segunda-feira, 2 de agosto de 2021

O conservadorismo está moralmente falido

# Publicado em português do Brasil

Vivek Chibber* | Jacobin

Os conservadores afirmam defender a tradição. A verdade é que eles realmente defendem a dominação e o poder ilegítimo sobre os outros.

A direita política muitas vezes se descreve como defensora da tradição - das normas, valores e rituais que valorizamos e das comunidades que os sustentam. Esses dois elementos são, muitas vezes corretamente, considerados conectados. Normas e valores não podem ser sustentados a menos que estejam enraizados em comunidades estáveis ​​de comunhão. E a comunidade, por sua vez, é significativa precisamente por causa dos hábitos e rituais, o profundo senso de mutualidade e valores comuns, que proporciona aos seus membros.

A Direita entende que, para a maioria das pessoas, esses fenômenos têm grande valor e assiduamente se apresenta como seu proponente. Por outro lado, a esquerda é freqüentemente apresentada como desdenhosa da tradição. Em sua crítica ao status quo, sua associação com as forças de mudança e sua defesa dos direitos individuais, a esquerda é considerada como uma reviravolta no próprio “modo de vida” em que as pessoas encontram sentido. Assim, enquanto a direita é vista como defensora da comunidade, a esquerda é apresentada como promotora de um individualismo iconoclasta.

Certamente há um elemento de verdade nessa descrição. A direita realmente buscou defender elementos importantes da cultura tradicional; a esquerda, por sua vez, busca derrubar muitas instituições herdadas de um passado distante. Hinos socialistas costumam pegar este tema - “The Internationale” fala sobre refazer o mundo “desde suas fundações”, enquanto “Solidariedade para sempre” nos dá a linha sobre como fazer “um novo mundo das cinzas do antigo”. Mas embora possamos afirmar a descrição padrão em um certo nível de generalidade, ela provavelmente distorce mais do que revela.

Grã-Bretanha protegerá seus criminosos de guerra

# Publicado em português do Brasil

Livrando-se do assassinato ... Grã-Bretanha protegerá seus criminosos de guerra

Fra Hughes | Al Mayadeen

Cada império é culpado de crimes de guerra, o Império Britânico não foi diferente

Cada império é culpado de crimes de guerra. Executando combatentes inimigos no campo de batalha. Destruindo hospitais, cursos d'água e infraestrutura. Bombardear cidades com tapetes. Assassinando civis. Tortura. Estuprar homens, mulheres e crianças. Matando o inimigo de fome. Genocídio. Massacre em massa e limpeza étnica.

O Império Britânico não foi diferente.

Da América do Norte à Austrália. Da Nova Zelândia ao Zimbábue. Da Irlanda à Palestina, a Grã-Bretanha foi acusada de crimes de guerra hediondos contra populações indígenas ao extrair riquezas, minerais e recursos naturais dos países que ocupou.

Por meio da ocupação militar, colonização e supremacia financeira, os impérios construíram vastas fortunas, acumuladas em muitos países, enquanto a cultura do povo e os habitats foram destruídos.

Em 1913, o Império Britânico governava 23% da superfície do mundo e 412 milhões de sua população. Um quarto do globo.

BIDEN MENTE. EUA VÃO CONTINUAR NO IRAQUE

# Publicado em português do Brasil

Biden não está retirando as tropas do Iraque, ele está renomeando sua missão

A mudança serve apenas para reforçar as guerras eternas da América.

Annelle Sheline

Global Research, August 02, 2021

Responsible Statecraft

O primeiro-ministro iraquiano Mustafa al-Kadhimi e o presidente Biden  anunciaram esta semana que Washington encerrará sua missão de combate no Iraque até o final do ano. No entanto, esses soldados americanos de longa data não estão voltando para casa: muitos dos 2.500 militares americanos devem permanecer no país para fins de “treinamento e aconselhamento”.

Os Estados Unidos e o Iraque emitiram uma declaração conjunta em abril de que a missão de combate dos EUA estaria terminando, mas o cronograma permanecia incerto. O momento do anúncio recente parece ter a intenção de aumentar as perspectivas de Kadhimi nas eleições parlamentares de outubro - ele enfrenta demandas internas para expulsar as forças dos EUA, mas continua dependente do apoio americano para manter alguma aparência de controle.

