quinta-feira, 27 de agosto de 2020

China: tudo corre de acordo com o planeado


#Publicado em português do Brasil

Pepe Escobar [*]

Vamos principiar por uma cimeira cuja história está a desaparecer [dos media] de modo incrível.

Todo mês de Agosto, a liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) converge para a cidade de Beidaihe, uma estação balnear à beira-mar a cerca de duas horas de Pequim, a fim de discutir seriamente políticas que depois se transformam em estratégias de planeamento chave a serem aprovadas na sessão plenária de Outubro do Comité Central do PCC.

O ritual Beidaihe foi criado por nada menos que Grande Timoneiro Mao, que amava a cidade. Não por acaso, o Imperador Qin, o unificador da China no século III aC, mantinha ali um palácio.

Sendo 2020, até agora, um notório Ano de Vida Perigosa, não é nenhuma surpresa que no final Beidaihe ficasse longe das vistas. No entanto, a invisibilidade de Beidaihe não significa que não tenha acontecido.

A prova 1 foi o facto de que o primeiro-ministro Li Keqiang simplesmente desapareceu da vista do público durante quase duas semanas – depois de o presidente Xi ter presidido uma reunião crucial da Comissão Política no fim de Julho, onde o que foi estabelecido era nada menos do que toda a estratégia de desenvolvimento da China para os próximos 15 anos.

Li Keqiang voltou à superfície ao presidir uma sessão especial do todo-poderoso Conselho de Estado, assim como o principal ideólogo do PCC, Wang Huning – que acontecer ser o número 5 da Comissão Política – apareceu como convidado especial numa reunião da Federação da Juventude de Toda a China.

O que é ainda mais intrigante é que, lado a lado com Wang, seria encontrado Ding Xuexiang, nada menos que o chefe de gabinete do presidente Xi, bem como três outros membros da Comissão Política.

Nesta variação "agora você os vê, agora não os vê", o facto de que todos eles apareceram em uníssono após uma ausência de quase duas semanas levou observadores chineses perspicazes a concluir que Beidaihe de facto havia ocorrido. Mesmo que nenhum sinal visível de acção política à beira-mar tenha sido detectado. O giro semi-oficial é que nenhuma reunião aconteceu em Beidaihe por causa do Covid-19.

No entanto, é o Prova 2 que pode encerrar o assunto para sempre. A já famosa reunião da Comissão Política do final de Julho, presidida por Xi, de facto selou a sessão plenária de Outubro do Comité Central. Tradução: os contornos do mapa estratégico pela frente já haviam sido aprovados por consenso. Não houve necessidade de recuar para Beidaihe para mais discussões.

Ultradireita | Os irmãos Koch miram a América Latina


#Publicado em português do Brasil

Como funcionam as “fábricas de ativismo” da ultradireita. Quem são os jovens financiados por bilionários que querem moldar a política da região a seus interesses. Por que sua ação almeja destruir a ideia de Estado, a começar pelas escolas públicas

Carolina Rieger Massetti Schiavon e Katya Braghini | Outras Palavras

Há uma rede multidimensional de instituições e grupos políticos que difundem o ideário “libertariano”, atuando sobre a formação de jovens. Nessa rede, os jovens são vistos como novas lideranças empreendedoras, perfeitos na operação de modificações estruturais na sociedade, entre elas, a alteração de fundamentos republicanos de forma ampla e a mudança no funcionamento da educação pública, de forma específica.

O mote desse grupo é alterar a noção de “educação como direito” e tornar a noção de “educação como mercadoria” um senso comum. Agem, principalmente, por dois meios: primeiro, disseminando a desconfiança em relação à escola pública e os seus professores, acusando-os de fabricar ideologias, instigando uma cultura da delação; segundo, disseminando a adoção de vouchers em larga escala, a gestão privada de aparelhos públicos, defendendo a liberação do homeschooling, e até mesmo o unschooling, que é o direito de não escolarização. Segundo o ideário libertariano, crianças que não podem ir à escola são melhor aproveitadas no mundo do trabalho.

