sexta-feira, 1 de maio de 2020

Portugal | O 1º de Maio na Alameda, reduzido nas presenças mas sempre reivindicativo


CGTP exige proibição dos despedimentos e pagamento integral a trabalhadores em lay-off
  
Isabel Camarinha vai mais longe e pede que sejam também revertidos os despedimentos realizados desde o início da pandemia.

Numa Alameda mais vazia do que o habitual para um 1.º de Maio, a secretária-geral da CGTP exige a "proibição dos despedimentos", bem como o pagamento a 100% a todos os trabalhadores abrangidos pelo regime de lay-off.

"Exigimos uma resposta imediata à ofensiva em marcha", frisa, durante o discurso a propósito das comemorações do Dia do Trabalhador na Alameda, em Lisboa.

Isabel Camarinha vai mais longe e pede que sejam também revertidos os despedimentos realizados desde o início da pandemia, garantindo que "os trabalhadores não querem caridade", mas sim "exigem os seus postos de trabalho e a totalidade das suas retribuições".


Quanto ao regresso dos trabalhadores ao local de trabalho, a CGTP exige"a proteção de todos os trabalhadores", referindo-se à higienização dos postos de trabalho e à disponibilização de equipamentos de proteção individual.

Segundo a secretária-geral da CGTP, está-se a assistir ao "aproveitamento que alguns fazem do vírus para acentuar a exploração", criando ainda mais precariedade laboral, considerando que "a luta ganha ainda mais atualidade nesta fase da vida nacional, em que está em marcha uma ampla campanha ideológica que pretende incutir que os direitos dos trabalhadores são inimigos da recuperação económica do país".

A líder da CGTP considerou que é precisamente com avanços nos direitos laborais, proteção do emprego e aumentos dos rendimentos que a recuperação será mais rápida e sólida.

"Não estamos condenados a anos e anos de sacrifícios, a uma recuperação lenta, a um processo doloroso que implicará mais austeridade, como é repetido insistentemente por muitos e admitido pontualmente por outros", afirmou.

Sara Beatriz Monteiro | TSF | Imagens: 1 – em Visão; 2 – em TSF

Começou o desconfinamento: o muito que muda para o pouco que se quer mudar


Anselmo Crespo | TSF | opinião

Boa tarde. Descer um degrau, mas sempre prontos para voltar atrás. O Governo já anunciou o conjunto de medidas que vão fazer parte da nova realidade do país no próximo mês. Há várias novidades, alguma reabertura da economia mas uma enorme preocupação em não retroceder no combate à pandemia. Antes, vamos aos números.

Os números mais recentes

O número de mortes voltou a baixar em Portugal. Nas últimas 24 horas morreram 16 pessoas, elevando a contagem de vítimas mortais para 989. Os contágios subiram em 540 novos casos para um total de 25.045.

A Direção-Geral da Saúde admitiu hoje a existência de um caso de síndrome rara numa criança em Portugal. E voltou ao tema das máscaras para se justificar: a diretora-geral da Saúde não se arrepende de ter recomendado às pessoas que não usassem máscara. A verdade é que a exceção virou regra um pouco por todo o mundo.

Boas notícias em Espanha. O país voltou a registar uma queda em número diário de mortes (268) por Covid-19. Ainda assim, já morreram 24.543 pessoas e o número de infetados é de 213.435.

Rússia ultrapassou os cem mil casos de novas infeções e contabiliza mais de mil mortos.

Nos Estados Unidos registaram-se mais 2502 mortos nas últimas 24 horas. O número de infetados é já superior a um milhão e já morreram quase 61 mil pessoas.

cerca sanitária em Câmara de Lobos, na Madeira, deve ser levantada já no próximo domingo.

E, em Ovar, uma mulher de 76 anos, infetada com Covid-19, foi detida por ter violado a ordem de confinamento. Andava na rua sem qualquer equipamento de proteção pessoal.

Nota ainda para um medicamento - o remdesivir - que está a provocar controvérsia. Os Estados Unidos admitem dar uma autorização de emergência para a utilização deste antiviral, mas há informações muito divergentes sobre a real eficácia deste fármaco.

