O
antigo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) Murade Murargy considera que os ataques
“Como
é que esta situação [dos ataques
Citado
pela Lusa, Murargy salientou que só há duas entradas por onde pode ser feita
penetração de forças na região de Cabo Delgado: O mar e através da fronteira
com a Tanzânia.
“Isto
começou por ter uma componente religiosa e depois transformou-se numa
componente económica. Os primeiros ensaios da invasão foram feitos através das
chamadas madraças [escolas islâmicas], que queriam correr com a administração
da Frelimo, queriam introduzir o islamismo, o Corão. Começou por um movimento
dessa natureza”, afirmou o diplomata.
“À
medida que o processo foi avançando vimos que as forças que eles utilizavam
estavam para além de um simples movimento religioso. Já usavam tanques de
guerra e meios militares um pouco mais sofisticados, o que já punha em causa a
natureza religiosa dessa invasão”, acrescentou.
Quem está por trás desses interesses económicos, o diplomata não especificou, mas disse que “pode haver fora da região em jogo”, referindo que Moçambique pode “constituir um perigo ao nível da oferta [de reservas naturais] no mercado internacional e criar um desequilíbrio nos preços”.
Porém, considerou que até agora não foi possível perceber o que se pretende com
aquela agressão: se “é estabelecer um califado naquela região, que é uma das
hipóteses que se fala, ou se é de facto criar uma espécie de um bloqueio para o
início da exploração dos recursos naturais que estão naquela zona, ou seja,
retardar o processo de exploração”.
“Temos
que analisar isso. Nós estamos a tentar ver quem são as forças que estão por
trás e apoiam este movimento ‘jihadista’”, rematou.
Mas,
para o diplomata moçambicano, “há uma verdade” que Moçambique não pode negar: o
conflito
Até
porque “para haver desembarque destas forças através do mar” tem de existir
quem dê os meios marítimos para as transportar até chegarem à costa de
Moçambique.
“Não
acredito que um simples terrorista tenha essa grande capacidade militar para o
fazer. Uma força por detrás deles está a apoiar a invasão em Moçambique”,
reforçou Murargy.
Segundo o antigo governante moçambicano, o que está a acontecer no território moçambicano é uma situação que está também a ganhar terreno na Tanzânia. “É um movimento que vem lá de cima, mas vem descendo da Somália. Isto é porque há cidadãos de outros países que estão envolvidos nisto e que querem transformar esta região toda numa região islâmica”.
O
Governo de Moçambique “está preocupadíssimo”, afirmou.
“As
Forças Armadas de Moçambique, as forças de segurança, estão a trabalhar a
tentar estabilizar a situação. Não estão paradas, e estão até ganhando terreno
e estão conseguindo até estancar um pouco a invasão. Mas uma força de
guerrilha, como são eles, não é assim tão fácil de eliminar. Não é uma guerra
clássica”, sublinhou.
Por
isso, para o antigo secretário-executivo da CPLP, a “solução” para o conflito
Os
ataques de grupos armados que desde 2017 aterrorizam Cabo Delgado já fizeram
pelo menos mil mortos, entre civis, militares moçambicanos e vários rebeldes, e
estão a causar uma crise humanitária que afeta mais de 700.000 pessoas.
As
Nações Unidas estimam que haja 250.000 pessoas em fuga dos distritos mais
afectados, mais de 10% da população da província, que tem cerca de 2,3 milhões
de habitantes.
Alguns
dos ataques são desde há um ano reivindicados pelo grupo ‘jihadista’ Estado
Islâmico e a ameaça terrorista é reconhecida dentro e fora do país, tendo os
grupos de rebeldes ocupado importantes vilas de Cabo Delgado (situadas a mais
de
O País (mz)
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