sexta-feira, 23 de abril de 2021

Chade: Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas?

# Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | OneWorld

O relato do assassinato do líder chadiano de longa data Idriss Deby nas mãos do último grupo rebelde de seu país e a subsequente imposição de um governo militar de transição foram considerados por alguns como um prenúncio de uma mudança há muito esperada neste estado geoestrategicamente crucial, mas pode muito bem ser que nada vai acabar mudando tanto, já que tal cenário pode resultar na França perder o controle de um de seus principais aliados regionais se isso acontecer.

Morte de Deby

Os observadores ficaram chocados ao saber que o antigo líder chadiano Idriss Deby foi morto nas mãos do último grupo rebelde de seu país. Alguns até suspeitaram que o crime poderia estar envolvido, com uma das teorias mais proeminentes especulando que era um trabalho interno de membros desonestos do exército que tentaram desferir um golpe armado. Independentemente do que possa ter realmente acontecido, o fato da questão é que o Chade experimentou uma mudança repentina de regime em vez da " transição de liderança em fases " que geralmente ocorre em "democracias nacionais" como esta, que não emprega modelos ocidentais de governança . O que é mais controversosobre as consequências imediatas deste desenvolvimento inesperado é que as forças armadas suspenderam a constituição, estabeleceram um governo militar de transição de 18 meses e nomearam o filho do presidente Mahamat “Kaká” Idriss Deby Itno como líder em um movimento condenado por alguns como um golpe inconstitucional e possivelmente indicativo de uma luta pelo poder entre a elite militar interna.

Altas esperanças

No entanto, alguns observadores expressaram esperança de que esses movimentos possam anunciar uma mudança há muito esperada neste estado geoestrategicamente crucial, talvez resultando em uma forma mais ocidental de governança em parceria com a líder " Frente para Mudança e Concórdia no Chade " (FATO por sua sigla em francês ) grupo rebelde e outros quando tudo já foi dito e feito de forma semelhante ao precedente que está gradualmente se revelando no vizinho Sudão. Outros pensam que o novo governo militar pode cair em breve se a FACT for capaz de tomar a capital de N'Djamena no futuro próximo como prometeu fazer, inspirado pela morte de Deby e indignado com o que eles descreveram como a “ devolução dinástica do poder" no país. Essas esperanças, por mais bem-intencionadas que sejam, são provavelmente prematuras e muito altas quando se considera que tais cenários podem resultar na França perder o controle de um de seus principais aliados regionais se isso acontecer. O observador casual provavelmente não sabe muito sobre suas relações históricas patrono-procurador, portanto, é necessária alguma leitura de fundo.

Mais tropas dos EUA na Síria e mercenários dos EUA no Afeganistão

Solenemente, o Presidente Biden anunciou a retirada de tropas regulares dos EUA do Afeganistão. No entanto, os Generais Kenneth McKenzie, Comandante das Forças dos EUA no Médio-Oriente (CentCom), Mark Milley, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e Austin Miller, que chefia as forças da OTAN no Afeganistão, continuam a defender a sua manutenção.

O Exército dos EUA tem o monopólio da exportação de drogas afegãs.

Parece que, antes de partir, os GI estão a expandir duas bases militares dos EUA. Estas serão ocupadas por mercenários, alguns dos quais estão já presentes. Assim, os 2. 500 homens deverão ser substituídos por cerca de 20. 000 mercenários dos EUA.

Com toda a probabilidade, os soldados evacuados do Afeganistão não voltarão para casa, mas serão transferidos para a Síria. Os mercenários curdos do Pentágono («Forças democráticas sírias» - FDS) estão a ampliar uma pista de pouso a fim de os receber.

A presença militar dos EUA no Afeganistão fora aprovada pelo governo fantoche por eles instituído. Na Síria, as coisas são mais claras ainda : trata-se de uma ocupação militar ilegal face ao Direito Internacional.

A Administração Biden prossegue a «guerra sem fim» dos Presidentes Bush e Obama.

