terça-feira, 14 de julho de 2020

Portugal | Justiça? Deixem-nos rir!

Hoje há Curto, amanhã não sabemos. O de hoje, apresentado seguidamente, surge a mostrar a justiça ou "justiça" lusa com rabo-alçado para entrar de férias. Também tem direito. Lá por que se revela uma grande mixórdia não duvidemos que faz obra, trabalha... Férias merecidas.

Rui Gustavo é o "animador" deste Curto que vai poder ler a seguir. O pagante é o Expresso do tio Balsemão Impresa Bilderberg. Senhor de avançada idade mas sempre ativo e portador de um humor requintado. Simpático qb... "Vai um tirinho?", perguntam-lhe nas feiras a que não vai. A não ser as feiras e ajuntamentos do Bilderberg.

Marchemos para a conclusão e boicotemos estas divagações. Temos a informar que Salgado vai surgir. O tal que foi (e é) Dono Disto Tudo... O autor do Curto menciona que o DDT passou a ADT. Quer dizer: Acusado Disto Tudo. Verdade que pode ser acusado, certo é que se prevê que muito pouco seja provado em tribunal da tal justiça auto-mutilada, dúbia, que aos ricos acusa mas lhes consegue o milagre da montanha que por entre as pernas lhe saem um rato (pequenino). Salgado será outro exemplo, a provar que afinal ainda é DDT, como tantos outros da estirpe social que nos vigariza, nos rouba, nos explora e faz dos por nós eleitos e a governar seus vassalos, protetores dos seus interesses, em detrimento da populaça, dos trabalhadores, dos cercados no redil de uma falsa democracia... e falsa justiça. 

A coisa é assim. O que fazer? Deixarem de balir? Evidentemente que isso é difícil para qualquer povo. Para os portugueses também. Justiça? Deixem-nos rir.

Bom dia. Divirta-se com a justiça a seguir exposta no Curto do Expresso.

FS | PG




O acusado disto tudo

Rui Gustavo | Expresso

Imagine por um momento que aquela jovem que simboliza a Justiça é mesmo uma mulher eternamente vendada a pesar nos dois pratos da balança os interesses que se confrontam em tribunal. Hoje, no penúltimo dia de trabalho, talvez troque as pesadas vestes que usa habitualmente por um fresco vestido de verão e deite mãos aos últimos trabalhos antes das férias judiciais que vão durar um mês e meio, até ao final de agosto. (Na verdade, contra o que parece ser o entendimento geral, os tribunais não fecham para os casos urgentes e, na maior parte dos casos, os magistrados têm direito aos mesmos 22 dias de férias de todos os funcionários públicos).

Hoje, em Coimbra, um homem vai ser sentenciado por, alegadamente, ter obrigado a mulher a prostituir-se para além de a espancar regularmente como forma de motivação para o trabalho; um burlão do OLX saberá se vai ter de cumprir pena de prisão por vender iPhones falsificados; o Ministério Público pôs mais uma acha espetacular na fogueira da EDP, ela própria suspeita de corrupção por, alegadamente, ter comprado os favores de um ex-secretário de Estado, Artur Trindade, a troco de um lugar para si e outro para o pai, já falecido.

A sempre cega Justiça está a investigar-se a si própria no caso Lex, que tem como arguidos o ex-juiz Rui Rangel e envolve outros magistrados como Vaz das Neves e Fátima Galante. A acusação está quase pronta e deverá acusar os desembargadores de corrupção.O presidente do Benfica, Luís Filpe Vieira, é um dos arguidos no processo que só deverá ter um despacho depois das férias.

Mas a grande pasta que a jovem eternizada na capa de um dos melhores discos dos Metallica “…Anda Justice For all” quer fechar já tem o nome do antigo dono disto tudo, Ricardo Salgado, o banqueiro a quem ninguém dizia não e que nos últimos seis anos se viu envolvido em processos judiciais por ter levado à queda do grupo Espírito Santo, que dirigiu durante mais de vinte anos.

Nos últimos dias, a equipa de procuradores dirigida por José Ranito está a dar tudo para acabar a acusação contra Ricardo Salgado e os outros 48 arguidos antes das férias judiciais, que começam na próxima quinta-feira e levarão, em princípio, a que o processo fique suspenso até setembro. O documento já terá mais de quatro mil páginas (o despacho da Operação Marquês tem 4083) e deverá acusar o banqueiro de quase todos os crimes económicos previstos no código penal e de liderar uma associação criminosa que levou à queda do grupo. A investigação tem já seis anos e vai dar origem a um mega processo que atravessará muitas férias judiciais, aberturas de anos judiciais, ministros da Justiça e procuradores-gerais da República.