Os libertarianos hasteiam a bandeira da liberdade, porém o termo é usado como sinônimo de livre mercado. Fazem a defesa radical da liberdade individual, o que eventualmente pode ter relação com a liberação do aborto, a liberação das drogas, em nome das liberdades sexuais etc. Mas o que está claro é o manifesto em nome do “indivíduo”. Da vontade do indivíduo emana todo o poder social. Aborto, drogas, sexo são temas secundários quando se pensa que o indivíduo é a célula primeva da sociedade. Pensar as cadeias de interdependências entre o indivíduo e o coletivo, é impossível pela mentalidade desses quadros. Para eles, a sociedade é a somatória absoluta de elementos únicos, separados por vontades e mérito.

EUA | Identificado polícia que disparou contra Jacob Blake


Trata-se de Rusten Sheskey, que trabalhava há sete anos no departamento da polícia de Kenosha.

Foi identificado o agente da polícia de Kenosha, em Wisconsin, que alvejou Jacob Blake. Rusten Sheskey é o nome do polícia apanhado em vídeo a disparar sete vezes contra as costas do homem de 29 anos.

Jacob Blake, o afro-americano que foi baleado pela polícia no domingo, sete vezes à queima-roupa, encontra-se paralisado da cintura para baixo. O advogado manifestou, no entanto, esperança de que a paralisia não seja permanente. O incidente foi filmado numa localidade do estado do Wisconsin e fez com que a revolta regressasse às ruas dos EUA, com milhares de pessoas, em várias cidades, a exigir justiça para Jacob Blake.

Rusten Sheskey, agora identificado, como noticia o jornal The Guardian, estava ao serviço da polícia de Kenosha há sete anos. O Departamento norte-americano de Justiça garantiu que abriria uma investigação ao tiroteio do FBI e o governador de Wisconsin, Tony Evers, autorizou o envio de 500 membros da guarda nacional para Kenosha, para duplicar o número de agentes na cidade.

Catarina Maldonado Vasconcelos | TSF

EUA: Não é só racismo, o fascismo do império está em curso


Forças armadas, polícias, agências como a CIA, NSA, FBI, ONG, exércitos privados e outras, fazem parte do manancial de organizações que têm vindo a implantar o nazi-fascismo como regra imposta pelos governos dos EUA. Eles sentem-se no direito de raptar e levar para as suas prisões cidadãos de outros países, de os assassinar, de invadir países sob falsos pretextos, etc. Até mesmo no território norte-americano, nos EUA, os cidadãos estão habilitados a serem vítimas desse mesmo fascismo, de serem assassinados ou presos se os considerarem contestatários dos métodos e das políticas que vigoram desde há tempos interna e externamente. Os lideres do Império USA temem a verdade dos crimes que praticam. Crimes contra a humanidade.

É o racismo, o nazi-fascismo com a mascara de democracia, que enche a boca dos falsários, dos desumanos que enxameiam os privilegiados das elites com a proteção de uma guarda pretoriana obediente e até prazenteira ao assassinar negros, índios, morenos, amarelos e outras etnias que não lhes agradem. Tem sido cada vez mais o que vimos de ações praticadas pelos EUA no planeta e no seu próprio território. Falsamente falam em democracia e liberdade quando afinal é aquele mesmo império que viola esses conceitos e práticas, aterrorizando, assassinando e roubando povos de países que invadem.

Nos EUA, uma vez mais, é notícia a tentativa de assassinato de um negro. A resistência chegou ao desporto, antes com a morte de Floyd e agora com a tentativa a Jacob Blake… Os EUA estão a angariar planetariamente o ódio semelhante que a Alemanha de Hitler e o Japão de um imperador criminoso granjearam. Tal não significa que a maioria do povo dos EUA seja olhado como responsável pelos crimes quase quotidianamente noticiados. Como nesses regimes também o povo norte-americano é vítima e a contestação, a rebelião, no próprio país, vai em crescendo. À semelhança do resto do mundo.