Voltairenet.org | Tradução Alva

Relembrando 8 de junho de 1967. Dia em que Israel atacou o USS Liberty

# Publicado em português do Brasil

A perspectiva de uma grande operação com bandeira falsa no Oriente Médio cresce a cada dia 

Timothy Alexander Guzman* | Global Research, 23 de abril de 2021

08 de junho de 1967 é uma data na história que o mundo deve reconhecer porque foi o dia em que Israel atacou o USS Liberty, um navio espião Marinha dos Estados Unidos durante a Guerra dos Seis Dias. Então, por que um aliado supostamente fiel dos EUA faria uma coisa dessas contra um de seus servos mais leais? Foi um acidente ou foi uma operação de bandeira falsa? 

Neste tempo de incerteza, os israelenses têm planejado várias maneiras de parar o programa nuclear do Irã, mas a questão é como eles realizariam tal tarefa? Autoridades israelenses, incluindo seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que talvez seja o mais expressivo da multidão, faria quase qualquer coisa neste momento para impedir que Washington reingressasse no Plano de Ação de Compreensão Conjunta acordo nuclear (JCPOA) com o Irã desde a administração Trump abruptamente desistiu do negócio em 2017.

Tel-Aviv está ficando ansioso para descarrilar o programa nuclear do Irã, então eles orquestrariam outra operação de bandeira falsa para comprometer os EUA em uma guerra com o Irã, já que os laços de amizade entre os dois países são inquebráveis? Quanto tempo antes que Israel empurre os EUA para outra guerra no Oriente Médio? Quero dizer, por que não? Eles realizaram seu desejo quando os EUA invadiram e ocuparam o Iraque em 2003, desde que Israel e seus apoiadores linha-dura pressionaram Washington a declarar guerra pela propaganda “Saddam Hussein tem armas de destruição em massa” dos neocons de Bush e lobistas poderosos como o American Israel Public Comitê de Assuntos(AIPAC) e, claro, os próprios israelenses liderados por Netanyahu. Aquele dia trágico em 1967 é relevante para a situação perigosa que se desenvolve hoje no Oriente Médio entre Israel e o Irã.

O incidente do USS Liberty ocorreu durante a Guerra dos Seis Dias entre Israel e seus vizinhos árabes, incluindo Egito, Síria e Jordânia. O Líbano e até o Iraque tiveram um papel menor na guerra. Tudo começou quando Israel atacou o USS Liberty, um navio de pesquisa técnica da Marinha dos EUA (ou um navio espião) com seus caças e torpedeiros a motor que matou 34 e feriu 171 tripulantes, incluindo fuzileiros navais, oficiais da marinha, marinheiros e um civil funcionário da National Security Agency (NSA). O navio da Marinha dos EUA estava em águas internacionais no norte da Península do Sinai na época. Houve várias investigações dos governos dos Estados Unidos e de Israel, que alegaram que foi um erro, enquanto os membros da tripulação que estavam a bordo do navio disseram que foi deliberado. Portanto, foi um erro alegado por ambos os governos ou foi deliberado?

Durante a Guerra dos Seis Dias, os EUA mantiveram seu status de 'país neutro. Uma semana antes do início da guerra, o USS  Liberty  foi enviado para o mar Mediterrâneo oriental para uma missão de coleta de inteligência perto da costa norte do Sinai, no Egito. Durante a missão, a Força Aérea de Israel (IAF) sobrevoou o USS Liberty alegando que estava procurando por submarinos egípcios que haviam sido avistados perto da costa. Por volta das 14h, a IAF enviou dois caças Mirage III para supervisionar o navio que, segundo eles, não tinha "marcações distintas"ou qualquer bandeira do navio. O USS Liberty foi então atacado. No entanto, pouco antes do ataque, os caças Mirage de codinome Kursa tiveram trocas verbais entre um oficial de sistemas de armas do posto de comando, controladores aéreos e um controlador aéreo chefe que supostamente questionou se havia a possibilidade de um navio dos EUA na área e cerca de 1: 57 pm, o controlador aéreo chefe, tenente-coronel Shmuel Kislev deu luz verde para atacar o USS Liberty enquanto os caças lançavam canhões de 30 mm, foguetes e napalm matando e ferindo muitos membros da tripulação dos EUA.

