domingo, 19 de julho de 2020

EUA espiaram telefones de militares e diplomatas na Rússia, diz mídia


#Corrigido do português do Brasil (br) para português de Portugal (pt)

Telemóveis usados em instalações militares, prédios do governo e embaixadas estrangeiras na Rússia teriam sido rastreados por grupo de pesquisa patrocinado pelo Pentágono.

Um grupo de pesquisadores baseados em Starkville, no estado americano de Mississippi, desenvolveu um aplicativo chamado Locate X para rastrear os movimentos de pelo menos 48 telemoveis em 9 de agosto do ano passado, um dia depois de ocorrer uma forte explosão numa instalação militar russa na cidade de Severodvinsk.

O rastreio experimental foi conduzido pela Universidade Estatal do Mississipi e teria como objetivo demonstrar para os militares americanos como informação oriunda de telemóveis e disponível comercialmente poderia ser usada para operações de inteligência.

Utilizando dados de localização por GPS, usados em jogos e aplicativos de serviço meteorológico, os movimentos dos referidos telemóveis foram rastreados, publicou o Wall Street Journal.

EUA | Morreu John Lewis, "um gigante" e "herói" da luta pelos direitos cívicos


John Lewis, membro do Congresso norte-americano, defensor da não-violência e dos direitos cívicos nos Estados Unidos, morreu aos 80 anos, devido a um cancro no pâncreas

Pacifista e defensor dos direitos civis dos negros, que marchou com Martin Luther King Jr. e foi congressista durante décadas, John Lewis era um ícone da luta pelo direitos dos afro-americanos e travou toda a vida uma dura batalha contra a discriminação racial e a injustiça.

Foi repetidamente espancado pela polícia e preso durante os protestos em que participou contra as leis segregacionistas e os crimes praticados contra os negros nos Estados Unidos, mas a sua voz nunca se calou perante a injustiça.

Ainda em junho, apesar de já muito debilitado pelo cancro que agora o vitimou, Lewis ainda fez questão de viajar para Washington, para participar no movimento Black Lives Matter contra a discriminação racial, na sequência da morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia de Minneapolis.

"Hoje, a América lamenta o desaparecimento de um dos maiores heróis da história do país", escreveu a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, num comunicado divulgado na sexta-feira.

John Lewis foi eleito para a Câmara dos Representantes em 1986 e era o mais novo e o último sobrevivente do movimento de defesa dos direitos cívicos, liderado pelo reverendo Martin Luther King Jr.

"Que a sua memória seja uma inspiração e nos leve a todos, perante a injustiça, a criar 'bons problemas e problemas necessários'", acrescentou Pelosi, numa referência a uma das frases mais usadas pelo antigo camarada de Martin Luther King. E sublinhou: "Era um titã do movimento dos direitos civis, cuja bondade, fé e valentia transformaram nossa nação".

O líder da maioria no Senado, o Republicano Mitch McConnell, fez também questão de juntar a sua voz às homenagens, afirmando que Lewis era um "pioneiro líder dos direitos cívicos, que pôs a vida em risco para lutar contra o racismo, promover direitos iguais e levar o país a aproximar-se mais dos princípios fundadores".

Neste sábado, a Casa Branca recordou igualmente a sua carreira em defesa dos direitos humanos. "O congressista John Lewis foi um ícone do movimento pelos direitos civis, e deixa um legado duradouro que nunca será esquecido", disse no Twitter a secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany.

"A sua família está nas nossas orações, lembramos as incríveis contribuições do legislador John Lewis para o nosso país", escreveu ainda a assessora.

Aos 25 anos, quando liderava uma marcha pacífica, Jonh Lewis foi espancado pela polícia, na ponte Edmund Pettus, em Selma, no estado do Alabama. Mas acabaram por ser as imagens difundidas da brutalidade policial que forçaram o país a encarar de uma vez por todas a opressão racial que grassava nos estados do Sul.