Cenários apontam para 10 milhões a 35 milhões de pessoas com fome na CPLP


Entre 10 milhões e 35 milhões de cidadãos da CPLP deverão ser afetados pela fome extrema devido à covid-19, mas estes países ainda dispõem de alguns instrumentos para minimizar os impactos da pandemia, segundo o último chefe da FAO em Lisboa.

Em entrevista à agência Lusa, Francisco Sarmento, que até dezembro chefiou o escritório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em Portugal, antes de este deixar de estar em funcionamento, referiu alguns dos cenários possíveis para o impacto da pandemia na alimentação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), exceto Portugal.

A concretização destes cenários dependerá da duração e intensidade da pandemia, bem como das respostas que os Estados derem para minimizar o impacto, mas deverão começar a sentir-se dentro de poucos meses.

Francisco Sarmento tem uma certeza: "Quem já estava vulnerável, vai ficar mais vulnerável e os fortalecidos vão ficar mais fortalecidos".

"Os impactos da covid-19 não se vão distribuir de uma forma igual em territórios que já estavam numa situação de desigualdade à partida", disse.

E recordou os progressos que os países da CPLP realizaram até 2014, conseguindo reduzir o número de "pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo fantasma da fome", o que se deveu a uma estabilidade político-militar que permitiu o desenvolvimento de programas públicos.

Números em Itália continuam a descer. Covid-19 fez 28.236 mortos


Em Itália, o novo coronavírus já fez 28.236 vítimas mortais e foram registados 207.428 casos positivos.

Em Itália, desde o início da pandemia, 207.428 pessoas foram infetadas com o novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, como revelaram as autoridades de saúde, foram registados mais 1.965 casos positivos. A Covid-19 já fez no país 28.236 mortes, mais 269 do que na quinta-feira. Refira-se que o número de vítimas mortais no país tem vindo a descer nos últimos dias. 

Mas há também boas notícias, nomeadamente no que diz respeito aos recuperados.  78.294 pessoas infetadas já estão curadas, depois de terem contraído o SARS-CoV-2. Este número indica que, face a ontem, há mais 2.349 recuperados. 

Os dados do novo boletim de Proteção Civil traduzem um declínio no número de pessoas hospitalizadas com sintomas graves. Há 1.578 doentes em unidades de cuidados intensivos, menos 116 do que ontem. De salientar ainda que 17.569 pacientes sintomáticos estão hospitalizados, menos 580 do que na quinta-feira. 

A região mais afetada continua a ser a Lombardia (Norte), epicentro da pandemia no país, que contabiliza 76.469 infeções e 13.860 mortes.

Na região do Lácio (Centro), com capital em Roma, muito menos afetada pelo vírus, houve um terceiro registo consecutivo no número de curados - 165 no último dia- ou seja, o triplo do número de novas infeções, que eram 56.

O foco também está em Piemonte (noroeste), que desde 25 de abril ultrapassou Emília-Romana (Norte) como a segunda região mais atingida pela pandemia.

Refira-se que, desde o seu aparecimento na China, a pandemia do novo coronavírus causou pelo menos 233.176 mortos no mundo. 

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

Filipa Matias Pereira | Notícias ao Minuto

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Covid-19 já fez 27.510 mortos no Reino Unido. São mais 739 em 24 horas


A informação foi avançada por Matt Hancock, esta sexta-feira, em conferência de imprensa.

Na conferência de imprensa diária em Downing Street, Matt Hancock, secretário de Estado de Saúde britânico, revelou que a Covid-19 fez mais 739 nas últimas 24 horas. No total, o novo coronavírus já matou 27.510 pessoas no Reino Unido. 

Quanto ao número de infetados, há a registar mais 6.201 casos positivos, o que perfaz um total de 177.454 desde que a pandemia chegou ao Reino Unido. Continuam hospitalizadas 15.111 pessoas, mais do que as 15.043 do dia anterior.

O governante revelou ainda que foi superada a meta dos 100.000 testes diários, sendo que na quinta-feira foram realizados 122.347. 

Os dados sobre as mortes foram recolhidos até às 17h00 da véspera, mas o número dos testes inclui aqueles que foram feitos até às 09h00 de hoje.

