sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Portugal regista mais 67 mortos e 5.444 casos confirmados de Covid-19

Os dados constam do boletim epidemiológico desta sexta-feira, dia 27 de novembro

Portugal registou, nas últimas 24 horas, 67 vítimas mortais e mais 5.444 infetados pelo novo coronavírus. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado, esta sexta-feira, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), já foram contabilizados, desde o início da pandemia, 4.276 óbitos e 285.838 casos confirmados de Covid-19

Em comparação com ontem, confirma-se um aumento de 1,94% nos casos diários e de 1,59% no número de óbitos.

Hoje há uma nota positiva a registar. O número de recuperados ultrapassou o número de novos casos. Em 24h tiveram alta 5.502 pessoas, elevando o número total de pessoas curadas da Covid-19 em Portugal para 199.446

Dos óbitos reportados, 39 residiam na região Norte do país, oito no Centro, 15 na zona de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), dois no Alentejo e três no Algarve.

Ainda segundo a DGS, há, neste momento, 3.208 doentes com o novo vírus internados em hospitais (mais 16 do que na quinta-feira), sendo que, destes, 526 encontram-se em Unidades de Cuidados Intensivos (mais 10 do que na véspera). 

Por regiões, o Norte contabiliza, neste momento, 149.704 infetados (mais 3.161 que ontem) e 2.024 vítimas mortais (mais 39), o Centro conta com 28.050 contágios (mais 631 que quinta-feira) e 545 mortos (mais oito) e Lisboa e Vale do Tejo soma 95.392 casos confirmados (mais 1.380) e 1.533 vítimas mortais (mais 15 que ontem).

Por sua vez, o Alentejo registou até ao momento 5.799 infetados (mais 136) e 108 óbitos (mais dois que ontem), enquanto que o Algarve registou 5.126 contágios (mais 90) e 47 vítimas mortais (mais 3 mortos que quinta-feira).

Nos Açores, em 24 horas, foram diagnosticados mais 35 casos positivos, elevando o número de casos positivos na região, até ao momento, para 914. No último dia não foram registados quaisquer óbitos, ou seja, o número mantém-se nos 17.

Na Madeira, onde até agora morreram 2 pessoas vítimas de Covid-19, foram registados mais 11 casos positivos da doença, aumentando o número de diagnosticados na região para 853.

Notícias ao Minuto

Não há pica


 Henrique Monteiro, em HenriCartoon

Media, política, ideologia

Fernando Correia [*]

A situação de excepcionalidade criada pela pandemia veio dar oportunidade a que, indo para além das adequadas medidas impostas pela ciência médica, pelo bom senso e pela salvaguarda da saúde das pessoas, alguns tentassem – passando por cima de realidade tão óbvia como as profundas desigualdades sociais expostas pela situação – avançar para objectivos mais profundos e duradouros, promovendo o medo, o alarmismo, o individualismo, o conformismo, a criminalização da luta, o ataque aos direitos dos trabalhadores, as limitações às liberdades democráticas e constitucionais. [1]

A integração dos grupos de comunicação social – através de "noticias", "análises", "comentários", "conselhos", "advertências", etc. – nessa campanha mais ou menos disfarçadamente favorável ao confinamento político e ideológico, para hoje e para amanhã, se possível para sempre, é um bom pretexto, se bem que outros nunca vão faltando, para sistematizar algumas reflexões genéricas sobre os media e a sua actual situação

A influência dos media

A ligação dos media à sociedade e às pessoas é profunda, quer através do consumo directo quer, indirectamente, pelo contacto quotidiano com pessoas que vêem televisão, ouvem rádio, ou frequentam as redes sociais. Essa ligação ganha corpo através de diversos caminhos, que se interpenetram e complementam em quatro planos fundamentais:

Informação: a selecção dos acontecimentos que são escolhidos para serem notícia, e posteriormente a sua elaboração, hierarquização e apresentação são submetidas a estes e não aqueles critérios, facilitando e oferecendo ao público um determinado, e não outro, "retrato" da realidade e sua interpretação;