Poucos dias depois desse episódio, que ficou conhecido por "Domingo Sangrento", Martin Luther King liderou milhares de pessoas em novas marchas no mesmo estado, o que levou o então Presidente norte-americano Lyndon Johnson a pressionar o Congresso para aprovar a lei que permitiu à população negra votar.

Portugal | Milhares pedem justiça "pela falta de auxílio" a animais mortos em fogo


Situação foi denunciada esta madrugada pelo PAN, partido que já apresentou queixa no Ministério Público por, alegadamente, ter sido impedido o resgate de duas centenas de animais, que acabaram por morrer carbonizados no incêndio de Santo Tirso. Mais de 30 mil pessoas já assinaram entretanto uma petição a pedir justiça.

A morte de animais no incêndio de Santo Tirso, na madrugada deste domingo, está a gerar uma onda de indignação que levou à criação de uma petição pública onde se pede "justiça pela falta de auxílio aos animais" do canil consumido pelas chamas. 

A situação denunciada pelo PAN esta madrugada, alertando para o facto de o incêndio em Santo Tirso ter  atingido dois abrigos de animais, referindo que "dezenas de animais já morreram carbonizados". O partido fez entretanto saber que já apresentou queixa no Ministério Público por crime contra animais de companhia.

Segundo a deputada Bebiana Cunha, que acompanha a situação, "cidadãos, ONG's e associações de proteção animal" disponibilizaram-se para auxiliar na retirada dos animais em questão, mas que todas as tentativas foram "barradas tanto pela Câmara Municipal e respetivo Veterinário Municipal, como pelas proprietárias dos abrigos".

Maratona do Conselho Europeu | Frugais?


Costa: "Muitos países estão num fato que já não serve, passou de moda"


António Costa quer um acordo que não se fique pela "ilusão" e que "responda às necessidades efetivas", mesmo que assumindo que possa existir alguma espécie de corte à proposta inicial.

O primeiro-ministro português quer uma resposta "robusta e rápida" para aquela que é uma "crise de dimensão extraordinária" e não compreende as reticências de alguns países. "É incompreensível a dificuldade das lideranças europeias em chegar a um acordo rápido", disse António Costa aos jornalistas, em Bruxelas, antes do reinício do terceiro dia de negociações da cimeira extraordinária de chefes de Governo e de Estado da União Europeia.

O chefe de Governo listou os números do desemprego e as dificuldades das empresas para sublinhar que "a resposta tem que estar à altura desta crise, que é enorme". "Não estamos a negociar mais milhão menos milhão, não é isso que está em causa", disse, explicando que a preocupação é a resposta a longo prazo.

Quando questionado sobre a redução na proposta inicial da Comissão Europeia, Costa explicou que "é possível conseguir alguma redução sem atingir os envelopes nacionais" mas que "mais importante é saber se saímos com um instrumento que depois já não tem capacidade para responder às necessidades efetivas" - o que seria "algo muito perigoso, uma ilusão para os europeus".

Portugal - UE | Planeamento por encomenda


Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Escrevo este texto (sábado) quando está a decorrer, em Bruxelas, o Conselho Europeu que, em princípio, há de definir o montante e o enquadramento da execução do Fundo de Recuperação e Resiliência para os países membros da União Europeia (UE).

Se tal objetivo não for atingido agrava-se a ferida da desunião. Em caso de aprovação, há que ver se são confirmados os tais 750 mil milhões de euros, bem como o volume disponibilizado sem encargos e o que será concedido como empréstimo. Acima de tudo, analisem-se as condições em que os países poderão aceder aos fundos.

Os detalhes podem fazer toda a diferença. Mesmo no cenário mais favorável para o nosso país, poderá haver "critérios muito apertados": a imposição de condicionalismos ao plano que Portugal apresentar para a utilização dos recursos; um rol de "reformas" distanciadas daquilo que os portugueses mais necessitam; avaliações e imposições semelhantes às que sofremos com a troika. O primeiro- -ministro tem dito, com verdade, que vivemos uma crise económica e social "dramática". E é claro, o Governo precisa urgentemente de saber com que meios pode contar para a recuperação da economia, do emprego e das condições de vida de muitas centenas de milhares de portugueses que estão ou caminham para a pobreza.