Desde quarta-feira que este balanço passou a incluir as mortes fora dos hospitais, como lares de idosos ou em residências particulares. Para acertar os dados, as autoridades sanitárias adicionaram mais das 3.811 mortes registadas desde 2 de março.

Filipa Matias Pereira | Notícias ao Minuto | Imagem: © REUTERS/Henry Nicholls

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A FALSA CARIDADE DE FRANÇA



PUSL / Jornal Tornado .- Esta semana o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PAM) recebeu uma contribuição inicial de 400.000 € (452.000 dólares) do governo da França (UE) para apoiar crianças refugiadas saharauis nos campos na Argélia.

A contribuição francesa apoiará o programa de alimentação escolar do PAM, para cerca de 40.000 crianças em escolas e creches. Isso permitirá que cada criança receba um lanche ao meio da manhã (biscoitos nutritivos e leite), assim que as escolas abrirem novamente.

Segundo declarações de Imed Khanfir, representante do PAM e o diretor na Argélia esta ajuda “Será fundamental para o futuro dessas crianças …. O PAM está muito grato ao povo e ao governo da França pelo seu apoio ao nosso programa de alimentação escolar…”.

França será então o responsável por dar a 40.000 crianças um pacote de leite e umas bolachas cinco vezes por semana. Devemos ficar emocionados? Não.

França é um dos maiores responsáveis pelo facto de estas crianças, os seus pais e avôs viverem em campos de refugiados e estejam dependentes de ajuda alimentar.

Os 400.000 Euros divididos por 40.000 crianças dá 10 Euros por criança o que representa num ano da educação básica com uma duração mínima de 200 dias, 0,05 Euros dia. Cinco cêntimos por dia não é o suficiente para comprar leite e bolachas em nenhuma parte do mundo. Segundo o PAM o custo por criança lanche é de 0,25Euros. Baseando-nos nestes dados o contributo caritativo de França equivale a 40 lanches por criança.

40 lanches numa balança onde do outro lado estão 45 anos de ocupação e sobrevivência em campos de refugiados, 29 anos de obstrução por parte de França no Conselho de Segurança e 16 anos de guerra onde França apoiou de forma logística o ocupante marroquino.

Se pusermos nessa balança os 400.000Euros dos lanches e o preço de apenas um dos múltiplos aviões franceses que foram utilizados durante a guerra para bombardear os saharauis, e cujo custo rondava os 8 milhões de Euros[1], vemos a hipocrisia extrema da “caridade”.

HUMANISMO E EDUCAÇÃO PÓS-CAPITALISTA


Tempos incertos convidam a revisitar Paulo Freire e Richard Sennett. Eles nos vêem como inacabados – portanto, abertos a indagar, cooperar, transformar. É antídoto à competição permanente e visão de curto prazo, que o sistema deseja impor

Roberto Rafael Dias da Silva | Outras Palavras | Imagem: mural zapatista

Bola de meia, bola de gude / O solidário não quer solidão /
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão /
Há um menino/Há um moleque / Morando sempre no meu coração /
Toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão.
(Fernando Brant e Milton Nascimento)


Na experiência social que estamos vivenciando nas últimas semanas, em decorrência da pandemia causada pelo covid-19, são inúmeros os diagnósticos que vemos em circulação, ora sinalizando para um recuo da globalização acompanhado de uma agenda conservadora, ora apostando no declínio da atual forma capitalista – por um alargamento do Estado social ou pela emergência de formas alternativas. Não resta dúvidas de que a instabilidade experimentada nestes dias, associada às incertezas diante do futuro, permite que arrisquemos hipóteses e, com a devida ousadia, possamos juntos começar a construir novas pactuações com relação ao futuro. Na condição de pesquisador das questões educacionais e um entusiasta do pós-capitalismo como modo de vida, tenho aproveitado este momento para dialogar com meus interlocutores privilegiados – os futuros professores – e arriscar o desenvolvimento de uma cultura de indagação, marcadamente cooperativa, para prospectar futuros. Entretanto, uma questão – já explorada por inúmeras teorizações sociais – tem nos mobilizado: após a crise, seremos mais humanos?