No Curto de hoje a referência à tentativa de assassinato (mais um de tantos) de Blake, pela polícia é a abertura. O autor, Filipe Garcia, “puxa” o tema logo de inicio, e avança. O desporto a contestar as práticas do império e das suas guardas pretorianas assassinas. As SS de Hitler não fariam melhor. É negro abate-se, ou outros que não obedeçam à nossa gene ditatorial…

Nos EUA, a continuar o avanço das elites criminosas que comandam assassinos a soldo, a história mostra-nos que todos os crimes praticados vão (estão) por final abranger e dizimar o seu próprio povo. Também eles serão as grandes vítimas, como foram os alemães e os japoneses na segunda guerra mundial. Terá de ser o próprio povo norte-americano a ajustar as contas com as elites criminosas, inimigas da democracia de facto e da humanidade planetária. Oxalá consigam, para bem-estar de todos nós, seres humanos de várias etnias, que o que querem é viver pacificamente e em progresso que respeite a natureza, o ambiente, a vida, a liberdade.

Atente-se no mais importante: Nos EUA não é só o racismo que está em causa mas sim o fascismo em curso do império criminoso de que a população mundial está a ser vítima.

Bom dia. Prestem atenção ao Curto de hoje. Merece. Passamos a bola.

SC | PG

Portugal | Recheio da Azincon vendido e trabalhadores sem indemnizações

Máquinas, mobiliário e um armazém foram vendidos ao filho da proprietária. 133 trabalhadores ficaram sem salários e sem indemnizações.

Segundo noticiou o Jornal de Notícias, a Azincon, mais conhecida por «Fábrica das Camisas», não tem património porque, entre 2014 e 2018, a empresa que agora pede insolvência, situada na zona industrial da Varziela, em Vila do Conde, vendeu tudo ao filho da proprietária, a quem, desde então, pagava aluguer. Bruno Pontes era funcionário da fábrica e agora requereu fundo de desemprego. 

O administrador da insolvência quis saber por quanto foram vendidos os bens mas «não há recibos de nada», explicou Madalena Sá, dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio de Vestuário e Artigos Têxteis (SINPICVAT/CGTP-IN), que vai alegar «insolvência danosa». O mesmo aconteceu, entre 2018 e 2020, com três carrinhas e um armazém.

Os trabalhadores afirmam que nunca houve salários em atraso e que sempre houve muito trabalho». A fábrica produzia duas a três mil camisas por dia para a Zara. A situação alterou-se no mês de Julho, quando os trabalhadores foram para casa após alguns casos de Covid-19, e dia 10 de Agosto foram despedidas por carta.

Portugal | Crianças sem padrinhos


Rafael Barbosa | Jornal de Notícias | opinião

Em Portugal, há mais de sete mil crianças e jovens a viver em instituições (números de 2018). Filhos de pais violentos. Filhos de pais alcoólicos. Filhos de pais incapazes. Seja qual for a razão (estas e muitas outras), são sete mil crianças e jovens que não têm uma verdadeira família. Uma tragédia.

Mesmo que as instituições que acolhem estas crianças e jovens não tenham nada a ver com os orfanatos do passado, e ainda que estejam cheias de gente competente e carinhosa (e outra nem tanto, como em qualquer atividade humana). Ainda mais trágico é perceber que há soluções legais que poderiam ajudar a minorar o sofrimento, mas que não são usadas. Uma delas é o apadrinhamento civil, como se explicava ontem no JN. Para a maioria das crianças e jovens institucionalizados, a adoção não é uma hipótese - logo para começar pela oposição sistemática desses pais violentos, alcoólicos ou incapazes -, pelo que, há dez anos, foi criada esta figura jurídica, que permite a uma família receber uma destas crianças e assumir as responsabilidades parentais na íntegra, sem que haja um corte radical com a família original, como na adoção. Parece um bom modelo. Até nos lembrarmos que estamos em Portugal, o país das belas leis ineficazes. No ano passado, houve apenas seis crianças propostas para apadrinhamento civil. Em mais de sete mil que vivem em instituições. Dizem os especialistas que os organismos estatais (e as pessoas que neles trabalham) não parecem interessados nesta solução. Não só não há qualquer esforço para procurar famílias para esta adoção suave, como nunca se fez qualquer divulgação do apadrinhamento civil. Ao ponto de os técnicos que trabalham na área da proteção de menores não saberem que existe. Há ainda uma outra explicação. Ao contrário do que acontece quando uma criança vive numa instituição, se houver um apadrinhamento civil o Estado ajuda com... zero euros. Faz todo o sentido. Para quê apostar em soluções mais humanas quando se pode canalizar milhões para assegurar a institucionalização de sete mil crianças e jovens. Sabe-se lá se ainda se estragava o negócio a alguém.