A realidade que vivemos é muito delicada. A UE quer que apresentemos um plano do seu agrado, o Governo quer tomar como prioridade agradar-lhe. Tudo indica, assim, que entraremos num tempo de grandes exigências sem se pensar o país de forma consistente.

Cinco mortos em Lisboa e 246 novos infetados por covid-19 em Portugal


Cinco pessoas, todas de Lisboa, morreram nas últimas 24 horas em Portugal, vítimas de covid-19. Há mais 246 infetados, para um total de 48636.

Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde, revelado este domingo, foram registados cinco óbitos, todos em Lisboa, nas últimas 24 horas em Portugal (mais três que no sábado), elevando para 1689 o total de vítimas mortais da covid-19.

Das cinco vítimas mortais, quatro tinham mais de 80 anos (dois homens e duas mulheres) e uma tinha entre 70 e 79 anos (um homem). Residiam todos na Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT).

Com mais 246 novos casos (menos 67 que no sábado), 48636 pessoas já foram infetadas com a doença em Portugal desde o início da pandemia, a 2 de março.

Com 214 das 246 novas infeções, a RLVT acumulou 87% dos casos de covid-19 referenciados nas últimas 24 horas, elevando para 24621 o total de doentes desde o início da pandemia.

O autodenominado «movimento democrático» de Hong Kong


Em autênticos termos de reversão histórica, em Hong Kong as forças filo-oligárquicas e filo-imperialistas que mitificam o período colonial e defendem a meca do neoliberalismo mais desenfreado são chamadas “democráticas”. Todo o tipo de delinquentes que encontraram asilo na cidade e no seu apetecível paraíso fiscal as apoiam e promovem (e dirigem) lado a lado com forças “democráticas” estrangeiras, como é o caso de Trump, ou de Johnson, ou da UE, entre outros.

Renato Caputo * | opinião

Hong Kong é considerada a meca do capitalismo desregulado, onde a negociação colectiva foi sempre considerada ilegal por razões políticas, o autodenominado “movimento democrático”, que estaria esgotado por um ano de “guerrilha”, encontrou pela primeira vez o apoio de alguns sindicatos corporativos menores. O que é notícia no Ocidente (e mesmo no único jornal italiano que se autodefine como comunista (1)) não é o facto de um movimento “democrático” se tenha reduzido após um ano de “guerrilha”, nem que esse dito movimento democrático se bata pela salvaguarda da independência da meca do capitalismo desregulado – no qual a mesma negociação colectiva sempre foi proibida - mas que sectores minoritários do mundo do trabalho apoiem o protesto.

Portanto, em primeiro lugar esse protesto, realizado por mais de um ano com métodos de guerrilha, não poderia ser chamado democrático. Em segundo lugar, apoiando o neoliberalismo mais extremo, não pode senão ser antitético seja de movimento democrático for. Democracia significa, de facto, domínio político da maioria dos subalternos, sobre os oligarcas, coisa que obviamente nunca existiu em Hong Kong. Pelo contrário, em Hong Kong, coerentemente com a linha neoliberal radical, sempre dominou uma oligarquia. Portanto, é antes de mais absurdo e contraditório definir um movimento democrático que luta para salvaguardar um dos sistemas mais radical e descaradamente oligárquicos do mundo. Como Pino Arlacchi observou justamente em “Il Fatto Quotidiano” “uma parte dos habitantes de Hong Kong, portanto, cultiva o sonho de um retorno ao passado que preserve um status de hub financeiro” (2).