Salgado, que já esteve em prisão domiciliária durante cinco meses, é um dos acusados na Operação Marquês (é suspeito de corromper Sócrates para que o ex-primeiro ministro favorecesse os interesses do grupo GES) e é ainda arguido na Operação Monte Branco, que começou em 2011 e não tem ainda acusação; também é arguido no caso EDP.

O Banco de Portugal, mais célere, já lhe aplicou multas num total de cerca de seis milhões de euros e a inibição de trabalhar na banca por oito anos. A defesa do banqueiro pode resumir-se a uma frase: “Eu nunca na minha vida corrompi ninguém”, disse o acusado disto tudo à saída do tribunal depois de ter sido ouvido pelo juiz Ivo Rosa.

OUTRAS NOTÍCIAS

Ainda a Justiça: Luís Filipe Vieira, um dos arguidos na Operação Lex, terá sido constituído arguido na Operação Saco Azul (como não adorar este talento da PJ para títulos), um caso de sobrefaturação de uma empresa de informática que começou a ser investigado em 2018. O Benfica já confirmou a notícia de “A Bola”.

Por causa da Covid-19, a partir da meia-noite de hoje a Hungria vai proibir a entrada no país a residentes em países africanos, à maior parte dos viajantes oriundos de países asiáticos e também a residentes em alguns estados europeus. O Governo magiar vai introduzir um sistema tricolor – semelhante a um semáforo, também usado na Bélgica, por exemplo - e os habitantes dos países classificados como “zona vermelha” não serão autorizados a entrar até nova decisão. Portugal recebeu uma luz amarela – os viajantes oriundos do país podem entrar na Hungria mas têm de entrar em quarentena obrigatória a menos que apresentem dois testes negativos feitos nos últimos cinco dias. Mesmo assim, António Costa recebeu luz verde para entrar no país e hoje mesmo vai ter um “almoço de trabalho” com o líder húngaro, Viktor Orbán, para, segundo a agenda oficial, preparar o próximo Conselho Europeu. Mas nem a distância social obrigatória evitará mais uma conversa sobre as medidas restritivas que os países europeus estão a aplicar a Portugal e que já levaram a vários protestos do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O Governo português decidiu prolongar por mais 15 dias o estado de calamidade em 19 freguesias da região de Lisboa. Nas últimas 24 horas morreram mais duas pessoas. Uma das vítimas mortais era uma mulher jovem, com idade entre os 30 e os 39 anos, enquanto a segunda era já septuagenária. No total, de acordo com os últimos números, há agora em Portugal 1.662 vítimas mortais, 46.818 casos confirmados e 31.065 recuperados. Ontem, foi batido um triste recorde desde que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo: 230 mil novos casos. Ainda estamos longe do regresso à normalidade.

A PSP deteve quatro homens na Quinta do Mocho, arredores de Lisboa, que apedrejaram os agentes que fechavam à força cafés que não cumpriam o fecho obrigatório às oito da noite. Houve tiros disparados para o ar pelas autoridades.

A duas semanas do regresso da competição, o basquetebolista americano Russel Westbrook, uma das estrelas da NBA, anunciou que teve um teste positivo ao coronavírus. Está já de quarentena. Em Inglaterra, também foi detetado um caso positivo entre as equipas que disputam a Premier League. Mas a identidade do jogador ou treinador não foi revelada. Dezasseis semanas depois da entrada em vigor das medidas de confinamento, o ministro da Saúde Matt Hancock revelou que todas as semanas surgem 100 novos surtos em Inglaterra. O primeiro-ministro Boris Johnson, que já teve a doença admitiu o uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos.

O campeão Benfica tem hoje a ingrata missão de impedir que o FC Porto lhe roube o título sem sequer entrar em campo. Os encarnados recebem o Vitória Sport Clube (é assim que o Guimarães gosta e deve ser tratado) e se não ganharem - o que tem acontecido com uma inusitada frequência nos últimos jogos - entregam o título numa bandeja prateada ao rival azul e branco que joga amanhã com o Sporting no Estádio do Dragão. Basta um empate contra os leões treinados pelo benfiquista Rúben Amorim para que se celebre já o novo campeão nacional de futebol. Será o segundo título de campeão para o técnico Sérgio Conceição, que foi um bom jogador e está a caminho de se tornar um melhor treinador.

