A
pouco mais de quatro meses de vista das eleições presidenciais, com a pandemia
da covid-19 no auge e o rescaldo do movimento “Black Lives Matter”, vários são
os cenários que já começam a aparecer nos meios de comunicação norte-americanos.
Arnaldo Xarim* | Tornado
Com
as sondagens a darem cada vez maior favoritismo ao candidato democrata e com a
recente notícia de uma semana difícil para Trump que termina com sondagem preocupante
da Fox News que dá vantagem de 12 pontos ao seu adversário, começaram
também a ressurgir alguns comentários e análises sobre os possíveis cenários
pós-eleitorais, num país que ainda há bem pouco tempo se revelou especialmente
vulnerável em matérias de fiabilidade do seu sistema eleitoral.
É
verdade, o farol da democracia mundial tem o seu presidente eleito por um
colégio eleitoral e não pelo voto directo da sua população. E ocasiões houve em
que o candidato eleito pelo colégio foi o que recebeu menor número de votos dos
eleitores (a farsa vai ao pormenor de pôr o eleitores a votar num candidato
quando na realidade estão a eleger os delegados estaduais ao Colégio
Eleitoral), como sucedeu em 1876 quando o candidato republicano, Rutherford B.
Hayes, foi eleito apesar do seu oponente, o democrata Samuel J. Tilden, ter
obtido quase 300.000 votos a mais; novamente em 1888, o candidato democrata
Grover Cleveland obteve cerca de 100.000 votos a mais que o republicano
Benjamin Harrison que viria a ser eleito; mas a pior e mais discrepante
situação ocorreu em 2000 quando o democrata Al Gore foi preterido a favor do
republicano George W Bush apesar de ter obtido mais 500.000 votos no total
nacional.
A
explicação para estas discrepâncias resulta da distribuição estadual dos
representantes poder distorcer o somatório de votos individuais dos cidadãos; o
facto de todas as vezes terem sido os candidatos republicanos a beneficiar será
meramente acidental, ainda que no caso de George W Bush nunca se possa esquecer
que a maioria dos membros do tribunal da Florida que decidiu a seu favor tenha
sido nomeada durante a presidência de George Bush (pai).