quinta-feira, 29 de julho de 2021

As "batatas quentes" de Angola na presidência da CPLP

No seu mandato à frente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Angola tem pela frente vários desafios, desde a implementação da complicada livre circulação à abolição da pena de morte na Guiné Equatorial.

Um dos maiores desafios da presidência de Angola na CPLP é, seguramente, a implementação da complexa livre circulação, dizem especialistas angolanos ouvidos pela DW África. Nkikinamo Tussamba, perito angolano em questões internacionais, explica que a sua efetivação dependerá apenas do cumprimento dos acordos. "É isso que todos os cidadãos [da CPLP] estão à espera, que estes acordos celebrados saiam do papel para a sua materialização", diz.

Mas há alguns entraves. Entre eles, está a não abolição, até ao momento, da pena de morte na Guiné Equatorial. Para Nkikinamo Tussamba, o principal obstáculo é o posicionamento dos Estados membros da CPLP em organizações continentais e regionais, como União Europeia (UE), Mercosul, União Africana (UA), Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). 

Segundo o especialista, neste momento, Portugal constitui a principal preocupação, porque "fazendo parte da zona Euro, estaria aqui, sim, a beneficiar-se do posicionamento dos países com quem faz parte na CPLP, mas em parte, terá que analisar com muita atenção, aquilo que pode vir a perder no espaço da Zona Euro". E isso "pode constituir um elemento de entrave na efetivação destes acordos", observa.

E quais são as soluções? Nkikinamo Tussamba entende que, para além de se debater exaustivamente o posicionamento de Portugal, é também necessário colocar os cidadãos da CPLP no centro da organização para efetivação dos acordos. "Mudar de paradigma e olhar para CPLP como sendo uma organização, que pode beneficiar ou que deve beneficiar as massas, deve beneficiar os cidadãos e não apenas uma classe de elite. E a presidência de Angola precisa de ter um posicionamento forte, uma estratégia que poderá influenciar a Guiné Equatorial a abolir a pena de morte", defende.

Tribunal Constitucional volta a exigir recontagem de votos

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Tribunal Constitucional insta a Comissão Eleitoral Nacional para cumprir "recontagem integral" dos votos das presidenciais de 18 de julho. Processo pode começar esta quarta-feira.

"Comunica-se a todas as autoridade públicas sobretudo a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) para cumprirem na integra o que vem exarado no referido acórdão no sentido de procederem a recontagem integral dos votos para a eleição presidencial de 18 de julho", refere o comunicado do Tribunal Constitucional (TC) são-tomense divulgado na noite desta terça-feira (27.07).

No domingo, 25, o TC distribuiu um acórdão em que ordenava a Comissão Eleitoral Nacional a recontagem integral dos votos face a diversos protestos e suspeições levantados pelos diversos candidatos que concorreram ao escrutínio. O referido acórdão era datado de 23 deste mês.

No entanto, um outro acórdão foi produzido e assinado por três juízes conselheiros deste tribunal que rejeitam a realização da recontagem dos votos.

HRW exige que Teodorin devolva à população bens roubados

GUINÉ EQUATORIAL

HRW exige que bens de Teodorin Obiang sejam devolvidos à população

Human Rights Watch quer devolução à população de bens confiscados por França ao vice-presidente da Guiné Equatorial. 'Teodorin' Obiang teve condenação confirmada no âmbito do chamado caso dos "bens mal adquiridos".

Depois de o Tribunal de Cassação de Paris recusar o recurso de Teodoro Nguema Obiang Mangue e manter a sua condenação, a Human Rights Watch (HRW) quer garantias de que o filho do Presidente da Guiné Equatorial devolva os bens confiscados ao povo do país africano. "Como Nguema Obiang permanece numa posição de poder e a corrupção no país continua endémica, existe um alto risco de que esses ativos sejam mal utilizados depois de devolvidos", realça a HRW.

A ONG sublinha que as autoridades da Guiné Equatorial menosprezaram esses casos de corrupção no estrangeiro como uma "tentativa neocolonialista" de "saquear a riqueza dos recursos do país, tornando extremamente importante manter os ativos recuperados à parte do governo que se apoderou deles".

'Teodorin' Obiang foi condenando a uma pena suspensa de três anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 30 milhões de euros no chamado caso dos "bens mal adquiridos". Foi considerado culpado pelos crimes de branqueamento de dinheiro obtido com práticas corruptas no seu país, sendo válida a sentença de três anos de prisão suspensa, o arresto de bens adquiridos em França no valor de 150 milhões de euros e o pagamento de uma multa de 30 milhões de euros ao Estado francês.

