segunda-feira, 18 de abril de 2022

O CORO DOS FALIDOS ENLOUQUECIDOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Diário de Notícias publicou um recado para o Executivo da República de Angola, enviado pelo Tio Célito e o chupista António Costa. O recadeiro foi um obscuro João Ribeiro-Bidaoui. Aquilo já foi um jornal mas agora é papel sujo por mãos de analfabetos insanáveis. A mukanda serviu para abrir caminho a um tal João Gomes Cravinho que herdou do pai o lugar de ministro dos negócios com os estrangeiros do governo de Portugal e chegou hoje a Luanda. 

Leiam o recado: “Portugal tem doado centenas de milhões de euros em ajuda ao desenvolvimento dos países africanos de língua oficial portuguesa. Só o Programa de Cooperação 2018-2022, com apenas um desses nossos parceiros privilegiados, Angola, custou 535 milhões de euros. Para Moçambique, e até 2026, estão previstos mais 170 milhões de euros. A que acrescem reestruturações e perdões da dívida externa que, e apenas no que respeita a Angola, totalizaram, em 2004, 561 milhões de euros”. Se o recado fosse escrito pelo ditador Salazar, chefe do pai do Tio Célito, acabava assim: Pretos caloteiros!

O tal Cravinho a esta hora já se encontrou com sua excelência o ministro Téte António e quanto a negócios deve ter deixado tudo em pratos limpos: Nós continuamos com a técnica de roubar no peso e na medida. Quem se porta mal vai para debaixo da terra, nas cordas, para o Missombo, Tarrafal ou São Nicolau. Cuidado com o cão! O moço de recados do Diário de Notícias fez por ele o relatório: 

“Ora, no passado dia 2 de Março, membros da CPLP (Angola, Guiné-Equatorial, Guiné-Bissau e Moçambique) representaram 10% do pequeno grupo de países que na Assembleia Geral das Nações Unidas não votaram a favor da Resolução que condenou a invasão da Ucrânia. E a 7 de Abril, apenas dois membros da CPLP, Portugal e Timor-Leste, se juntaram à larga maioria que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU”.

Se o recado fosse escrito pelo antigo governador-geral de Moçambique e último ministro do ultramar do governo colonialista e fascista acabava assim: A Bem da Nação. 

Os pretos só vão lá com porrada e trabalhos forçados. Votem contra a Rússia ou pagam a dobrar o imposto do cão, da filha, da máquina de costura, da cubata, do molho, do conduto e do funje. E ainda têm de trabalhar nas brigadas da estrada ou nas granjas do senhor chefe do posto, com chicotadas no lombo desferidas pelos sipaios. O Cravinho a esta hora já disse ao que vem e não me consta que lhe tenham cuspido. Os angolanos são hospitaleiros e tolerantes mesmo com um ministro que trata dos negócios com os estrangeiros, de chicote na mão e recados no Diário de Notícias. Imaginem que era eu a receber o animal no aeroporto! Nem escada tinha para descer do avião. 

Os falidos estão loucos. Pensam que os angolanos continuam às suas ordens. Confundem Angola com Andorra e Luanda com Olivença. Os da União Europeia ficaram sem dinheiro para pagar petróleo. Destruíram o Iraque, mataram o Chefe de Estado e agora roubam o petróleo. Não chegou. A OTAN (ou NATO) destruiu a Líbia, assassinou o Chefe de Estado e agora roubam o petróleo. Tentaram fazer o mesmo no Irão. Falharam. Repetiram a dose com a Venezuela mas só conseguiram o Juan Guaidó, um obscuro activista da extrema-direita venezuelana. Insistiram na Síria, apoiando terroristas. Fracassaram. Estão de tal forma enfraquecidos que os talibãs lhes deram uma surra das antigas no Afeganistão. Ficaram tão desesperados que se viraram contra a maior potência militar do mundo. Os falidos estão loucos.

Quanto ao Cravinho, era bom que alguém lhe explicasse, se for possível com desenho, o que se passou em Angola, entre 1961 e 2002. Enquanto os colonialistas e fascistas portugueses matavam angolanos na guerra colonial, a União Soviética dava apoio político, financeiro e militar ao MPLA política. Angola só chegou à Independência Nacional graças a esses apoios.

Entre 1975 e 1988, a União Soviética apoiou a República Popular de Angola na Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Apoio político, financeiro e militar. A derrota do regime de apartheid da África do Sul e a sua capitulação com os Acordos de Nova Iorque só foi possível graças ao apoio de Cuba e da União Soviética.

Entre 1992 e 2002, A República de Angola teve de defender o regime democrático da rebelião criminosa de Jonas Savimbi. A Federação Russa colocou-se ao lado de Angola enquanto Portugal apoiou com unhas e dentes os criminosos de guerra da UNITA.

Com este desenho o Cravinho dos negócios com os estrangeiros ainda não vai lá. Falta a parte mais importante. Se Portugal transferir para Angola toda a riqueza que produz anualmente durante mil anos, ainda fica a dever mais 10 mil anos do total que deve aos angolanos. E nesta conta não incluo o negócio da escravatura eu apesar de todos os truques durou praticamente até ao 25 de Abril de 1974.  

Portugal nunca deu nada a Angola. Só roubou, saqueou, matou, prendeu, torturou. Sabem qual foi a maior riqueza que deixaram? As prisões, os campos de concentração e os quartéis vazios. Sabem qual foi a obra mais visível que fizeram? Mais de 95 por cento de analfabetos. Expliquem isso ao Cravinho, mas devagarinho. Essa gente pensa mal ou simplesmente não pensa. Estou cansado do banditismo político. Metam na vossa cabeça que os brancos conseguiram o impensável: Falir o planeta!  

Saquearam África. Saquearam a Ásia. Saquearam a América Latina. Venderam seres humanos como se fossem animais. Cometeram terríveis genocídios. Levaram a guerra a todos os continentes com a cruz de Cristo à frente. Inventaram o racismo e a xenofobia. Nos últimos 15 anos perderam tudo, até a compostura de colarinhos brancos. E agora estão enlouquecidos. Tão loucos que nos mandaram o Cravinho cobrar votos a favor da Ucrânia, país que se distinguiu no apoio à rebelião criminosa de Jonas Savimbi.

* Jornalista

Na imagem: Marcelo Rebelo de Soua (tio Celito), António Costa, João Gomes Cravinho (recuado) // Nuno Cruz, Nurfoto, via Getty Images (redimensionado por PG) 

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