Sobre testar e a pandemia, as vacinas e a balbúrdia (dizemos nós) que por aqui vai (neste mundo), temos a seguir o Curto do Expresso. A lavra é de um editor-adjunto do jornal de referência lusa Expresso, a estimar. De nossa lavra (PG) só temos a salientar que as boas vindas ao testar, testar, testar pelo senhor editor-adjunto é excesso de otimismo de sua parte e até no vacinar, vacinar, vacinar o é. O querer muito, a boa vontade, infelizmente nunca é correspondida quando algo depende dos políticos. Esperemos ao menos que alguma percentagem do otimismo patente na prosa que aí vem, do querer e da vontade, seja tornada realidade.
De outra vontade e isenção escandalosa à EDP é a abordagem que se nos depara neste Curto. É taxativo que os portugueses não acham nadinha que a EDP deva ser isenta de cumprir o pagamento de imposto de selo. Muito menos se os valores são da casa de milhões de euros. Porque somos desconfiados lá vimos naquela isenção golpe, amizades, cunhas, favores e recompensas futuras dos que trabalharam para a “borla”. Estamos desconfiados, pois estamos. É que gato escaldado até tem medo de água fria. O mesmo será dizer que de golpadas estão os portugueses fartos e que os políticos são exímios nessas golpadas. Não todos, mas bastantes. Mais cedo que tarde constatamos que o fulano (político ou políticos) ascendeu a determinado ‘tachão’ por recompensa de ‘favores’ prestados… Ao longo das décadas desta espécie de democracia a falta de transparência tem sido descarada e sublime, nojenta e revoltante. Estamos desconfiados. Pois claro que estamos desconfiados. Isentar a EDP de pagar o devido imposto – na ordem de milhões de euros é de desconfiar da negociata, se assim concluirmos de facto. Dito, porque sentido e notado noutros “negócios” ao longo de décadas. Palavra de ordem: isentar, isentar, isentar. Sabido que quem paga são sempre os mesmos trouxas.
As práticas dúbias do bloco-central estão ativas (é um vício) pela socapa. Damos por elas e sente-se.
Registe-se que por nós, plebeus, estamos desconfiados, pois estamos.
Avançando, queremos convidar os que aqui nos lêem a inteirarem-se do constante no Curto que dá inicio a esta semana. Lavra de José Cardoso.
Registe-se que por nós, plebeus estamos desconfiados, pois estamos.
Deixamos aqui, a seguir, a prosa. A saudação e os votos de um bom dia e um queijo amanteigado - acompanhado de um vinho carrascão (forte) alentejano também aqui fica. Prazer dos que satisfazerem nossos votos é o que esperamos. Bom dia. Boa semana. Como é que faremos para que assim seja só depende de nós se soubermos adaptarmo-nos às circunstâncias (tretas).
Mário Motta | PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Testar, testar, testar (agora é que é)
José Cardoso | Expresso
Aquilo que foi anunciado há
muitos meses, ainda as vacinas estavam longe, como uma das medidas-chave para
lutar contra a pandemia só agora avança
As farmácias
devem começar a vender hoje ou nos próximos dias autotestes à covid-19 e
avança a vacinação de funcionários e professores de creches e escolas do 1.º
ciclo.
VACINAR, VACINAR, VACINAR
Entretanto, é retomada esta segunda-feira em Portugal a inoculação com a vacina
da AstraZeneca, que esteve suspensa durante alguns dias na maioria dos países
da União Europeia depois de problemas de saúde registados (mas não foi
descoberta qualquer ligação com a vacina) por algumas pessoas que a tinham
tomado. Na quinta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos tinha considerado a
vacina segura.
O comentador Marques Mendes anunciou entretanto, este domingo à noite, no seu
espaço de opinião na SIC, que a
quarta vacina contra a covid-19, a da Johnson&Johnson, deve chegar na
segunda quinzena de abril e permitirá vacinar 1 milhão e 250 mil pessoas em
dois meses e meio.
Uma das questões que colocam mais dúvidas é quando
é que cada país - e a Europa no seu conjunto - poderá alcançar a tão almejada
imunidade coletiva. Ontem, o comissário europeu para o Mercado Interno,
Thierry Breton, chegou-se à frente: "Temos uma data simbólica: 14 de
julho".
Mas o que aconteceria se a união europeia se lançasse numa corrida para ver
quem obtém mais vacinas e mais depressa? Ouça AQUI.
ARQUIVAR, ARQUIVAR, ARQUIVAR?
Os casos
de vacinação indevida contra a covid-19 podem dar em nada. Quem o disse foi
a própria ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, numa entrevista dada este
domingo ao jornal Público. "Não será muito fácil fazer a avaliação do
ponto de vista criminal", disse. E se a ministra o diz...