Conhecimento: para a maioria do público os media funcionam como o meio privilegiado ou mesmo único para a apreensão e a tomada de contacto com as realidades que ultrapassam a sua experiência quotidiana;

Entretenimento: esta função dos media – género predominante nas programações televisivas e radiofónicas, em publicações especializadas e no próprio tratamento da informação, atenuando ou obscurecendo as funções formativa e informativa, ao mesmo tempo que preenche quase em exclusivo as horas de lazer de grande parte dos milhões de portugueses [2] ;

Ideologia: enquanto transmissores de determinados, e não outros, programas de informação, conhecimento e entretenimento, os media, directa ou indirectamente, são portadores de conteúdo ideológico, mesmo quando (ou principalmente quando) veementemente se afirmam alheios a quaisquer tipos de vinculações desse tipo. Como se ideologia – esse inconveniente e perigoso vocábulo... – só houvesse uma: a da esquerda e mais nenhuma.

Significa isto que os media, por diversificadas formas e caminhos, constroem uma determinada realidade, sendo nessa realidade fabricada pelos media que as pessoas fundamentam, em grande parte, as suas opiniões, atitudes e comportamentos. E se durante décadas as televisões generalistas foram preponderantes nesta função, as chamadas redes sociais (não confundir com Internet) vêm assumindo um papel cada vez maior – e muitas vezes no pior sentido. [3]

Ao contrário do que possa parecer, a superficialidade e ligeireza da generalidade das programações televisivas, por exemplo, revelam-se profundamente políticas e profundamente ideológicas, devido à influência que têm nos comportamentos, opiniões, valores, interesses e atitudes sociais, profissionais, culturais e cívicas das pessoas.

É preciso desmistificar a ideia de que, por um lado, há uma informação de classe (como no caso da imprensa operária, sindical ou partidária) que explicitamente se afirma comprometida com os interesses dos trabalhadores, dos explorados, dos excluídos, e por outro lado há outra informação, alheia e "acima" dos interesses de classe, pretensamente objectiva, neutra, descomprometida.

A grande diferença entre um e outro tipo de informação é que a primeira se apresenta perante o público afirmando claramente quais os seus objectivos e as causas que defende, enquanto a segunda esconde as suas opções por detrás de um mais ou menos pomposo discurso sobre a isenção, o distanciamento, a independência, os valores democráticos, etc.

Pode-se dizer que, em certa medida, toda a informação é de classe, defende pontos de vista de classe, o que bem se compreende se tivermos em conta a natureza dos media enquanto fenómeno social e a íntima e incontornável ligação – seja ela directa ou indirecta, real ou potencial – entre as temáticas dos órgãos de informação e a vida humana nas suas várias dimensões. Não é outra, aliás, a conclusão a que chegam os sociólogos da comunicação quando reconhecem a decisiva contribuição dos media dominantes, nas sociedades capitalistas, para a formação do "consenso" em torno de valores sociais como o conformismo e a defesa do statu quo.

Mas, nesta matéria, não podemos deixar de ter em conta outras opiniões menos eruditas mas que, na prática, também contam – e muito.

Vírus, futurologia e horror à democracia

Para a generalidade das pessoas, a pandemia de Covid-19 é uma fonte de legítima insegurança. Para os que sonham com o «governo global», a Covid-19 é a «janela de oportunidade» mesmo a propósito para reforçar o fascismo neoliberal.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Tal como se previu ainda antes de o autoritarismo começar a cavalgar a pandemia, a Covid-19 tem as costas muito largas e nelas cabem todos os pretextos imagináveis para usar discricionariamente as alavancas dos poderes, sejam eles nacionais e, sobretudo, globais. Não existe nada tão sensível como a saúde, de cada um e de todos; nada é tão manipulável como uma sociedade reduzida ao medo, agravado através de campanhas de pânico; poucas coisas condicionam tanto os comportamentos humanos como a incerteza. E os que não convivem bem com a democracia aproveitam.