"Ignorância" do PR "pode agravar" situação política em Bissau

Coligação governamental guineense dá sinais de estar em risco por causa de desentendimentos entre o Presidente e o líder do MADEM-G15. Jurista entende que Embaló desconhece a sua missão enquanto Presidente da República.

A "guerra aberta" entre o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e Braima Camará, líder do Movimento de Alternância Democrática (MADEM-G15), que lidera a coligação no poder, terá consequências para a estabilidade do país, alerta o analista Luís Vaz Martins.

Em entrevista à DW, o jurista diz que "há muito" que o país vive uma ditadura e que sempre soube que esta era uma aliança "a prazo". E não poupa críticas à "ignorância" do Presidente sobre as regras do jogo democrático.

DW África: O desentendimento entre Sissoco e Camará pode gerar ainda mais instabilidade política na Guiné-Bissau e pôr em risco a coligação governamental?

Luís Vaz Martins (LVM): É óbvio que sim. Aliás, todos os observadores atentos já sabiam de antemão que esta aliança era a prazo, que não tinha qualquer possibilidade de perdurar a longo termo. Foi uma aliança circunstancial baseada numa espécie de coligação para atacar o PAIGC e o seu líder. No entanto todos nós sabíamos que não havia um denominador comum que podia sustentar essa aliança do MADEM-G15, PRS e o próprio Sissoco Embaló isoladamente... E depois buscou legitimidade no MADEM-G15 para se poder projetar ao nível da Presidência da República. Essa questão terá repercussões ao nível da estabilidade, porque os interesses do líder do MADEM-G15 e de Sissoco Embaló, enquanto Presidente da República (PR), são divergentes.

É preciso acabar com a “desorganização total na Guiné-Bissau”

Secretário-geral da UNTG: “GUINÉ-BISSAU VIVE UMA DESORGANIZAÇÃO TOTAL E É PRECISO PÔR FIM A ESSA DESORGANIZAÇÃO”

O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, disse, esta terça-feira, 27 de julho de 2021, que a Guiné-Bissau vive uma desorganização total e que é preciso pôr fim a essa desorganização.

Em entrevista aos jornalistas para anunciar a marcha da UNTG agendada para esta quarta-feira, Júlio Mendonça desafia os servidores públicos para participarem na manifestação contra a desorganização do país, impostos e “subsídios injustificáveis” introduzidos pelo governo e que está a ter reflexos na vida dos trabalhadores e da população. Anunciou também  a realização de uma nova marcha pacífica para o dia 3 de agosto, dia de trabalhadores da Guiné Bissau.

Para Mendonça, os trabalhadores estão a ser explorados pelo governo, informando que a marcha de amanhã vai ser assegurada pelas forças de segurança.

“Tivemos um encontro ontem com o Secretário de Estado da Ordem Pública e o seu staff.  Deram-nos a garantia de que vão dar toda a segurança necessária para concretização da marcha agendada para amanhã”, disse, esperando que os polícias não voltem a cometer o “mesmo erro de lançar gás lacrimogêneo aos trabalhadores”.

O sindicalista apelou às estruturas do ministério do interior nas regiões a deixar que os associados da UNTG também realizem a manifestação.

A UNTG denunciou o aumento de preços de produtos da primeira necessidade no país e exige, entre outros, o aumento do salário mínimo dos atuais 50.000F CFA para 100 .000F CFA, a revogação de nomeações e contratos feitos sem obedecer aos critérios de ingresso na função pública assim como pagamento de dívidas e a efetivação dos servidores públicos.

Tiago Seide | O Democrata (gb)

DO TERRORISMO DAS PALAVRAS, AOS ACTOS TERRORISTAS

«Incroyable et odieux.

L'ambassade de Cuba attaquée au cocktail Molotov en plein Paris au petit matin.

Effet direct des campagnes absurdes de haine et de boycott meurtrier par les USA»

Jean-Luc Mélenchon

@JLMelenchon

27 de jul

https://twitter.com/JLMelenchon/status/1419911208426262536?ref_src=twsrc%5Etfw

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“Creo que Adriana y Efrén se sentirían orgullosos al ver que el pueblo de Cuba no se detuvo ante aquella ola de ataques terroristas, ni antes los que se sucedieron después y continuó construyendo su Revolución con altísimo sacrificio y dignidad y defendiendo las conquistas y las ideas por las que ellos entregaron su vida”.

