quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

“PROPOSTA AGRESSIVA” RUSSA: MOSCOVO PROPÕE A PAZ

Manlio Dinucci*

Há vários meses que os dirigentes da Aliança Atlântica denunciam a preparação de uma invasão russa da Ucrânia. No entanto, Moscovo nega-o e justifica, sem dificuldade, os seus movimentos de tropas. Finalmente, o Conselho de Segurança russo acaba de clarificar publicamente a sua posição. Publicou um projecto de Tratado de Paz que satisfaria qualquer pessoa sensata. No entanto, desta vez, é Washington que já não responde, porque este projecto evidencia a sua duplicidade

A Federação Russa entregou aos Estados Unidos da América, em 15 de Dezembro, o projecto de um Tratado e de um Acordo para aliviar a tensão crescente entre as duas partes. Os dois documentos foram tornados públicos, em 17 de Dezembro, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo [1]. O rascunho do Tratado estipula, no Artº 1, que cada uma das partes "não empreenda qualquer acção que afecte a segurança da outra parte" e, no Artº 2º, que "procurará assegurar que todas as organizações internacionais e alianças militares em que participe, adiram aos princípios da Carta das Nações Unidas".

No Artº 3, as duas partes comprometem-se "a não utilizar os territórios de outros Estados com o objectivo de preparar ou realizar um ataque armado contra a outra parte". O Artº 4 prevê, também, que "os Estados Unidos não estabelecerão bases militares no território dos Estados da antiga URSS, que não são membros da NATO" e "evitarão a adesão de Estados da antiga URSS à NATO e impedirão a sua expansão para o Leste". No Artº 5 "as partes irão abster-se de destacar as suas forças armadas e armamentos, inclusive no âmbito das alianças militares, em áreas onde tal destacamento possa ser compreendido pela outra parte como uma ameaça à sua segurança nacional". Assim, "devem abster-se de fazer voar bombardeiros equipados com armas nucleares ou não nucleares e de posicionar navios de guerra em áreas, fora do espaço aéreo nacional e das águas territoriais, a partir das quais possam atacar alvos no território da outra Parte".

China avisa que EUA pagarão "preço insuportável" pelo apoio a Taiwan

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China avisou que Estados Unidos estão a colocar a ilha numa "situação extremamente perigosa".

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China avisou esta quinta-feira que os Estados Unidos estão a arriscar vir a pagar um "preço insuportável" pelo seu apoio a Taiwan, que disse colocar a ilha numa "situação extremamente perigosa".

Numa entrevista à televisão estatal e à agência de notícias oficial Xinhua, Wang Yi acusou Washington de encorajar a independência de Taiwan, uma ilha que Pequim considera uma das suas províncias, embora seja governada separadamente desde 1949.

"Isto não só colocará Taiwan numa situação extremamente perigosa, mas também colocará os EUA perante um preço insuportável", advertiu Wang, citado pela agência de notícias France-Presse.

Taiwan foi o refúgio das forças do Partido Nacionalista Chinês (Kuomintang) depois de perder a guerra civil com os comunistas em 1949, que, desde então, reivindicam a soberania daquele território.

A ilha fez a transição para um sistema democrático na década de 1990.

A China nunca excluiu a possibilidade de utilizar a força para estabelecer a sua soberania sobre Taiwan e, nos últimos meses, intensificou as incursões aéreas na zona de identificação de defesa da ilha.

CENTENAS DE BALEIAS AZUIS PIGMEIAS VIAJAM PELO ESTREITO DE TIMOR

Centenas de baleias azuis pigmeias viajam pelo estreito de Timor-Leste todos os anos, concluiu o projeto de monitoramento

Will Jackson | ABCNews

Em Díli, as pessoas dizem que uma boa forma de passar a tarde é sentar-se num café com um cappuccino e observar a passagem das baleias azuis. A questão é que eles estão apenas meio brincando.