O caldo de cultura está pronto: basta mexê-lo. E para isso há mestres em acção e com receitas bem programadas que já perderam há muito, nas ânsias de aproveitar «esta rara mas estreita janela de oportunidade», as originais e alegadas preocupações com a saúde pública. Em boa verdade, é «do futuro dos negócios que se trata», como agendou o Fórum Económico Mundial para o seu próximo conclave em Davos, que decorrerá ainda em pleno «Inverno negro» pandémico.

Recuemos dez anos no tempo e recordemos o cenário imaginado pela globalista Fundação Rockefeller, uma das principais patrocinadoras do fórum de Davos, ao antecipar o aparecimento de «uma nova estirpe de gripe extremamente virulenta e mortal». Estávamos em 2010 e no capítulo «Lock Step» da sua antevisão, designada «Cenários para o Futuro da Tecnologia e do Desenvolvimento Internacional», a citada fundação projectava uma situação em que, perante a pandemia, «dirigentes nacionais em todo o mundo reforçam a sua autoridade e impõem regras e restrições herméticas, desde o uso obrigatório de máscaras até à verificação da temperatura temporal».

A Fundação Rockefeller, além de reconhecidamente «filantrópica», como as comunicações mundana e «de referência» nos lembram sem parar, é também visionária. E previu, como consequência da pandemia, «um apertado controlo governamental de cima para baixo e uma liderança mais autoritária», com «crescente pressão sobre os cidadãos».

Se recordo estes dotes de adivinhação manifestados pelos mais acérrimos defensores da globalização neoliberal, também exibidos durante o «Evento 201» ocorrido em Outubro de 2019, dois meses e meio antes de conhecido o SARS-CoV-2, é para os podermos ler e interpretar de acordo com a realidade que vivemos nos dias de hoje.

E podermos partir daí para antevermos o que nos espera, com ou sem Covid-19, cingindo-nos ainda às antevisões feitas em 2010.

«Mesmo depois de a pandemia ter sido ultrapassada», lê-se no «Lock Step» da Fundação Rockefeller, «o controlo e supervisão mais autoritários das cidades continuaram e intensificaram-se» e, como «protecção contra a disseminação de problemas cada vez mais globais – de pandemias ao terrorismo internacional, a crises ambientais e ao aumento da pobreza –, os dirigentes mundiais apoderaram-se de maneira mais firme do poder».

Isto é, a nova e «virulenta estirpe de gripe» trouxe o poder autoritário; depois, o vírus vai-se mas o autoritarismo fica. Não se trata, pois, de saúde pública mas, sim, de poder; e de poder cada vez mais global e antidemocrático.

Porque – e recorrendo ainda à receita programática da Fundação Rockefeller – a imposição desse autoritarismo será facilitada «por cidadãos assustados que voluntariamente abandonam parte da sua soberania – e privacidade – a Estados mais paternalistas, em troca de maior segurança e estabilidade».

Agora, entre as previsões e a realidade por nós vivida tente o leitor situar-se.

Jerónimo: «Não se limitam a espalhar o medo de morrer, mas o medo de viver»

Na abertura do congresso, o secretário-geral do PCP sublinha que este é «prova de responsabilidade» do partido e demonstrará que «a realização de actividades é compatível com a prevenção da saúde».

Na intervenção de abertura do XXI Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa lembrou que este se realiza num quadro «bem diferente do que é habitual», em consequência da pandemia, e que implicou a redução de delegados a metade e a não participação de convidados.

Afirmou também que o PCP «não vira as costas aos problemas, nem se esconde quando os trabalhadores enfrentam dificuldades».

Estes três dias são, segundo o secretário-geral do PCP, o culminar de um processo de discussão interno que contou com 1700 reuniões e 18 000 participantes.

Esta actividade ao longo dos últimos meses, desenvolvida no cumprimento das exigências sanitárias, não é «uma questão menor» quando se assiste à tentativa de colocar ao mesmo nível «direitos políticos e cívicos fundamentais» com outros «momentaneamente limitados», por parte «representantes das forças da regressão, do retrocesso e do autoritarismo direitistas», afirmou o líder comunista.

Costa rejeita deixar idosos fora do acesso prioritário à vacina contra a Covid-19

O primeiro-ministro defende que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".

