quarta-feira, 17 de junho de 2020

AO QUE CONDUZIU “O FIM DA HISTÓRIA” DE FRANCIS FUKUYAMA...

...NA ESTEIRA DOS “BONS SERVIÇOS” DA OSS E DA CIA?


Se em relação à URSS, ao longo da IIIª Guerra Mundial que já leva 75 anos, a lavagem da história se passou assim conforme este testemunho que se junta, o que não está a acontecer, por exemplo, com a história do movimento de libertação em África?

As campanhas contra a história de Angola, fomentadas particularmente em Portugal e a partir de Portugal, também elas sem alguma vez se preocuparem com os contraditórios, são uma mão artificial prolongando o que os “historiadores” ditos ocidentais estão a fazer em relação à IIª Guerra Mundial, numa guerra psicológica de 75 anos que integra as amplas iniciativas de assimilação avassalada sobretudo desde o golpe do 25 de Novembro de 1975!

Pior que tudo: muitos angolanos, substancialmente a partir de 2002, estão a contribuir para o esforço da subversão da história do movimento de libertação em África, por terem sido cooptados pelo fluxo do poder de assimilação em curso até nossos dias sob a dinâmica de múltiplas esferas, que vão desde as integradas na abrangência antropológica, às jurídico-institucionais, às económicas, às financeiras, às da implementação de sistemas que envolve novas tecnologias e outras!

Os sistemas de inteligência portugueses que têm como alvo Angola, em amplo caudal, são em termos de intensidade de assimilação, muito mais poderosos dos que os desenvolvidos em tempo colonial-fascista! (MJ)

Colômbia | 167 líderes indígenas assassinados durante a presidência de Iván Duque


Entre 2016 e 8 de Junho de 2020, foram assassinados na Colômbia 269 dirigentes indígenas, revelou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) num relatório agora apresentado.

No documento, o organismo reporta-se ao período que vai desde 2016, o ano da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), e a actualidade (até dia 8 deste mês), verificando que o número de assassinatos de dirigentes indígenas aumenta de ano para ano.

Assim, segundo os dados recolhidos pelo Indepaz, registaram-se «31 assassinatos em 2016, 45 em 2017, 62 em 2018, 84 em 2019 e 47 em 2020». O organismo revela ainda que 262 líderes indígenas foram mortos depois dos acordos de paz (24 de Novembro de 2016) e 167 durante a governação do actual presidente colombiano, Iván Duque.

Dos 47 assassinados este ano (até 8 de Junho), 14 foram-no durante o período da quarentena (que entrou em vigor a 25 de Março), precisa ainda o relatório.

De acordo com o Indepaz, o departamento onde se registaram mais casos de assassinatos de líderes indígenas desde 2016 foi o Cauca (94). «O que se passa no Cauca responde à lógica de um departamento onde historicamente houve conflitos territoriais, com sectores privados legais e ilegais, como o da exploração mineira», explica a organização.

Como factores de peso que contribuem para o assassinato de dirigentes indígenas, o Indepaz refere as empresas açucareiras, a exploração de madeira, a pecuária, a concentração de terras, os projectos petrolíferos, as hidro-eléctricas, além da presença de grupos armados que disputam o controlo das rotas do narcotráfico.

O relatório sublinha as acções dos povos indígenas em defesa da sua autonomia e da permanência nos seus territórios, como condição essencial para garantir a sua sobrevivência, bem como o facto de terem «rejeitado todas as expressões do conflito armado» e «assumido um posicionamento de resistência pacífica».

200 ex-combatentes das FARC-EP assassinados

Mario Téllez Restrepo, agricultor e ex-guerrilheiro das FARC-EP, foi morto a tiro por desconhecidos na segunda-feira passada, quando trabalhava nas suas terras, na localidade de Tibú (departamento de Norte de Santander), informa a TeleSur.

O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou o assassinato, tendo revelado que se trata do 200.º ex-combatente a ser morto deste a assinatura dos acordos de paz.

Na semana passada, uma delegação do FARC pediu apoio às Nações Unidas, tendo em conta o cenário de violações de direitos humanos no país andino.

Numa reunião virtual com a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, os representantes do FARC pediram «assistência técnica» para evitar o genocídio dos ex-guerrilheiros que tentam reintegrar-se na vida política, económica e social do país.


Na imagem: O departamento do Cauca continua a ser um dos mais violentos da Colômbia, registando-se ali inúmeros ataques a dirigentes sociais, defensores dos direitos humanos e membros dos povos originários // Semana

O Correio Braziliense (1808 -1822) e a Escravidão no Brasil


Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil 

“Quem se faz superior a toda lei não é membro da comunidade, mas um tirano ou rebelde”. (Hipólito José da Costa)
  
Há 212 anos, em 1º de junho de 1808, devido à Censura Régia no Brasil, começou a circular, em Londres, o nosso primeiro jornal: o “Correio Braziliense” ou Armazém Literário (1808-1822). Criado por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça [1774 / Colônia do Sacramento (atual Uruguai) - 1823 / Londres] – considerado o Patrono da Imprensa no Brasil - este mensário circulou clandestino na Colônia e em Portugal, registrando, em suas 175 edições, os fatos mais importantes ocorridos na Europa e nas Américas. Em suas páginas, entre outros pioneirismos,  defendeu a abolição gradual dos escravos no Brasil , a implantação de maquinário moderno e de mão de obra imigrante, já que havia muitos desempregados em alguns locais na Europa após as guerras napoleônicas.