Os caças israelenses interferiram propositalmente nas freqüências de comunicação dos Estados Unidos antes do ataque, o que significa que eles sabiam que se tratava de um navio da Marinha americana.

CENÁRIOS DE GUERRA

Nada há de mais propício à eclosão da guerra que a projecção de uma imagem de fraqueza, e estas retiradas estratégicas ocidentais são, a esse título, preocupantes.

Paulo Casaca*, em Bruxelas | Jornal Tornado | opinião

As retiradas ocidentais

Depois de Biden chamar assassino a Putin, os EUA multiplicarem sanções e denunciaram a maior concentração de tropas russas junto da fronteira ucraniana desde 2014. Finalmente, a diplomacia turca divulgou um pedido dos EUA para a passagem de dois destroieres americanos em direção ao mar Negro.

Ainda de acordo com a reportagem da Defense News, a Rússia terá respondido que os exercícios militares iriam continuar por mais duas semanas e, mais importante ainda, anunciou o bloqueio do estreito de Kerch – que corta a comunicação entre as costas ucranianas do Mar Negro e as do mar de Azov.

Na sequência destes desenvolvimentos foi anunciada a anulação da passagem dos dois destroieres americanos para o Mar Negro, sendo pouco claro saber se se tratou de uma gestão da informação pouco amistosa por parte da Turquia – que tem necessariamente de ser notificada da passagem de vasos militares pelos Dardanelos – ou se se tratou de uma retirada decidida pelas autoridades americanas perante o reforço do dispositivo militar russo.

Este recuo da Armada Americana, real ou apenas sentido, do principal palco dos confrontos teve naturalmente o efeito de um balde de água fria junto das autoridades ucranianas que vêm este último desenvolvimento com legítima preocupação, dado que tem sido sobre a costa ucraniana do mar de Azov que a pressão russa tem sido mais óbvia.

Deixar passar em claro as jogadas hostis dos adversários é mau, mas anunciar contra eles medidas que não são levadas à prática é pior. Mais preocupante ainda é a impressão de que todo o crescendo de declarações anti russas da Administração Biden serviu apenas para que não se falasse de duas retiradas estratégicas americanas de maiores consequências, a de duas décadas de presença no Afeganistão e a decorrente da disponibilidade unilateral para retirar sanções ao Irão, abrindo assim o caminho para o prosseguimento do programa nuclear iraniano.

Nada há de mais propício à eclosão da guerra que a projecção de uma imagem de fraqueza, e estas retiradas estratégicas ocidentais são, a esse título, preocupantes.

REDUÇÃO DO ESPECTRO DE INGERÊNCIA EM ANGOLA

Martinho Júnior, Luanda 

Esta semana duas notícias revelam a disposição do estado angolano de reduzir o caudal de mensagens afectas a interesses estranhos a Angola, indiciando começar a melhor arrumar a sua própria casa.

01- As portas escancaradas de Angola, particularmente de 2002 para cá, têm sido aproveitadas para que as mensagens produzidas de fora do continente e sobre os africanos, a esmagadora maioria de notícias produzidas nos circuitos internacionais sobre África, tivessem ganho um inusitado espaço na informação pública continental, regional e nacional, ofuscando as mensagens produzidas pelos africanos sobre si próprios, ou sobre assuntos de seu interesse nos relacionamentos internacionais!

Nesse aspecto é fácil verificar quanto desde há algumas décadas, autênticas campanhas promovidas desde o exterior procuram a todo o transe desenlaces de conveniência conformados a vários modelos de ingerência e manipulação, por vezes beliscando de forma insidiosa e cínica os interesses estratégicos dos próprios estados, ou tentando lançar a confusão em relação ao seu próprio carácter, que no caso angolano o é também histórico.

As tentativas de ataque às instituições do estado angolano, vão desde as campanhas de descrédito em relação ao Presidente Fundador, António Agostinho Neto, até aos aproveitamentos de toda a ordem com base em argumentos de contínuo fraccionismo, tirando proveito da tentativa de desagregação com recurso às armas tristemente ocorrido a 27 de Maio de 1977!