Todos os anos, entre setembro e dezembro, centenas de baleias azuis pigmeus fluem através da estreita mas espetacularmente profunda trincheira submarina entre Timor-Leste e as ilhas ao norte.

Na sua parte mais estreita, perto de Díli, o Estreito de Ombai-Wetar tem apenas cerca de 20 quilómetros de largura e os recifes costeiros despenham-se em penhascos submarinos íngremes a uma profundidade de mais de 3 quilómetros.

Você pode identificar facilmente os enormes cetáceos, geralmente reclusos, da costa conforme eles passam, às vezes a 100 metros.

A área há muito é conhecida como um bom lugar para observar a vida marinha - incluindo outras espécies de baleias e golfinhos - mas só agora, graças a um programa de monitoramento anual de longo prazo, é que foi descoberto o grande número de baleias azuis que por ali passam.

E embora isso seja uma ótima notícia para os pesquisadores de baleias e para a indústria do turismo marinho local, algumas das observações que os cientistas fizeram são preocupantes para o futuro da espécie.

FORTE SISMO ATINGE TIMOR-LESTE, SEGUIDO POR RÉPLICAS

Tremor de magnitude 7,3 com epicentro a 121 quilómetros a nordeste da ilha de Timor. (ontem, 29dez2021)

Um sismo de 7,3 (magnitude ainda provisória) na escala de Richter atingiu esta tarde Timor-Leste (cerca das 03.25 da madrugada local, 18.25 em Portugal), segundo o USGS, agência sísimica norte-americana que monitoriza toda a atividade geológica no mundo.

Segundo a mesma fonte, o abalo teve origem numa falha a 166,9 km de profundidade. O epicentro deu-se a 121 km a nordeste da cidade de Lospalos, situada 248 km a leste de Dili.

O sismo foi já seguido por duas réplicas, no espaço de uma hora e meia, segundo os registos da USGS: uma de 4,9 na escala de Richter e outra de 4,6.

Cabo Delgado: Qual é o valor da vida dos soldados moçambicanos?

Os números das baixas no Exército moçambicano são um exclusivo do Governo. O povo que o elegeu não tem estado a merecer uma satisfação, o que desencadeia contestações, mais ainda quando números de mortes chegam de fora.

A 23 de dezembro, os moçambicanos ficaram a saber, através de um comunicado da Missão Militar da SADC (SAMIM), que dois compatriotas de farda morreram no guerra contra os insurgentes em Cabo Delgado. A informação indignou a sociedade por ter chegado de fora, sendo que dentro de casa há autoridades competentes para o fazer.

André Thomashausen, especialista alemão em direito internacional, chama o Governo à responsabilidade: "Penso que num Estado moderno que gostaria de ser respeitado como um Estado de direito existe um legítimo e muito importante interesse da opinião pública e dos cidadãos em saber exatamente qual é a o sacrifício que Moçambique está a sofrer em Cabo Delgado."

"Para as ONG é muito difícil entender o secretismo que o Governo da FRELIMO está a seguir, recusando a fornecer números sobre as baixas, recusando a identiifcar as pessoas que ficaram feridas e que possivemente perderam a vida", acrescenta Thimashausen. 

Polícia investiga morte de jornalista angolano encontrado sem vida em casa

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola está a investigar a morte do jornalista Salgueiro Vicente, encontrado sem vida na sua residência na quarta-feira. Corpo será agora submetido a perícia médico-legal.

Salgueiro Vicente, 35 anos, jornalista da Rádio da Ecclésia - Emissora Católica de Angola, foi encontrado morto no interior da sua residência, em Luanda, na madrugada de quarta-feira (29.12). Uma fonte familiar admitiu tratar-se de "morte súbita".

O cadáver do jornalista angolano encontra-se na Morgue Central de Luanda.

O SIC, que manifesta a sua consternação, afirma numa nota que o corpo "será submetido à perícia médico-legal para efeitos de determinação das reais causas da morte" do jornalista.

