Dois polícias, incluindo um inspetor-chefe, envolvidos nos incidentes de 30 de janeiro em Cafunfo, Angola, foram demitidos por "infrações graves", nomeadamente ofensas corporais e profanação de cadáver.
Segundo um despacho do Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, a que a agência de notícias Lusa teve acesso, o inspetor-chefe Eduardo Tomé e o agente Jonilto Txijica incorreram em "atos de ofensas corporais contra detidos e profanação de cadáver, quando da invasão da esquadra policial de Cafunfo", a 30 de janeiro.
Nesse dia, segundo a polícia, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT) tentaram invadir a esquadra, tendo sido mortas várias pessoas nos confrontos com as autoridades, que tentavam defender-se.
Testemunhas locais
A versão oficial é contrariada por testemunhas locais, organizações não-governamentais e partidos da oposição angolana, que apontam para cerca de 25 mortos, afirmando que se tratava de uma tentativa de manifestação pacífica.
Face às "infrações disciplinares graves" encontradas na atuação dos dois polícias, o comando-geral atribuiu aos mesmos a pena de demissão.
"Os efetivos demitidos devem fazer o espólio de todo o uniforme da Polícia Nacional de Angola, bem como os documentos de identificação policial", acrescenta o despacho.
A vila mineira de Cafunfo, município do Cuango, centralizou as atenções das autoridades e membros da sociedade civil angolana na sequência de incidentes de 30 de janeiro, que as autoridades consideraram como "ato de rebelião" e outros descrevem como "manifestação pacífica".
Cidadãos locais e outros elementos da sociedade lamentam a "débil" condição socioeconómica, com reflexos negativos nas famílias daquela região, rica em recursos mineiros, facto que tem motivado "reivindicações por melhores condições de vida".
Deutsche Welle | Lusa
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