#Publicado em português do Brasil
Lideres europeus divergem sobre controle de exportações de imunizantes produzidos no continente e ameaçam bloquear vendas da AstraZeneca, que não cumpriu promessa de abastecer os países do bloco.
Os líderes da União Europeia (UE) discutiram nesta quinta-feira (25/03) meios de eliminar entraves ao programa de vacinação contra a covid-19 nos países do bloco e assegurar a aquisição de ainda mais doses, enquanto a terceira onda da doença atinge em cheio o continente.
Várias nações europeias reintroduziram recentemente medidas restritivas mais rígidas para conter as transmissões do coronavírus, em meio a novas altas nas infecções.
Os líderes, entretanto, estão divididos quanto ao compartilhamento de seu estoque de vacinas com países de fora da UE e não conseguiram chegar a um consenso sobre a criação de um mecanismo de controle sobre as exportações de imunizantes produzidos no continente.
A medida, que poderia resultar no bloqueio do envio de vacinas para países que produzem o imunizante mas não o exportam, como é o caso do Reino Unido, provocou uma forte reação do governo britânico, que chegou a acusar Bruxelas de praticar "nacionalismo de vacina”.
"Fim da ingenuidade"
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, revelou durante a reunião de cúpula realizada em videoconferência que as empresas com sede na Europa que produzem os imunizantes já exportaram 77 milhões de doses para nações fora do bloco desde dezembro.
Esse total incluiria 21 milhões de doses que teriam sido destinadas ao Reino Unido, o que corresponderia a dois terços das já administradas em solo britânico.
Os líderes da França e da Alemanha defenderam a criação de um mecanismo de controle. "Devemos bloquear todas as exportações se algumas farmacêuticas não respeitarem seus compromissos para com os europeus”, afirmou o presidente francês, Emanuel Macron, após a reunião. "É o fim da ingenuidade", declarou.
"Somos, como União Europeia, parte do mundo que não apenas abastece a si próprio, mas que também exporta para o resto do mundo, ao contrário dos Estados Unidos e do Reino Unido”, disse a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
"Por um lado, estamos inclinados a respeitar as cadeias globais de abastecimento e queremos combater o protecionismo, mas é claro que também queremos proteger nossa população, porque sabemos que este é o caminho para deixarmos essa crise.”
Merkel ressaltou que, no caso do Reino Unido, a UE deve buscar uma solução que seja boa para ambas as partes. "Devemos agir com sensibilidade política.”
UE versus AstraZeneca
Os líderes europeus expressaram
frustração com o fracasso da farmacêutica AstraZeneca em
entregar a quantidade de vacinas contra o coronavírus prevista
"Queremos explicar para os cidadãos europeus que todos receberão sua parcela”, disse a presidente do Executivo da UE. "A empresa tem que correr atrás, tem que honrar o contrato que possui com os Estados-membros europeus antes de poder se envolver na exportação de vacinas."
Das 300 milhões de doses prometidas até o fim de junho, a AstraZeneca deve entregar somente 100 milhões aos países europeus, o que contribui para o gargalo da vacinação no continente.
Segundo dados compilados pelo portal de estatísticas Our World In Data, o Reino Unido já aplicou, em média, em torno de 46 doses para grupos de 100 pessoas. No bloco europeu, essa proporção é de 14 aplicações em grupos de 100 cidadãos.
Deutsche Welle | rc/lf (AFP, Reuters, AP)
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