*Chefe de Redação

Ministro da Defesa admite “grande maioria” da UE a favor de armar países terceiros


Por razões de neutralidade constitucional, a Irlanda e Áustria têm dificuldades com o assunto em discussão.

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, admitiu nesta quarta-feira haver “uma grande maioria” de países europeus a favor de que a União Europeia (UE), além do apoio já prestado em equipamentos e formação, forneça igualmente armas a países terceiros.

“Esse tema esteve presente e há uma grande maioria de países favoráveis à ideia de que devemos, quando estamos a apoiar e a formar Forças Armadas em países pouco estruturados, ter a possibilidade de apoiar também com equipamento letal. Não faz sentido que sejam forças desarmadas”, disse Gomes Cravinho à agência Lusa.

A Bielorússia poderá tornar-se a próxima Síria?


The Saker [*]

Ok, admito que o título é um tanto hiperbólico. Mas aqui está o que estou a tentar dizer: há sinais de que a Rússia está a intervir na crise bielorrussa (finalmente!)

Em primeiro lugar, podemos ver uma mudança verdadeiramente radical nas políticas de Lukashenko: se seu instinto inicial era desencadear uma repressão brutal tanto dos manifestantes violentos quanto dos manifestantes pacíficos, agora ele fez uma volta de 180º e o resultado é bastante surpreendente: no domingo houve grandes manifestações anti-Lukashenko, mas ninguém foi detido. Ninguém. Ainda mais surpreendente é isto:   o canal Nexta Telagram , dirigido pelos polacos (que é o principal meio usado pelo Império para derrubar Lukashenko), inicialmente apelava a um protesto pacífico, mas no fim do dia fez um apelo para a tomada do principal edifício da presidência. Quando os desordeiros (nesta altura estamos a tratar de uma tentativa ilegal e violenta de derrubar o estado – por isso não chamo essas pessoas de manifestantes) chegaram junto ao prédio, depararam-se com uma verdadeira "parede" de polícias de choque plenamente equipados: essa visão (realmente assustadora) foi o suficiente para travar os desordeiros que se detiveram por algum tempo e depois foram embora.

Em segundo lugar, Lukashenko fez algo um tanto estranho, mas que faz muito sentido no contexto bielorrusso: ele vestiu-se com um uniforme completo de combate, empunhou um rifle de assalto AKSU-74, vestiu o seu filho (de 15 anos!) também com um uniforme completo de combate (capacete incluído) e voou no seu helicóptero sobre Minsk e, em seguida, pousou no edifício presidencial. Eles então caminharam até os polícias de choque, onde Lukashenko os agradeceu calorosamente, o que resultou numa ovação de pé por toda a força policial. Para a maior parte de nós, este comportamento pode parecer um tanto estranho, senão totalmente tolo. Mas no contexto da crise bielorrussa, que é uma crise combatida primariamente no domínio informativo, faz todo o sentido.

• Na semana passada, Lukashenko disse que nenhuma outra eleição, muito menos um golpe, acontecerá enquanto ele estiver vivo.
• Desta vez, Lukashenko decidiu mostrar, simbolicamente, que está no comando e que morrerá a combater ao lado do filho, se necessário.

A mensagem aqui é clara: " Não sou nenhum Ianukovich e, se for preciso, morrerei como Allende".

Não é preciso dizer que a máquina de propaganda anglo-sionista declarou de imediato que ver Lukashenko a empunhar uma Kalashnikov é um sinal claro de que ele enlouqueceu. No contexto ocidental, se isso fosse, digamos, no Luxemburgo ou na Bélgica, esta acusação de insanidade estaria correcta. Mas, no contexto da Bielorússia, tais acusações têm muito pouco efeito, atribuam isto a diferenças culturais se quiserem.

Para entender quão poderosa é esta mensagem, precisamos ter em mente os dois principais rumores que a operação PSYOP do Império estava a tentar transmitir ao povo da Bielorússia:

• Existem profundas diferenças entre e dentro das elites governantes (especialmente os chamados " siloviki " – os "ministérios do poder" se quiser, como o de Assuntos Internos ou KGB).
• Lukashenko ou já fugiu do país ou está prestes a fugir (cada vez que um helicóptero sobrevoa Minsk, os PSYOPs ocidentais dizem que se trata de uma filmagem de Lukashenko "a sentir o país").