Em termos educacionais, esta questão configura-se como crucial, haja visto que laboramos com as qualidades humanas e oferecemos nosso trabalho para a transmissão de nossa memória cultural e a construção de outros futuros. O humanismo tem uma longa tradição e, sob um prisma filosófico, atravessa a própria constituição da Modernidade Ocidental, desde o final do século XV. Sua história é recheada de controvérsias, o que favorece com que divulgadores e detratores tenham disputado argumentação académica nos últimos séculos.

Polícia de Nova York acha dezenas de corpos em camiões


Funerária mantinha cadáveres sobre blocos de gelo em veículos alugados e sem refrigeração. Policiais foram chamados por passantes que reclamaram do cheiro. Cidade tem sido duramente afetada pela covid-19.

Uma funerária em Nova York foi flagrada pela polícia na quarta-feira (30/04) armazenando cerca de 50 cadáveres sobre gelo em camiões alugados e sem refrigeração. Policiais foram chamados ao estabelecimento, no bairro do Brooklyn, por passantes, que ligaram reclamando do cheiro.

Os agentes descobriram que a funerária Andrew T. Cleckley alugou quatro camiões para guardar cadáveres. De acordo com um policial citado sob anonimato pelo jornal New York Times as câmaras refrigeradas do estabelecimento tinham deixado de funcionar.

"Eles tinham corpos em vans e camiões", afirmou ao New York Times o proprietário de um edifício vizinho. "Eles estavam um sobre os outros, em sacos", disse. "Todos os veículos estavam cheios."

Os policias interditaram temporariamente a funerária. Mais tarde um camião refrigerado chegou ao local.

Trump diz que covid-19 foi criado em laboratório chinês e contradiz serviços secretos


De acordo com a CNN, a Casa Branca tem pressionado as secretas sobre a origem do surto do novo coronavírus, mas os serviços garantem que ainda não há certezas.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou esta quinta-feira que viu provas que lhe dão "um alto grau de confiança" de que o covid-19 foi produzido num laboratório em Wuhan, na China, mas recusou-se a entrar em pormenores.

O certo é que esta declaração contradiz aquilo que terá sido apurado pelos serviços secretos americanos, cujo diretor, algumas horas antes dessa declaração de Trump, anunciou esta a ser feito um "exame rigoroso" sobre o que esteve na origem do surto de coronavírus, acrescentando que ainda não existem conclusões.

A estação de televisão CNN cita fontes que garantem não haver qualquer teoria comprovada sobre o facto de a pandemia ter tido origem num acidente de laboratório ou através de animais. Ainda assim, questionado sobre se tem informações se o surto é de origem laboratorial, Trump disse: "Sim, eu tenho." Mas sobre o grau de fiabilidade dessa informação, respondeu: "Não lhe posso dizer isso. Não tenho permissão para lhe dizer isso."

Certo é que Donald Trump tem pressionado os serviços secretos a determinar a origem exata do surto, mas estes têm-se defendido dizendo que provavelmente os EUA nunca saberão a exata origem do surto, sendo que a hipótese mais provável é que tenha tido origem em animais.

Apesar disso, ainda de acordo com duas fontes, a CNN, a pressão tem tido contínua sobre os serviços secretos e tem sido exercida pelo secretário de estado Mike Pompeo, que pretende saber se o surto teve origem no Instituto de Virologia de Wuhan.

Diário de Notícias | Imagem: © Mandel Ngan / AFP

OMS quer ser convidada pela China para investigar a origem do vírus


As autoridades de saúde mundiais, acusadas pelos Estados Unidos de não se terem apercebido imediatamente da gravidade do novo coronavírus, apelaram esta sexta-feira à China para convidar a Organização Mundial da Saúde (OMS) a participar na investigação sobre a origem animal do vírus.

"A OMS gostaria de trabalhar com parceiros internacionais e, a convite do governo chinês, participar na investigação sobre a origem animal", indicou um porta-voz da organização, Tarik Jasarevic, à agência France-Presse.

A agência da ONU especializada em saúde, que até agora tem elogiado Pequim pelo modo como geriu a crise do coronavírus, disse crer que "um certo número de estudos visando compreender a origem da epidemia na China estão em curso ou previstos". Contudo, "a OMS não participa nestes estudos na China", sublinhou o porta-voz.

