Primeiro carregamento de
combustível iraniano chegou ao abrigo da cooperação bilateral entre os dois
países.
A Venezuela recebeu, na noite de
sábado, o primeiro carregamento de combustível do Irão, ao abrigo da cooperação
bilateral entre ambos os países para atender à escassez local de combustível,
anunciou o ministro do Petróleo venezuelano .
"Os barcos da irmã República
Islâmica do Irão já se encontram na nossa Zona Económica Exclusiva (marítima),
acompanhados pela nossa Marinha Bolivariana, como símbolo de fraternidade e da
fortaleza da nossa união", escreveu Tareck El Aissami, na sua conta do
Twitter.
Segundo a imprensa local é a
primeira vez que o Irão exporta gasolina para um país da América Latina.
A aproximação do petroleiro
iraniano foi acompanhada nas imediações pelo navio americano Adam Joseph.
O carregamento do Irão deverá
aliviar, durante algumas semanas, a situação interna do país, onde vários
setores estão paralisados por falta de combustível que fez agricultores de
localidades como Mérida perderem as suas colheitas por não poderem chegar aos
mercados e centros urbanos.
No total, são cinco navios
iranianos (Fortune, Petúnia, Forrest, Faxon e Cravo) que, segundo as
autoridades locais, chegaram à Venezuela apoiados pelo Exército Bolivariano e a
Aviação Militar venezuelana.
A chegada dos barcos tem lugar
depois de os EUA acusarem o Irão e a Venezuela de negociarem gasolina a câmbio
de ouro extraído ilegalmente do território venezuelano.
No sábado, antes da chegada dos
barcos, o Presidente iraniano, Hassan Rohani, avisou os Estados Unidos que
poderiam ter problemas se os petroleiros do Irão sofressem algum transtorno na
região das Caraíbas.
"Se os nossos petroleiros
nas Caraíbas ou em qualquer parte do mundo tiverem problemas devido aos
norte-americanos, eles, de forma recíproca, terão também problemas",
afirmou Rohani, numa conversa telefónica com o emir do Qatar, Tamim bin Hamad
al Zani, citada pela página oficial da presidência iraniana.
"Esperamos que os
norte-americanos não se enganem", salientou Rohani, que afirmou ainda que
Teerão não iniciará qualquer conflito, mas reservava-se "o direito
legítimo de defender a soberania e a integridade territorial e os seus
interesses".
O governo venezuelano liderado
por Nicolas Maduro denunciou na sexta-feira na ONU alegadas ameaças dos Estados
Unidos aos navios iranianos.
O Irão e a Venezuela mantêm uma
relação próxima desde a época do falecido líder venezuelano Hugo Chávez
(1999-2013), cimentada numa oposição aos Estados Unidos, que impôs sanções aos
dois países.
A Venezuela regista uma queda na
produção de petróleo e de derivados devido aos problemas que paralisam várias
das suas refinarias, afetadas pelas sanções e por falta de investimento.
O setor energético iraniano
também está debilitado devido às sanções impostas pelos Estados Unidos em 2018,
com a proibição de exportação de crude do Irão.
Segundo o ministro venezuelano do
Petróleo, "a cooperação energética entre o Irão e a Venezuela se
fundamenta no intercâmbio científico e no desenvolvimento produtivo da
indústria de hidrocarbonetos, além da experiência que nos une como países da OPEP".
Diário de Notícias | Lusa
*Imagem em Prensa Latina mostra a presença de três dos cinco petroleiros iranianos, no cais venezuelano, em preparação para o descarregamento do combustível.
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