O primeiro-ministro rejeitou, esta sexta-feira, a possibilidade de todos os maiores de 75 anos sem doenças graves não terem acesso prioritário às vacinas contra a Covid-19, alegando que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".

"Não é admissível desistir de proteger a vida em função da idade. As vidas não têm prazo de validade", declarou António Costa à TSF, numa mensagem também partilhada na sua conta oficial de Twitter, depois de questionado sobre a possibilidade de todos os maiores de 75 anos sem comorbilidades ficarem de fora do acesso prioritário à vacina contra o novo coronavírus.

Segundo uma proposta de especialistas da Direção-Geral da Saúde, reproduzida pelos meios de comunicação social, as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, os funcionários e utentes de lares de idosos e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados deverão ser os primeiros a ser vacinados contra a Covid-19.

Portugal | Deixemos morrer os mais velhos, os mais fragilizados e improdutivos

Não é por acaso que corre em muitas mentes que o covid-19 dá jeito para livrar a sociedade do “peso” dos mais idosos. Acrescentem-se, já agora, os de saúde mais fragilizada e os cidadãos considerados improdutivos. Hitler não discordaria e Hitlers é o que não falta em todas as classes sociais, mas, acredita-se, que abundam muito mais nas classes mais abastadas (dominantes), que só não secundam o hitlerismo (ainda) por falta de condições – mas para lá caminham se lhes derem essa oportunidade.

Tanto assim é que, a propósito do estabelecimento de prioridades na distribuição da esperada vacina para o covid-19, surgiram notícias de que uma proposta (de saúde pública?) definiu um “1.º plano de vacinação contra Covid-19 em que idosos a partir dos 75 anos estariam excluídos”.

Reformulando: essa tal proposta excluía nossos pais e avós, irmãos e irmãs, tios e tias, amigos e amigas com mais de 75 anos de serem vacinadas contra o covid-19. Por outras palavras: que morram! A exemplo dos tantos que já morreram (dois milhares) e aliviaram o “peso” à sociedade.

Ora se isto não é pôr em prática o revivalismo hitleriano o que será? Não sabemos bem como (por quem?) foi nessa tal comissão que foi apresentada a proposta por alguns dos seus elementos…

A propósito, sobre o assunto macabro e de raiz nazi, surgem hoje na TSF declarações de Jorge Torgal, porta-voz do Conselho Nacional de Saúde Pública, que convidamos a lerem e a inteirarem-se de como o neoliberalismo nazi avança.

Não sabemos se o declarado por Jorge Torgal corresponde a toda a verdade ou se se trata de branquear indivíduos propensos à “eutanásia para os mais idosos” a pretexto da existência da pandemia (ler link no final) que assola a humanidade. Mas, seja o que for e como for, a existência de tal proposta é inconcebível nas práticas civilizacionais, e nas democráticas ainda muito menos é admissível.

Deixamos ao critério do entendimento público o que se segue, assim como o que expomos e opinamos. Os portugueses, pelos menos os mais idosos, gostariam de saber a verdade que eventualmente possa estar oculta nas mentes e prováveis propostas inconstitucionais que certos e incertos elementos da sociedade querem fazer prevalecer. No caso concreto indubitáveis propostas nazis baseadas em explicações que consideramos esfarrapadas, sem nexo.

MM | PG

Congresso do PCP. "Um partido que não se confinou"

O Congresso será o tema principal do Congresso do PCP

O XXI Congresso nacional do PCP inicia-se nesta manhã, em Loures, debaixo de fogo da direita pelo facto de os comunistas insistirem em realizá-lo, mesmo estando o país quase todo sujeito a recolher obrigatório.

"Um congresso que não serve para eleger um chefe nem um grupo de iluminados."

A frase é dita num vídeo que o PCP produziu e disponibilizou online para promover o XXI Congresso do partido, que se iniciará nesta sexta-feira pelas 10.30 no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures - estando o encerramento previsto para domingo, às 12h00.

