Ana Gomes criticou, esta sexta-feira, a presidência portuguesa da União Europeia que prossegue "a lógica neoliberal de mercado que está a ser seguida na questão das vacinas contra a covid-19". A ex-candidata a Belém revelou, ainda, que a Europol já se mostrou disponível para ajudar as autoridades portuguesas na investigação das "ligações a atividades criminosas internacionais" por parte do Chega.
Em declaração à RTP2, Ana Gomes criticou a União Europeia (UE) na questão das vacinas, que "está a ser gerida com a lógica neoliberal do mercado".
"Por isso não há vacinas. Estamos nas mãos das grandes farmacêuticas e a UE boicota iniciativas dos países menos desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento no quadro da Organização Mundial do Comércio para que as patentes (Acordos de Propriedade Intelectual) das vacinas, pagas por todos nós, sejam abertas e pudessem ser produzidas em todo o mundo", referiu Ana Gomes.
A ex-deputada europeia sublinhou que a "lógica tem de ser a de salvar vidas e recordou que "se não nos vacinarmos universalmente estaremos sempre à mercê de novas variantes".
Ana Gomes afirmou-se, por outro lado, preocupada com as consequências do confinamento, defendendo que "há problemas pessoais tremendos que hoje estão encobertos mas que, mais dia, menos dia, podem explodir".
Dizendo compreender as cautelas do Governo e do Presidente da República no que ao desconfinamento diz respeito, Ana Gomes sublinhou que há pessoas que já não estão a cumprir a obrigatoriedade de permanecer em casa e que isso tem um impacto muito grande, em especial junto das mulheres e das crianças.
"Por isso sou a favor da abertura faseada das escolas, o que supõe um investimento na testagem, no rasteiro e na vacinação de professores e funcionários", disse.
No tocante ao Chega, Ana Gomes afirmou que há "aspetos que importa às autoridades apurar" mas que "a resposta a este tipo de projetos totalitários não é só uma questão legal".
"Não duvido que é pela resposta eficaz aos problemas dos cidadãos que vamos arredar os apoiantes de formações com propósitos destrutivos, incentivadores da violência e do racismo", afirmou.
Sobre a "bazuca" europeia, ou seja, o Plano de Recuperação e Resiliência, Ana Gomes considerou ser muito positivo ter havido, em Portugal, 150 mil acessos ao documento, mas critica a "falta de uma orientação estratégica", em especial no que diz respeito à fileira do mar.
Reis Pinto | Jornal de Notícias | Imagem: Pedro Correia/Global Imagens
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