Muitos dos grupos de milícias que ele agora luta para controlar inicialmente se reuniram  para lutar contra o chamado Estado Islâmico, ou Daesh, a partir de 2014. As Forças de Mobilização Popular, ou al-Ḥashd ash-Shaʿbī, muitos dos quais lutadores são xiitas iraquianos , foram apoiados pelos EUA e pelo Irã para derrotar o Estado Islâmico. A mobilização dessas milícias não teria sido necessária se Paul Bremer e o Pentágono não tivessem tomado a tola decisão de desmantelar os militares do Iraque após a invasão dos Estados Unidos em 2003, já que o Iraque ainda teria um exército funcional.

Zizek: diante do colapso climático, buscar o inusitado

# Publicado em português do Brasil

Filósofo busca no “comunismo de guerra” lições para puxar o freio de emergência do planeta: vontade política intensa para as mudanças urgentes; igualitarismo; prevalência das soluções coletivas – e a participação das pessoas comuns

Slavoj Zizek, no Contrainformación, com tradução na IHU Online* | em Outras Palavras

Os últimos dados deixam claro que, mesmo após a campanha de vacinação – muito desigual, por certo -, não poderemos relaxar e voltar à velha normalidade. Não só a pandemia não acabou – o número de infectados está aumentando novamente e nos aguardam novas quarentenas –, mas outras catástrofes se desenham no horizonte.

Em fins de junho de 2021, um domo de calor – fenômeno climático em que uma crista de alta pressão prende e comprime ar quente, fazendo com que a temperatura aumente até abrasar a região – no noroeste do Estados Unidos e o sudeste do Canadá fez com que as temperaturas atingissem limites de 50 graus. Por um momento, em Vancouver fez mais calor do que no Oriente Médio.

Essa patologia climática representa apenas o ponto mais alto de um processo geral. Durante os últimos anos, a Escandinávia do norte e a Sibéria atingiram frequentemente temperaturas de 30 graus. No dia 20 de junho, uma das estações meteorológicas da Organização Meteorológica Mundial registrou 38 graus em Verkhoiansk, Sibéria, ao norte do círculo polar ártico. A cidade russa de Oimiakon, considerada o lugar habitado mais frio da Terra, registrou 31,6 graus, em junho, a maior temperatura de sua história. Em síntese: “A mudança climática está cozinhando o hemisfério norte”.

Israel tornou a Faixa de Gaza uma prisão a céu aberto


Jornal Tornado | opinião

O Estado de Israel, por meio de medidas autoritárias e constantes agressões, tem feito da Faixa de Gaza um grande campo de concentração a céu aberto.

Gaza é uma das cidades mais antigas do mundo. Sua existência remonta ao século XV a.C. Nas línguas semíticas, seu nome significa “forte, feroz”, numa definição que, nos dias de hoje, representa muito bem o sentido da resistência de Gaza em se manter de pé diante de um inimigo poderoso, mas covarde e traiçoeiro.

O escritor Eduardo Galeano simplificou o apartheid que palestinos continuam sofrendo com o bloqueio imposto à Faixa de Gaza por Israel desde 2007. Ele escreveu que Gaza “tornou-se uma ratoeira sem saída, desde que o Hamas venceu as eleições de forma limpa em 2006” (1).

Durante esses 14 anos de bloqueio, a ocupação israelense tem privado os palestinos de seus direitos básicos, como o direito a uma vida decente, exercendo uma punição coletiva que pode ser considerada crime de guerra, de acordo com o Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário.

Israel transformou a Faixa de Gaza num lugar insuportável, conforme descrito pelas Nações Unidas, já que o cerco a transformou na maior prisão a céu aberto do mundo, recordando os campos de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial, tão utilizados pelos sionistas como forma de chantagear o mundo e encobrir os seus crimes. Além disso, o bloqueio caracteriza-se por ser um genocídio em câmera lenta dos palestinos de Gaza, somado ao sofrimento diário da vida sob o cerco e às repetidas agressões à Gaza, que só pioram as condições de vida dos moradores.

Desde 2007, Israel impede a entrada de centenas de tipos de bens e matérias-primas em Gaza, bem como a exportação para a Cisjordânia de muitos produtos industriais e agrícolas, devido ao fechamento da maioria dos acessos comerciais, sendo que alguns foram removidos completamente. Essa atitude é uma violação do Acordo Econômico de Paris, de 1994, e do Acordo de Travessia, assinado com os israelenses, sob os auspícios dos Estados Unidos e da Europa, em 15 de novembro de 2005, quando os colonos israelenses foram retirados da Faixa de Gaza.

O bloqueio israelense também gerou resultados mais terríveis para Gaza: 80% da população tem uma renda abaixo da linha da pobreza, 50% das pessoas sofrem com o desemprego e muitos moradores, incluindo estudantes, são sistematicamente proibidos de viajar.

