domingo, 26 de julho de 2020

Angola | Qual a solução para a situação de Cabinda?

Emanuel Nzita
O caso Cabinda parece não ter fim à vista: A FLEC reafirma que há conflito no enclave angolano, mas Luanda nega. Em entrevista à DW, o movimento de libertação apela à comunidade internacional para o fim do diferendo.

Nos últimos tempos, a região petrolífera de Cabinda tem sido palco de alguns confrontos entre as Forças Armadas Angolanas (FAA) e os soldados da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) e das Forças Armadas de Cabinda (FAC). E há relato de mortes.

Mas, Pedro Sebastião, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano, João Lourenço, disse, recentemente, que não "há instabilidade em Cabinda". 

A negação das autoridades leva Emanuel Nzita, presidente da FLEC, a questionar: "Porque que continuam estacionados milhares de soldados angolanos em todo espaço do território de Cabinda? Porque que continuam a morrer angolanos em Cabinda em confortos militares em todo território de Cabinda? Porque os soldados angolanos continuam a violar os limites fronteiriços dos dois congos vizinhos?".

Em entrevista á DW África, Emanuel Nzita diz que a sua organização está aberta ao diálogo com o Governo central, apesar deste manifestar indiferença. "A FLEC esteve sempre disposta para uma solução negocial com o Governo angolano. Nós estamos mais que prontos".





Soluções para o diferendo

Muitas soluções já foram ensaiadas para se resolver a situação da região do Maiombe. Entre elas, a criação do Fórum Cabindês para o Diálogo, em agosto de 2004. Mas parece não ter surtido o efeito desejado. Assim, Emanuel Nzita, apela a mediação da Organização das Nações Unidas (ONU). "Pedimos a comunidade internacional para que nos ajude com forma têm feito em outros países".

Para Salvador Freire, presidente da Associação Cívica "Mãos Livres", as conversações são a melhor via para se encontrar a solução para o "caso Cabinda" eentende que uma "guerra como tal, não existe na região".

"Diálogo local entre as autoridades, a sociedade civil e o próprio Governo angolano, sentar com os cabindas, com os angolanos em Cabinda, para encontrarmos a solução para o desenvolvimento do nosso país", sugere Freire.

Condições de vida em Cabinda

Muitos cidadãos queixam-se das péssimas condições de vida e de uma suposta falta de garantias para o exercício de direitos e liberdades como, por exemplo, a manifestação. Por isso exigem a sua independência de Angola. Salvador Freire, propõe uma autonomia para região, embora entenda que a sua implementação deve ser debatida. "Autonomia requer muito cuidado, muita atenção, discernimento porque o petróleo, como tal, pode acabar no território de Cabinda".

Cabinda é um dos principais fornecedores de petróleo, principal fonte do Orçamento Geral do Estado angolano, com mais de 70% das receitas tributárias.

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

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