#Escrito e publicado em português
do Brasil
Pilhadas
em crimes, reagem aos pulinhos, xingando e vociferando: “te pego na saída!”
Oferecem patrimônio público como num Banco Imobiliário. Deixam sangue nas
quebradas. Contra sua pulsão furiosa, é preciso reconquistar as maiorias
Carlos Ziller Camenietzki |
Outras Palavras | Imagem: Orodè Deoro
Quem
viveu os anos finais da ditadura de 1964 não pode deixar de constatar que os
mais duros golpes infringidos aos governantes de então foram efetuados por
bandeiras propositivas. Queríamos Anistia, queríamos uma Assembleia
Constituinte, queríamos eleições diretas para Presidente, governadores e
prefeitos das capitais, queríamos ainda liberdade de organização política, fim
da censura… Enganaram-se na estratégia os que corajosamente gritavam “abaixo a
ditadura” pelas ruas. A ditadura efetivamente veio abaixo depois que se
conseguiu encontrar proposições substantivas impossíveis de serem contornadas e
que demandavam respostas claras. Aquilo que iniciou o período agudo de
decadência dos governos militares foi a ampla campanha pela Anistia e o que o
encerrou foram as grandes manifestações em todo o país pelas eleições diretas.
É claro que o ressurgimento da luta política estudantil, primeiro, e sobretudo
da luta sindical no final dos anos setenta teve um papel decisivo, como também
foi importante o progressivo isolamento internacional do Brasil. Mas a recessão
econômica do governo Figueiredo foi determinante com seus mórbidos espetáculos,
gente abatida pela fome, multidões dormindo nas ruas…
“Abaixo
a ditadura” era um grito que bem mostrava uma fúria dos que já não mais
suportavam os desmandos do governo àqueles que ainda não percebiam claramente a
origem política de muitos de seus males. Mas esse brado podia convencer apenas
limitadamente quem ainda não identificava o regime como um obstáculo.