o optimismo, arrisco dizer que, se em 1917 Nossa Senhora tivesse surgido na Cova de Iria uns meses mais tarde, se calhar o 103ª aniversário da primeira aparição, que ontem se realizou em versão minimalista e quase sem peregrinos, teria tido santuário lotado, respeitando uma quadrícula de segurança ao estilo do 1º de maio. Mas vendo as fotografias do António Pedro Ferreira e lendo os textos da Rosa Pedroso Lima, que lá estiveram nos últimos dois dias, ninguém pode afirmar que Fátima não se encheu de Fé .
E foi precisa uma grande dose da dita - independentemente da religião - para acreditar que Mário Centeno ainda amanheceria hoje como ministro de Estado e das Finanças, depois de um dia de pingue-pongue de culpas a propósito da transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco, em que o presidente do Eurogrupo levou com boladas de todos os lados, com críticas de Marcelo Rebelo de Sousa, com o primeiro-ministro a nada acrescentar às palavras do Presidente, com Rui Rio a pedir-lhe a demissão e o Bloco de Esquerda a falar em "remodelação em direto".
Centeno acabou a noite
Esta quinta-feira, depois do encontro com os epidemiologistas que lhe permitirá decidir o futuro próximo do país, o primeiro-ministro segue para Belém para um almoço privado com Marcelo Rebelo de Sousa. No topo da ementa está a avaliação do futuro político de Centeno. Anteveem-se dores de barriga e suores frios para os lados do Terreiro do Paço.
OUTRAS NOTÍCIAS
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Estabilidade em período instável O Parlamento discute hoje o Programa de Estabilidade (PE) e o Programa Nacional de Reformas, que remeterá depois à Comissão Europeia. Este ano, devido à incerteza provocada pela pandemia, o PE não integra previsões macroeconómicas para 2020 mas sim uma avaliação do custo do período de confinamento e uma lista de medidas, anunciadas e em implementação, de combate à covid-19. Essa omissão foi já duramente criticada pelo Conselho de Finanças Públicas.
O pedido nos olhos de Valentina. O juiz de instrução criminal do Tribunal de Leiria decretou a prisão preventiva ao pai e à madrasta de Valentina, a menina de 9 anos assassinada
Espanha com dupla tranca. Hoje era o último dia do encerramento da fronteira terrestre entre Portugal e Espanha, mas a proibição de passagem foi alargada até 15 de junho. Já dura há dois meses, e assim ficará pelo menos três. Mas mesmo que abrisse, do lado de lá há novas regras de combate à propagação da covid-19 que dissuadem qualquer entrada: a partir de amanhã, pisar solo espanhol implica uma quarentena obrigatória de 14 dias.
Nem chão da Lagoa nem Pontal. O PSD não vai organizar as habituais festas partidárias, como a do Chão da Lagoa, na Madeira, e a do Pontal, no Algarve, que serve de rentrée política ao partido. A garantia foi dada por Rui Rio, no Twitter, que justificou a decisão como sendo de manifesto "bom senso".
O estado dos estádios. Arrancam hoje as vistorias aos estádios de futebol, para avaliar se reúnem as condições de segurança e higiene necessárias para o retomar da competição. A inspeção passa primeiro pelo Moreirense, Rio Ave, Paços de Ferreira, Desportivo da Aves, Tondela, Vitória de Setúbal e Portimonense. No final será entregue um relatório à DGS.
Air solidária. Parte hoje de Luanda para Lisboa mais um voo com portugueses retidos no país depois de decretado o fecho das fronteiras angolanas a 20 de março. O país tem apenas autorizado a saída de voos humanitários com cidadãos estrangeiros que querem regressar a casa – duas mil pessoas em 205 voos até ao dia 25 de abril. O presidente João Lourenço prolongou o Estado de Emergência até 26 de maio, não havendo data para a retoma da aviação comercial.