Embaixadora de Cuba em Lisboa, no dia 22 de Abril de 2016 – Joana Tablada.

http://www.cubadebate.cu/noticias/2016/04/23/rinden-tributo-a-victimas-cubanas-del-terrorismo-en-portugal/ 

Martinho Júnior, Luanda  

O desespero do “hegemon” incrementa-se depois das derrotas que se vão acumulando na EurÁsia…

Já não é só a saída militar compulsiva no Afeganistão e no Iraque, que arrasta também a NATO a abandonar aquelas paragens do Médio Oriente Alargado quando o caos é perceptível, por osmose, nas próprias fileiras!…

Já não é só uma Turquia, membro da NATO, que cria e gere perspectivas próprias de relacionamento internacional, quer no Médio Oriente Alargado, quer em África (constate-se a aproximação por mútuo interesse a Angola, culminando uma vasta ofensiva diplomática e económica que leva já alguns anos)!...

Já não é só a derrota face ao Nord Stream 2 que passa a constituir uma reforçada e incontornável ponte energética entre a Rússia e a Europa implicando trocas comerciais a um nível nunca antes experimentado na medida em que por outro lado a Nova Rota da Seda inexoravelmente avança articulações e enlaces que não poderão ser facilmente sustidos, ou neutralizados por via da guerra, porque são mecanismos de paz!...

Já não é só, por relativo esgotamento, a relativa perda de fulgor fundamentalista no leste europeu, no Báltico, na Ucrânia e no Mar Negro!...

O “hegemon” no seu desesperado “estado profundo”, recorre num só corpo os enlaces neoliberais do domínio com o neofascismo e os neonazis repescados das velharias do protagonismo do Eixo na IIª Guerra Mundial, ou com as redes narcotraficantes na América dóceis e versáteis aos instrumentos de inteligência em prol das mais multifacetadas ingerências e manipulações internacionais, ou com as oligarquias fantoches, submissas ao ponto de, a partir da “capital terrorista” de Miami se aprestarem a enredos que passam das terroristas palavras carregadas de ódio, arrogância e mentira, aos pérfidos actos terroristas, porque todos os seus reflexos estão condicionados… como um outro cão de Pavlov!...

Perú | "Não governarei desde a 'Casa de Pizarro"

"Não governarei desde a 'Casa de Pizarro", disse hoje Pedro Castillo no seu discurso de investidura como presidente do Perú, em referência ao Palácio de Governo de Lima.

"Creio que temos que romper com os símbolos coloniais para acabar com as amarras da dominação que se mantiveram vigentes por tantos anos".

O agora presidente manifestou sua intenção de converter o Palácio de Governo em um museu que conte a história do país desde as suas origens.

https://www.swissinfo.ch/spa/per%C3%BA-gobierno_castillo-quiere-convertir-el-palacio-de-gobierno-de-per%C3%BA-en-un-museo-nacional/46825054

Colaboração de Alberto Castro, Londres - PG

Armas europeias "deslocaram mais de um milhão de pessoas"

# Publicado em português do Brasil

Nicolaj Nielson | EUobserver – 28.07.2021

Os pesquisadores descobriram uma ligação direta entre as exportações europeias de armas e o deslocamento forçado de pelo menos 1,1 milhão de pessoas.

"A cifra de 1,1 milhão é uma estimativa conservadora baseada nesses estudos de caso que localizam geograficamente as armas europeias dentro de um período de tempo específico", disse Niamh Ni Bhriain do Instituto Transnacional (TNI), com sede na Holanda, por e-mail.

Ela acrescentou que é provável que muitos outros milhões tenham sido deslocados como resultado das exportações de armas europeias.

O relatório do TNI, publicado quarta-feira (28 de julho), analisou quatro casos em que armas europeias foram utilizadas em conflitos e guerras.

Segundo a agência, os componentes do helicóptero italiano T-129 ATAK exportados para a Turquia foram usados ​​em dois ataques no norte da Síria, de onde cerca de 180 mil foram forçados a fugir.

No Iraque, os combatentes do Estado Islâmico usavam tubos de mísseis e foguetes búlgaros enviados para a Arábia Saudita e os Estados Unidos.

Os tubos e foguetes foram usados ​​em Ramadi, onde mais de meio milhão de pessoas foram deslocadas da província de Anbar.