Um passado idealizado pelo suposto movimento democrático de Hong Kong, que tem início com a ocupação da cidade pelo imperialismo britânico, durante a Guerra do Ópio, desencadeada porque os chineses se recusavam a aceitar a venda livre de drogas no seu território por parte do Reino Unido, que a fazia cultivar pelos pobres agricultores indianos, submetidos ao jugo colonial inglês. Sem esquecer que a Grã-Bretanha, depois de mais de um século de domínio colonial, introduziu a democracia em Hong Kong somente quando, em 1997, expirado o tratado desigual imposto à China, a cidade voltaria a fazer parte da mãe pátria. Portanto, os autodenominados democratas de Hong Kong reivindicam uma democracia, que foi introduzida em seu país depois de mais de um século de domínio colonial, apenas no momento em que o grande Hub financeiro deveria voltar a integrar a mãe pátria.

Como Alberto Bradanini observou, com razão, a esse respeito: “em Hong Kong, durante os 156 anos de domínio, os britânicos nunca sonharam em introduzir a democracia. O governador era nomeado de Londres, o Conselho Legislativo era um mero órgão consultivo e a participação da população era mínima. De repente, em 1997, levar a democracia a Hong Kong torna-se fundamental para Londres! ” (3) Por outro lado, o movimento “democrático” reacionário - que tende a idealizar o passado colonial de Hong Kong - baseia-se num falso mito, segundo o qual a sorte do país resultaria de ter adoptado, graças ao domínio colonial, um modelo económico superior. Pelo contrário, a economia do país permanecera estagnada por mais de cem anos. O seu súbito milagre económico deve-se à abertura - após a derrota da ala esquerda do partido da República Popular da China em 1978 - ao mercado mundial (capitalista). Isso fez a fortuna de Hong Kong subitamente transformada “na porta de entrada para os negócios ocidentais na China”. Uma posição que dura até 2001, quando a China adere à Organização Mundial do Comércio e HK perde lentamente esse privilégio, porque as empresas estrangeiras podem agora dirigir-se directamente à China.

Monopólios farmacêuticos não combatem a Covid-19


#Escrito e publicado em português do Brasil

As leis de patentes da maioria dos países e a Declaração de Doha de 2001 da Organização Mundial do Comércio (OMC) são claras sobre o licenciamento compulsório durante uma emergência de saúde ou uma epidemia.


Os EUA compraram quase todo o estoque do medicamento Remdesivir da farmacêutica Gilead, tornando quase impossível que esse medicamento para Covid-19 esteja disponível em qualquer outro lugar do mundo. Depois de deixar os EUA adoecerem, Trump tenta compensar o fracasso de seu governo comprando a produção de Gilead pelos próximos três meses, não deixando nada para o resto do mundo.

Isso torna tudo mais urgente para a Índia e outros países que se destacaram em lutas anteriores com leis de patentes de medicamentos contra as grandes farmacêuticas nos EUA e em todo o mundo por mais de uma década para quebrar a patente de Gilead e emitir licenças obrigatórias para fabricar o medicamento em seus países. As leis de patentes da maioria dos países e a Declaração de Doha de 2001 da Organização Mundial do Comércio (OMC) são claras sobre o licenciamento compulsório durante uma emergência de saúde ou uma epidemia. A Covid-19 obviamente se qualifica em ambos os requisitos.

Em 1º de julho, os EUA atingiu o ponto de mais de 50 mil novos casos de Covid-19 num único dia, cerca de 23% dos 218 mil novos casos em todo o mundo naquele dia, tornando-o líder global em como não combater a epidemia da Covid-19. Em 1º de julho, Brasil e Índia estavam em segundo e terceiro lugar, respectivamente, para novos casos.

Mas se o Remdesivir reduz o período infeccioso, além de ser benéfico para os pacientes que o recebem, também é útil para a sociedade. Ao reduzir o período infeccioso do paciente, reduz a taxa de transmissão do vírus.