A Inglaterra, país no qual Hipólito José da Costa viveu os 18 anos restantes da sua existência, após a sua fuga do cárcere da Inquisição (1805),  em Portugal, sob acusação de ser maçom, liderou o tráfico de escravizados, passando depois, por interesse próprio, a defender a sua extinção, pois, com a Revolução Industrial, necessitava de futuros mercados consumidores e vinha criando tratados, desde 1810, para combater o tráfico negreiro, especialmente no Brasil.

Uma das cláusulas impostas ao nosso País, para que o governo inglês reconhecesse a nossa independência (1822), era o Brasil encerrar com o tráfico de escravizados, o que ocorreu somente, em 1850, com a criação da Lei Euzébio de Queirós, embora este nefando comércio seguisse internamente entre as províncias. 

O jornalista e maçom Hipólito José da Costa considerava a escravidão um entrave ao progresso da Nação. Infelizmente, a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, que determinou o final da escravidão no Brasil, ocorreu sem um projeto de inserção social para os libertos, bem como as leis anteriores beneficiavam mais ao proprietário do que o escravizado.

Diante do despreparo do escravizado frente a uma sociedade competitiva e excludente, livre se deparou com a miséria e a invisibilidade social. Infelizmente, a historiografia oficial, durante muito tempo, sob o mito da chamada “Democracia Racial”, soterrou nos porões da memória nacional a dívida histórica com os afrodescendentes deste país.  Já em março de 1814, em seu Correio Braziliense, Hipólito José da Costa nos alertava sobre a questão da escravidão:

"Os melhoramentos do nosso século produzirão uma gradual e prudente reforma neste ramo que, marcando os progressos de nossa civilização serviria de grande honra aos legisladores, que se ocupassem desta matéria”.

O Patrono da nossa Imprensa ficou surpreso que, no Brasil, após sua independência (1822), os escritores permanecessem em silêncio quanto à permanência do sistema escravocrata. Nas páginas do primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense (1808-1822), editado por ele, em novembro de 1822, fez esta crítica contundente:

"É ideia contraditória querer uma nação livre, e se o consegue ser, blazonar, em toda a parte e em todos os tempos, de uma liberdade, mantendo dentro de si a escravidão, isto é, o idêntico costume oposto a liberdade. Os brasileiros, portanto, devem escolher entre essas duas alternativas: ou eles nunca hão de ser um povo livre, ou hão de resolver-se a não ter consigo a escravidão.”

O pensamento de Hipólito José da Costa, difundido por meio dos artigos do “Correio Braziliense”, é exemplo da capacidade de discernimento e compreensão que tinha da realidade brasileira. Com sua inteligência e bagagem cultural, ele percebia o atraso que se encontravam vários setores do Brasil Colônia devido à péssima administração pública, à corrupção e aos mandatários da época.

Neste ano de 2020, o jornalista peruano Roberto Revoredo lançou a obra “Hipólito José da Costa e a Independência da América Latina”, no formato digital, na qual ele nos apresenta o Patrono da Imprensa no Brasil como um homem cosmopolita e preocupado não somente com os problemas brasileiros, mas também com os movimentos libertários da América Latina , sendo tão importante quanto às figuras de San Martin (1778-1850) e Simón Bolivar (1783-1830).

Adepto da monarquia constitucional, Hipólito José da Costa criticava  a forma absolutista e centralizadora de governo.  Mesmo após nossa Independência (1822), o poder, foi exercido de forma exacerbada por dom Pedro I, que fechou a nossa primeira Assembleia Constituinte (1823) e outorgou a nossa primeira Constituição de 1824, na qual , por meio do Poder Moderador, ele detinha o poder concentrado em suas mãos.  Como dizia o saudoso historiador gaúcho Décio Freitas (1922-2004): “O Brasil é um país inconcluso”.

Desde a década de 1970, o Rio Grande do Sul defendia o pioneirismo do Correio Braziliense na história da imprensa brasileira. Getúlio Vargas (1882-1954), durante o Estado Novo (1937-1945), oficializou o dia 10 de setembro, data em que a Imprensa Régia havia criado, após a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, a Gazeta do Rio de Janeiro, um órgão oficial da Corte portuguesa. A iniciativa de alterar esta data partiu da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), por meio do seu presidente Alberto André (1915-2000) e do jornalista e escritor Raul Quevedo (1926-2009), contando, na época, com o apoio dos renomados historiadores gaúchos Francisco Riopardense de Macedo, Claudio Moreira Bento e Paulo Xavier e do Grande Oriente do Rio Grande do Sul.
  