Tenho uma forte suspeita de que o que aconteceu entre Putin e Lukashenko é muito semelhante ao que aconteceu entre Putin e Assad: inicialmente, tanto Assad quanto Lukashenko aparentemente pensavam que a violência pura resolveria o problema. Aquela crença profundamente equivocada resultou numa situação em que as autoridades legítimas quase foram derrubadas (e isto ainda é possível na Bielorússia). Em cada caso, os russos disseram claramente algo como "vamos ajudá-lo, mas terá que mudar radicalmente os seus métodos". Assad ouviu. Aparentemente, Lukashenko também, pelo menos até certo ponto (este processo mal começou).

A verdade é que a oposição está numa situação difícil:   a grande maioria do povo da Bielorrússia claramente não quer um golpe violento, seguido de uma guerra civil sangrenta, uma desindustrialização total do país e uma submissão total ao Império, ou seja, eles não querem seguir o "caminho Ukie". Mas como derrubar legalmente um governo, especialmente se esse governo agora envia a mensagem clara "morreremos antes de permitirmos que você tome o poder"?

Depois, há o imenso problema com Tikhanovskaia: embora poucos acreditem que ela tenha obtido 10% dos votos e Lukashenko 80% – ninguém acredita sinceramente que ela o venceu. Portanto, embora o Ocidente queira pintar Lukashenko como "o próximo Maduro", é praticamente impossível convencer alguém "que Tikhanovskaia é o próximo Guaidó".

Guiné-Bissau | Despacho que manda prender ministro é ignorado


24 horas depois de um juiz ter mandado prender o ministro dos Transportes, Jorge Mandinga, a ordem ainda não foi cumprida, alegadamente por não ter sido notificado.

O juiz Alberto Leão Carlos ordenou na segunda-feira (24.08) a detenção imediata do ministro dos Transportes e das Telecomunicações, Jorge Mandinga, por alegadamente mandar libertar um navio da empresa Maersk Line, que o juiz mandou apreender a 10 de agosto.

O despacho ainda não foi cumprido e o ministro desdobrou-se esta terça-feira (25.08) em contactos com as autoridades competentes. Inicialmente estava previsto um posicionamento oficial do Governo, mas acabou por ser adiado após uma reunião entre o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam e o ministro dos Transportes.

No despacho, com data de segunda-feira e confirmado pelo Ministério Público à agência noticiosa Lusa, Alberto Leão Carlos salienta que "impendem sobre a pessoa do ministro fortes indícios da prática de um crime de obstrução à atividade jurisdicional, sendo ainda o autor moral pela sua atitude deliberada de um outro crime de desobediência".

Crise política na Guiné-Bissau "cansa" comunidade internacional


Organizações internacionais são acusadas de interferência nos assuntos internos da Guiné-Bissau. Analistas admitem influência exagerada, mas destacam "cansaço" da comunidade internacional com a crise política do país.

Mesmo com a mediação da comunidade internacional, a Guiné-Bissau tem vivido longa e permanente instabilidade política e governativa. Em fevereiro deste ano, o país mergulhou numa nova crise depois das eleições presidenciais e com a tomada de posse simbólica de Umaro Sissoco Embaló.

Em meio a um contencioso eleitoral, o então candidato do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) foi dado como vencedor da segunda volta do pleito pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - que tem mediado esta crise política - é acusada de imparcialidade. O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirma que alguns dos chefes de Estado da CEDEAO "tentam impor as suas agendas na Guiné-Bissau contra a vontade do povo guineense".

O analista político Rui Landim também considera que há "interferências externas" na Guiné-Bissau, que resultam do "fracasso" da comunidade internacional na resolução da crise política.

Quando há fracasso, entra a interferência. Também há aproveitamento para alguém poder tomar conta da coisa. Quando há fracasso [da comunidade internacional] de quem deve organizar e [faz] entrar essa interferência com outras intenções, onde se procura encontrar outros interesses obscuros e inconfessos", avalia Landim.

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