A PANDEMIA CÁ
Os números mais recentes estão AQUI e
os gráficos e mapas nacionais mais atualizados AQUI.
A PANDEMIA LÁ
A Alemanha
e a Bélgica devem apertar e/ou prolongar o confinamento, ao aumento do
número de casos. O Reino Unido bateu um novo recorde de vacinação diária:
873.784 pessoas. Ao mesmo tempo, especialistas britânicos advertiram o
primeiro-ministro de que levantar
as restrições a férias no estrangeiro nos próximos meses poderá desembocar num
novo confinamento no próximo inverno. Em Itália
foi autorizada a vacinação em farmácias.
OUTROS ASSUNTOS
EUROPA E PRESIDÊNCIA PORTUGUESA
Alemanha, Áustria, Suíça, Portugal, Reino Unido, Polónia, Finlândia e Suécia.
Pelo menos nestes países europeus houve manifestações
este sábado contra as medidas restritivas que têm sido impostas desde
o arranque da pandemia, os efeitos na economia e o impacto na liberdade
individual. A chamada fadiga da pandemia é geral e muitos são os que desesperam
face a uma vida que tarda em voltar ao normal e ao empobrecimento que as
restrições vão provocando.
O problema é que, por maior que seja o cansaço, a capacidade das
infraestruturas de saúde nos vários países não é elástica e ainda vai ser
preciso esperar bastante até que as vacinas cheguem, pelo menos, aos grupos de
risco. O facto de muitas
destas manifestações terem sido acompanhadas por ausência de máscara ou
distanciamento físico não ajuda a que estes protestos suscitem grande
empatia. Até porque muitos têm estado associados a movimentos negacionistas da
pandemia ou a grupos de extrema-direita.
Este descontentamento acontece numa altura em que vários países europeus
assistem a um disparar dos números, consequência dos efeitos das novas
variantes e à semelhança do que aconteceu em Portugal no arranque do ano. Com a
subida de casos, começam a verificar-se retrocessos em alguns estados-membros
nos processos de desconfinamento.
FAÇA-SE LUZ, FAR-SE-Á LUZ?
A história de a EDP ter encontrado um estratagema para não pagar impostos
devidos pela venda de barragens no Douro não dá mostras de amainar. Este
domingo, o líder
do PSD voltou à carga, acusando o ministro do Ambiente de se "mostrar
descaradamente como advogado de defesa da EDP". No máximo, a cena do
próximo capítulo será (se não ainda esta segunda-feira) amanhã, terça-feira, no
Parlamento, onde o ministro Matos Fernandes promete levar documentos que
"provam bem" que deputados do PSD que fizeram acusações mentiram.
EM BRAGA, HOUVE LUZ
O
Benfica conseguiu este domingo alimentar o sonho de ir na próxima época às
competições europeias, ao vencer o Braga (2-0) e passar para terceiro lugar da
classificação da I Liga, onde tem agora 51 pontos, menos três que o Futebol
Clube do Porto (que venceu em Portimão por 2-1) e menos 13 do que o líder, o Sporting
(que ganhou por 1-0 ao Vitória de Guimarães)
DIA DA ÁRVORE, DIAS DAS ÁRVORES
Ontem, domingo, foi Dia da Árvore, e o Presidente
Marcelo aproveitou para realçar a importância da floresta.
DIA DA POESIA, POESIA DOS DIAS
E foi também Dia da Poesia, que o Presidente Marcelo também aproveitou, como
pode confirmar AQUI.
Sabia que pode ler
Camões em crioulo?
DIA DA ÁGUA
E hoje é Dia
da Água.
JÁ ESTAVA COM SAUDADES?
Donald Trump
deverá regressar em breve às redes sociais, no caso uma criada por ele próprio,
depois de ter sido banido do Twitter - onde era um fala-barato - por
incitamento ao assalto ao Capitólio.
QUE AZAR DE UM RAIO!
FRASES
"O Ministro do Ambiente a pressionar a AT [Autoridade Tributária], a
mostrar-se descaradamente como advogado de defesa da EDP e a contradizer o que
o primeiro-ministro disse na Assembleia da República”
Rui Rio, líder do PSD, sobre o caso das barragens que a EDP vendeu
"Estava muita coisa em jogo,
muitos interesses. Em Portugal temos a perceção de que os lugares de cima estão
para os ditos três grandes. Vai ter de mudar."