Por razões de autêntico saudosismo colonial intimamente associado aos interesses e ao papel das oligarquias portuguesas que se assumiram politicamente no golpe do 25 de Novembro de 1975 em Portugal e a partir dele, essas campanhas passam quase sempre por Lisboa, que nesse aspecto, não sendo a única, se tornou numa incontornável “capital de referência”!

Não é de estranhar: Portugal aboliu a PIDE/DGS no seu território, mas aproveitou a capacidade humana desse instrumento em África e na América Latina, em benefício sobretudo da Inteligência Militar!

As trajectórias de alguns dos seus antigos inspectores ilustram por si essa saga encoberta, desde Óscar Piçarra Cardoso a Ernesto Lopes Ramos, passando pelo Fragoso Allas!...

Angola | MPLA só precisa dos sobas na "fase das eleições"

Número considerável de sobas angolanos diz não receber há já algum tempo o subsídio mensal a que as autoridades tradicionais têm direito. Dinheiro não seria necessário se o Estado lhes desse terrenos para agricultura.

Angola conta com mais de 40 mil autoridades tradicionais. Alguns dos sobas, como são chamados, queixam-se da falta dos seus subsídios mensais, embora o governo diga que está a pagar os valores mensalmente.

O secretário-geral do Conselho Angolano de Coordenação das Associações das Autoridades Tradicionais (CACAAT), Tiago Malanda, diz que os sobas poderão ser valorizados pelo partido no poder em 2022, altura das eleições gerais. "Nós fazemos muito trabalho nas comunidades, muito trabalho até a favor do MPLA, mas o MPLA só precisa de nós quando é fase das eleições", lamenta.

Esta autoridade tradicional entende que os sobas não precisariam dos subsídios se o Estado lhes desse terrenos para a prática da agricultura. "Nós dissemos que não precisamos de subsídios. Nos dêem só autoridade, nas nossas terras, as terras comunitárias, nós próprios vamos gerir as nossas terras e aí poderemos encontrar o ângulo de sustentabilidade das autoridades tradicionais", sugere.

Angola | Marcha contra lixo em Luanda, jovens desafiam proibição do governo provincial


Luanda, 22 abr 2021 (Lusa) – Um grupo de jovens convocou uma manifestação de protesto contra a acumulação do lixo em Luanda, já proibida pelo governo provincial, que acusam de adotar “dois pesos e duas medidas” consoante as iniciativas.

Israel Campos, um dos promotores da manifestação “Luanda Lixada”, marcada para 01 de maio, explicou à Lusa que a carta comunicando a realização da manifestação foi endereçada ao Governo Provincial de Luanda (GPL) em 21 de abril, tendo este respondido “em tempo recorde” no dia seguinte, declinando o pedido.

“Não faz sentido. Ainda há duas semanas houve uma marcha relativa à violência contra as mulheres na qual participei, bem como dirigentes do Estado. Não houve problemas e, no final, até a ministra discursou. Porque é que algumas iniciativas são permitidas e outras não? Porque é que não podemos reclamar da situação do lixo, das moscas e dos mosquitos?”, questionou o jovem jornalista, que também esteve ligado ao protesto contra a brutalidade policial em setembro de 2020.

Mais de 950.000 pessoas em Moçambique precisam de ajuda alimentar urgente - PAM


O Programa Alimentar Mundial (PAM) afirmou hoje que a crise humanitária em Moçambique está a agravar-se, assinalando que mais de 950.000 pessoas precisam de ajuda alimentar urgentemente

Estima-se que os recentes ataques na vila de Palma, na província de Cabo Delgado, tenham afetado 50.000 pessoas, aumentando o número de deslocados e de pessoas em situação de insegurança alimentar.

“As pessoas dispersaram-se em muitas direções diferentes desde os recentes ataques em Palma. Os sobreviventes estão traumatizados. Tiveram de fugir, deixando para trás os seus pertences e as famílias foram separadas”, afirmou a diretora nacional do programa das Nações Unidas em Moçambique, Antonella Daprile, que esteve em Pemba, onde muitos deslocados procuraram refúgio, de acordo com um comunicado.

O PAM referiu que muitas pessoas fugiram para Pemba em barcos, enfrentando uma viagem traiçoeira, e que milhares continuam presas em Palma e no povoado vizinho de Quitunda, locais onde a agência das Nações Unidas está a entregar alimentos.

