terça-feira, 22 de novembro de 2022

A CRIPTONITE, AS NEGOCIATAS E AS TANGAS DAS CRIPTOMOEDAS

Não, não vamos abordar o Super-Homem nem o planeta Krypton. Abordamos os Curto do Expresso do arquitecto das letras João Silvestre, do Expresso. Criptomoedas é a causa do título e a conclusão de que essa coisa cripto é uma armadilha superiormente para tramar gentes que alinham na vigarice planetária. As vítimas são os incautos, os mais endinheirados ou muito ricos… Não temos dó deles. Oxalá que se tramem e fiquem na penúria que é para verem como a tesura financeira devasta as vidas de milhares de milhões de pessoas que nem uma lata de atum têm para comer por refeição de um dia – espera-as sim uma barrigada de fome. 

Agora por isso: já escutaram ou viram) a publicidade do Banco Alimentar da Fome do Portugal miserável e a vergonhosa verborreia sobre a lata de atum? Atum, não bife (queriam!) para não escandalizar a dona do Banco da Fome também pomposamente chamado Banco Alimentar… Sabem quem é ela, não sabem? Pois, a Isabel Jonet, a "santinha magana" que na crise  dirigida pelo Passos Coelho de má memória afirmou displicente e autoritária que “não podemos andar a comer bife todos os dias…” – qualquer coisa assim do género. Agora virou e está numa de lata de atum… 

Está visto que, para ela, comer uma lata de atum por dia mata-nos a fome… Como diria a velha Engrácia do Escabeche: “Come tu só isso, grande badalhoca!”

Adiante, saltem para o Curto de hoje, já a seguir. Experimentem ler também nas entrelinhas. Pois. Convém.

Boa luta, contra a miséria e a fome.

MM | PG 

A CULPA É DA CRIPTONITE 

João Silvestre, editor de Economia | Expresso (curto)

Bom dia,

Em linguagem médica, criptonite seria uma inflamação da cripto. Tratar-se-ia com anti-inflamatórios ou algo do género. Na banda desenhada, soaria a pedras de Krypton que enfraquecem o Super-Homem. No mundo real, é a doença que tem atacado o mundo das criptomoedas: falências, gestão danosa (para dizer o mínimo), investidores a arder com muitos milhões e, lá está, crenças cegas nas virtudes virtuais destes ativos.

Ainda não conhecemos o fim da história e já parece demasiado mau para ser verdade. Mesmo assim, Sam Bankman-Fried, o guru no centro do mais recente escândalo, não perdeu o sono. Apesar de, soube-se ontem, dever 3000 mil milhões de dólares só aos seus 50 principais credores. Vale a pena ler o relato detalhado do Financial Times sobre como a FTX ‘acidentalmente’ perdeu 8000 milhões de dólares. Também na Economist encontramos uma exaustiva análise de tudo o que se passou e das cicatrizes que vão ficar.

Ontem, o Banco de Inglaterra avisava que estas ‘bolsas’ de criptoativos que fornecem vários serviços são um perigo para a estabilidade financeira. E os casos multiplicam-se. Nos EUA, dois estónios foram acusados de manter um esquema Ponzi no valor de 575 milhões de dólares que defraudou milhares de pessoas.

Na base de todo este castelo de cartas a ruir está a queda a pique do valor das criptomoedas. A Bitcoin, a mais usada, caiu quase 70% este ano e vale agora menos de 16 mil dólares. Em janeiro andava perto dos 50 mil dólares. Já avisava Warren Buffet, que é precisamente quando o maré baixa que se vê quem nada sem calções. No universo cripto, são mais que muitos. Siga a montanha-russa da cotação do Bitcoin no Investing.com.

O agravamento das tributação das criptomoedas é um dos pontos que pode ser alterado no Orçamento do Estado para 2023 durante a votação na especialidade que decorre esta semana. Portugal tem sido visto como um paraíso para as criptomoedas.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Estamos na última semana de debate e votação do Orçamento do Estado. Arrancou ontem a maratona de votações na especialidade e a aprovação final global está agendada para sexta-feira. Confira aqui as novidades que o OE lhe pode trazer neste contexto de maioria absoluta do PS. Foram já aprovadas as Grandes Opções do Plano e nove alterações propostas pelos partidos.

Mário Centeno recomendou aos bancos que paguem mais pelos depósitos para combater a inflação. O aviso do Governador do Banco de Portugal foi feito na CNN Summit, que decorreu ontem em Lisboa. Os bancos nacionais estão entre os que pagam taxas de juro mais baixas na zona euro.

Sete militares da GNR acusados de maus tratos e sequestro de imigrantes em Odemira voltaram ao ativo na Guarda. Estavam suspensos provisoriamente pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e a suspensão terminou.

Foi ontem publicado em Diário da República o caderno de encargo para reprivatização de 71,73% da Efacec. Antes da venda, a empresa será alvo de uma reestruturação e poderá ter um aumento de capital.

A TAP recomenda aos clientes que mudem os voos que tenham marcado para os dias 8 e 9 de dezembro para os quais há um pré-aviso de greve. Poderão fazê-lo sem qualquer penalização.

A Segurança Social foi alvo de um ataque informático. Ainda pouco se sabe sobre o que aconteceu e há uma investigação da Polícia Judiciária em curso. E já que estamos a falar de ataques informáticos, há 82% dos portugueses com acesso à internet, divulgou ontem o Instituto Nacional de Estatística.