Diário de Notícias

Portugal ultrapassa as mil mortes de Covid-19. Hoje registaram-se 18 mortes


Portugal regista mais 18 óbitos de Covid-19 em 24 horas, elevando o total de mortos para 1007. Há 25351 casos de infeção e 1647 doentes recuperados.

Portugal ultrapassou os mil mortos associados à Covid-19, segundo o boletim epidemiológico divulgado esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde.

Há um total de 1007 mortos associados ao novo coronavírus, o que representa um aumento de 18 óbitos em relação a quinta-feira (989). Estão assim distribuídos geograficamente: 578 na região Norte; 201 na região Centro; 202 na região de Lisboa e Vale do Tejo; 1 no Alentejo, 13 no Algarve e 12 nos Açores.

Os dados da DGS indicam 25351 casos de infeção confirmados, ou seja, mais 306 em relação ao boletim anterior, e há mais 126 doentes recuperados, num total de 1647.

Há 892 doentes internados e 154 estão em unidades de cuidados intensivos.

Por faixa etária, registam-se 3967 doentes com mais de 80 anos, entre os 40 e 59 anos são 8529 infetados. Há 406 crianças com menos de 9 anos com Covid-19.

Estão a aguardar resultado laboratorial 3828 pessoas e 29756 pessoas estão sob vigilância pelas autoridades de saúde.

Jornal de Notícias

Portugal | No 1.º de Maio, defender a saúde e os direitos dos trabalhadores

Este ano com muito menos trabalhadores presentes na jornada de luta de 2020, por via do vírus
Nestes 130 anos, com mais ou menos liberdade, com mais ou menos força e intensidade, o 1.º de Maio tem sido um marco na história da luta organizada dos trabalhadores.


Dia Internacional do Trabalhador, dia de luta e de solidariedade, é um acontecimento inapagável da luta da classe operária e de todos os trabalhadores, a nível mundial.

Com profundas raízes históricas, assentes na luta do operariado americano, pela redução do horário de trabalho para oito horas/dia (48 semanais), iniciada em 1 de Maio de 1886, violentamente reprimida pelas forças ao serviço do capital, o 1.º de Maio é o dia em que trabalhadores de todo o mundo se unem na defesa das suas reivindicações concretas e na exigência do respeito pelos direitos sindicais, sociais e laborais pelos governos e pelo patronato.

O impacto da luta junto dos trabalhadores em todo o mundo, levou os Congressos Socialistas de 1889, em Paris, em homenagem aos mártires de Chicago, a declararem o 1.º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador, decidindo que todos os anos e para sempre, a partir de 1890, a classe operária apresentaria ao poder público e ao patronato as suas reivindicações.

O operariado português pertence ao grupo daqueles que, pelo mundo fora, assinalaram o primeiro 1.º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador, em 1890.

Nestes 130 anos, com mais ou menos liberdade, com mais ou menos força e intensidade, o 1.º de Maio tem sido um marco na história da luta organizada dos trabalhadores. As reivindicações de então, assim como a essência da luta de classes, que opõe o trabalho ao capital/patronato, continuam actuais.

Este ano, é no contexto do surto pandémico de Covid-19 que a CGTP-IN, em todos os distritos, assinalará o 1.º de Maio. Naturalmente não o podemos fazer nos moldes habituais, mas estaremos na rua, garantindo a protecção e o distanciamento sanitário de todos os participantes, afirmando o nosso protesto contra a violação dos direitos, as nossas reivindicações e a nossa luta por melhores condições de vida e de trabalho.

São os trabalhadores que estão na linha da frente do combate à pandemia, assegurando os serviços de saúde, os serviços públicos e sociais, a produção, a logística e distribuição de bens e os serviços essenciais, prova inequívoca de que sem os trabalhadores nada funciona, inclusive a economia. Apesar disso, são eles os mais afectados por medidas políticas, económicas e sociais desequilibradas a favor do grande capital, que não garantem o emprego, os salários e os direitos.