Ela surge como mais uma indicação de que a reunião máxima dos comunistas não servirá para consagrar uma nova liderança para um partido cujo secretário-geral, com 73 anos, já ocupa o posto há 16 (a segunda liderança mais duradoura depois de Cunhal). Mas, na verdade, não há qualquer confirmação oficial de que isso não vá acontecer. Nem de que vai acontecer - tudo em aberto, portanto.

Há dias, numa entrevista à Lusa, Jerónimo de Sousa admitia, implicitamente, continuar como secretário-geral do PCP, afirmando ser ainda cedo para escrever as suas memórias: "Hoje não estaria em condições de escrever um livro de memórias. Continuo a pensar que o meu futuro, seja como secretário-geral seja como membro do Comité Central ou como militante, é ainda a olhar para frente. Continuo com mais projeto do que memória."

Jerónimo diz que, apesar da sua idade, se tem "aguentado muito bem". Contudo, mais uma vez, deixou todas as opções em aberto, dizendo que a decisão caberá ao novo Comité Central, órgão que será eleito, no sábado à noite, na reunião magna de Loures.

"A vontade maior deve ser do próprio partido", afirmou. Recordando, pelo meio, que Marcelo Rebelo de Sousa tem "praticamente" a sua idade (71 anos) e "ninguém questiona" isso, "e bem", quando fala da sua eventual recandidatura presidencial. Em setembro o secretário-geral do PCP já tinha aconselhado uma tripla quanto aos prognósticos sobre o seu futuro: "Sair, ficar ou ficar mais um bocadinho."

Carlos Carvalhas foi um bom líder do PCP?

Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

O PCP tem ódio ao culto de personalidade (que identifica como um dos "cancros" que corromperam o ideal socialista nos países do Leste) e valoriza a organização coletiva da sua atividade. Por isso limita muito as homenagens a indivíduos: Marx, Engels, Lénine e Álvaro Cunhal são exceções, mas mais ancoradas no estudo da obra que produziram do que propriamente no elogio das suas qualidades pessoais.

Tenho, no entanto, que dizer que estou convencido que o PCP só vai conseguir comemorar os 100 anos de existência graças a Carlos Carvalhas e à equipa que com ele dirigiu o partido, enquanto foi secretário-geral, de 1992 a 2004 - pensemos só em quantos partidos comunistas, por esse mundo fora, praticamente morreram, precisamente nessa época...

A capacidade da direção de Carvalhas - no meio de um furacão de divisões, conflitos internos, crises existenciais, dúvidas ideológicas, lutas pelo poder - em conciliar o que parecia inconciliável, a firmeza em manter a unidade do partido, a lucidez em se focar na ação política concreta, a estratégia de não desamparar o trabalho sindical e autárquico, a brilhante atividade parlamentar, a lisura em enfrentar a crítica, a coragem em aceitar decisões difíceis (incluindo a expulsão de alguns militantes destacados) e a coerência em manter a organização e o cunho ideológico marxista-leninista do PCP garantiram, mais do que a sobrevivência, a relevância do partido na sociedade portuguesa, em contraste com a falência de quase todos os outros partidos congéneres da Europa ocidental.

Recorde-se que, para além dos problemas internos do PCP, a direção de Carvalhas enfrentou a perda mundial da credibilidade ideológica de tudo o que tivesse matriz socialista, face à ascensão e hegemonia do liberalismo globalizante.

Greve de trabalhadores paralisa aeroporto internacional de Bissau

Com paralisação dos trabalhadores do aeroporto, voo da Asky não seguiu para Dacar e voo da TAP para Lisboa pode ser cancelado. "Assim vamos ficar até que nos paguem seis meses de salários atrasados", diz sindicalista.

O aeroporto internacional Osvaldo Vieira da Guiné-Bissau encontra-se paralisado devido a uma greve por tempo indeterminado iniciada esta sexta-feira (27.11). Os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários em atraso, segundo informou Miriam Pereira, vice-presidente do sindicato, a agência Lusa.

"Estamos em greve desde às zero horas e assim vamos ficar até que nos paguem seis meses de salários em atraso", declarou Miriam Pereira. A sindicalista indicou que as consequências da greve já se fazem sentir com um avião de uma companhia que faz voos de ligação entre Bissau e outras capitais africanas, parado na pista "sem assistência".

