Publicado em português do Brasil
Celso Japiassu | Carta Maior
Ela está presente no Parlamento
Europeu, onde faz ouvir a sua voz. Participou das mais recentes e disputadas
eleições dos diversos países que formam a União Europeia. Esta nova esquerda,
atuante e combativa, tem construído e fortalecido a confiança de que, como diz
o tema do Fórum Social Mundial, um outro mundo é possível. Partidos como o espanhol Podemos, o grego Syriza, o França Insubmissa, o
italiano Potere al Popolo ou o Bloco de Esquerda de Portugal têm compensado o
clima de pessimismo que cobriu a Europa antes mesmo da pandemia que
desestabilizou tudo, até as emoções de um mundo adoecido.
Em um continente que tem se inclinado para a direita, a ponto de possuir
governos claramente neofascistas, tem também florescido uma esquerda combativa,
moderna e consciente das contradições do mundo de hoje. Ela está presente no
Parlamento Europeu, onde faz ouvir a sua voz. Participou das mais recentes e
disputadas eleições dos diversos países que formam a União Europeia.
Esta nova esquerda, atuante e combativa, tem construído e fortalecido a
confiança de que, como diz o tema do Fórum Social Mundial, um outro mundo é
possível.
Partidos como o espanhol Podemos, o grego Syriza, o França
Insubmissa, o italiano Potere al Popolo ou o Bloco de
Esquerda de Portugal têm compensado o clima de pessimismo que cobriu a
Europa antes mesmo da pandemia que desestabilizou tudo, até as emoções de um
mundo adoecido.
Podemos (em catalão, Podem; em basco, Ahal Dugu) foi fundado em
2014. Neste mesmo ano participou das eleições europeias e obteve cinco cadeiras
no Parlamento Europeu. Tem sido o partido mais seguido nas redes sociais e tem
apresentado crescimento constante nas preferências eleitorais.
O partido mantem na sua representação e nos postos de direção a mesma proporção
entre homens e mulheres. Recusa doações empresariais ou empréstimos bancários.
O seu financiamento é feito por doações voluntárias. “A única dívida que temos
é para com as pessoas, que são nossa fonte de financiamento”, diz Pablo
Iglesias, o Secretário Geral e um dos cinco cofundadores do Podemos.
A coligação do Podemos com a Esquerda Unida deu origem ao Unidos Podemos, que por ironia da História possibilitou a formação do atual governo espanhol liderado pelo primeiro ministro Pedro Sanchez, do PSOE-Partido Socialista Operário Espanhol, um dos mais tradicionais partidos do país, fundado em 1879.
Grécia e França
O grego Syriza, Coligação da Esquerda Radical (em grego: Συνασπισμóς Ριζοσπαστικnς Αριστερáς, Synaspismós Rizospastikís Aristerás, abreviado SYRIZA), obteve nas últimas eleições, em julho de 2019, mais de 30 por cento dos votos e formou o novo governo do país. É uma frente comum de 13 diferentes partidos e organizações de esquerda que foi fundada em 2004. Transformou-se num único partido e em 2015 obteve uma expressiva vitória eleitoral dando posse a seu líder Alexis Tsipras como primeiro ministro. O crescimento da Syriza tem significado um protesto contra as políticas de austeridade e o crescimento dos partidos de extrema direita que têm assombrado a Grécia.
Inspirado pelo espanhol Podemos e pela campanha de Bernie Sanders nas presidenciais americanas,
Itália e Portugal
Potere al Popolo-PaP (Poder para o Povo) é um movimento fundado na Itália
em dezembro de 2017 e tem origem nas ações sociais de bairro, centros culturais
e no chamado ativismo político de base. Recebeu a adesão do Partido da
Refundação Comunista (em italiano Partito della Rifondazione Comunista,
PRC ou simplesmente Rifondazione Comunista), do Partido Comunista Italiano
e dos sindicatos filiados à Confederação de Sindicatos de Base (Cobas) e à
União Sindical de Base (USB). Agregaram-se também em torno dele cerca de cem
outras organizações, entre elas as de representação católicas e sociais e de
defesa dos direitos de migrantes e dos trabalhadores precários. A porta voz
Viola Carofalo diz que o PaP não é composto de políticos
profissionais, mas de gente que faz política. Ela define o movimento como
ativista de base, comitês e associações.
Jean-Luc Mélenchon, líder do França
Insubmissa, considera Potere al Popolo o expoente da nova esquerda na
Itália.
O Bloco de Esquerda em Portugal é hoje uma força política do país com 19
deputados na Assembleia da República e dois representantes no Parlamento
Europeu. Francisco Louçã, um de seus dirigentes, talvez tenha sido quem melhor
definiu a nova esquerda europeia: uma esquerda de luta para renovar a oposição
e criar uma alternativa socialista que possa dirigir o país; recusar a
civilização da injustiça e a globalização financeira para defender uma
globalização da justiça; combater a OTAN e as guerras, organizar o movimento
social, estabelecer os diálogos abertos que fazem a esquerda.
Alemanha
O alemão Die Linke (A Esquerda) surgiu em 2007 da fusão do Partido do
Socialismo Democrático ( em alemão Partei des Demokratischen Sozialismus –
PDS) com a Alternativa Eleitoral para o Trabalho e a Justiça Social (em alemão: Arbeit
& soziale Gerechtigkeit – Die Wahlalternative, WASG). Tem diversas
correntes internas das quais as mais expressivas são Esquerda Anticapitalista (Antikapitalistische
Linke), Plataforma Comunista (Kommunistische Plattform, KPF), Forum
do Socialismo Democrático (Forum demokratischer Sozialismus), Rede de
Reforma da Esquerda (Netzwerk Reformlinke), Esquerda Emancipatória (Emanzipatorische
Linke, Ema.Li) e a Esquerda Socialista (Sozialistische Linke).
Com 69 deputados, Die Linke é o quinto maior partido do Bundestag,
o Parlamento alemão. Embora defenda o socialismo democrático, a imprensa do
país o classifica como de extrema esquerda. Tem feito eventuais alianças com o
Partido Comunista e o Partido Marxista-Leninista da Alemanha, que são
independentes. O partido vê de forma negativa o regime da República Democrática
Alemã, a antiga Alemanha Oriental, acusando a injustiça da política e do
regime, a desconfiança do governo em relação ao seu próprio povo, a falta de
democracia e de respeito pelos direitos civis além da incapacidade do sistema
económico para satisfazer as necessidades de consumo da população.
O Partido da Esquerda Europeia
(em inglês Party of the European Left (PEL), ou European Left),
do qual já tratei algumas vezes nesta coluna, é a principal força de esquerda
no Parlamento Europeu. Foi fundado em 2004, reúne socialistas, comunistas,
ecologistas e diversos outros partidos de esquerda representando todos os 27
países que formam a União Europeia.
Em seu manifesto o PEL afirma que a Europa é um espaço de renascimento da luta
por uma outra sociedade que vá além da lógica capitalista e patriarcal. O
objetivo é o da emancipação humana, a libertação de homens e mulheres de todas
as formas de opressão, exploração e exclusão.
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