Artur Queiroz*, Luanda
Zarifa Ghafari e Durão Barroso receberam hoje em Lisboa o Prémio Norte Sul instituído pelo Conselho da Europa. A Zarifa é afegã e parece que atacou nas autarquias quando os gringos mandavam no bocado. Os donos saíram e ela agora recebe prémios. O Durão Barroso é um grande defensor dos direitos humanos. Quando era primeiro-ministro de Portugal jurou a pés juntos que viu as provas da existência de armas de destruição maciça no Iraque. Esta visão mentirosa causou milhões de mortos, refugiados e deslocados. Barroso agora é banqueiro e anda a vender vacinas aos pobres. Um bom branco.
Outro figurão que no seu tempo foi agraciado com o Premio Norte Sul é Mário Soares. Singela homenagem aos tempos heroicos em que andava lambuzado nos diamantes de sangue da UNITA. Tudo boa gente, jardineiros de fino trato, cuidadores da liberdade deles, das contas bancárias deles, do latrocínio, dos genocídios, do esclavagismo. Para enganar a malta meteram no meio a desgraçada afegã que aceitou o pratito de lentilhas. É a lídima representante de gerações e gerações de criadagem, servos da gleba, escravas e escravos gratos aos seus amos.
O Borrel é um espanholito tresloucado que faz equipa com a nazi Úrsula von der Leyen. Nunca teve tanto poder. Nunca acumulou tanto dinheiro. Por isso está fascinado com ele próprio. Vai daí, abriu a bocarra no Luxemburgo mais ou menos nestes termos:
“A Europa é um jardim cuidadosamente tratado. Quase todo o resto do mundo é uma selva. Os selvagens têm de ser postos na ordem quando querem invadir o nosso jardim”.
Ele não disse, mas subentende-se:
Os jardineiros têm o direito de matar os selvagens no Mediterrâneo. Nas fronteiras da Polónia, no trabalho escravo. Têm o direito de expô-los nus na fronteira entre a Turquia e a Grécia.
A Turquia é uma parte do jardim da Europa com muito capim, ervas daninhas que chegam da Ásia selvagem, mesmo ali ao lado. Quase uma selva. Mas são bem melhores que os russos, esses selvagens que não aceitam a pata dos gringos, da OTAN (ou NATO) e da União Europeia. Mau feitio.
Portugal é um jardim da Europa à beira-mar plantado. Foi isso que aprendi na escola primária. Também decorei as serras, os rios, as linhas de caminho-de-ferro e a padeira de Aljubarrota. Na época havia em Camabatela uma padeira, a dona Natalina. Um dia perguntei-lhe quantos espanhóis matou com a pá do forno. E ela chamou-me maluco. As padeiras só fazem pão, não matam ninguém, rapaz! Até hoje tenho dúvidas sobre o verdadeiro papel das padeiras. Sou muito crédulo.
Mas fico muito comovido quando oiço os discursos do Tio Célito. Um verdadeiro jardineiro da Europa. Aquele senhor Santos da Silva, chefe dos deputados, também me desperta grande ternura. É uma espécie de hiena do jardim. O homem tem ar de Drácula, irradia uma auréola de terror, escorre sangue e está sempre com um sorriso sacana. Sorri de quê e para quem?
Sinto ternura infinita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo português, um tal Cravinho. Ouvi dizer que o senhor António Costa, para o seu gabinete ficar mais baratinho, foi buscar deficientes mentais a uma associação de pais e amigos. E a Segurança Social paga-lhes os salários mais as mordomias.
O Cravinho é um dos felizes contemplados. Como ele se sai bem! Nem parece atrasado mental, Um jardineiro com grande futuro. O líder do PSD, um tal Montenegro, também foi recrutado a uma associação de pais e amigos dos deficientes intelectuais. Grande jardineiro!
O Borrell garante que os russos levaram a guerra ao coração da Europa, por isso os jardineiros têm de aniquilá-los. O grande diplomata nazi, agora ameaça o Irão. Como bom jardineiro anunciou que vai analisar o papel de Teerão na guerra da Ucrânia. Uma coisa é certa: Os nazis da União Europeia vão atacar o Irão. Com sanções, sanções, sanções. Os jardineiros são assim. Numa mão a espada, na outra a cruz.
Os selvagens que se cuidem. Porque nos tempos que correm, a União Europeia pode muito bem recrutar os senhores padres e bispos que abusam de criancinhas. Um dia destes, desembarca na Ponta do Padrão um bispo enrabador e aí vai disto. O Adalberto, o Chico Viana e até a deputada Michaela Webba vão ao castigo.
Os selvagens têm de se submeter aos jardineiros da sacrossanta União Europeia. O ressuscitado sacro império romano-germânico. Para já, para já ficamos sem o gás e o petróleo. A senhora ministra Verta Daves, em pleno jardim de Washington, já assinou as doações.
Não sei – sinceramente não sei – se o Presidente João Lourenço está preparado para a invasão de jardineiros abusadores, com a cruz escondida debaixo da sotaina e a espada em riste, se não gostarem mais de sexo oral.
O Zelensky lançou hoje nos jardins do mundo um livro com os seus discursos. A parte da gramática ficou a cargo do Agualusa. Assim ninguém consegue decifrar o sujeito do predicado. A parte da análise é do Rafael Marques. Ele garante que o nazi de Kiev vai ser o substituto da Úrsula von der Leyen e depois manda prender o Charles Michel e o Borrell por terem colaborado com os drones russos.
É o fim do mundo em cuecas!
*Jornalista
Na imagem: Os laureados com o Prémio Norte-Sul e os cúmplices (Presidência da República Portuguesa)
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