"A
insurgência
O
investigador moçambicano Salvador Forquilha considerou esta terça-feira a
província de Nampula, norte de Moçambique, um “reservatório de recrutamento” de
membros dos grupos armados que atuam
Salvador
Forquilha defendeu essa tese, durante um “webinar” sobre o tema “Pode Nampula
ajudar a pensar no conflito
A
insurgência
O
facto de Nampula ser vizinha da província de Cabo Delgado, a presença de várias
formas de Islão em ambas as províncias e a extrema pobreza são fatores que
podem ajudar a explicar o recrutamento de jovens para os grupos armados que
atuam
Jovens
pescadores de distritos costeiros de Nampula, numa situação de pobreza e em
conflito com o Estado, veem perspetivas em migrar para Cabo Delgado, onde
acabam ingressando na insurgência”, enfatizou Salvador Forquilha.
Sobre
o facto de a violência armada não ter eclodido em Nampula, apesar de a
província ter a maioria da população muçulmana em Moçambique, o investigador
assinalou que o fenómeno ainda terá de ser estudado.
Lorenzo
Macagno, professor associado do Departamento de Antropologia da Universidade de
Paraná, Brasil, defendeu que a ação de grupos armados
Conheci
na província de Nampula um Islão hospitaleiro e pacífico, mas sei que também
tem sido marcado por tensões internas e que agora conhecem uma extrapolação
‘jihadista’
Este
investigador, que fez um trabalho de campo sobre o Islão na província de
Nampula, defendeu que os grupos que atuam
[Os grupos armados] apresentam-se como messiânicos e com uma agenda de salvação de um Islão que combate muçulmanos considerados apóstatas e que colaboram com o Estado laico”, caraterizou o investigador.
Para
o académico, a pobreza, repressão do Estado e presença de capital estrangeiro
em projetos de gás natural
Lorenzo
Macagno avançou que os moçambicanos não devem encarar o Islão como um fator de
conflitualidade, mas como um património histórico a preservar, lembrando que a
fé islâmica é anterior ao catolicismo transportado pelos colonizadores
portugueses para o território que é atualmente Moçambique.
Por
seu turno, Eric Morier Ginoud, investigador e docente da Universidade de Queen,
Irlanda do Norte, alertou para o risco de diabolização do Islão por força do
entendimento de que todo o desvio ao “Islão habitual” é violento.
Não
há uma forma de fundamentalismo, há vários fundamentalismos e nem todos são
violentos e nem todos se traduzem no ‘jihadismo'”, disse Eric Morier Ginoud,
com estudos sobre Moçambique.
A
compreensão de uma possível influência do Islão na violência
Cabo
Delgado é desde outubro de 2017 palco de ações de grupos armados, que, de
acordo com as Nações Unidas, forçaram à fuga de 250.000 pessoas de distritos
afetados pela violência, mais a norte da província.
A
capital provincial, Pemba, tem sido o principal refúgio para as pessoas que
procuram abrigo e segurança
O
conflito armado naquela província já matou, pelo menos, 1.000 pessoas, e
algumas das ações dos grupos armados têm sido reivindicadas pelo grupo
‘jihadista’ Estado Islâmico (EI).
Observador | Lusa
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