Milhares de estudantes, ativistas
ambientais e residentes das Maurícias continuam a trabalhar para tentar
minimizar os danos causados pelo derrame de petróleo de um navio encalhado nos
recifes de coral ao largo da ilha.
Estima-se que uma tonelada de
petróleo da carga do navio japonês de quatro toneladas já esteja no mar,
segundo as autoridades. Os trabalhadores estavam a tentar impedir mais
fugas de petróleo, mas com ventos fortes e mar agitado, registaram-se novas
fissuras no casco do navio.
O primeiro-ministro, Pravind
Jugnauth, declarou o estado
de emergência e apelou à ajuda internacional, adiantando que o derrame
"representa um perigo" para o país de 1,3 milhões de pessoas que
depende fortemente do turismo e foi já fortemente prejudicado pelas restrições
de viagem causadas pela pandemia de Covid-19.
Imagens de satélite mostram uma
mancha escura a alastrar-se nas águas turquesa perto de zonas húmidas
classificadas de "muito sensíveis" do ponto de vista ambiental.
Defensores da vida selvagem e
voluntários transportaram, entretanto, dezenas de tartarugas bebé e plantas
raras de uma ilha perto do derrame para a ilha Maurícia, a maior do país.
"Isto já não é uma ameaça para o nosso ambiente, é um desastre ecológico
completo que afetou uma das partes mais importantes das ilhas Maurícias, a
Lagoa de Mahebourg", disse Sunil Dowarkasing, um consultor ambiental e
antigo membro do Parlamento.
"O povo das Maurícias,
milhares e milhares, têm estado a tentar evitar tantos danos quanto
possível", disse Dowarkasing. De acordo com este responsável, foram
criadas longas jangadas flutuantes para tentar abrandar a propagação do
petróleo. Estão também a ser usadas faixas de tecido cheia com folhas e palha
de cana de açúcar e mantidas a flutuar com garrafas de plástico.
"Nunca vimos nada
assim"
Estudantes universitários e
membros de clubes locais estão entre os voluntários. "Estamos a trabalhar
a todo o vapor. É um grande desafio, porque o petróleo não está apenas a
flutuar na lagoa, está já a espalhar-se para a margem", disse Dowarkasing,
adiantando que os ventos constantes e as ondas espalharam o combustível pelo
lado oriental da ilha. "Nunca vimos nada assim nas Maurícias"
acrescentou.
A lagoa é uma área protegida,
criada há vários anos para preservar uma zona da ilha Maurícia como há 200
anos. "Os recifes de coral tinham começado a regenerar-se e a lagoa estava
a recuperar os seus jardins de coral", disse Dowarkasing. "Agora tudo
isto pode ser novamente morto pelo derrame de petróleo", acrescentou.
Residentes e ambientalistas
questionam por que razão as autoridades não agiram mais rapidamente após o
navio MV Wakashio encalhar num recife de coral, a 25 de julho. "Essa
é a grande questão", disse Jean Hugues Gardenne da Fundação Mauritian
Wildlife Foundation. "Porque é que aquele navio estava há tanto tempo
naquele recife de coral e nada foi feito", insistiu.
No Japão, responsáveis da empresa
proprietária do navio, a Nagashiki Shipping, e do operador do navio, Mitsui
O.S.K. Lines, pediram desculpa pela fuga de petróleo. Na sua primeira
conferência de imprensa desde que o navio encalhou há duas semanas, os
responsáveis disseram ter enviado peritos às Maurícias para se juntarem ao
esforço de limpeza.
Adiantaram que o Wakashio deixou
a China a 14 de julho e estava a caminho do Brasil. O navio estava a cerca de 1 milha da costa sudeste
das Maurícias quando encalhou, embora fosse suposto estar a 10 ou 20 milhas (16 a 32 quilómetros ) de
distância da ilha, estando em investigação a razão pela qual o navio se desviou
da rota.
Deutsche Welle | Lusa
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