domingo, 11 de abril de 2021

ELEIÇÕES | Janira vai porta a porta pedir o voto num "Cabo Verde para todos"

Na campanha para as legislativas de 18 de abril, a candidata do PAICV andou pelo bastião de Santa Cruz à procura de votos que levem o partido de volta ao poder, após cinco anos.

e bairro em bairro, ao som do Janira mulher guerreira e envolvida numa onda amarela de apoiantes, a líder da oposição cabo-verdiana e do PAICV vai casa a casa pedir o voto para construir um "Cabo Verde para todos". A campanha para as legislativas de 18 de abril entrou na segunda semana e Janira Hopffer Almada jogou em casa, ou não fosse o município de Santa Cruz, norte da ilha de Santiago, uns dos bastiões do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, que aposta tudo em voltar ao poder, cinco anos depois.

São 10h00 e a líder do PAICV, que pela segunda vez tenta ser a primeira mulher a chefiar um governo em Cabo Verde, chega do concelho vizinho de São Miguel e é recebida em festa ainda à entrada em Santa Cruz por centenas de apoiantes, bombos e ao som da música estridente que sai das colunas montadas em carros de apoiantes: "Janira mulher guerreira. É a nossa líder."

Com tanto apoio na rua, Janira, questionada pela Lusa durante uma paragem no porta-a-porta da manhã, na Achada Laje, prefere ser cautelosa: "Nós sobretudo temos confiança nos cabo-verdianos e recebemos todo esse apoio com uma grande esperança e humildade. O poder é do povo, nenhum político pode nem deve esquecer isso".

"Agradecemos toda essa onda de apoio que temos recebido, esse encorajamento, temos visto e nos tem tocado o coração, os olhos de esperança do povo cabo-verdiano", diz, numa entrevista à Lusa transformada em comício, rodeada de dezenas de apoiantes, durante um dos vários porta a porta ainda antes de chegar ao centro de Santa Cruz.

Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, Janira Hopffer Almada, 42 anos, ascendeu à liderança do PAICV em 2014, e foi ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos de Cabo Verde no último governo do partido.

A oportunidade do dia de fazer o apelo ao voto para chegar à liderança do governo: "Com humildade, com alegria e sobretudo com o compromisso de vir trabalhar para fazer o melhor que soubermos e podermos para devolvermos Cabo Verde aos cabo-verdianos, construindo um Cabo Verde para todos."

Ainda antes da chegada à Achada Laje, pouco antes do centro de Santa Cruz, "Zeza" Horta, 30 anos, doméstica, espera há vários minutos pela líder do PAICV. "Precisamos mudar muita coisa em Santa Cruz, principalmente para os jovens, que não têm trabalho. Precisamos de mudança, precisamos de trabalho para mudar a nossa sociedade", diz, de cartaz na mão, junto à estrada.

Janira chega ao bairro e vai a cada casa cumprimentar as pessoas. Numa dessas paragens, o aviso do morador é direto: "Ele [Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro] tem de sair, caso contrário vai vender Cabo Verde. Vende tudo e daqui a pouco fico sem casa em Achada Laje".

Estava dado o mote para um dos temas de campanha da líder da oposição: "Os cabo-verdianos querem um governo que sobretudo coloque os interesses em primeiro lugar, que trabalhe para melhor saúde, que trabalhe para mais educação, que se lembre que o campo também conta, que a agricultura é uma atividade importante", responde Janira Hopffer Almada.

Num município profundamente agrícola, as queixas sobre o alegado abandono do campo nos últimos cincos, pelo atual governo, saíram reforçadas pela candidata, recordando que 30% da população cabo-verdiana, estimada em 550 mil pessoas, está no campo, onde a principal atividade é agricultura, afetada pela seca prolongada.

Paulo Julião | Diário de Notícias

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