Trata-se do avião da Asky que liga Bissau a Dacar, diariamente, e que devia partir de regresso à capital senegalesa às 06:00 (hora local), mas que devido à greve ainda continua parado na pista. Pereira suspeita que a administração do aeroporto não terá informado as companhias de que ia começar uma greve geral dos trabalhadores.

Guiné-Bissau | Entrada em massa e ilegal de funcionários no aparelho do Estado

Nos últimos tempos, crescem as acusações contra governantes considerados responsáveis pela entrada e ascensão "ilegais" de funcionários no aparelho de Estado. O Governo continua em silêncio sobre as várias denúncias.

Este é o período normalmente marcado por denúncias de várias entidades sobre o ingresso, promoções "excessivas" e "ilegais", no aparelho de Estado guineense, alegadamente, de pessoas provenientes dos partidos políticos, que atualmente governam a Guiné-Bissau.

Os relatos são dos sindicalistas e membros das organizações da sociedade civil, que apontam a entrada dos funcionários nos Ministérios das Finanças, da Administração Territorial, na Câmara Municipal de Bissau e na Direção Geral das Contribuições e Impostos (DGI).

O vice-presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil, Mamadu Queita afirma que a situação piorou nos últimos cinco anos.

"A Guiné-Bissau, há mais de 15 anos, vive de um cancro, mas nestes últimos cinco anos é pior. A politização da administração pública. Em todas as instituições do Estado há uma politização e aproveitamento político. Quem está no poder, tem a tendência de levar pessoas ligadas ao seu partido", entende.

O Governo continua em silêncio, perante o "coro de denúncias" sobre a entrada e promoção ilegais dos funcionários na administração pública guineense. A DW África procurou ouvir o Executivo, mas não obteve nenhuma reação.

Aristides Gomes denuncia o Estado da Guiné-Bissau na CEDEAO

Advogados alegam que Gomes é vítima de uma falsa ofensiva legal e que é obrigado a permanecer na sede da missão da ONU em Bissau por medida de segurança. MP guineense tem três processos contra o antigo Primeiro-Ministro.

O coletivo de advogados de Aristides Gomes disse esta quinta-feira (19.11) que apresentou uma queixa contra o Estado da Guiné-Bissau no Supremo Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) por violações dos direitos humanos.

"O que fundamenta a ação são os factos que suportam a queixa cá em Bissau: invasão da sua casa, confinamento na sede do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), coação moral e invenção de processos", afirmou à Lusa o advogado Vailton Pereira Barreto.

Segundo o advogado, a "partir deste momento o Estado da Guiné-Bissau está denunciado".

Aristides Gomes está refugiado na sede da UNIOGBIS há vários meses, depois de ter sido demitido de funções pelo atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló. A missão das Nações Unidas termina em dezembro.

Angola | Enterro de Inocêncio Matos já agendado

Será nesta sexta-feira (27.11). Foi esta quinta-feira feita a 2ª autopsia ao jovem Inocêncio de Matos, conforme exigia a família para realizar o funeral. Matos foi morto numa manifestação contra o Governo.

Finalmente, a segunda autópsia ao jovem Inocêncio Matos realizou-se na tarde desta quinta-feira (26.11), depois de se ultrapassar "os obstáculos" que impediam a sua realização.

Em exclusivo à DW África, o advogado da família, Zola Bambi, garantiu que o reexame do corpo ocorreu na presença de um médico legista independente e um fotógrafo, como exigia a família, e já se pode realizar o enterro.

"Deste modo, tendo-se realizado o reexame do corpo, se não houver impedimento de ordem objetiva, acredito que o funeral vai se realizar amanhã (27.11) no período a ser indicado pela família”, afirma.

Inocêncio Matos terá sido baleado pela polícia no dia 11 de novembro quando se manifestava contra o Governo de João Lourenço. A primeira autópsia foi realizada a 16 de novembro, mas não mereceu a confiança dos familiares que alegam ter sido expulsos da sala onde decorria o exame.