2021: ANO DE RECUO DAS LIBERDADES EM ANGOLA

Em Angola, houve uma regressão no exercício das liberdades de imprensa, reunião e manifestação em 2021. Também a liberdade científica e académica está na "posição vermelha", alertam ativistas e jornalistas.

No que toca às liberdades de reunião e manifestação, João Malavindele, coordenador da ONG Omunga, sedeada em Benguela, diz que foi um ano em que os cidadãos tentaram, mais uma vez, exercer os seus direitos para protestar contra as políticas públicas do governo. Porém, reprimidos pelas forças de defesa e segurança. Houve repressão de manifestações em Luanda, Benguela, Lunda Norte e Cabinda, com registo de feridos e mortes.

João Malavindele revela que, em 2021, mais de 50 % dos protestos ou tentativas, foram reprimidos em Angola. "Este ano fica marcado com a intervenção das forças de defesa e segurança. Na tentativa de impedir ou inviabilizar uma manifestação, acabaram por fazer vítimas mortais. Temos o exemplo do caso de Cafunfo, que até hoje ainda se clama por uma explicação de tudo que aconteceu no terreno", lembra.

São Tomé e Príncipe decreta "estado de calamidade" devido a chuvas

Governo são-tomense decreta estado de calamidade, por 15 dias, devido às chuvas torrenciais que atingiram o país na terça-feira (28.12). Há mortos e desaparecidos a lamentar.

Segundo anunciou o Governo são-tomense nesta quarta-feira (29.12) o país foi ontem, dia 28 de dezembro, fustigado por chuvas torrenciais. As consequências são "bastante gravosas ao nível nacional", segundo afirmou o chefe do executivo, Jorge Bom Jesus, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

"Decidimos declarar estado de calamidade para os próximos 15 dias. Acionámos um fundo de contingência para fazer face às despesas e poder apoiar nalguns casos algumas famílias", referiu.

Morte e desaparecidos

O primeiro-ministro lamentou "a perda de uma vida humana e alguns desaparecidos", e deu conta de estradas cortadas de norte a sul do país, pontes partidas e deslizamentos de terras.

O comissário da Proteção Civil, Edson Bragança, adiantara, hoje, que as chuvas intensas provocaram a morte de duas crianças, tendo um dos corpos sido já recuperado.

O chefe do Governo, Bom Jesus, anunicou que foi criada uma equipa "para proceder ao levantamento dos danos causados pela intempérie".

"Neste momento estamos de facto a tomar todas as medidas necessárias. As equipas estão a trabalhar. Ainda esta tarde estaremos no terreno", garantiu o primeiro-ministro, acrescentando que estão a ser mobilizados o setor privado e as forças militares e paramilitares.

"Tudo no sentido de podermos mitigar o sofrimento das pessoas e podermos reatar a normalidade", disse.

FELIZ 2022! Como?!

Covid-19 | Redução de isolamento e aumento de casos, mortes e hospitalizações


DGS reduz isolamento de assintomáticos e contactos de risco para sete dias

A Direção-Geral da Saúde anunciou, esta quinta-feira, a redução do isolamento de casos positivos de covid-19 assintomáticos e contactos de alto risco para sete dias, em vez dos atuais dez dias. A medida entra em vigor nna próxima semana.

"Esta decisão está alinhada com orientações de outros países e resulta de uma reflexão técnica e ponderada, face ao período de incubação da variante agora predominante, a ómicron", lê-se num comunicado divulgado esta quinta-feira.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) adianta que informou o Ministério da Saúde sobre a redução do período de isolamento profilático e que "a operacionalização desta decisão técnica, pela necessidade de atualização de normas e de reparametrização do sistema de informação, estará concluída o mais brevemente possível, no decurso da próxima semana".

Estudos indicam que a nova variante ómicron tem um tempo de incubação mais curto (cerca de três dias) e que a duração da doença é também mais curta.