CIA - Projecto MK-ULTRA



O governo dos Estados Unidos financiou e realizou inúmeras experiências psicológicas em seres humanos sem eles o saberem, especialmente durante a Guerra Fria, talvez parcialmente para ajudar a desenvolver técnicas mais eficientes de tortura e interrogatório para os militares dos EUA e para a CIA, mas a extensão, o alcance e a duração quase inacreditáveis dessas actividades ultrapassaram muito as possíveis aplicações em interrogatórios e parecem ter sido realizadas a partir de uma desumanidade fundamental e monstruosa. Ler  apenas os resumos, mesmos sem mencionar os detalhes, é por si só, quase traumatizante.

Em estudos iniciados no final da década de 1940 e no início da década de 1950, o Exército dos EUA começou a identificar e a testar soros da verdade, como mescalina e escopolamina, em seres humanos, que invocaram ser de utilidade durante os interrogatórios a espiões soviéticos. Esses programas acabaram por se expandir num projecto de amplo campo de acção e enorme ambição, centralizado sob a competência da CIA, no que viria a ser designado como Projecto MK-ULTRA, uma importante colecção de projectos de interrogatório e controlo da mente. Inspirada inicialmente pelas ilusões de um programa de lavagem cerebral, a CIA iniciou milhares de experiências usando indivíduos americanos e estrangeiros, muitas vezes sem o seu conhecimento ou contra a sua vontade, destruindo inúmeras dezenas de milhares de vidas e causando muitas mortes e suicídios. Financiada, em parte, pelas Fundações Rockefeller e Ford e operada conjuntamente pela CIA, pelo FBI e pelas divisões de inteligência (serviços secretos) de todos os grupos militares, essa pesquisa da CIA, que durou décadas, constituiu uma imensa colecção de algumas das atrocidades mais cruéis e desagradáveis ​​que se possam imaginar, num esforço determinado em desenvolver técnicas confiáveis ​​de controlo da mente humana.

Pelo menos 200 notáveis investigadores científicos privados fizeram parte neste programa, assim como muitos milhares de médicos, psiquiatras, psicólogos e outros semelhantes. Muitas destas instituições e indivíduos receberam o seu financiamento através das chamadas "bolsas" do que eram, nitidamente, empresas de fachada da CIA.

O MK-ULTRA foi algo que englobou um grande número de actividades clandestinas que faziam parte da pesquisa e do desenvolvimento da CIA, sobre Guerra Psicológica, consistindo em cerca de 150 projectos e subprojectos, muitos deles muito grandes por si só, com pesquisa e experimentação humana a ocorrer em mais de 80 instituições que incluíam cerca de 50 das faculdades e universidades mais conhecidas dos Estados Unidos, 15 ou 20 grandes fundações de pesquisa, incluindo a Fundação Rockefeller, dezenas de grandes hospitais, muitas prisões e instituições mentais e muitas empresas químicas e farmacêuticas. Pelo menos, 200 pesquisadores científicos privados e bem conhecidos, fizeram parte deste programa, assim como muitos milhares de médicos, psiquiatras, psicólogos e outros semelhantes. Muitas dessas instituições e indivíduos receberam o seu financiamento através dos chamados "subsídios" do que eram, claramente, empresas de fachada da CIA.

Em 1994, uma subcomissão do Congresso revelou que cerca de 500.000 americanos, sem terem qualquer conhecimento destes factos, foram ameaçados, danificados ou destruídos pelos testes secretos da CIA e dos militares, entre 1940 e 1974. Dada a destruição deliberada de todos os registos, a verdade completa sobre as vítimas do MK-ULTRA nunca será conhecida, como também não será sabido o número de mortos. Como o Inspector Geral do Exército dos EUA declarou posteriormente num relatório a uma comissão do Senado: "Nas universidades, hospitais e instituições de pesquisa, um número desconhecido de testes e experiências químicas ... foi realizado em adultos saudáveis, nos que tinham doenças mentais e em indivíduos retidos na prisão". De acordo com um relatório do governo," em 149 experiências separadas de controlo da mente, sobre milhares de pessoas, os pesquisadores da CIA usaram a hipnose, tratamentos com eletrochoques, LSD, marijuana, morfina, benzedrina, mescalina, seconal, atropina e outras drogas". Os indivíduos que foram sujeitos aos testes eram geralmente pessoas que não podiam objectar facilmente - prisioneiros, pacientes mentais e membros de grupos minoritários - mas a agência também realizou muitas experiências em civis normais e saudáveis, ​​sem o seu conhecimento ou sem o seu consentimento.