Mais de metade dos guerrilheiros da Renamo largaram armas em Moçambique

Mais de 2.600 guerrilheiros do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) largaram as armas, num processo que decorre "sem sobressaltos" e que vai abranger cinco mil membros da antiga guerrilha, indicou hoje o presidente do partido.

"O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração [DDR] está a acontecer sem sobressaltos, na medida em que já atingiu mais de 2.600 elementos desmobilizados", disse Ossufo Momade.

O presidente do partido falava a comunicação social, à margem de uma visita ao centro de realojamento de Corrane, na província de Nampula, no norte do país.

O líder da Renamo disse ainda que muitos guerrilheiros desmobilizados já estão nas suas aldeias e, segundo informações que tem recebido, "estão a gostar do ambiente que encontram nas zonas".

"Há, ainda, outras zonas onde os administradores não colaboram, não aplicam aquilo que é a sua obrigação e responsabilidade [no âmbito do acordo de paz]", acrescentou Ossufo Momade, numa alusão a alegadas dificuldades que alguns desmobilizados estão a enfrentar para obtenção de espaços para habitação em alguns distritos.

Covid-19: Timor-Leste com mais 82 casos nas últimas 24 horas

Díli, 23 abr 2021 (Lusa) – Mais 82 casos de infeção por SARS-CoV-2 foram registados nas últimas 24 horas em Timor-Leste, que totaliza 1.739 casos e três mortos desde o início da pandemia, segundo os dados oficiais hoje divulgados.

O mais recente balanço do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) indica que as novas infeções foram registadas em Díli (72) e nos municípios de Baucau (3), Bobonaro (1), Ermera (1) e Liquiça (5).

Nas últimas 24 horas foram igualmente registados 19 doentes recuperados, existindo 25 casos ativos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.046.134 mortos no mundo, resultantes de mais de 142,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

SMM // PJA

Livro | O PLANTADOR DE ABÓBORAS - de Luís Cardoso

O Plantador de Abóboras, do escritor timorense Luís Cardoso, é uma alegoria poética, em jeito de monólogo, sobre a História de Timor-Leste no último século. Não é um romance político no sentido de querer intervir. É antes um livro que se propõe construir um universo narrativo amplo, recorrendo a mitos e a símbolos locais. Mas ao narrar acontecimentos que tiveram lugar ao longo dos últimos cem anos, não se coibe de os descrever com um olhar atento e crítico… por exemplo, sobre Xanana Gusmão

Ípsilon, no Público

Reconhecer o adversário

Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Há bandidos que desistem por falta de condições objectivas para a realização do assalto, outros há que abdicam por nem se darem ao trabalho de fazer um estudo de mercado.

A Superliga, agora um nado-morto de 12 usurpadores, acabou em ejaculação precoce após uma muito acarinhada e longa gestação nos bastidores do futebol europeu. Nasceu pela ambição de alguns mas, a partir de determinada altura, amadureceu aos olhos de todos. Desde 2018, o Football Leaks de Rui Pinto revelava toda a operação: os mesmos clubes, os mesmos nomes, os mesmos investidores, o mesmo modelo. O facto de terem escolhido o momento da pandemia para anúncio da nova competição, é bem revelador do sangue-frio das baratas. No momento em que mais se exigia solidariedade, união e contenção ao mundo do futebol (como bem salientou Rummenigge, CEO do Bayern Munique), a Superliga europeia só é abortada porque a pressão dos adeptos ingleses deixou bem claro que uma competição fechada com este tipo de ADN, até pode ter sucesso no mercado asiático mas não convence a maioria dos amantes europeus do futebol. Mais do que uma questão de princípios, uma questão de raízes.

Uma aberração genética, sem escrúpulos, criada por 12 monarquias de linhagem financeira, violando todos os princípios que fizeram do futebol um desposto de massas na Europa e na América Latina. Um modelo competitivo inaceitável para o adepto que, embora habituado a ver o dinheiro (e não o sonho) a comandar o futebol há décadas, ainda não está preparado para o jogar em plena selva. Um sistema monárquico, onde 15 clubes se eternizavam à mesa, sem noção de representatividade, mérito, promoção ou despromoção, largando cinco convites anuais a outros clubes, convidados então a apanhar os restos durante um ano, para depois contar como foi.

