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Segundo imprensa, ministro alemão da Saúde considerou destinar artigos médicos de segurança incerta a moradores de rua, portadores de deficiência e receptores de ajuda social. Oposição critica político democrata-cristão.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, no contexto da pandemia de covid-19, no primeiro trimestre de 2020 o Ministério da Saúde do país comprou 570 mil máscaras de proteção imprestáveis, no valor de 1 bilhão de euros. Mesmo segundo as regras especiais da União Europeia então vigentes, elas não estavam liberadas para uso antes de testes de laboratório.
O caso veio à tona no fim de março, com o agravante de que a transação bilionária com os artigos provenientes da China teria sido mediada pela firma Hubert Burda Media, para a qual o marido do ministro da Saúde, Jens Spahn, trabalha como lobista.
O novo capítulo do escândalo, revelado na sexta-feira (04/06) pelo mesmo veículo de jornalismo investigativo, é que a certa altura o órgão teria considerado distribuir entre moradores de rua, deficientes ou dependentes do programa de assistência social Hartz-IV os artigos sanitários de eficácia questionável contra o novo coronavírus.
No entanto, o Ministério do Trabalho, responsável pela segurança das máscaras, teria recusado seu aval. Assim, ainda segundo a Spiegel, as máscaras estariam estocadas nos depósitos da Reserva Nacional de Saúde, criada em novembro de 2020, para utilização na eventualidade de uma catástrofe. Caso contrário, serão destruídas após transcorrida a data de validade.
Ministério se esquiva
O Ministério da Saúde em Berlim está se esforçando para dispersar as acusações: ao adquirir material médico "na situação emergencial da época", se teria "atentado estritamente para a qualidade". Caso se constatassem "deficiências" no decorrer da testagem, a mercadoria "não foi comprada nem paga".
"Na distribuição ou entrega gratuita de máscaras a estabelecimentos para desabrigados e portadores de deficiência, esteve sempre em primeiro plano a melhor proteção possível das cidadãs e cidadãos lá residentes e dos empregados", frisou o órgão, complementando: "Outras considerações não desempenharam qualquer papel por parte do Ministério da Saúde."
No tocante aos supostos planos de eliminação das máscaras sanitárias, a pasta afirma que o governo federal alemão não teria tomado decisões a esse respeito, e "nesse sentido, a reportagem em questão não procede, e não nos é conhecido em que ela se baseia".
Oposição e parceiros indignados
As revelações despertaram a indignação da política das Alemanha, não só entre a oposição, mas também partindo de parceiros de coalizão da governista União Democrata Cristã (CDU), a qual Spahn integra.
Segundo a presidente do partido A Esquerda, Janine Wissler, um ministro da Saúde que esteja disposto a conscientemente colocar grupos vulneráveis em risco "não é viável". O secretário parlamentar esquerdista Jan Korte complementou: "E mais uma vez parece ser irrelevante que se tenha jogado fora uma soma bilionária."
Falando ao jornal Handelsblatt, o vice-líder da bancada do Partido Liberal Democrático (FDP) no parlamento federal, Michael Theurer, exigiu um esclarecimento "exaustivo e implacável": "O mais tardar agora, um investigador especial do Tribunal Federal de Contas deve entrar em ação." Ele instou ainda os partidos governistas a impedirem que "máscaras defeituosas sejam armazenadas na Reserva Nacional de Proteção da Saúde".
Por sua vez, Norbert Walter-Borjans, presidente do Partido Social-Democrata (SPD), que integra a coalizão de governo ao lado das siglas conservadoras-cristãs CDU e CSU, se dirigiu diretamente ao líder democrata-cristão, Armin Laschet, o qual "agora deve se colocar a questão, se esse procedimento de Jens Spahn ainda é sustentável para um partido com uma etiqueta cristã: "O público tem direito de uma resposta rápida", disse ao semanário Bild am Sonntag.
O secretário-geral do SPD, Lars Klingbeil, também insistiu no esclarecimento das ocorrências, e "se procedem, tem que haver consequências no Ministério da Saúde". O que aconteceu "é desumano", criticou durante um evento eleitoral.
Deutsche Welle | av (AFP,EPD,DPA,ots)
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