António Salvador, presidente do SC Braga, criticou desta forma a arbitragem do
jogo em que a sua equipa perdeu por 2-0 frente ao Benfica, ontem à noite,
descendo para o 4.º lugar da Liga
“Se o Estado quiser ser acionista
dos CTT é fácil, é comprar ações”
João Bento, presidente executivo dos CTT
O QUE ANDO A LER
Nesta rubrica, vou fazer desta vez uma pequena provocação (ou será que não?).Como
podemos falar dos livros que não lemos? Segundo um postulado implícito na nossa
cultura, é necessário ter lido um livro para se falar dele com alguma
propriedade. No entanto...
No entanto, há quem defenda que é perfeitamente possível manter uma conversa
apaixonante sobre um livro que não seu leu, incluindo - e talvez sobretudo -
com alguém que também não o leu. Mais: há também quem advogue que para se falar
de um livro com rigor talvez seja mesmo conveniente que este não tenha sido
lido na totalidade ou, porventura, nem sequer tenha sido aberto.
Para se falar dos livros que não lemos, há várias técnicas e truques.Umberto
Eco, por exemplo, diz que não é, de todo, necessário ter um livro nas mãos para
se falar dele em pormenor, com a condição de ouvir e de ler o que outros
leitores dizem sobre ele. Já Oscar Wilde afirmava que o tempo máximo indicado
para a leitura de um livro são seis minutos. Wilde defendia, aliás, que há uma
categoria de livros que, sendo tão maus, seria importante dissuadir as pessoas
de ler, "uma necessidade eminente de uma época como a nossa, uma época que
lê tanto que não tem tempo para admirar e que escreve tanto que não tem tempo
para refletir".
Para muitos escritores e adeptos da não-leitura - como Paul Valery, que até foi
membro da Academia Francesa - ser culto não é ter lido este ou aquele livro
(que será sempre um grão de areia, por muitos e muitos que sejam lidos), é
saber orientar-se na totalidade dos livros, tercapacidade para situar cada
elemento relativamente aos outros.
É em suma, ter uma boa "visão geral" do mundo da literatura, como a
do bibliotecário de "O homem sem qualidades". Apesar de nunca ter
aberto um livro, esta personagem secundária do romance do escritor austríaco
Robert Musil não se coibia de conhecer e de falar dos livros da gigantesca
biblioteca de que era organizador e guardião.E quando o general Stumm, que o
visita, fica abismado com o seu conhecimento, o bibliotecário responde-lhe:
"Meu general, quer saber como é que consigo conhecer cada um destes livros?
Nada me impede de lho dizer: é porque não leio nenhum".
Perante o espanto do interlocutor, o homem explica: "O segredo de todo o
bom bibliotecário é o de apenas ler, de entre toda a literatura que lhe é
confiada, os títulos e os índices".Se "meter o nariz nos livros,
nunca poderá ter uma visão geral". O bibliotecário de Musil lia muito, mas
os catálogos sobre os livros, não os próprios livros.
Títulos, índices, resenhas, críticas, ler o que outros escrevem e ouvir o que
outros dizem - eis, em suma, a fórmula para falarmos dos livros que não lemos.
E a primeira condição condição para se falar de um livro que não seu leu é -
segundo o romancista David Lodge, não sentir vergonha de o fazer.
Posto isto, devo dizer que o que está escrito acima não são deambulações minhas
- tirei tudo do livro "Como falar dos livros que não lemos?", de
Pierre Bayard, com que topei ao vaguear o olhar pela estante depois de me
lembrar que estava a chegar a minha vez de servir o Expresso Curto. Nem o autor
é um desses vivaços que escrevem sobre
tudo-e-mais-alguma-coisa-ou-sobre-coisa-nenhuma para terem nome e/ou proveito
nem o livro é uma obra das do tipo autoajuda ou "saiba como impressionar
os amigos".
Pierre Bayard é (além de psicanalista) professor de Literatura Francesa na
Universidade Paris VIII e já publicou mais de uma dúzia de obras. E este seu
livro é um interessante ensaio sobre "as diferentes maneiras de... não ler
um livro e as estratégias a adotar para sair airosamente das situações
delicadas em que é preciso falar de livros que não se leram" - para citar,
já agora, o que está escrito na badana.
Aliás, Bayard não tem pejo em dizer que, sendo professor de Literatura na
Universidade, não pode fugir à obrigação de comentar livros que, a maior parte
das vezes, nem sequer chegou a abrir.
Como eu também ainda nao tinha aberto "Como falar dos livros que não
lemos?", peguei nele e fui lê-lo (ou será que não...?)
Deixo o caro leitor com a dúvida. E com a certeza de que, se quiser estar bem
informado, convém navegar por AQUI, por ALI, por ACOLÁ e
por ALÉM.
Tenha um bom dia e uma semana melhor.
Gostou do Expresso Curto de hoje?
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