O projecto estava sob o comando directo de um Dr. Sidney Gottlieb e recebeu milhões de dólares não revelados mas quase ilimitados, destinados a centenas de experiências em seres humanos, em centenas de locais nos Estados Unidos, Canadá e Europa, tendo o orçamento eventual para este programa, ao que tudo indica, ultrapassado 1 bilião de dólares por ano. O mal que se encontra em alguns destes documentos MK-ULTRA é quase palpável, um desses documentos de 1955, a declarar abertamente uma procura de “substâncias que irão provocar danos cerebrais (temporários ou) permanentes, bem como a perda de memória”. Parte da intenção era desenvolver "técnicas que iriam esmagar a psique humana ao ponto de admitir qualquer coisa". Num memorando do governo americano de 1952, um Director de programa perguntou: "Podemos conseguir o controlo de um indivíduo ao ponto de ele fazer o que lhe ordenamos contra a sua vontade e até contra leis fundamentais da natureza, como a auto preservação? Também enumerou a grande variedade de abusos horrendos aos quais as vítimas estariam sujeitas. Estas pessoas não eram relutantes quanto às suas intenções.

Os mecanismos incluíam uma programação sexual primordial para as mulheres na tentativa de eliminar as convicções morais aprendidas e estimular o instinto sexual primitivo desprovido de inibições, para criar uma espécie de máquina sexual - a prostituta fundamental para a espionagem diplomática. Vários pesquisadores afirmaram que o apetite sexual dessas mulheres foi desenvolvido em jovens, nos seus anos de formação, através de incesto constante com um funcionário do governo que havia sido deliberadamente desenvolvido como figura paterna dessas jovens. Em parte, estes programas envolviam condicionar a mente humana através da tortura, com uma parte deste programa destinada a treinar agentes especiais, para agirem como terroristas destemidos sem instintos de auto-preservação e que se iriam suicidar de bom grado, se fossem apanhados. Até fizeram experiências através de implantes electrónicos, sons inaudíveis, mensagens embutidas na mente subconsciente, drogas para alterar a mente e muito mais. Uma parte dessa extensa operação envolveu uma tentativa de criar um programa de assassinos, torná-los capazes de raptar indivíduos de outros países, submetê-los a hipnose e a outras técnicas e depois devolvê-los aos seus países de origem, a fim de assassinarem as  suas chefias.

Outra parte do projecto do controlo mental da CIA tinha como objectivo encontrar um "soro da verdade" para usar em espiões. Foi administrado aos indivíduos sujeitos ao teste LSD e outras drogas, muitas vezes sem o seu conhecimento ou consentimento, e alguns foram torturados. Muitas pessoas morreram - ou foram mortas - como resultado destas experiências e um número desconhecido de funcionários do governo, a trabalhar nestes projectos, foi assassinado com receio de que contassem o que tinham visto, talvez o mais conhecido seja Frank Olson, cuja morte descrevi noutro lugar. O projecto foi firmemente negado tanto pelo governo como pela CIA, mas foi, finalmente, exposto após as investigações da Comissão Rockefeller. Quando esta informação se tornou conhecida, o governo dos EUA pagou muitos milhões de dólares para resolver as centenas de  reclamações e processos judiciais que resultaram. Existem muitas provas de que estes programas nunca foram encerrados.

