domingo, 2 de janeiro de 2022

ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO PARA ÁFRICA SEM MUITO SUCESSO

Um ano depois de entrar em vigor, o acordo de livre comércio para África tem pouco sucesso. A pandemia contribui para a interrupção das cadeias de transporte de produtos. Mas a digitalização está a ter sucessos.

O acordo de livre comércio africano está, de facto, a preparar-se para comemorar o seu aniversário, pois foi a 1 de janeiro de 2021 que 54 Estados membros assinaram o acordo sobre a "Área de Livre Comércio Continental da África" (AfCFTA, na sigla inglesa). Apenas a Eritreia não aderiu ao acordo, através do qual os chefes de Governo esperavam intensificar o comércio dentro de África e, portanto, criar mais prosperidade e igualdade social para os povos.

Os efeitos práticos do acordo ainda são reduzidos após o curto período de tempo, diz Matthias Boddenberg, chefe da Câmara de Comércio e Indústria Alemã para a África Austral em Joanesburgo. A pandemia de Covid-19 teve efeitos negativos, sobretudo no que diz respeito ao funcionamento das cadeias de transporte de produtos.

O grande potencial 

Heiko Schwiderowski, especialista em África da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK), em entrevista à DW África, afirma que ainda é cedo para fazer um balanço sobre a Área de livre Comércio em África. Schwiderowski prefere falar do potencial de um mercado africano único e unido, tanto para os países africanos, como para economias orientadas para a exportação, como a alemã.

"Com 1.300 milhões de habitantes, a zona de livre comércio da África oferece um grande potencial para as empresas alemãs", referiu Schwiderowski.

Segundo o especialista há ainda grandes esperanças de que os 54 países cresçam juntos para formar um mercado único. Schwiderowski afirma que, em 2021, "o comércio alemão com os países africanos se desenvolveu positivamente: as importações da África para a Alemanha provavelmente aumentarão 40%, as exportações da Alemanha para a África cerca de 20%."

Impulso digital

A pandemia do coronavírus trouxe bastantes problemas para o comércio. No entanto, a crise também teve uma vantagem: o fluxo de informações é melhor graças ao impulso digital, o que contribuiu para que muitos projetos tivessem sido implementados mais rapidamente do que previsto. O comércio intra-africano está a ser promovido por novos instrumentos digitais que melhoraram a logística e os procedimentos alfandegários, dizem os especialistas.

Um ano após o início do acordo de livre comércio, ficou claro que o ponto de partida em janeiro passado foi principalmente um ato simbólico, afirma Christoph Kannengießer, diretor-gerente da associação de empresas alemãs com relações com África, a "Afrika Verein",  em entrevista à DW.

"Este mercado será o maior do mundo em termos de número de participantes. Trata-se de um mercado em crescimento, com um produto interno bruto de 2,5 mil milhões de dólares, um valor considerável", disse Kannengießer.

Martina Schwikowski | Deutsche Welle

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