O porta-voz do ministério dos
Negócios Estrangeiros chinês acusa os Estados Unidos de ter “padrões duplos”,
por considerar como “heróis” os manifestantes “violentos” em Hong Kong.
O Governo chinês denunciou esta
segunda-feira a “doença crónica” do racismo nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd, um afro-americano sufocado por um polícia
branco, que desencadeou protestos em todo o país.
A agitação em várias cidades norte-americanas é um sinal
da “gravidade do problema do racismo e da violência policial nos Estados
Unidos”, afirmou Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros
da China, em conferência de imprensa.
Zhao comparou a violência nos
Estados Unidos com a que abalou a região semi-autónoma de Hong Kong, no ano
passado, em reacção à crescente influência de Pequim na antiga colónia
britânica.
Segundo Zhao, a resposta dos
Estados Unidos às manifestações contra a violência policial no seu território é
“um exemplo dos padrões duplos do país”.
“Porque é que os Estados Unidos
tratam os manifestantes violentos em Hong Kong e da chamada independência como
‘heróis’, enquanto chamam àqueles que denunciam o racismo de ‘rebeldes'”,
questionou.
Pequim acredita que “forças
estrangeiras” são responsáveis pelos distúrbios em Hong Kong e classifica
os manifestantes mais radicais de “terroristas”.
A imprensa estatal chinesa tem
também comparando as violentas manifestações antigovernamentais do ano passado em Hong Kong com as
manifestações nos EUA.
Em editorial, o jornal oficial Global
Times afirmou que os políticos dos EUA podem “pensar duas vezes” antes
de comentarem novamente sobre questões em Hong Kong , sabendo que as “suas palavras podem
sair pela culatra um dia”.
Um comentário da emissora estatal
CCTV, no sábado, descreveu a violência entre a polícia e manifestantes nos EUA
como um “copo de vinho amargo destilado pelos próprios políticos dos EUA”.
“O racismo nos EUA é uma cicatriz
que não sarará”, apontou a televisão estatal chinesa.
Os protestos nos EUA, contra a
morte do afro-americano George Floyd sob custódia policial em Minneapolis, são uma oportunidade para a China alegar
padrões duplos e fazer contracríticas, face às frequentes acusações ao Governo
chinês em questões de direitos humanos.
George Floyd, de 46 anos, morreu
na noite de dia 25, em Minneapolis, após uma intervenção policial violenta,
cujas imagens foram divulgadas através da internet.
Floyd foi detido por suspeita de
ter tentado pagar com uma nota falsa de 20 dólares num supermercado.
Num vídeo filmado por transeuntes
e divulgado nas redes sociais, é possível ver um dos agentes pressionar o
pescoço de Floyd com o joelho durante vários minutos. Neste mesmo vídeo, vê-se
Floyd a dizer ao polícia que não consegue respirar.
Desde então, várias cidades
norte-americanas, incluindo Washington D.C. e Nova Iorque, têm sido palco de
manifestações, com os protestos a resultarem frequentemente em confrontos com a
polícia, acusada de agir de forma violenta.
Público | Lusa
Imagem: Governo de Xi Jinping
está de costas voltadas com Donald Trump e acusa americanos de racismo JONATHAN
ERNST
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