A revolta e repulsa dos adeptos nasce da génese do futebol porque esta Superliga era uma aberração genética. Os adeptos não querem uma competição fechada entre "sheiks" árabes, americanos do "soccer" ou milionários "offshore", mesmo que isso pudesse elevar o seu clube a um patamar de imbatibilidade eterna. E este é um grau de romantismo inexcedível. Os adeptos provaram que até podem querer ganhar com um penálti forjado ou um fora de jogo mal medido, mas só admitem vencer num sistema onde reconheçam o adversário como parte do seu código genético. Recusar a invencibilidade em nome dos princípios, a maior lição que os adeptos deram a alguns dirigentes. Fixem os nomes: Florentino, Laporta, Abramovich, Agneli, Scaroni, Torres, Werner, Levy, Al Nahyan, Woodward, Kroenke e Zhang. Os verdadeiros adeptos do futebol devem ter estes nomes na memória, do lado oposto da força onde guardam Cruiff, Maradona, Messi ou Ronaldo. Porventura, será em nome dos seus adeptos que os 12 clubes evitarão sanções da UEFA. Mas nada justifica que os algozes permaneçam. Demitam-se, vendam as participações, saiam dos clubes. Publicamente, já venderam a alma. Retirem-se, sem mais consequências mas com conclusões.

*Músico e jurista

*O autor escreve segundo a antiga ortografia

Associação Nacional Social de Etnia Cigana quer promover acesso a emprego

A Associação Nacional e Social de Etnia Cigana (ANSEC) foi criada em Vila Real para promover o acesso ao emprego e à inclusão social, e para aumentar a literacia entre os elementos desta comunidade, disseram hoje os promotores.

Serafim dos Anjos, 35 anos, é cigano e é um dos mentores da iniciativa que quer abrir as portas do mercado de trabalho para os elementos desta etnia e vai incidir a sua atuação nos mais jovens.

Para o efeito, segundo afirmou à agência Lusa, o trabalho da ANSEC vai passar por sensibilizar as câmaras e as juntas de freguesia, isto porque acredita que, se estas entidades "começarem a abrir as portas, tudo o resto acontece".

"O principal objetivo desta associação é a integração dos indivíduos ciganos, sem sombra de dúvida, e é tentar arranjar-lhes emprego porque isso vai fazer toda a diferença", reforçou a advogada Carla Chaves Barroso, que também integra a recém-criada associação.

A ANSEC quer "promover o acesso ao emprego e à inclusão social de ciganos", e ainda "aumentar a literacia, a participação cívica e as competências técnicas de ciganos em diversas áreas".

Visa também "aumentar as competências pessoais básicas de ciganos" e "sensibilizar os mais novos (crianças e jovens não ciganos) para o não preconceito".

"Nesta altura é urgente esta mudança, é urgente esta integração. Esta segregação que existe tem que acabar de vez, não faz sentido, somos todos seres humanos", salientou a advogada.

Serafim dos Anjos descreve uma comunidade de cerca de 100 famílias na zona de Vila Real, das quais muitas têm como atividade principal as festas populares e que têm sentido crescentes dificuldades por causa da pandemia de covid-19.

Uns vivem em bairros sociais, outros em acampamentos, a maioria acima dos 35 anos é analfabeta e, nesta comunidade, vários usufruem do Rendimento Social de Inserção (RSI).

Mas, segundo ressalvou, "muitos querem trabalhar". "Há muito interesse, os jovens procuram trabalho, mas não arranjam. Eles estão a ir para campanhas e quando aparece trabalho nas vindimas eles vão", referiu.

Em Vila Real, segundo Serafim dos Anjos, "há apenas uma mulher cigana com contrato de trabalho" e dois homens que estão, neste momento, a trabalhar numa junta de freguesia. "Isso não é nada", sublinhou.

"Se começarem a trabalhar nas juntas, a ir para as aldeias limpar, as pessoas começam a ver que o cigano quer trabalhar", reforçou.