Foram orientados pela Faculdade de Medicina da Universidade de Cornell, muitos estudos iniciais de interrogatórios sob a direcção de um Dr. Harold Wolff , que solicitou à CIA qualquer informação sobre "ameaças, coerção, prisão, privação, humilhação, tortura, lavagem cerebral", "psiquiatria negra" e hipnose, ou qualquer combinação destes, com ou sem agentes químicos ". Segundo Wolff, a equipa de pesquisa iria então: "... reunir, recolher, analisar e assimilar estas informações e irá realizar investigações experimentais destinadas a desenvolver novas técnicas de uso de inteligência ofensiva/defensiva ... Serão testadas, de maneira semelhante, drogas secretas potencialmente úteis [e diversas procedimentos que danifiquem o cérebro] para verificar o efeito fundamental sobre a função cerebral humana e sobre o humor do sujeito ... ". Ele apontou ainda mais e de maneira arrepiante: "Quando qualquer um dos estudos envolver possíveis danos ao indivíduo, esperamos que a Agência disponibilize indivíduos e um local adequado para a realização das experiências necessárias".

Covid-19 (III) – Estados Unidos e Brasil


Jorge Seabra | AbrilAbril | opinião

No seguimento dos dois primeiros artigos dedicados ao surgimento da Covid-19 na China e ao seu aparecimento na Europa, descreve-se agora o sinuoso trajecto da abordagem da pandemia nos Estados Unidos e no Brasil.

governo dos USA seguiu o modelo 1 de Buffagni que vale a pena relembrar: «Aqueles que escolhem o modelo 1 fazem um cálculo de custo/benefício, e optam por sacrificar uma parte da população.»1

Como superpotência com influência mundial e devido à personalidade arrogante e boçal do presidente, a administração Trump constituiu-se em exemplo absoluto de incompetência, oportunismo e demagogia.

São inúmeros os vídeos com contraditórias afirmações do Presidente Trump ao longo do tempo, começando por menorizar a importância da pandemia – «é uma simples gripe», «vamos todos ficar bem», «a América vai continuar a trabalhar» – passando depois, perante a acumulação de mortos, a fazer o auto elogio e a culpabilizar os outros.

Tudo ainda é pior quando se soma o «sistema de ausência de sistema» dos USA, não existindo nenhuma organização nacional prestadora de cuidados de Saúde do tipo do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou do NHS inglês (hoje também fragilizado pelas políticas de Margareth Tatcher, Tony Blair e sucessores).

Nos USA é o «cada um trata de si», com seguros privados para quem os pode pagar (caros e com muitas exclusões e limites de despesa), a que se acrescentam perto de 50 milhões de pessoas sem qualquer cobertura e totalmente entregues à sua sorte.

Keith Corl, médico e professor na Universidade de Brown, refere: «O nosso sistema de saúde está perfeitamente desenhado para o negócio da medicina: Extrair lucro dos doentes.»2

Nessa lógica do business, a medicina preventiva fica para trás. De resto, em Novembro de 2008, o National Intelligence Council, da CIA, enviou à Casa Branca um relatório elaborado por peritos vários países – «Global Trends 2025: A Transformed World» – alertando para «a aparição de uma doença respiratória nova, (…) que se poderia converter numa pandemia global.»3

Desprezando esse e outros avisos (entre os quais um do Pentágono, em 2017), Trump, fechou, em 2018, o gabinete de Biodefesa e Saúde Global dirigido pelo almirante Timothy Ziemer, perito em epidemiologia, precisamente a instituição encarregada de coordenar o combate a pandemias.

Comentando, na altura, a decisão, Jeremy Konyndyke, dirigente da Agency for International Development durante a administração de Obama, afirmou: «Isto coloca-nos literalmente desprotegidos. É inexplicável.»4

MEMÓRIA CINCO, DUM SEMPRE ACTUAL


Visitação às entranhas da IIIª Guerra Mundial, desde suas raízes

Martinho Júnior, Luanda 

01- No dia 3 de Janeiro de 2004, no nº 378 do “ACTUAL” foram publicados uma série de intervenções sobre o Congo, de que se destaca aqui “Mercenários no Congo, Operação Dragão”.

