Numa altura
A China é o principal parceiro económico de vários países africanos. Por outro lado, Angola está cada vez mais próxima dos Estados Unidos, adotando um posicionamento pro-ocidente, numa altura em que o mundo aponta "sinais preocupantes" na relação China - Ocidente.
Em entrevista à DW, o académico chinês e responsável pelo Centro de Estudos Africanos Para Desenvolvimento e Inovação -CEADI, Juan Shang diz que, apesar das fortes relações entre os EUA e África, a China estará sempre de portas abertas para financiar as economias africanas.
DW África: A China é o principal parceiro económico de Angola e de vários países africanos. Por outro lado, Angola está cada vez mais próxima dos EUA, adotando um posicionamento pro-ocidente. Como é que a China encara isso?
Juan Shang(JS): Este não é um fato negativo, porque sabemos que desde que João Lourenço assumiu a presidência, que Angola mudou o rumo para os Estados Unidos. Em várias conferências públicas, João Lourenço deixou claro que quer uma boa cooperação com os Estados Unidos.
A China não tem muita opinião quanto a isso, porque isso é um direito de Angola. Uma das principais políticas externas da China é não mexer em assuntos internos de outros países.
DW África: Sob a governação de Xi Jinping, diz-se que a China tem adoptado uma política externas cada vez mais assertiva. A China tem políticas externa específicas para África ou para conter esta aproximação entre África e o Ocidente?
JS: Me parece que não. Mas na semana passada, o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, visitou Moçambique, mesmo este ter dado voto nulo quanto à questão da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. E por que a Ucrânia foi à Moçambique? Segundo uma investigação, percebeu-se que Moçambique e Angola são dois dos maiores compradores de armas russas. Significa que a Ucrânia quer pedir favor à Moçambique para comprar estas armas. E quem vai pagar é os Estados Unidos. Nós não queremos criticar os países africanos, porque é um direito dos países africanos.
DW África: Num dos seus artigos
académicos afirma que "no século
JS: Nós não queremos ser rivais do Estados Unidos, porque o mundo hoje precisa de cooperação. Este é um conflito de comércio entre a China e os Estados Unidos. Os Estados Unidos sabem que a China, como a segunda maior economia do mundo constitui uma ameaça para eles e portanto, nos tem aplicado muitas sanções. E isso causa muitos conflitos.
DW África: Como ficam os financiamentos da China em Angola? O que se pode esperar da China no futuro?
JS: Desde 2018 que a China já não dá financiamentos à Angola. O Governo de Angola gosta mais dos financiamentos dos Estados Unidos, por isso recorre ao Banco Mundial, ao FMI, vai para Inglaterra, Alemanha, etc. Desde o início do governo de João Lourenço que a Angola obtém apenas financiamento de países ocidentais.
DW África: Mas acha que a China gostaria de continuar a financiar os países africanos?
JS: A porta da China sempre estará aberta para financiar as economias africanas. Após o discurso de Xi Jinping, neste último congresso do partido comunista, ficou patente que a China precisa de continuar com as reformas e aberturas para o mundo, por isso, no futuro a China vai continuar com as linhas de crédito para os países africanos.
Sandra Quiala | Deutsche Welle
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