"Em 2017, descobriu-se que outro tubo de míssil originário da Bulgária foi usado pelas forças do EI na cidade de Bartella, localizada a leste de Mosul", observou o relatório.

Provocação: EUA/RU desafiam a China a caminho do Mar do Sul

# Publicado em português do Brasil

O grupo de ataque de porta-aviões do Reino Unido chegou a águas asiáticas, afirma um desdobramento da mídia chinesa que confirma o papel da Grã-Bretanha como o "cão de caça" dos EUA

Richard Javad Heydarian | Asia Times

No que parece mais do que uma coincidência, o maior contingente naval do Reino Unido (RU) na memória recente conduziu exercícios sem precedentes na costa de Cingapura poucas horas antes do esperado discurso do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, no Fórum Fullerton anual de Cingapura.

Esta semana, o Carrier Strike Group do Reino Unido, liderado pelo porta-aviões HMS Queen Elizabeth de 65.000 toneladas, e a Marinha da República de Cingapura (RSN) realizaram exercícios navais conjuntos perto do disputado Mar do Sul da China.

Esta foi a primeira vez que o Carrier Strike Group da 5ª geração da Marinha Real exerceu atividades ao lado do RSN, que vem expandindo rapidamente sua cooperação de segurança com os Estados Unidos e outras potências aliadas nos últimos anos. Poucos dias antes, o contingente britânico conduziu exercícios conjuntos (21 a 22 de julho) com a Marinha indiana na Baía de Bengala.

O Ocidente está pressionando a Polónia e a Rússia

O Ocidente está pressionando a Polônia e a Rússia devido a seus valores conservador-nacionalistas

# Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | One World

Os rivais históricos Polônia e Rússia curiosamente se encontraram na mesma posição vis-à-vis o Ocidente depois que Varsóvia recentemente passou por intensa pressão da Guerra Híbrida Ocidental devido aos seus valores conservadores-nacionalistas, que são na verdade a verdadeira força motriz por trás da campanha ocidental semelhante contra Moscou também.

A agressão ideológica do Ocidente contra a Polônia

A Polônia e a Rússia hoje em dia geralmente só são incluídas na mesma frase sempre que alguém discute sua rivalidade histórica recentemente revivida, especialmente sobre suas fronteiras compartilhadas entre a Bielo-Rússia e a Ucrânia, mas ambas, curiosamente, acabaram de se ver na mesma posição em relação ao Ocidente . Varsóvia passou recentemente por uma campanha de pressão intensificada do Ocidente, liderada conjuntamente pelos EUA e Alemanha e que pode ser corretamente descrita como uma Guerra Híbrida depois que os “aliados” nominais do líder da Europa Central começaram a se intrometer em seus assuntos internos devido aos valores conservadores-nacionalistas do Partido da Justiça e da Lei (PiS). A visão do PiS para seus compatriotas poloneses contrasta fortemente com a visão liberal-globalista que os EUA e a Alemanha querem impor ao resto da sociedade europeia, especialmente aqueles Estados como a Polônia, que continuam a abraçar os valores opostos.

PiS está chocado

Este desenvolvimento pode ser descrito como nada menos do que um choque para PiS, que ingenuamente pensou que seria poupado de seus atos de agressão não convencionais devido ao papel de liderança que desempenha em seu nome na tentativa de "conter" a Rússia. Elaborei isso em minha análise recente sobre como “A Guerra Híbrida Conjunta EUA-Alemanha contra a Polônia está se intensificando”, Que chamou a atenção para o súbito atraso do Tubo do Báltico pelo primeiro par de aliados de países, o influente editorial sem precedentes do Washington Post que pressionava as autoridades americanas a fazerem tudo ao seu alcance para resistir aos esforços do PiS para recuperar o controle de uma empresa de propriedade dos EUA meio de comunicação antigovernamental e a confirmação oficial de que Washington e Berlim fecharam um acordo com Moscou sobre o Nord Stream II que Varsóvia considera ser contra seus interesses nacionais.

