quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Japão | Quem será o sucessor de Abe?


David Chan* | Plataforma | opinião

Quem irá substituir Shinzo Abe? O mandato de Abe acaba em 2021, e durante uma aparição pública no canal de televisão NHK no início deste ano, o presidente do Governo japonês referiu que não estava a considerar um quarto mandato. “Não o considerei, nem pensei nisso” afirmou então, continuando: “Os japoneses não sabem quem irá ser o próximo primeiro-ministro”. Na verdade, Abe tem a reeleição em mente, o problema é se a saúde e apoio público o possibilitam. Depois da demissão em 2007, Shinzo Abe, numa entrevista à revista japonesa “Bungeishunj”, contou que sofreu de uma colite ulcerosa aos 17 anos que se tem vindo a agravar. “Tenho de ir à casa de banho mais de 30 vezes por dia, o que simplesmente não me deixa continuar a servir a posição de primeiro-ministro”, disse o governante que anunciou a demissão do cargo por motivos de saúde no passado dia 28 de agosto. A mulher, Akie Abe, implorou-lhe também que deixasse a política.

Entre os membros do partido que poderão suceder Abe, Taro Aso, atual Ministro das Finanças e Vice-primeiro-ministro, é o favorito. Taro Aso é experiente a nível diplomático, porém o posicionamento face à China é bastante rígido. No que diz respeito à opinião publica, segundo a edição chinesa do jornal The Nikkei, os dois possíveis sucessores que têm crescido em popularidade são Shigeru Ishiba e Shinjiro Koizumi. O primeiro é um veterano da política com 63 anos, membro do Parlamento há 34, que já foi Ministro da Defesa, da Agricultura, Silvicultura e Pescas, entre outros cargos relevantes. Foi ainda apontado como Secretário-Geral do Partido Liberal Democrático, tendo sido nomeado duas vezes por Abe. A segunda escolha do público – Shinjiro Koizumi – vem de uma família com poder militar, político e financeiro. O facto de Ishiba e Abe não possuírem uma boa relação faz com que Koizumi seja popular com o público, mas o apoio dentro do partido é fraco. Mesmo Ishiba apenas possui 19 votos no parlamento, incluindo o próprio, quando precisa de 20 para se candidatar às eleições, e Koizumi precisa de crescer ainda mais. A vida tranquila que sempre viveu faz ainda com que não entenda as dificuldades dos tempos modernos. 

Outras possíveis escolhas são Fumio Kishida (presidente do Conselho de Investigação do Partido Liberal Democrático), Yoshihide Suga (Secretário-Geral do Gabinete) e Taro Kono (Ministro dos Negócios Estrangeiros). Os três possuem planos políticos completos, têm assumido cargos relevantes há bastante tempo e adotam uma posição madura em política externa, todavia não têm grande apoio do público. Resta saber quem conseguirá vencer as eleições no partido e suceder a Abe.

*Editor Senior

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