quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O “PARTIDO AMERICANO” EM ITÁLIA

Manlio Dinucci*

Os Partidos institucionais fazem campanha eleitoral não só na Itália, mas também nos Estados Unidos. O secretário do PD, Enrico Letta, em entrevista a um jornal norte-americano, declara: « Com a direita a Itália aproxima-se da Rússia, connosco aos EUA ». No mesmo jornal, o presidente da Copasir, Adolfo Urso, em visita a Washington, assegura que « para os EUA Giorgia Meloni (foto) é plenamente confiável ». Os partidos de todo o arco parlamentar concorrem assim para obter o consentimento de Washington, indispensável a qualquer governo que saia de eleições. Ao mesmo tempo agem de comum acordo quando se trata de aplicar as directivas de Washington. Por exemplo, a de boicotar o Tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares, ratificado por 66 Estados e assinado por 20, mas boicotado pelos EUA e pela OTAN. Na reunião de Junho dos aderentes ao Tratado, a Itália, apesar de convidada, nem sequer participou como observadora.

Ainda em Junho, a 6ª Ala da Força Aérea Italiana em Ghedi recebeu o primeiro caça de ataque nuclear F-35A dos EUA que em breve estará armado com as novas bombas nucleares B61-12 dos EUA, prontas para serem usadas pela Força Aérea Italiana sob o comando dos EUA. A Itália viola assim o Tratado de Não-Proliferação ratificado em 1975, que afirma: « Cada um dos Estados militarmente não nucleares se compromete a não receber armas nucleares de ninguém, nem controlar tais armas, directa ou indirectamente ».

Como mais uma prova da sujeição da Itália aos EUA, em 15 de Setembro a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as causas do «desastre» do navio Moby Prince concluiu os seus trabalhos escondendo uma vez mais as verdadeiras causas do massacre ocorrido no porto Livorno, há mais de 31 anos, para cobrir um tráfico de armas feito na vizinha base dos EUA de Camp Darby. O mistificador relatório final, apresentado por Andrea Romano do PD, foi aprovado por unanimidade pelos representantes de todas os outros partidos. Em vez disso, a real dinâmica do massacre é mostrada neste episódio de Grandangolo por uma vídeo-investigação de candente actualidade, transmitida em 2016 pela Pandora TV de Giulietto Chiesa.

Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Alva

*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.

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