segunda-feira, 15 de março de 2021

EUA | Lágrimas de crocodilo

David Chan*  | Plataforma | opinião

Apenas um mês depois da cerimónia de posse, Biden lança um ataque aéreo à Síria, destruindo uma série de edifícios e matando pelo menos 22 militantes iraquianos.

O Jornal Wall Street publicou recentemente um artigo que descreve em detalhe os acontecimentos antes e depois do ataque, onde é revelado que Biden, originalmente tinha dois alvos. O ataque ao segundo alvo foi cancelado 30 minutos antes do lançamento depois de serem descobertos no local uma mulher e algumas crianças. Porém, os dois jatos F-15E já tinham partido, e Biden ordenou o cancelamento do ataque ao segundo alvo, mas manteve o primeiro ataque como inicialmente planeado.

O ataque estava já previsto há vários dias, mas segundo o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, Biden tomou a decisão final na manhã de dia 25 de fevereiro. Após o bombardeamento, os oficiais da Administração Biden defenderam a decisão, alegando que o ataque foi completamente legal e justificado. Um representante do Pentágono afirmou ainda que os membros do Congresso tinham sido informados previamente.

Biden e a equipa provam ser políticos experientes que sabem como obter o apoio da opinião pública.

Na verdade, o presidente norte-americano organizou três ataques. O primeiro foi o bombardeamento sobre as bases militares na Síria, o segundo foi o ataque cancelado e o terceiro foi a manipulação da opinião pública. Entre os três, os ataques militares talvez sejam os de força menor.

Qualquer que tenha sido a razão para o ataque aéreo, não deixa de ter sido uma violação da soberania de um Estado, mas após Biden partilhar com os media que cancelou o segundo ataque para proteger uma mulher e crianças locais, um grande grupo de pessoas surgiu em defesa do Presidente.

Foi louvada a decisão de o país não perder a compaixão por mulheres e crianças em situação de conflito e sublinhado que esta ação representa o verdadeiro espírito norte-americano.

Biden quer projetar a imagem de que é severo em relação aos inimigos, mas que tem simpatia pelos cidadãos comuns. Este ataque aos sentimentos vem ofuscar o ataque militar. Depois de uma aparente proteção de vidas civis, o ataque norte-americano ao território sírio fica justificado. É uma ferramenta de propaganda frequentemente usada pelos EUA, mas que desaba perante qualquer escrutínio.

Afinal de contas, de quem é que os EUA protegeram estes cidadãos? A resposta é: das armas que eles próprios lhes apontaram.

*Editor Senior do Plataforma

Este artigo está disponível em: 繁體中文

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