Rigor neozelandês. Os cinemas, restaurantes, cafés e ginásios reabrem a partir de hoje na Nova Zelândia, dia em que o nível das medidas impostas desce de três para dois. Reabrem também o comércio a retalho e os parques infantis. O país, que impôs das medidas de confinamento mais restritivas, conta atualmente com 1.147 casos de infeção e 21 mortos. Também a Finlândia dá hoje mais um passo no desconfinamento, com a reabertura de escolas e creches, depois de quase dois meses de portas fechadas. Mas aqui a passagem do vírus deixou marcas mais profundas: 284 mortos e mais de 6 mil infetados.
Bolsonaro, Airton, Rafael ou 05. O presidente do Brasil usou pseudónimos para realizar vários testes à covid-19 em março, como Airton Guedes, Rafael Augusto ou 05, argumentando questões de segurança. O país registou 11 mil casos de infeção num só dia.
FRASES
“Este vírus pode tornar-se apenas em mais um vírus endémico nas nossas comunidades, pode nunca desaparecer”. Mike Ryan, especialista da Organização Mundial de Saúde.
"Voltaremos todos juntos aqui". D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, durante a homilia do 13 de maio,
"São
"É dentro das famílias que as crianças correm mais perigo, são mais humilhadas, mais abusadas sexualmente. E é melhor denunciar e depois não ser nada do que ficar em silêncio e perceber mais tarde que aconteceu uma tragédia”. Manuel Coutinho, coordenador da linha SOS Criança, cujas chamadas mais do que duplicaram
"Isto
O QUE ANDO A LER
O Deus das Moscas, de William Golding, andou a passear cá por casa durante uns meses, arrastado de um lado para o outro ao ritmo lento em que era lido pela minha filha adolescente. Obra obrigatória, escolhida para o 8º ano pela professora de Português, não teve grande adesão juvenil pelo simples facto de ser imposto: poucos ultrapassam esse peso de negação prévia. Acabou-o há pouco e passou-o para mim. Já leva por aqui uns aninhos, mas nunca o tinha lido. É daqueles que desaparecem nas prateleiras, já em sobrelotação, tapados pelas obras que estacionam em segunda fila.
Pareceu-me certo para o tempo que vivemos, também nós alvo de uma espécie de experiência sociológica, um confinamento global imposto por um vírus desconhecido que desconstrói, peça a peça, as rotinas e certezas que conhecíamos até agora. Na obra, de 1954, as cobaias são um grupo de rapazes ingleses numa ilha deserta, onde o avião em que seguiam se despenhou abrindo uma cicatriz na floresta tropical. Nenhum adulto sobreviveu, só eles, livres de ordens e trabalhos de casa, mas presos a novas obrigações, lideranças sombrias e bullying sem travões parentais.
Estou já a chegar ao fim, de hoje não passa, mas desde há uns dias a leitura perdeu interesse, depois de uma spoiler de 14 anos me ter revelado o fim. Ou “parte” dele, corrigiu logo, a tentar minimizar o estrago, como se fosse possível anunciar a morte de uma personagem sem destruir o suspense para todo o sempre.
Ferida a ficção, mergulhei na realidade. Por coincidência, ontem mesmo, o Guardian publicou uma reportagem impressionante sobre Sione Filipe Totau, conhecido por Mano, um septuagenário de Tonga, que em 1965 sobreviveu durante 15 meses em Ata, uma ilha deserta do Pacífico, com mais cinco amigos, entre os 16 e os 13 anos. Aborrecidos com a sua vida num colégio interno católico, roubaram um barco de pesca, abasteceram-se de cocos e bananas, e atiraram-se à aventura. Queriam chegar às Fiji ou até à Nova Zelândia, mas uma tempestade atirou-os para uma deriva de oito dias que acabou naquela ilha desabitada. Quando pisaram terra rezaram e fizeram um pacto: “nunca brigar”. E depois começaram a sobreviver. É ele o verdadeiro senhor das moscas.
Tenha uma boa quinta-feira. E siga toda a atualidade em www.expresso.pt
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