"The Great Power Chessboard”

Minha visão se baseou em análises anteriores que lancei recentemente e para as quais há um hiperlink no artigo mencionado acima. Para resumir concisamente a situação geoestratégica em rápida evolução, a administração Biden surpreendentemente abraçou a política pragmática de Trump one de engajamento com a Rússia com o propósito de regular a competição das Grandes Potências na Eurásia (especificamente na Europa Central e Oriental [CEE] neste contexto), eventualmente redirecionar a maior parte de seu foco para "conter" a China, que os militares permanentes, inteligência e burocracias diplomáticas dos EUA (" estado profundo”) Hoje em dia consideram uma ameaça muito mais urgente aos seus grandes interesses estratégicos do que a Rússia. Os interesses nacionais da Polônia, como a PiS os entende, foram negociados pela Alemanha e pelos Estados Unidos em busca de seus interesses mais amplos com a Rússia no “Grande Tabuleiro de Xadrez”.

O governo colombiano está assustado

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Aldinever Morantes*

O governo está "assustado" porque já se passaram quase três meses e não cessa o dilúvio da indignação nacional.

A sublevação da Colômbia contra o mau governo de Duque mal começou. Um empurrãozinho das imensas multidões e pode cair. Isso é que está a "assustá-lo". Duque não sabe o que fazer e actua como se houvesse perdido a razão. Por isso está a criminalizar os jovens da Primera Línea , aos quais atribuiu o status de "terroristas". E, para demonstrá-lo, apresentou à imprensa os primeiros rapazes capturados em rusgas, com todo o seu "arsenal terrorista": capacetes de operário, protectores de olhos, luvas de trabalho, latas e pedaços de folha de zinco. O protesto mantém-no louco. Estabeleceu preço para as cabeças dos/as líderes das Primeras Líneas, criminalizando de facto o protesto legítimo. Não lhe pareceu suficiente que, na repressão destes últimos meses, o exército e a polícia tenham assassinado mais de uma centena de jovens, sem contar os feridos e os desaparecidos.

Frente às recomendações da CIDH [1] que visitou a Colômbia em meio aos protestos respondeu que para o governo não é obrigação cumprir tais recomendações, desconhecendo abertamente a conclusão do Tribunal Constitucional no sentido de que "os padrões inter-americanos têm carácter vinculante". E para rematar agora inventaram a estupidez de fechar as fronteiras dos Departamentos para que os povoadores das regiões não se vinculem às mobilizações nacionais contra o governo. O que é isso? Fascismo puro.

Desesperado, pretende distrair a atenção do povo das causas que o lançaram em protestos nas ruas, mas o problema é que o governo é o problema. Os auto-atentados que montaram no Norte de Santander, fronteira com a Venezuela, não servem para nada porque o povo não é tonto. Três ou quatro dias antes já se sabia que isso ia ocorrer. E agora, nas vésperas de uma nova mobilização contra o seu governo em 20 de Julho, dia do grito da nossa independência há 211 anos, Duque resolver prosseguir o seu jogo de enganos detendo pessoas supostamente ligada aos atentados a fim de dar credibilidade ao artifício.

Tenha em conta, senhor Duque, que o assassinato do presidente do Haiti não o deixa isento de salpicaduras, porque em companhia do seu amigo Antonio Intriago, chefe da empresa de mercenários CTU Security dos Estados Unidos, o senhor já tentou fazer com Maduro o que agora fizeram mercenários colombianos contra Moïse.

19/Julho/2021

[1] Comissão Interamericana de Direitos Humanos

[*] Combatente das FARC-EP

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ 

Peru: Novo século de independência com novo presidente

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Lima, 28 jul (Prensa Latina) -- O Peru comemora hoje o bicentenário de uma independência para muitos ainda incompleta com expectativas para o início do governo de Pedro Castillo, o primeiro professor e dirigente social eleito presidente em 200 anos.

Castillo prestará juramento em sessão solene do Congresso da República, no marco das comemorações dos 200 anos da proclamação da independência peruana pelo Libertador José de San Martí, consolidada pelo exército do Libertador Simón Bolívar, três anos depois.

O professor rural, sindicalista e agricultor dará um recado ao país na cerimônia, e há expectativa em torno do programa de mudanças que ele traçará em seu discurso e que inclui um referendo sobre uma assembleia constituinte, o que gera resistência dos conservadores e das forças neoliberais.

O evento contará com a presença dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández; Bolívia, Luis Arce Catacora; Chile, Sebastián Piñera; Colômbia, Iván Duke; e Equador, Guillermo Lazo.

Obrador: chegou a hora da decisão contra o bloqueio a Cuba

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Luis Manuel Arce Isaac, México | Prensa Latina

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, insistiu que é hora de tomar uma decisão sobre o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba.

