A opinião de Daniel Oliveira na
TSF (com áudio)
Daniel Oliveira considera que o
caso das prisões é, "depois dos lares, talvez a situação mais preocupante
a que assistimos" no decorrer da pandemia de Covid-19 em Portugal.
Há 435 pessoas infetadas nas
prisões portuguesas, das quais cerca de 350 são reclusos, segundo os números
apresentados esta segunda-feira pela ministra da Justiça, Francisca Van Dunem,
à saída uma audiência com o Presidente da República onde também esteve a
ministra da Saúde, Marta Temido.
Daniel Oliveira lembra que os
reclusos "estão estão longe dos olhos de nós, portanto nós não sabemos o
que lhes pode estar a acontecer." Além disso, "estão, coisa que não é
um pormenor, à guarda do Estado".
Isto depois de o sindicato
Nacional do Corpo da Guarda Prisional ter denunciado, na semana passada, que a
população prisional não usava máscara, que havia guardas a ser ameaçados por
diretores para não usarem máscaras porque poderia assustar os detidos, e que as
reclusas de Tires receberam máscaras descartáveis para usar durante três dias.
O mesmo sindicato afirma que a falta de máscaras nas prisões tem origem numa
questão financeira, apesar de a Direção-Geral da Saúde recomendar o uso de
máscaras em espaços fechados e onde coabitam múltiplas pessoas.
Já a direção dos serviços
prisionais considera que os Estabelecimentos Prisionais não se encaixam na
recomendação das autoridades de saúde e defende que as máscaras eram
"provavelmente eram inúteis porque os presos eram muito dados a
confraternização e contacto mais físico".
A alternativa apresentada foi
criar "uma bolha protetora", o que, na opinião de Daniel Oliveira,
"parece não estar a resultar", e seguir os critérios da Organização
Mundial de Saúde de só usar máscara em espaços públicos onde a transmissão na
comunidade possa acontecer.
O diretor dos Serviços Prisionais
olha para a prisão "como fosse uma das nossas casas, quando no mínimo é
uma casa sobrelotada", condena.
Para o jornalista, é lamentável
que, no final de novembro, nem a Direção-Geral da Saúde e a Direção-Geral dos
Serviços Prisionais, nem o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça, ainda
não se tenham entendido sobre a melhor forma de lidar com a Covid-19 nas
prisões.
"O Presidente da República
teve de fazer as vezes do primeiro-ministro chamando as duas ministras para
elas conversarem uma com a outra e desautorizou António Costa" ao fazê-lo,
considera Daniel Oliveira. "Neste caso com toda a razão", depois do
"espetáculo público" gerado pela falta de consensos.
Texto: Carolina Rico- TSF