Portugal: Não há dinheiro não há palhaços... nem bebés

Nunca nasceram tão poucos bebés nos primeiros seis meses do ano em Portugal

Em Janeiro e Junho, 37.675 bebés fizeram o "teste do pezinho", o número mais baixo desde que há registos do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.

O número bateu no fundo, entre Janeiro e Junho deste ano. O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) realizou 37.675 do chamado "teste do pezinho", que cobre a quase totalidade dos nascimentos em Portugal. Trata-se de um mínimo histórico, já que é o valor mais baixo desde que começaram os registos, há mais de 30 anos.

Em comparação com o período homólogo (Janeiro - Junho) de 2020, nasceram menos 4474 bebés.

Aliás, desde que o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge divulga informação mensal do "teste do pezinho", só por duas vezes, nasceram menos de 40 mil bebés, entre Janeiro e Junho. Aconteceu em 2013 e 2014, com cerca de 39 mil recém-nascidos.

BES-Novo Banco: Fraude "desenhada" para roubar portugueses

Comissão de inquérito do BES: a fraude, a balbúrdia e uma conclusão terrível

José Cabrita Saraiva | Jornal i | opinião

Esperávamos que a Comissão de Inquérito às perdas do BES pudesse ter esclarecido o que se passou para que assim fosse, mas parece que afinal os partidos limitaram-se a empurrar culpas uns para cima dos outros. 

Quando anunciou a ideia de separar o antigo BES em dois bancos, Carlos Costa, então governador do Banco de Portugal, explicou que tinha sido criteriosamente estabelecido um perímetro, uma espécie de cerca sanitária: do lado de dentro desse perímetro protegido ficava o “banco bom” (Novo Banco), com os ativos e a “parte saudável”, por assim dizer; do lado de fora ficava o “banco mau”, com as dívidas, os créditos incobráveis e os problemas. Parecia uma ciência exata.

Acontece que rapidamente se começou a perceber que afinal o banco bom não era apenas o “bife do lombo”, como os ingénuos poderiam ter pensado. Além dos ativos, havia também créditos malparados, imparidades, buracos bem profundos.

Ao ponto de o primeiro-ministro António Costa ter dito em 2019, com bastante graça e muito acerto, que “quando se fez a separação entre o chamado banco mau e o chamado banco bom, verdadeiramente o que ficámos foi com um banco mau e um banco péssimo”. Nem mais.

Portugal de baixa e com Centros de Saúde disfuncionais

Portugal de baixa. Cartoon de André Carrilho, em Diário de Campanha. Cartoons / RTP

Apesar da tão falada Libertação do Covid a realidade é que o país continua de baixa. Basta olhar ou querer consultar ou recorrer a determinados serviços para concluirmos que não funcionam ou que aproveitam o facto de o Covid-19 ter as "costas largas" e assim justificarem (sem razão) a inoperacionalidade, a falta de assistência, a falta de um funcionamento adequado e que em muitos casos - pela sua recusa - é flagrantemente inconstitucional. 

Por muito impossível que pareça é este o caso de muitos dos chamados Centros de Saúde, provavelmente a nível nacional mas que (pelo menos) em Lisboa e arredores é facilmente constatável, chegando ao pormenor de não atenderem os telefones que supostamente informariam os utentes das razões do seu mau ou não funcionamento.

Infelizmente, por experiência de muitos dos desesperados utentes dos serviços de saúde adstritos à denominada Segurança Social, o que se constata é que existem recusas de assistência médica a doentes que recorrem àqueles serviços - apesar de não terem sequer sintomas associados a contaminação por Covid-19 - padecendo claramente de doenças registadas desde há anos e que devem constatar na ficha do doente (caso de doenças respiratórias p. ex.). Apesar de tudo os ditos Centros recusam prestar a assistência devida e "empurram-nos" para hospitais, sejam crianças ou adultos com episódios habituais.

Pergunta-se: isto não é inconstitucional e não viola o tal inoperante juramento de Hipócrates por parte dos médicos(as)? Está ou não Portugal de baixa e o "sistema" a violar a CRP - Constituição da República Portuguesa?

Saliente-se que, conforme os portugueses experienciam, tal ocorre não só no citado caso da assistência à saúde da ARS Lisboa  mas também em muitos outros serviços públicos e empresas que aproveitam a "onda covid" para o doce "fare niente" - nem mais nem menos que o correto português do "deixa andar". E podem, tanto assim que é o que acontece na vida real.

Afinal Portugal está todo de baixa por vontade própria e/ou por vontade de alguns calaceiros e quejandos que se aproveitam desta fase covid?