Os municípios vão poder fixar as tarifas dos táxis, segundo o relatório final do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMT) que propõe também a possibiliade de operaram em mais do que um concelho.

A dívida pública portuguesa diminuiu em outubro mas, com a subida das taxas de juros, o seu custo continua a aumentar nas novas emissões. Mais de metade está nas mãos da troika (empréstimos do período 2011-2014), da União Europeia (SURE e PRR) e do Banco Central Europeu (programas de compra de dívida).

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego voltou a aumentar em outubro. São já 289 mil neste momento, mais 1885 do que no mês anterior.

Lá fora

No Mundial do Qatar, houve ontem três jogos: Inglaterra-Irão (3-0); Holanda-Senegal (2-0) e EUA-Pais de Gales (1-1). A competição arrancou e o debate sobre direitos humanos acelerou. A seleção britânica ajoelhou-se antes do jogo enquanto na equipa iraniana não se cantou o hino num protesto contra a repressão no país. O ator Morgan Freeman foi criticado por participar na cerimónia de abertura. Já o cantor Maluma, que também vai, não gostou de ser questionado sobre isso e abandonou uma entrevista.

Marcelo Rebelo de Sousa também quer ir (tal como António Costa e Augusto Santos Silva). O Parlamento aprovou ontem o a sua deslocação ao Catar com os votos do PS, PSD e PCP. A votação final será hoje em plenário.

Na Ucrânia, a central nuclear de Zaporíjia é uma das grandes preocupações neste momento, ainda que a Agência Internacional da Energia Atómica tenha garantido que, para já, não existem problemas "imediatos de segurança”. Na frente de batalha, questiona-se também se, depois de Kherson, a Ucrânia pode seguir para Zaporijia e para a Crimeia. Siga toda a informação no direto do Expresso.

No Irão, a repressão dos protestos continua a aumentar. Ontem, as forças de segurança dispararam artilharia pesada sobre manifestantes na cidade de Javanrud. E foi limitado o acesso à internet no país.

O suspeito do massacre num bar gay nos EUA foi acusado de crime de ódio. O ataque aconteceu no último sábado, no Colorado, e vitimou cinco pessoas.

FRASES

“A política orçamental, neste momento, tem de ser coordenada com a política monetária. Não podemos ter políticas orçamentais muito expansionistas neste período”, Fernando Medina, Ministro das Finanças

“Seria mágico conquistar o Mundial, mas não me falta nada na vida, já ganhei muito mais daquilo que esperava”, Cristiano Ronaldo, Futebolista

O QUE ANDO A LER

Para não sair dos temas financeiros, numa altura em que passam pouco mais de dez anos da última grande crise e em que alguns – alguém falou em Roubini? – prenunciam uma nova grande tormenta, nada como voltar a 2008. Ao estouro do Lehman Brothers que, em poucas horas, ganhou um lugar de destaque nos livros de história.

E reviver esses dias pelos olhos de três dos seus principais protagonistas: Hank Paulson (secretário do Tesouro de George W.Bush), Ben Bernanke (presidente da Reserva Federal dos EUA) e Timothy Geittner (então presidente da Fed de Nova Iorque e depois secretário do Tesouro de Obama). O livro escrito a seis mãos chama-se “Fire Fighting – The Financial Crisis and its Lessons”, foi lançado nos EUA em 2019 e teve recentemente versão portuguesa (numa edição da Universidade de Lisboa com o título “Apagar Fogos – Lições da Crise Financeira”).

Grande parte do que se lê ao longo de quase 300 páginas é conhecida. Mas há muito por descobrir neste livro. E, acima de tudo, há um relato da maior crise financeira desde a Grande Depressão por três pessoas que a viveram na fila da frente. Com as mãos no volante. Numa altura em que muitos vivem na crença (quase) cega de que a tecnologia e os criptoativos escapam às mais básicas leis da economia, é sempre bom ter alguma perspetiva histórica. Das crises que marcaram as nossas vidas.

PODCASTS A NÃO PERDER

Ação climática sem mulheres não dá. A COP27 foi o primeiro palco do movimento Mulheres pelo Clima cujo o objetivo é acelerar a transição energética capacitando mulheres e meninas nos Estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Em África Agora, Cristina Peres conversa com Susana Viseu, diretora da Business as Natur

Rir nem sempre é o melhor remédio. A “droga do riso” está a preocupar a Europa e o uso do óxido nitroso foi tema central de um relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. A aquisição desta substância é muito fácil e são os efeitos, a curto e a médio prazo, da utilização deste gás que preocupam as autoridades de saúde. A jornalista Helena Bento explica o que está em causa, no Expresso da Manhã

“As mulheres ucranianas usam mais as redes sociais para mostrarem que também existem nesta guerra”. A jornalista Iryna Shev, nascida na Ucrânia, é a convidada de Carla Quevedo e Matilde Torres Pereira em As Mulheres Não Existem em que conta o seu percurso, as suas escolhas, e nos fala sobre como foi voltar agora a um país invadido e em guerra

Este
 Expresso Curto fica por aqui. Encontre-nos a qualquer hora no Expresso e na SIC. Tenha uma excelente terça-feira.

LER O EXPRESSO

Sem comentários:

Mais lidas da semana