sexta-feira, 26 de março de 2021

Rusga na fábrica da AstraZeneca. "O dia mais embaraçoso na história da União Europeia"...

...diz Bruno Maçães ao Telegraph

A classificação de embaraço histórico foi usado pelo antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, em declarações ao jornal The Telegraph que descreveu os acontecimentos.

Uma rusga que descobriu vacinas escondidas, que afinal não estariam escondidas e até se destinavam a quem tinha pedido a rusga. Parece o argumento de um filme, mas faz parte do clima de tensão entre a Comissão Europeia e a farmacêutica AstraZeneca — e, indiretamente, o Reino Unido. O antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, classifica a situação como o “dia mais embaraçoso na história da União Europeia”, em declarações ao jornal The Telegraph — frase que foi destacada numa newsletter do editor Chris Evans.

No artigo sobre o tema, o político português questiona o acontecimento. “A polícia italiana invade uma fábrica de vacinas por sugestão da Comissão Europeia para descobrir que são para uma iniciativa global que visa fornecer acesso equitativo às vacinas a algumas das regiões mais pobres do mundo?”, pergunta. “Acho que vamos precisar de uma explicação para o facto de a polícia militar italiana ter invadido uma fábrica de vacinas por motivos falsos.”

O caso começou quando o comissário para o Mercado Interno, Thierry Breton, sugeriu ao governo italiano que a fábrica perto de Roma, onde as doses da AstraZeneca são embaladas, poderia estar a receber material para a manufatura das vacinas de uma fábrica na Holanda que ainda não tem as devidas autorizações da Agência Europeia do Medicamento.

Com base nesta informação, o ministro da Saúde italiano ordenou uma rusga ao local. Foram encontrados 29 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 que a Comissão Europeia disse terem como destino o Reino Unido, num esquema de exportação que privilegiaria o antigo Estado-membro.

A farmacêutica, por sua vez, negou que as vacinas fossem para o Reino Unido e disse que seriam distribuídas pelos países da União Europeia e pelos países que beneficiam do programa de apoio Covax. Assim, as vacinas não estariam reservadas, mas à espera de luz verde do controlo de qualidade para serem distribuídas na Europa. O Reino Unido também negou estar a receber vacinas daquela fábrica.

Os 29 milhões de vacinas encontrados correspondem quase ao dobro daquelas que a AstraZeneca já entregou à União Europeia (16,6 milhões) e quase metade das que ainda estão em falta. A Comissão Europeia quer ver aprovado um bloqueio à exportação de vacinas produzidas nos Estados-membros para minimizar o impacto dos incumprimentos nas entregas por parte das farmacêuticas.

Vera Novais | Observador

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