Depois da segunda autópsia, Alfredo Matos, pai de Inocêncio, disse à DW, sem gravar entrevista, que o funeral poderá acontecer no sábado 28 de novembro, em Luanda.

Angola | "Diálogo" de João Lourenço com jovens foi manobra dilatória?

Analista acredita que sim. O objetivo, a ser ver, é não convocar eleições autárquicas em 2021. E David Sambongo alerta que incumprimento do que foi debatido com os jovens pode dar aso a novas manifestações.

O diálogo entre os jovens e o Presidente de Angola, João Lourenço, terminou ao meio da tarde desta quinta-feira (26.11), em Luanda, e contou com várias intervenções dos jovens. 

Francisco Paciente responsável da Nova Aliança dos Taxista (ANATA) pediu a inserção desta franja profissional na Caixa de Segurança Social: "Precisamos também da formalização e da carteira profissional destes taxistas para que uma única entidade trate desta matéria. "

Já Francisco Teixeira, líder do Movimentos dos Estudantes Angolanos (MEA), lamentou o facto de ainda existir em muitas escolas públicas milhares de alunos que aprendem sentados em pedras e latas.

"Convidamos vossa excelência também, quando tiver um tempo, a visitar algumas escolas públicas para ver a realidade", pediu a João Lourenço.

Artes sem pagar impostos

Por seu turno, o humorista Costa Vilola do grupo "Os Tuneza" pediu mais valorização da classe artística angolana. Sobretudo, pediu a isenção de imposto a determinadas atividades culturais, justificando que "não é normal uma produtora de espetáculos pagar o mesmo imposto que uma Unitel ou uma Sonangol. Quando não temos o mesmo nível de rendimento."

Para além dos pedidos, houve também sugestões. A Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA), por exemplo, sugeriu ao Presidente angolano a criação de um programa de fomento a participação da juventude no aumento da produção interna.

Crispiniano dos Santos, 1.º secretário da organização juvenil dos "camaradas", explica que esta seria "a via assertiva para inclusão económica dos jovens de todos os extratos, principalmente daqueles que habitam nas zonas rurais".

Democratizar acesso à Educação

Já, Agostinho Kamuango secretário-geral da JURA - a Juventude da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) - levantou os temas do desemprego e habitação.  

"O número dos jovens no desemprego aumentou substancialmente. O acesso à educação constitui um dos principais problemas da maioria da juventude angolana", exortou.

Eduardo Garcia Secretário Nacional da Juventude Patriótica de Angola, braço juvenil da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), questionou o seguinte: "Gostaríamos também de ouvir do Presidente da República alguma palavra sobre em relação a implementação das autarquias no próximo ano."

Para além destas, houve também a participação de alguns "revus" como Manuel Chivonda "Nito Alves". Algumas inquietações foram respondidas na hora, outras virão ou não com o tempo.

Dois feridos em novo ataque no centro de Moçambique

Autoridades atribuem ataque contra transporte coletivo, numa zona de Dombe, no centro de Moçambique, à autoproclamada Junta Militar da RENAMO. Ataque causou duas vítimas, uma delas encontra-se em estado grave.

Duas pessoas ficaram feridas, uma dos quais em estado grave, num novo ataque de um grupo armado contra um veículo ligeiro na quarta-feira (25.11), numa zona rural de Dombe, centro de Moçambique.

A carrinha foi alvejada pelas 14h00 locais em Seventine, uma aldeia a poucos quilómetros da sede do posto administrativo de Dombe (Sussundenga), junto à N260, a única estrada asfaltada de ligação interdistrital em Manica, contaram à Lusa moradores locais esta quinta-feira (26.11).

"Foram disparados muitos tiros, muitos tiros", enfatizou Sebastião Maguze para descrever a quantidade de disparos que inicialmente pensou visarem a aldeia.

"Depois soubemos que eram contra um 'machimbombo'", nome dado a viaturas de transporte coletivo. 

"Estávamos na machamba (horta) quando houve os disparos, saímos de imediato em direção à aldeia e na estrada encontrámos as pessoas a serem tiradas para outro carro e levadas para o hospital", contou à Lusa outro morador.

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