Antes de chegar à redacção o título dessa intervenção era justamente “Os mercenários da administração Johnson no Congo”, referindo-se aos anos de 1964 e 1965 naquele país, pois a saga de Frank Charles Carlucci, de Lawrence Devlin, ou de Maurice Tempelsman na região fez-se sempre com “correias de transmissão” e de veladas conexões nas práticas de conspiração, por que “a alma dos negócios, em segredo, não deixa de obrigar”!... (https://www.counterpunch.org/2005/01/29/tempelsman-s-man-weighs-in-on-the-murder-of-patrice-lumumba/http://www.suzanmazur.com/?p=131http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992011000200003;  http://www.avante.pt/arquivo/1292/9203h1.htmlhttps://www.youtube.com/watch?v=8796v2nAfS0).

Desde a instauração do “Estado Livre do Congo” pela Conferência de Berlim, (que se realizou entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885), que os mercenários tiveram a garantia de rédea-solta institucionalizada: o próprio Rei Leopoldo II por via dessa conferência, seria o primeiro dos mercenários reconhecidos pela sua vassalagem à aristocracia financeira mundial, instalada então nas duas margens do Atlântico Norte e, por tabela, na “praça-forte” em que se propiciava tornar o artificioso reino da Bélgica, praticamente desde os alvores férteis da revolução industrial! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlimhttps://horadopovo.com.br/os-crimes-da-belgica-colonial-no-congo/).

O Rei Leopoldo II, “de bons ofícios”, (https://www.wook.pt/livro/o-fantasma-do-rei-leopoldo-uma-historia-de-voracidade-terror-e-heroismo-na-africa-colonial/58223) havia preparado a ementa colonial de antemão, com a Conferência de Bruxelas em 1875 e por essa razão, a aristocracia financeira mundial emergente, ao tutelar a revolução industrial ávida dos impérios coloniais, lhe entregou de bandeja a região-chave mais suculenta do continente africano, a da bacia do grande Congo, o 2º maior pulmão tropical da Terra!… (https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Geogr%C3%A1fica_de_Bruxelas).

Os primeiros mercenários em África têm tudo a ver portanto com a partilha colonial do continente e por isso tudo a ver com o suplemento de barbárie que se iria fazer seguir à época em que o colonialismo se resumiu às feitorias costeiras, às caravanas de funantes que partiam para um desconhecido interior e ao período de tráfico de escravos típico do euro-centrista comércio triangular transatlântico, Europa-África-América! (https://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/rescaldos-dos-fantasmas-do-rei-leopoldo.htmlhttps://pt.scribd.com/document/51654850/Trab-Africahttp://pt.dbpedia.org/resource/Com%C3%A9rcio_atl%C3%A2ntico_de_escravos).

O rei-mercenário investiu na disseminação de mercenários a fim de levar a cabo uma exploração desenfreada para, sem olhar a meios, adquirir a baixo custo marfim, cera e borracha, na sequência da barbárie que já vinha de séculos antes, uma esteira que se estende aos nossos dias, saga após saga!... (https://medium.com/@mbrancaglione/ou-no-cora%C3%A7%C3%A3o-das-trevas-o-estupro-como-armas-de-destrui%C3%A7%C3%A3o-em-massa-a-servi%C3%A7o-do-necrocapital-49b9ab9d29ae).

Têm também tudo a ver ainda com a superestrutura ideológica “civilizada” (cinismo atroz) que foi utilizada: a máscara “envernizada” da cristianização do continente, fazendo até com que alguns dos exploradores fossem os próprios missionários (ainda a velha ordem da “dilatação da fé e do império”, que passou, com tradução aplicada, a ficar aos serviços dos processos tutelados pela aristocracia financeira mundial próprios da revolução industrial). (https://opais.co.ao/index.php/2019/04/05/sobre-a-igreja-catolica-e-a-escravatura-dos-africanos/https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/10/20/reinterpretar-el-movimiento-de-liberacion-en-africa-i/;

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