O objetivo é, pelo menos, conseguir trabalho à experiência para que possam depois mostrar se "realmente têm capacidade ou não".

E, depois das autarquias, acrescentou, as empresas privadas e as outras entidades podem também começar a abrir as portas, principalmente para os jovens.

"Nós ciganos queremos realmente integrar-nos", frisou.

Referiu ainda que, em Vila Real, "não há nenhum cigano que tenha crédito para uma casa ou para um carro.

"Como é que nós, sem trabalho e com o rendimento mínimo, vamos pedir a uma financeira um empréstimo", referiu.

No seu caso, contou, já trabalhou na construção civil, em campanhas agrícolas no estrangeiro e como segurança, estando neste momento à procura de outro trabalho. E mais do que a atual crise pandémica, Serafim acredita que a dificuldade em conseguir trabalho está no facto de ser cigano.

A sua ambição é que os seus filhos, gémeos de 7 anos, estudem até ao ensino superior e apontou que ele quer ser juiz e ela médica.

A associação fica sediada em Vila Real, mas a sua área de atuação pretende ser mais ampla e alertar para situações vividas por outras comunidades como, por exemplo, as 30 famílias que "vivem em condições precárias, sem água e sem luz e sem casas de banho", em Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © iStock

Leia em Notícias ao Minuto: 

Observatório das Comunidades Ciganas defende educação "intercultural"

Esta pseudodemocracia é trampa. Já sabemos, e é como sobrevivemos…

Bom dia. Por aqui no PG começamos com a homenagem aos antifascistas e antiregime salazarista que lutaram ao longo de décadas para que o Dia da Liberdade se tornasse uma realidade. Finalmente, depois de quase 50 anos de luta contra esse regime fascista, tenebroso e déspota, a liberdade e a democracia chegaram numa madrugada de 25 de Abril de 1974. Obrigado camaradas, obrigado companheiros portugueses de então, dos quais tão poucos ainda vivem!

Hoje trazemos aqui um nosso preâmbulo colado ao Curto do Expresso. Vamos ser curtos para abordar algo muito importante para todos que neste retângulo luso andam, estão, desiludidos com a democracia que temos, em que sobrevivemos mal e porcamente. Isso mesmo é enumerado numa sondagem do Expresso, que Martim Silva aborda a seguir. Estamos desiludidos, claro que sim. O que vigora é uma pseudo democracia imposta por uma elite manhosa e muitas vezes criminosa constituída por chicos-espertos em conluio com amigos e enteados, filhos e sobrinhos e gajas caçadoras dos considerados bons investimentos – como antigamente. Depois existem os decentes na política, sim. Contudo estão tão enleados nos filhos de puta que os rodeiam e se sobrepõem que praticamente nada conseguem contribuir para que a pseudodemocracia seja derrotada e nos proporcione a liberdade e justiça digna do 25 de Abril de 1974. Na atualidade Portugal e o mundo neoliberal, capitalista selvagem e criminoso domina-nos, gerido por ladrões, psicopatas e gentes desumanas que se constituíram em máfias setoriais e globais. É o que temos hoje. São as causas das nossas desilusões, que suportamos alienando-nos. Uns mais que outros.

Sendo curtos nesta antecipação ao Curto do Expresso vamos dar a abertura devida a Martim Silva. Vá nessa e inteire-se da tal referida sondagem, se bem que já saibamos que há muito que esta dita democracia desviada é uma trampa e que somos todos nós, ao consentir, que temos responsabilidade disso. Ser egoísta é humano, apesar de ser desumano… Consentimos este estado de roubos, enganos e de falsa democracia. Somos um bando de carneiros. Até quando? Pois.

Bom dia. Bom fim de semana, se conseguirem.

MM | PG

Portugal | Abril está na rua!

Paula Santos | Expresso | opinião

Este ano as Comemorações Populares do 25 de Abril voltam às ruas, em condições de segurança e cumprindo todas as medidas de proteção da saúde pública.

A participação de todos nas iniciativas populares de comemoração do 25 de Abril que se vão realizar um pouco por todo o País assume particular importância, na defesa dos direitos, liberdades e garantias conquistados com a Revolução de Abril.