Com o aumento de casos a atingir números recorde, estima-se que Portugal poderá ter meio milhão de pessoas isoladas na próxima semana.

Até agora, "o fim do isolamento profilático corresponde ao 14.º dia após a data da última exposição de alto risco ao caso confirmado" mas, para contactos de alto risco assintomáticos, o isolamento termina se tiverem resultado negativo num teste realizado ao 10.º dia.

Madeira reduziu, na quarta-feira, para cinco dias o isolamento de infetados assintomáticos com covid-19 e de quem contactou com casos positivos, acabando mesmo com a quarentena de contactos vacinados com a terceira dose.

Também os Estados Unidos reduziram o isolamento para cinco dias. Inglaterra e Espanha encurtaram os períodos para sete dias.

Jornal de Notícias

Internados ultrapassam os mil em dia com novo recorde de casos

É um novo recorde de casos diários no país: em 24 horas registam-se 28.659 infeções por SARS Cov-2 e 16 pessoas perderam a batalha contra a covid-19. Hospitalizações superaram a barreira das mil: há 1034 pessoas a receber cuidados hospitalares, mais 63 do que ontem.

Pelo terceiro dia consecutivo, Portugal atingiu um novo máximo diário de casos. Depois dos 26.867 de quarta-feira, o mais recente boletim epidemiológico regista 28.659 novos infetados e 16 mortes. De recordar, contudo, que o elevado número de infeções já era previsível, tendo em conta a testagem em massa que se tem verificado durante a época festiva.

Estes números elevam para 1.358.817 o total de casos confirmados desde março de 2020. Desde o início da pandemia morreram 18.937 cidadãos e 1.181.456 recuperaram, 6239 deles nas últimas 24 horas. O número de casos ativos aumentou para 158.424, mais 22.404 do que ontem.

Jornal de Notícias

Portugal | Cortar apoios para criar emprego. Onde é que já ouvimos isto?

José Soeiro* | Expresso | opinião

Já foi assinalado por várias pessoas, nomeadamente no Expresso, mas vale a pena insistir. As declarações de Rui Rio, que escolheu dizer que o problema do emprego em Portugal é haver apoios sociais a mais, o que justificaria as queixas dos patrões acerca da falta de mão de obra em determinados setores, são todo um programa. Pelo que afirmam, pelo que sugerem e pelo que ocultam.

Comecemos pelo que ocultam: a proteção social em Portugal não é demais, é de menos. Quase 40% dos desempregados oficialmente registados em novembro, não têm acesso a subsídio de desemprego: 132.461 pessoas inscritas nos centros de emprego não tinham direito a proteção no desemprego e a estas somam-se as que não estão sequer inscritas. Mais de metade das que tinham acesso ao subsídio (60%, ou 131.223 beneficiários) recebia 500 euros ou menos, isto é, um valor inferior ao limiar de pobreza, que anda nos 540 euros. Ou seja, temos uma baixa cobertura do subsídio de desemprego e temos valores que são, na maioria dos casos, condenações à pobreza. Com o Rendimento Social de Inserção (a prestação social mais fiscalizada do nosso sistema de proteção social), a questão é ainda mais gritante. Em novembro, recebiam-no 97 mil famílias. O valor médio por família era de 261 euros (menos de metade do limiar de pobreza) e o valor médio por beneficiário era de 119,5 euros. Ou seja, uma condenação à miséria.

A ideia de que temos um sistema de proteção social faustoso, que dá às pessoas pequenas fortunas que lhes permitem viver acomodadas no apoio do Estado é falsa. Até a OCDE, guardiã zelosa das leis da troika e da sua lógica austeritária, apontava como “prioridade para a governação” no seu último relatório, ainda este mês, alargar o acesso aos subsídios de desemprego e aumentar o nível e a cobertura das prestações de rendimento mínimo…

ANTÓNIO COSTA ASSEMELHA-SE AOS SOUTIENS CAICAI?