Os ideais do patrono da Imprensa no Brasil seguem, como um farol, a nos guiar na conquista plena da liberdade de expressão e na construção de um país justo e com menos desigualdades sociais.  O 1º de junho - Dia da Imprensa no Brasil - foi instituído, em 13 de setembro de 1999, por Lei Federal 9.831, a partir do projeto de autoria do deputado Nelson Marquezan (1938-2002), do PSDB gaúcho.  

Publicado, no Almanaque Gaúcho (ZH), em junho de 2020

*Pesquisador, articulista e responsável pelo Núcleo de Pesquisa do MuseCom

Angela Davis alerta para violência policial racista no Brasil


Angela Davis cita Bolsonaro competindo com Trump em muitos caminhos perigosos, cita Mariele Franco e alerta para que o mundo olhe também para violência policial racista no Brasil.

Alberto Castro*, Londres

*Jornalista

MEMÓRIA UM, DUM SEMPRE ACTUAL


Martinho Júnior, Luanda  

Esta é uma série que recorda algumas intervenções de há 15 ou mais anos no ACTUAL, desaparecido semanário de Luanda que tinha como Director o meu companheiro Leopoldo Baio, comigo coautor no livro “Séculos de solidão – da longa noite colonial à democracia multipartidária”.

Naquela altura comemorava-se o 100º aniversário do poeta universal Pablo Neruda, pelo que foi justo relembrar aqueles que na cidade do Huambo pugnaram como poucos por uma vida melhor, alguns deles com a dádiva suprema de sua própria vida!

Os que se propõem à saga de lógica cm sentido de vida devem honrar a memória de quem abriu caminho à civilização, perante tanta barbárie!...

O camarada médico do povo e intelectual Dr. David Bernardino, é por imenso mérito próprio, digno da memória de todos os que estão ávidos de paz, de sustentável desenvolvimento, dum futuro muito mais justo para toda a humanidade e do imenso respeito que a Mãe Terra nos merece! (MJ)


“NÃO QUEREMOS MUDAR DE PLANETA”

Findamos aqui uma muito curta incursão sobre a poesia de Pablo Neruda, assinalando o centésimo aniversário do seu nascimento, por um lado, por outro lembrando a efémera existência do jornal cultural “Jango”, que era publicado por intrépidos intelectuais do Huambo, como o Dr. David Bernardino, assassinado no dia 4 de Dezembro de 1992 e lembrado num pequeno opúsculo publicado por seu devotado irmão, fiel ao seu espírito e substantivo continuador de sua acção comum.

Apesar das distâncias entre uns e outros e das clivagens temporais que marcaram as suas vidas, fica-nos como lição suprema, em qualquer dos casos, o sinal de que um Mundo melhor é possível, principalmente se os ricos, os poderosos, aqueles que vegetam suas vaidades nos lucros indevidos sobre as riquezas da Terra, tiverem algumas vez a dignidade de repensar o homem e coloca-lo, em paralelo às questões do ambiente e da vida, no centro de todas as atenções.

O “Jango”, de acordo com o Dr. Luís Bernardino, “definia um programa baseado na … necessidade de ouvirmos outras palavras, conhecermos outros caminhos, utilizarmos a longa e fértil (embora quase sempre negativa) experiência que adquirimos, em novas abordagens, que não sejam a tão cansada repetição e os velhos lugares comuns que nos servem em cada dia, ou a intimidação gratuita que se maneja à falta de melhor”…

As trajectórias vivenciais pouco comuns destes exemplos, enchem-nos de paz, de modéstia, de alegria, de esperança e são fonte de inspiração para todos nós e para as futuras gerações.

Eles souberam dar tanto de si, que hoje não podem deixar de completar o sentido mais sublime do nosso património comum, pois não há dúvida que, conforme eles, “um Mundo melhor é possível” e por isso a nossa singular teimosia de não querermos mudar de planeta!

Martinho Júnior -- Luanda, 14 de Junho de 2020, repescando um texto de Maio de 2005.


Três fotos de então:

1- Jornal Jango;
2- David Bernardino e a prospecção do bócio em 1992, na Comuna do Etundi, na Província do Huambo;
3- David Bernardino trabalhando com as Comunidades, como Delegado Provincial da Saúde no Huambo, década de 70.

O PG parado, ou a "andar" devagar ou muito devagarinho


Devido a dolorosos problemas de saúde não tem sido possível cumprir as seleções das publicações habituais do quotidiano e as dos nossos colaboradores e amigos.

Aos que apesar desta paragem - que já ultrapassa a duração de uma semana - continuam a visitar o Página Global, queremos deixar o nosso agradecimento e a garantia de que em conformidade com as possibilidades físicas tudo faremos para ao menos passarmos a publicar com maior frequência as publicações em carteira dos nossos estimados amigos e colaboradores.

Assim, passaremos a "andar" devagar ou muito devagarinho, como o caracol. Mas a "andar"  e a demonstrar que ainda estamos vivos e iremos regressar em pleno.

Aceitem a apresentação das nossas reiteradas desculpas pela situação atual.

Um grande abraço do PG

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