segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A NAZIFICAÇÃO DE ANGOLA E DO MUNDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Guerra na Ucrânia. Conflito começou exactamente há sete meses. Isto é o que dizem os Media ocidentais todos. Não há excepções. As autoridades de Kiev entraram em guerra contra as Repúblicas Populares do Leste em Março de 2014. Pelo caminho massacraram cidadãos russófonos em Odessa e Mariupol. Em 2021, o comissariado da ONU para os Direitos Humanos registava a morte de milhares de civis e dezenas de milhares de refugiados. Kiev disparava contra o seu povo! Uma guerra civil terrível.

Os Media Ocidentais dizem que o povo da Federação Russa não sabe o que se passa na Ucrânia porque existe censura. Os cidadãos da Europa e dos EUA não sabem o que se passa na Ucrânia porque existe uma censura férrea da Redacção Única. Só existe propaganda e péssima. Hoje falou na Assembleia Geral da ONU o ministro russo das relações exteriores, Lavrov. Em Portugal, o canal SIC traduziu o discurso para inglês. A CNN Portugal pôs um rapazola e dizer umas frases e no fim disse que emitiram o discurso com “tradução simultânea”. 

As organizações dos jornalistas têm o dever de intervir contra a censura e a manipulação, mas primam pelo silêncio cúmplice. Os Media de todos os países ocidentais, mesmo os pedintes, mandam “jornalistas” à Ucrânia. Nem um até hoje ouviu deputados da Oposição. Membros de sindicatos e das chamadas organizações da sociedade civil. Ontem foi libertado o líder da Oposição e nem um Media ocidental deu essa informação. Chamaram-lhe muitos nomes mas não foi apresentado como um deputado eleito que está contra a adesão da Ucrânia à União Europeia e à OTAN (ou NATO). Não existe. Matam quem não pensa como eles.

As mentiras e falsificações sobre a Ucrânia vão acabar mal para o mundo. Na União Europeia começaram os malefícios há muito ´tempo. Os partidos de extrema-direita avançam avassaladoramente. Até a social-democrata Suécia foi à vida. No Reino Unido manda uma extrema-direita disfarçada. O euro já vale menos do que o dólar e valia muito mais. Os combustíveis estão ao preço do ouro. A inflação está a nível dos países do terceiro mundo. A pobreza sobe em flecha. Mas vai piorar e muito. Só enriquecem os senhores da guerra. Cada vez mais ricos.

Está em marcha a nazificação em Angola. Um pouco mais primária do que na Ucrânia, mas tanto ou mais perigosa, dado o passado da UNITA entre 1966 e 2002. Também há a adesão ao nazismo de forças inorgânicas e partidos extintos por falta de votos. Perigosíssimo. Não vou ao princípio do perigo. Nem repetir todas as etapas da traição. Não vou falar dos anos em que os membros do Galo Negro andavam a matar o Povo Angolano, às ordens dos colonialistas e dos racistas de Pretória. Vou falar apenas de agora.

O líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse, eufórico, que a manifestação de hoje foi contra o MPLA, que classificou de partido único. Nunca se viu um partido convocar uma manifestação contra outro partido. Isso só existe na cabeça de quem não é capaz de ultrapassar as fogueiras da Jamba. 

O chefe do Galo Negro, ante os seus seguidores, no Largo das Escolas, acusou “instituições do estado e o governo de prenderem, torturarem a matarem activistas políticos gente próxima de nós”. Depois garantiu que “defendemos a paz e a democracia”. Instigou os apoiantes contra o partido que ganhou as eleições, as instituições do estado e o governo. Fez ameaças graves. Depois da bofetada escondeu a mão. Típico da UNITA.

Adalberto foi mais longe mas basta. É claro que ele quer mesmo uma rebelião. Para isso, a direcção da UNITA arregimentou grupos de marginais dispostos a tudo. É uma pena que não tenham ouvido o General Francisco Furtado quando disse: Não atentem contra a Segurança nacional porque levam no focinho. Pelos vistos não acreditam. Também não acreditavam que a ONU impusesse pesadas sanções aos dirigentes da UNITA e seus familiares directos, mas isso aconteceu. Até as suas contas bancárias foram congeladas. Na hora da verdade, os donos fingem que não é nada com eles.

Conhecendo como conheço o MPLA, nunca me passaria pela cabeça convocar uma manifestação contra o partido e acusá-lo de ter roubado os votos. O MPLA conduziu a luta armada de libertação nacional. Combateu as forças invasoras estrangeiras e seus aliados internos até à Independência Nacional. Enfrentou as forças da África do Sul apoiadas abertamente pelos EUA, França e Alemanha, durante a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Convocou eleições multipartidárias em 1992. Salvou a vida aos sicários da UNITA que acompanhavam Savimbi na sua aventura belicista. Não provoquem!

Marcolino Moco não foi à manifestação. Mas sentado no conforto do sofá de sua casa disse que João Lourenço deu um golpe de estado. Tomou posse com as tropas nas ruas contra o povo. Isto é gravíssimo. Uma coisa é dizer umas baboseiras sobre a fraude. Outra é acusar o Chefe de Estado de ter comandado um golpe de estado militar. Adalberto e os accionistas da Sociedade Civil hoje fecharam todas as portas aso diálogo e apostam tudo na confrontação. Por favor, tenham presentes as palavras do General Francisco Furtado. Não me obriguem, com esta idade, a vestir de novo o camuflado e empunhar a arma. Não nos façam isso.

 Um dos pasquins da UNITA hoje escreve isto: “Apesar de as autoridades angolanas não terem comunicado nada sobre o estado de saúde do Estadista, optando pelo secretismo, fontes do Club-K, atestam que em círculos restritos do regime ventila-se com certa convicção de que de terá sofrido Ataque Isquémico Transitório (AIT), que poderá ter sido provocado pela subida da tensão arterial logo após o desfecho dos resultados eleitorais. Há relatos que não ganhou as eleições de 24 de Agosto conforme desejava mas que a Comissão Nacional Eleitoral e o Tribunal Constitucional ajudaram a inverter o quadro fazendo-lhe vencedor”.

Pelos vistos a impunidade não tem limites. Mas o que escreveram sobre o Chefe de Estado é crime e muito grave. Estão a criar um clima de vale tudo menos tirar olhos, nos Media amigos e nas redes sociais. 

Isto vai acabar mal. Eu como sou mais rude que o General Francisco Furtado, peço-lhes pelas alminhas que parem com isso. Se prosseguirem por esse caminho, vão mesmo levar nos cornos. Hoje, se fossemos a votos, aqueles 55 por cento da abstenção iam votar em massa no MPLA. A grande família está de novo unida. A UNITA fez esse milagre.

*Jornalista

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