Hoje, aqui no PG, retomamos o espreitar no Expresso Curto. A lavra é de Miguel Cadete. A publicação, como devem saber, é do Grupo Impresa, do decano e mui nobre tio Balsemão – entre outros ilustres que possuem o controle da informação e até do conhecimento. Exageros? Enfim…

Ficamos a saber neste Curto de hoje que o Expresso da semana saiu mais cedo e que já está nas bancas. Daqui a pouco lá iremos, ao quiosque.

Cadete abre a prosa a fazer-nos lembrar soutiens caicai. Há os com alças e os sem alças. Caicai António Costa mora na sondagem que o Expresso refere. Costa está a cair porque Rui está a subir… nas sondagens? “Sondagem dá PSD a apenas 7% do PS”, escreve Cadete, expressamente. O melhor é ler e meditar. Ainda Cadete: Que em “terceiro lugar na intenção de voto dos portugueses relativamente às eleições legislativas de 30 de janeiro está o Chega”. Ora bem. Percebem porque se refere com tanta insistência que estamos mesmo, mesmo à beira do regresso do fascismo instituído e descaradamente praticado? E os portugueses, demasiados, estão a demonstrar via sondagens que até se inclinam a votar num partido que oculta as suas bases programáticas, a realidade daquilo a que vem, num propósito fascista e racista comportado no seu âmago. Enfim. Claro que também é verdade que a comunicação social, jornalistas, o tem promovido até mais Chega… Pois.

Outras abordagens 'curtas' pode ler aqui ou folheando o Expresso. Concluímos que já vamos longos nesta abertura de introdução ao Curto. Ficamos por aqui. Bom fim de semana, se conseguirem. Cuidem-se e mantenham a vossa saúde a par da paciência.

MM | PG

PORTUGAL SEM SAÚDE. “ESTÁ TUDO BEM O TANAS!”

Barafunda na saúde, centros de saúde inoperacionais, fomento de ajuntamentos… Lastimável. É evidente que urge reforçar o SNS e pô-lo a funcionar de acordo com as enormes carências que lhe têm causado com desorganizações e cortes…

Ao que dizem e parece, nesta vaga covid-19/omicron ainda a procissão vai na praça, ou seja: vem aí um pico gigantesco de casos de contágio/positivos. No dizer de “sábios” e “doutos” altos responsáveis que vemos, ouvimos e lê-mos “até está tudo a funcionar muito bem, quando muito a precisar de uns ajustes nos serviços”… Nada mais falso, como nos podemos aperceber no texto a seguir. Lastimável. Barafunda. Incompetência que na anterior grande vaga covid-19 não aconteceu tanto como atualmente.

A barafunda na saúde está mais que instalada. O Saúde 24 é o que é – há dezenas de milhares sem conseguir contactar o serviço. Os Centros de Saúde estão inoperacionais, muitos nem deixam entrar os doentes em busca de consulta e esclarecimentos, a vacinação é realizada em locais centralizados que favorecem os ajuntamentos, as demoras, o desconforto, a deslocação para zonas distantes, assim como os respetivos e eventuais contágios, etc., etc..

E vai daí, perante a barafunda, dizem os ditos “sábios” da política, da saúde e das infraestruturas, os que decidem, que “está quase tudo bem e controlado”? Grande mentira.

Como muitos afirmam, nos ajuntamentos de horas de espera: “Está tudo bem o tanas!” (PG)


SNS24. Chamadas sem resposta e 'positivos' que não o conseguem reportar

Luís Goes Pinheiro, presidente dos SPMS, adianta que o organismo está pronto "para lidar com variações muito significativas", mas que o aumento no fluxo de telefonemas se trata de "uma situação nova".

Se no início de dezembro a Linha SNS24 atendia 70 mil chamadas por semana, esse número é, agora, registado diariamente. Aliás, segundo as estimações dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), o valor está acima das 100 mil. Cerca de 30 mil telefonemas ficam sem resposta todos os dias, com os ‘positivos’ à Covid-19 sem forma de o reportar.