MM / PG

Três décadas de liberalização económica

» Uma análise indiana que pode ser estendida ao resto do mundo

Prabhat Patnaik [*]

Fazem trinta anos desde a adopção pela Índia das políticas neoliberais, em 1991 – embora alguns datem a sua introdução ainda mais cedo, em 1985. Os jornais estão cheios de avaliações dos impactos destas políticas sobre a economia e muitos liberalizadores, desde Manmohan Singh até por aí abaixo, subitamente tornaram-se visíveis a louvarem a sua obra. Na melhor das hipóteses eles lamentam que os benefícios da liberalização tenham sido desigualmente distribuídos. Manmohan Singh disse recentemente que "uma vida saudável e dignificada para todos os indianos deve ser priorizada". Alguém pode perguntar o que é que o impediu de fazer isso quando estava ao leme do Estado.

Uma tal avaliação, de que a liberalização promoveu muito a taxa de crescimento do PIB e portanto melhorou a vida de quase todo indiano, levantando vastas massas das garras da pobreza absoluta, apesar de ter aumentado a desigualdade de rendimento e riqueza no país, seria aceite habitualmente não só pelos devotos da liberalização como também pelos seus críticos, incluindo mesmo alguns na esquerda. As diferenças, aparentemente, referem-se apenas ao peso que cada um dá à igualdade em relação ao crescimento. Os liberalizadores argumentariam mesmo que os malefícios da desigualdade desapareceriam se a taxa de crescimento na economia reanimasse e aumentasse, pois os "espíritos animais" dos capitalistas que determinam quanto investimento fazem têm de ser promovidos. E o governo Modi afirmaria que promover os "espíritos animais" dos capitalistas é precisamente o que está a fazer através das suas políticas anti-laborais e anti-campesinato, algumas das quais o Congresso, apesar de não ter uma análise diferente, curiosamente se opõe. Assim, a alegação das instituições de Bretton Woods de que existe um amplo "consenso" sobre as políticas neoliberais entre os principais partidos políticos parece também estender-se à avaliação dos seus efeitos na economia ao longo das últimas três décadas.

Contudo, toda esta percepção é errada devido a pelo menos duas razões. A primeira, vê o sector capitalista da economia como sendo mais ou menos independente, destacado do resto da economia, cujo principal efeito sobre o seu ambiente circundante é simplesmente atrair cada vez mais trabalho do mesmo – e o lamento é que não tenha feito isso suficientemente. Na realidade, contudo, a acumulação dentro do sector capitalista invariavelmente choca-se com mundo exterior existente de múltiplas formas. Ele atrai não só trabalho do mundo ao mundo exterior a si, o que numa economia com reservas maciça de trabalho é uma coisa boa, como também terra e outros recursos incluindo recursos orçamentais (exemplo: subsídios a capitalistas para promoverem os seus "espíritos animais" ocorrem a expensas de subsídios para a agricultura camponesa que tradicionalmente tem contribuído para a sua viabilidade). E o crescimento do sector capitalista também puxa a procura para longe dos sectores tradicionais.

A ajuda

Gustavo Carneiro *

A actual fase da ofensiva imperialista contra Cuba usa todos os meios, e apoia-se na mais desavergonhada manipulação mediática, como acontece no nosso país. Inclui a cínica proclamação de que querem «ajudar». O povo cubano tem uma longa experiência de tal «ajuda», mesmo de muito antes da revolução. Nomeadamente dos tempos em que a ilha não era mais do que um bordel e um casino para diversão de magnatas e mafiosos norte-americanos.

Os EUA querem ajudar Cuba. Os mesmos que, não há muito, impediram um navio de abastecer a ilha com máscaras e ventiladores provenientes da China exigem agora a abertura de um corredor humanitário. Aqueles que obstaculizam (e encarecem) o fornecimento de combustível, impedem a aquisição de vacinas, medicamentos e equipamentos clínicos e procuram travar o auxílio médico internacional cubano, culpam as autoridades da ilha socialista pela crise e reclamam mudanças políticas profundas: o fim da Revolução e a restauração do capitalismo, que ali como noutros locais chamam de democracia.

Por cá, os papagaios do costume – de Nuno Rogeiro a Ana Gomes, passando pelo inevitável Augusto Santos Silva e pelos responsáveis dos principais jornais, rádios e televisões – replicam com a habitual subserviência a narrativa imperial(ista): ignoram o bloqueio e os seus dramáticos efeitos, inflaccionam a real expressão dos protestos e ocultam as intrincadas mas evidentes teias que os ligam às agências de subversão norte-americanas, escondem as manifestações massivas de apoio à Revolução realizadas nas principais cidades do país.

Mais lidas da semana