Algumas consequências dessas medidas são já visíveis, com mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores em lay-off e a perda de um terço da sua retribuição, muitos milhares com salários em atraso e outros sem qualquer remuneração.

Muitas empresas têm aproveitado este cenário para atropelar os direitos dos trabalhadores, através de despedimentos ilegais, da precariedade, da constante tentativa de desregulação dos horários de trabalho, da imposição de férias forçadas, cortes de subsídio de refeição e horários alagados, como é o caso dos que estão em teletrabalho, entre tantos outros exemplos.

Após anos sucessivos marcados por opções políticas de governos do PS, PSD e CDS, traduzidas num enorme desinvestimento nos serviços públicos, no aprofundar do modelo de desenvolvimento assente na matriz de baixos salários, na precariedade e no ataque aos direitos dos trabalhadores, as condições de resposta ao problema sanitário, assim como à situação económica do País, são mais fracas.

Neste quadro, as reivindicações da CGTP-IN assumem particular importância para os trabalhadores e para o País, designadamente: investimento nos serviços públicos e funções sociais do Estado; revitalização do aparelho produtivo; aumento geral dos salários; manutenção dos postos de trabalho, independentemente do vínculo laboral; condições de segurança e saúde, que efectivamente protejam os trabalhadores.

Somam-se as reivindicações específicas de cada local de trabalho e sector, que terão expressão pública neste 1.º de Maio, tal como a denúncia dos abusos verificados em várias empresas.

Este 1.º de Maio, apesar do contexto, não é uma simples comemoração, mas uma acção de luta em que aqueles que estarão na rua representarão todos os trabalhadores e reformados, que, não podendo participar, estarão solidários a partir das suas residências e locais de trabalho, afirmando com toda a força os direitos e as conquistas de Abril!

Apesar do momento que atravessamos, há razões para ter confiança. Como já aconteceu com outras pandemias e com outras curvas apertadas da nossa história, com a força organizada dos trabalhadores, vamos vencer as dificuldades e prosseguir a luta pela defesa do emprego, dos salários e dos direitos.

Prova disso é que, numa altura em que são atacados os direitos sociais, laborais e sindicais, os trabalhadores continuam a sindicalizar-se nos sindicatos da CGTP-IN, facto que dá mais força à luta necessária na defesa dos seus interesses de classe, por melhores condições de vida e de trabalho.

Para isso, como sempre, os trabalhadores podem continuar a contar com a CGTP-IN, que este ano comemora 50 anos de acção e luta, por um Portugal com futuro.

Portugal | DIA DO TRABALHADOR - 1º DE MAIO: AGIR, DENUNCIAR, LUTAR


A CGTP-IN assinala hoje o 1.º de Maio em todo o País para, no quadro das regras de segurança exigidas pelo combate ao surto epidémico, dar voz à indignação e às reivindicações dos trabalhadores.

O Dia do Trabalhador será assinalado com acções que decorrerão esta tarde em mais de duas dezenas de cidades, nomeadamente em Lisboa (Alameda Afonso Henriques) e no Porto (Avenida dos Aliados).

Segundo Ana Pires, da Comissão Executiva da central sindical, a CGTP-IN tem a obrigação de, neste 1º de Maio, denunciar as dificuldades e os «atropelos aos direitos laborais» com que os trabalhadores estão confrontados, nomeadamente um conjunto de medidas promovidas pelo Governo que são «desequilibradas e favorecem as grandes empresas, quando estas deviam ser chamadas a dar um contributo neste momento de dificuldade para manter os postos de trabalho e os salários».

É a denúncia desta realidade que a CGTP-IN leva hoje à rua, no quadro de um conjunto de iniciativas que, face às limitações impostas pela situação que vivemos, não terá a participação de outros anos. No entanto, os «trabalhadores e os dirigentes sindicais que vão estar na rua serão a voz de milhões de trabalhadores que exigem mais inspecção e fiscalização dos abusos e a reversão dos despedimentos», refere ainda Ana Pires, lembrando que a retoma económica, como ficou provado nos últimos anos, só será possível através da valorização dos salários dos trabalhadores.