Ainda que os números de requisições de testes PCR e de declarações de isolamento sejam elevados – foram, respetivamente, 33.500 e 24.100 só esta terça-feira – a RTP avança que muitas pessoas que testam positivo à Covid-19 ficam dias sem o conseguir reportar.

Na verdade, no passado dia 27, a SIC Notícias alertou que os utentes esperam horas para serem atendidos e que quem tem ligado é logo convidado a desligar.

“Estimamos, neste momento, estarmos a receber na linha acima das 100 mil chamadas por dia. E, portanto, estimamos estar a atender cerca de dois terços das chamadas que recebemos”, informa Luís Goes Pinheiro, presidente dos SPMS, em entrevista à SIC Notícias.

O responsável adianta que o organismo está pronto “para lidar com variações muito significativas”, mas que o aumento no fluxo de telefonemas se trata de “uma situação nova”.

Nesse sentido, ao total de cinco mil colaboradores juntar-se-ão mais 750 elementos até ao final da segunda semana de janeiro, apesar da escassez de profissionais disponíveis para prestar serviço no ‘call center’.

Ricardo Mexia, presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública, defendeu ontem que deveriam ter sido antecipados os reforços agora anunciados, uma vez que "a Linha SNS24 não tem a capacidade necessária, como se tem constatado nestes últimos dias, e naturalmente que aquilo que são os meios alocados para o rastreio dos contactos também não é suficiente para esta magnitude de casos", disse o responsável, à Lusa.

O especialista acrescenta que "ou há efetivamente uma alteração naquilo que é a abordagem do problema, ou então tem que haver uma significativa mobilização de meios para fazer face a estas necessidades".

Daniela Filipe | Notícias ao Minuto

Pneumologistas contra paragem na vacinação e preocupados com ajuntamentos

Paragens podem ser uma explicação para os ajuntamentos que se têm verificado nos centros de vacinação.

Os centros de vacinação não deviam fechar no Ano Novo. É a opinião de António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que lamenta o encerramento dos centros numa altura em que continuam a subir os casos de Covid-19 e admite que agora pode ser tarde para alterar a medida decretada pelo Governo, mas critica a paragem nos dias de Natal e Ano Novo.

"Embora se entenda que, de facto, se tenha de dar algum espaço aos profissionais que diariamente trabalham nesta área, obviamente que estamos numa fase em que é muito importante a continuação da vacinação numa fase acelerada. Neste momento acho que já não seria possível fazer porque as equipas precisam de ser escaladas com alguma antecedência, mas os centros não deviam ter nenhuma interrupção. Isso era o ideal", explicou à TSF António Morais.

As paragens podem ser uma explicação para os ajuntamentos que se têm verificado nos centros de vacinação. António Morais está preocupado com esses aglomerados também nos centros de testagem.

"As pessoas deslocam-se e estão em aglomerados grandes de pessoas, o que contradiz todo o ambiente restritivo que estamos a viver nesta semana. Torna-se até um pouco caricato e, por outro lado, há a questão de haver pessoas que se deslocam e que, pelo tempo de espera, acabam por desistir de fazer a dose de reforço. Quer o maior risco de infeção que decorre de estarem aglomerados, quer a possibilidade de desistirem da administração desta dose são duas consequências que interessa, de todo, evitar", afirmou o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Questionado sobre uma eventual mudança nas regras de isolamento, António Morais defende uma revisão da estratégia, mas com uma ressalva.

"Desde que as autoridades já tenham essa informação e que essa informação revele que se pode dar esse passo com segurança, o passo pode ser dado. Depois convém precisar exatamente quem é que define o indivíduo assintomático. Essa questão não pode ser definida pelas próprias pessoas porque isso, provavelmente, não correrá bem", acrescentou António Morais.

Cristina Lai Men com Cátia Carmo | TSF

LEIA AQUI TUDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 -- TSF

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