Também hoje, o tranquilo Santa Clara recebe o despromovido Desportivo de Aves; o aflito Portimonense joga com o Boavista e em Barcelos Gil Vicente e Tondela disputam um jogo que só tem interesse prático para os tondelenses, ainda a lutar para evitar a despromoção.

Nos Estados Unidos é lançado hoje o livro “Too Much and Never Enough", de Mary Trump, que escreveu uma espécie de segundo título mais explicativo: “Como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo”. Está a referir-se – acertou – a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e tio da autora. 
Robert Trump, irmão de Donald, tentou travar a edição do livro nos tribunais alegando que está a ser violado um acordo de confidencialidade que a sobrinha Mary tinha aceitado para poder entrar na herança de Fred Trump, pai do Presidente americano. Mas um tribunal de Nova Iorque suspendeu a proibição temporária da publicação alegando que a editora, Simon & Schuster, não estava abrangida pelo acordo de confidencialidade. Faltam quatro meses para as presidenciais e as favas parecem menos contadas do que estavam para Trump.

Tão inevitável como passar o dia a ouvir fala da Covid-19 ou ter de usar máscara: hoje vai estar muito calor, há um risco acentuado de incêndios em todo o país e nos próximos dias os termómetros vão chegar aos 40 graus. Os incêndios - e ainda estamos no início do verão - já mataram um bombeiro e feriram com gravidade outros três.

Frases

“Não vamos voltar à antiga normalidade nos próximos tempos. Repito: não vamos voltar à antiga normalidade nos próximos tempos”
Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde

“As celebrações e concentrações devem ser evitadas, de forma a honrar os sacrifícios que, individual e coletivamente, os cidadãos têm sabido fazer em tempos tão difíceis como este"
Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, portista, a antever a conquista do título pelo FC Porto

“Não confirmo qualquer contacto direto com o treinador Jorge Jesus”
Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD do Benfica, numa espécie de confirmação do namoro ao treinador campeão do Brasil

"Se eu for candidato, é seguro que não haverá diretor de campanha"
Marcelo Rebelo de Sousa, o homem que se elege a si próprio, anunciando a mais do que certa recandidatura à presidência da República.

O que eu ando a ler

Frank Sinatra Has a Cold

Gay Talese

A melhor maneira de aferir a qualidade um vinho, de uma canção, de uma relação ou de um livro, é ver como envelhece. Este artigo do escritor e jornalista americano Gay Talese foi escrito para a Esquire em 1965 e parece que foi publicado ontem. A revista pediu a Talese que fosse a Los Angeles para entrevistar Frank Sinatra, mas o cantor, à beira dos 50 anos, a filmar um filme que não gostava, a debater-se com revelações sobre as suas ligações à mafia e a ficar para trás perante a revolução musical que explodia (Beatles, Stones), desculpou-se com uma vulgar constipação para não aceder ao pedido de entrevista. Talese falou com toda a gente que o rodeava, observou Sinatra em bares, restaurantes, na rua e em salões de bilhar e o resultado são mais de cinquenta páginas de um retrato puro e a invenção do Novo Jornalismo: “Sinatra constipado é como Picasso sem tinta ou um Ferrari sem gasolina. Só que pior.” (tradução livre, deste que vos estima). É só procurar no site da revista americana.

O que ando a ouvir

Desalmadamente

Lena D’Água

Qualquer pessoa com mais de 30 ou 40 anos terá trauteado uma vez na vida “Nuclear, não. Obrigado!” ou “Olhó robô”. A cantora, que fez parte dos Salada de Frutas e estava desaparecida depois de uma decadência musical que nunca foi assim tão má (sim, gosto do “Sempre que o amor me quiser” ou do “Jardim Zoológico”) e de uma triste dependência de drogas, mas foi ressuscitada pela mão de Pedro da Silva Martins, guitarrista e compositor dos Deolinda e fã da cantora, que primeiro a convidou para participar no Festival da Canção e depois escreveu um disco inteiro para ela. Este “Desalmadamente”, que é também o tútulo da música mais introspectiva, é um ótimo disco e Lena D’Água mantém uma voz incrivelmente jovem. Ando a ouvir o álbum desde 2019 e não me canso. Recomendo “Hipocampo”, para começar o dia.

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