Zeca Afonso - Os Vampiros "Eles Comem Tudo" (Original)


Na comemoração dos 40 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, A canção foi originalmente gravada no álbum Baladas de Coimbra (EP II), em 1963, de José Afonso. [É o tema fundador do canto político em Portugal, assumido como instrumento de combate cultural e cívico em tempo de censura e um símbolo da resistência contra o fascismo. Estava lá tudo dito e, por isso, não podia ser dito. Foi uma das canções-senha do Movimento das Forças Armadas (MFA). 

José Afonso tentou comunicar valores e ideais, utopias e mensagens libertadoras, ansiou por um Portugal sem tabus, sem ter de calar o valor da liberdade, pelo que se tornou num vulto histórico, num modelo de afronta na luta contra o regime. As suas canções premeiam uma veia criadora, intensamente preocupada com causas humanas e sociais e são exemplo de ação e de luta constante, objectivando provocar a agitação e a mudança, contra o marasmo fomentado por um regime que necessitava de ser questionado e, por fim, substituído. 

A letra de "Os Vampiros” recuperou, ao fim de cinquenta anos, total atualidade perante desmandos cometidos, com obediência e prazer, por ordem de fortes poderes externos. A canção é uma poderosa chamada de atenção para que nos recordemos que seremos sempre capazes de vencer os vampiros de hoje, os governantes que nos exauriram com austeridade ilegítima e forçada, e que ficam escandalosamente impunes às ilegalidades praticadas. 

"Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada", assim relata o refrão. É uma canção intemporal. José Afonso foi o principal músico, compositor e cantor de intervenção em Portugal. Tornou-se um símbolo da resistência democrática contra a ditadura que dominou o país entre 1933 e 1974. Algumas das suas canções foram proibidas pela censura e os discos aprisionados. Os grandes criadores, é sabido, costumam ter a capacidade de antecipar em décadas ou mesmo em séculos aquilo que depois passará a fazer parte da vida e da História. 

Os UHF lembram que foi a canção-política que uniu as vozes e as vontades com o quotidiano dos civis e militares que fizeram a mudança em 1974 apesar de me faltar conhecimento adoro esta balada portuguesa.

Antonio Luiz Garcia Sobrinho -- Há 3 anos, comentário, com letra, em Youtube

OS VAMPIROS

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

ACORDAI - Canções Heróicas - Fernando Lopes Graça


Chamam-se "Canções Heróicas" porque contribuíram para exaltar a liberdade e dar força a todos aqueles que lutavam contra a ditadura de Salazar. A primeira versão foi publicada, em 1946, sob o título de "Marchas, Danças e Canções -- próprias para grupos vocais ou instrumentos populares". Foi apreendida pela Censura o que impediu que os poemas fossem ouvidos e cantados em espectáculos ou sessões públicas, como até então. Contudo, muitos resistentes continuaram a cantar as canções nos encontros clandestinos ou nos países onde se encontravam exilados. Em 1960, surge uma colecção, mais alargada, com o nome de "Canções Heróicas, Dramáticas, Bucólicas e Outras". A nova edição destinava-se a celebrar o 50º aniversário da implantação da República e foi divulgada com grandes precauções, num meio muito restrito de pessoas. Finalmente, a versão final ficou conhecida por "Canções Heróicas".

Outras interpretaçôes: Coro Infantil da Universidade de Lisboa e Coro de Câmara da Universidade de Lisboa: http://youtu.be/uwVxxMk2yVE

ACORDAI

Acordai,
Homens que dormis
A embalar a dor
dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raiz!

Acordai,
Raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações!

Acordai!
Acendei,
De almas e de sóis
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!

E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais
Acordai!

Fernando Lopes-Graça | Música José Gomes Ferreira | Letra Coro Ricercare

Adagietto - Youtube

1º de maio. Nasceu nos EUA, embora lá o feriado seja em setembro


As origens do 1º de maio enquanto dia do trabalhador remontam a um 4 de maio, o de 1886, quando uma manifestação em Chicago em defesa da semana de oito horas acabou com a intervenção da polícia e vários mortos e feridos  

Hoje, 1º de maio, grande parte do mundo comemora o Dia do Trabalhador, em homenagem à luta dos trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, em defesa das oito horas diárias. 

