Os confrontos entre as forças
governamentais moçambicanas e os insurgentes continuam na vila sede de Mocímboa
da Praia, praticamente vazia após vários ataques de grupos armados na última
semana, disseram à Lusa fontes do exército.
"As confrontações continuam
e a região está praticamente abandonada. Boa parte da pouca população que ainda
estava no local fugiu", disse à Lusa fonte do exército moçambicano.
Nos últimos sete dias, os insurgentes realizaram
ataques sequenciados às aldeias de Anga, Buji, Ausse e
à vila sede de Mocímboa da Praia (norte de Moçambique), e, segundo
dados das forças governamentais avançados na última semana, pelo menos 59
"terroristas" morreram em operações de resposta das forças
governamentais.
Na quarta-feira, os grupos
armados invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos
deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos das forças
governamentais, segundo informações avançadas à Lusa por uma fonte do exército.
Várias infraestruturas foram vandalizadas e,
neste momento, as linhas de comunicação também estão interrompidas.
"Praticamente quem está lá
não tem contacto com o mundo exterior", avançou outra fonte militar, que
acrescenta que estão em curso várias operações de reforço das Forças de Defesa
e Segurança.
Devido à sua proximidade, a ilha
de Ibo e o distrito de Palma estão entre os principais refúgios para as
populações que vivem em Mocímboa, mas há quem prefira mesmo fugir para a
capital provincial (Pemba), a pouco mais de 300 quilómetros .
Um residente de Mocímboa da
Praia que se refugiou há meses em Pemba disse à Lusa que várias
pessoas continuam a chegar à capital provincial, parte delas provenientes de
distritos de Mocímboa da Praia.
"Há muitas pessoas
desaparecidas e o receio de todos nós é que os nossos familiares tenham morrido
no meio dos confrontos", declarou.
Na quinta-feira, o ministro da
Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse que os grupos armados estão infiltrados
nas comunidades e a comandar ataques contra a vila a partir das instalações
portuárias.
"O inimigo infiltrou-se em
diversos bairros, trajado à civil e beneficiando de várias cumplicidades,
atacando a vila de dentro para fora, causando destruição, saques e assassinato
de cidadãos indefesos, com manobras de sabotagem e ataques a meios navais de
socorro a partir do porto de Mocímboa da Praia", disse o
ministro da Defesa, que afirmou, no entanto, que "os insurgentes não
controlam nenhum ponto".
Mocímboa da Praia é uma das principais
vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de
construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por
várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A vila tinha sido invadida e
ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois
reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho,
palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.
A província de Cabo Delgado está
sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados
desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como
ameaça terrorista.
De acordo com as Nações Unidas, a
violência armada levou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela
insegurança, mais a norte da província.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Lusa
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