Num momento em que a epidemia da covid-19 é pretexto para aumentar a exploração sobre os trabalhadores e em que se pretende confinar liberdades e direitos, é preciso exigir as respostas necessárias para combater a epidemia – testar, rastrear, vacinar e garantir os apoios sociais. E por isso a participação nas comemorações do 25 de Abril é fundamental para afirmar os valores e as conquistas de Abril.

Para aqueles que já nasceram após o 25 de Abril, viver em liberdade, onde podemos dizer livremente o que pensamos e o que defendemos e em que os direitos políticos, económicos, laborais, sociais e culturais estão consagrados na Constituição da República Portuguesa, é a normalidade. Porém, perante as tentativas de branqueamento do fascismo, é preciso ter consciência da necessidade de intervir e lutar em defesa das liberdades, direitos e garantias e do regime democrático.

Bolsonaro mente em Cúpula do Clima e envergonha o país


# Publicado em português do Brasil

Além de militarizar o comando da pasta ambiental, chefiada por Ricardo Salles, o governo tem investido sistematicamente no desmonte das ações de fiscalização, como a criação de legislação para dificultar a aplicação de multas e proteger autores de crime ambiental.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mentiu diversas vezes em seu discurso na Cúpula do Clima, na manhã desta quinta-feira, e envergonha o país no cenário internacional. O mandatário afirmou que seu governo investiu no aumento da fiscalização contra crimes ambientais, escondeu manobras em relação às metas de redução para as emissões de gases de efeito estufa e destacou que agricultura brasileira é sustentável, entre outras coisas.

Além de militarizar o comando da pasta ambiental, chefiada por Ricardo Salles, o governo tem investido sistematicamente no desmonte das ações de fiscalização, como a criação de legislação para dificultar a aplicação de multas e proteger autores de crime ambiental. Além disso, estuda a fusão entre o Ibama, principal órgão fiscalizador, e o Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão de mais de 300 unidades de conservação. Para os servidores, é praticamente a extinção dos órgãos.

Vergonha mundial

Ao repercutir o discurso, o ex-presidente Lula ressaltou a importância da Cúpula Mundial do Clima, que reúne as principais potências mundiais no compromisso na redução de poluentes no meio ambiente, mas apontou que Bolsonaro “envergonha o Brasil, deixa legado trágico e ameaça o planeta”

Em um claro desprezo aos argumentos de representante brasileiro, o presidente norte-americano Joe Biden deixou a sala exatamente antes dele iniciar sua fala, após o discurso do presidente argentino, Alberto Fernández, durante a reunião da Cúpula do Clima. O teor do pronunciamento de Bolsonaro já é conhecido e não conta com o menor apoio dos EUA.

Em dezembro, o ministro apresentou nova meta climática ao Acordo de Paris para chegar a 400 milhões de toneladas de gases de efeito estufa até 2030. A ideia era manter o mesmo percentual de redução definida em 2015, de 43%, que significava emitir 1,2 bilhão de toneladas de gases até 2030. O problema é que o governo brasileiro desconsiderou atualizações ocorridas na base de cálculo. Pela revisão recente, a meta apresentada corresponde a 1,6 bilhão de toneladas no mesmo período.

Maioria do Supremo do Brasil confirma decisão que declarou Sergio Moro parcial

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro formou hoje maioria para manter a decisão que declarou o ex-juiz Sergio Moro parcial ao condenar o antigo Presidente Lula da Silva no caso do apartamento tríplex do Guarujá.

Por sete votos contra dois, a maioria do plenário decidiu manter a decisão anteriormente ditada pela segunda secção do STF, que, no mês passado, considerou Moro parcial ao condenar Lula, no âmbito na operação Lava Jato, decisão que levou o ex-presidente à prisão por 580 dias.

A sessão foi suspensa após um pedido do juiz Marco Aurélio, que solicitou mais tempo para analisar o processo, e será retomada na próxima quarta-feira. Além de Marco Aurélio, falta ainda votar o presidente da Supremo, Luiz Fux.

Os magistrados Gilmar Mendes, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber votaram pela confirmação da decisão da segunda secção enquanto que Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram pela revogação da mesma.

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