Mas, nos Estados Unidos, que está na origem da data, o Dia do Trabalhador é comemorado na primeira segunda-feira de setembro. Estranho? Talvez não. A verdade é que antes dos acontecimentos de maio de 1886, em Nova Iorque já se comemorava o dia do trabalhador. A primeira vez foi a 5 de setembro de 1882 – uma terça-feira. E dois anos antes dos confrontos de Chicago, a primeira segunda-feira de setembro foi considerada feriado em Nova Iorque, com a central sindical local (“Central Labor Union”) a desafiar outras cidades e Estados americanos a seguirem o exemplo. Em 1894 todos os estados americanos comemoravam o dia do trabalhador em setembro. As tentativas posteriores de convencer os Estados Unidos a mudar o dia do trabalhador para o 1º de maio saíram todas goradas, embora nas grandes cidades tenha havido recorrentemente manifestações simbólicas. 

E no entanto se quase todo o mundo comemora o dia do trabalhador a 1 de maio foi por causa de uma greve de trabalhadores americanos em Chicago que começou a 1 de maio de 1886, a que se seguiu uma manifestação, a 4 de maio, que redundou numa tragédia. A polícia interveio violentamente depois da explosão de uma bomba.

A manif no Haymarket Foi na manifestação da praça Haymarket, em Chicago, que, de facto, nasceu o espírito que iria levar à consagração do 1º de maio como dia do Trabalhador. A manifestação tinha sido convocada para protestar contra a brutalidade da polícia sobre os trabalhadores – na véspera, 3 de maio, uma pessoa tinha sido morta. 

A maioria dos oradores da manifestação eram anarco-sindicalistas. Cerca de 1500 pessoas (ou 3000 em outras versões da história) concentraram-se na praça, que também era um mercado público. A concentração, que começou pacificamente, tornou-se violenta quando a polícia começou a querer dispersar a multidão. 

Entretanto, uma bomba é lançada e instala-se o caos e o pânico. Os polícias lançam-se sobre a multidão e sete deles são mortos – provavelmente por balas disparadas por outros polícias. Quatro manifestantes também são mortos e há mais de 100 feridos. Há várias versões da história, incluindo a existência de um elevado número de feridos que não recorreram ao hospital por medo de serem presos e conotados com os anarco-sindicalistas, que serão publicamente os acusados da tragédia. 

A culpa dos mortos e feridos recai no movimento dos trabalhadores. A imprensa é implacável com os anarco-sindicalistas. Por toda a América, os jornais apelam ao enforcamento dos promotores da manifestação da praça Haymarket. Oito homens são acusados – Albert Parsons, August Spies, Samuel Fielden, Oscar Neebe, Michael Schwab, George Engel, Adolph Fischer and Louis Lingg – sendo que a maioria deles não se encontrava na manifestação, embora fossem anarquistas. Sete dos acusados foram condenados à morte. Dos sete, um matou-se na prisão e quatro foram enforcados a 11 de novembro de 1887. Dois outros condenados viram a sua pena de morte ser alterada para prisão perpétua.

As dúvidas sobre se o julgamento do caso Haymarket foi justo foram imensas. E logo seis anos depois, em 1892, o governador do Illinois John Peter Altgeld aceitou os pedidos de clemência de três dos condenados que estavam presos, afirmando que o julgamento não tinha sido justo e o processo era um aborto jurídico. 

Apesar de nos Estados Unidos o dia do trabalhador ter continuado a ser celebrado em Setembro, a Segunda Internacional Socialista, reunida em Paris a 20 de junho de 1889, três anos depois dos acontecimentos de Chicago, decidiu que haveria uma manifestação anual para lutar pelas oito horas de trabalho. Escolheram o primeiro dia de maio, para homenagear as lutas sindicais dos trabalhadores de Chicago em nome do mesmo objetivo. 

O Congresso dos Estados Unidos conseguiu aprovar em 1890 – quatro anos depois da revolta dos trabalhadores de Chicago – a redução da jornada de trabalho de 16 para oito horas diárias. O senado francês aprovou as oito horas em 1919 e aprovou o primeiro de maio como feriado nacional de França.

Ana Sá Lopes | Jornal Sol - 2018

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