Em sua coletiva de imprensa diária da manhã, desta vez da cidade de Veracruz, o presidente disse que todos conhecem sua abordagem do sábado passado de que uma nova relação entre todos os países da América é necessária e é preciso convencer e persuadir as autoridades dos Estados Unidos.

Ele reiterou que a política que os Estados Unidos definiram há 200 anos não funciona mais nem vale para ninguém, que agressões, invasões, anexações ou bloqueios não fazem mais sentido e, ao invés disso, deve haver cooperação para o desenvolvimento de todos os povos.

Agora que existe uma difícil situação de saúde em Cuba, garantiu, 'em vez de bloquear devemos todos ajudar, porque não é concebível que nestes tempos queiram punir com um bloqueio um país independente'.

Além disso, afirmou, quase todos os países do mundo estão contra o bloqueio a Cuba. É hora de tomar uma decisão a respeito e aproveito para dizer que tomamos essa decisão por solidariedade frente ao bloqueio.

Quando as Olimpíadas eram anticapitalistas

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A notável (e quase ignorada) história dos jogos alternativos dos trabalhadores. Duraram 12 anos. Baniam bandeiras, hinos e nacionalismos. Foram os primeiros a incentivar atletas mulheres. Dos alojamentos aos trajes, nada cheirava a marketing

Gabriela Leite* | Outras Palavras

Ítalo Ferreira, primeiro brasileiro a ganhar medalha de ouro em Tóquio, em 2021, nasceu em Baía Formosa, cidade de uns 9 mil habitantes no Rio Grande do Norte. Filho de vendedor de peixe, pegava emprestada a tampa do isopor de seu pai para surfar no litoral potiguar – tomando cuidado para não pegar grandes ondas, que poderiam destruir a prancha improvisada. Se hoje é possível – embora bastante raro – a vitória de um filho de trabalhador, da periferia do capitalismo, em Jogos Olímpicos, entre as décadas de 1920 e 1930 este fato era corriqueiro. Neste período, ocorreram as Olimpíadas de Trabalhadores. Organizadas por socialistas e comunistas, foram uma resposta notável aos jogos tradicionais, criadas em 1896 pelo barão Pierre de Coubertin.

A prática de esportes, era, na virada do século XIX para o XX, restrita às classes altas. Servia para propagar valores do conservadorismo. O célebre barão, fundador do Comitê Olímpico Internacional, é uma boa figura para entender os ideais burgueses da época. O nobre francês acreditava na superioridade racial europeia, e se atormentava com a ideia da participação feminina nas competições. Para ele, a mulher era “acima de tudo companhia para o homem, a futura mãe de família”, e deveria “ser criada tendo esse destino em mente”. Embora sustentasse “ideais internacionalistas”, Coubertin não hesitou em elogiar o grande êxito das Olimpíadas de 1936, na era Hitler, saturadas de imagens da suástica e de saudações nazistas: “o grandioso êxito dos Jogos de Berlim contribuiu de modo magnífico para com o ideal Olímpico”

Portugal | Resolução do BES foi “fraude política”

A afirmação é justificada pelo facto de ter sido dito aos portugueses «que seria possível resolver o banco com 4,9 mil milhões de euros, sabendo-se que o passivo da holding era superior a 12 mil milhões de euros», pode ler-se na proposta de alteração do PCP ao relatório da comissão parlamentar de inquérito (CPI), aprovada esta segunda-feira e que acabou vertida no relatório final global.

De acordo com o texto dos comunistas, a decisão da medida de resolução ao BES e de criar o Novo Banco, em 3 de Agosto de 2014, «foi uma decisão que, pelas suas implicações, também responsabiliza» o então governo do PSD e do CDS-PP.

A proposta aprovada referia ainda que o compromisso de reprivatização do Novo Banco de forma rápida «representou um constrangimento à tomada de outras opções no futuro, uma vantagem negocial para eventuais compradores, e o início de um processo que levou à situação em que os portugueses são chamados a pagar a limpeza dos activos tóxicos, assumindo os prejuízos sem que usufruam dos benefícios de ter um banco ao serviço do País».

A votação final global do relatório CPI às perdas do Novo Banco terminou hoje, com votos a favor do BE, PCP, PSD, PAN e IL, a abstenção do CDS-PP e o voto contra do PS, verificando-se a renúncia do relator, o deputado do PS Fernando Anastácio, por «não se rever» na questão da fraude política. Já a deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, apelidou-a de «mentirosa».

Otelo | No purgatório


 Henrique Monteiro, em HenriCartoon

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