DEPOIS DO ASSALTO DO “HEGEMON” À
DESAMPARADA LÍBIA EM 2011, OS FRUTOS AMARGOS DA “PRIMAVERA ÁRABE” ESPALHAM-SE
POR TODO O SAHEL E DAÍ EM
DIRECÇÃO AO SUL.
ÁFRICA “DANÇA COM LOBOS” NEOCOLONIAIS!
01- A “primavera árabe” na
Líbia foi o início da injecção da jihad islâmica em África, facto que na altura
alertámos no Página Global, acompanhando a quente e em tempo oportuno os
acontecimentos, prevendo que a partir daí todo o Sahel seria severamente
afectado, com telúricas repercussões por todo o continente.
São muitos os exemplos desse
alerta-fundamento pelo que me abstenho de aqui colocar seus links.
Em relação a esse golpe aplicado
com forças militares externas suportadas por bases de intervenção instaladas na
França, na Itália e nos navios da 6ª Frota da US Navy estacionada no
Mediterrâneo, poucos foram os países que ousaram em nome da democracia
denunciar e nenhum, por falta de capacidades próprias e em função da surpresa,
ousou combater de armas na mão ao lado dum Kadafi que de tão abandonado que
foi, acabou por morrer assassinado para gáudio dos intervencionistas do “hegemon”,
com a “falcoa” Hillary Clinton à cabeça!
O “hegemon” apoiou
assim, deliberadamente, a sua mais diabólica criatura de que se servia
tacitamente, também em nome da “democracia representativa”!
Um a um os países do Sahel
tornaram-se desde então frutos amargos da injecção de caos, terrorismo e
desagregação aplicada desse modo e por essa via a África, em função da remoção
do tampão que havia constituído a Jamairiya Líbia!
Por raquitismo das denúncias
efectivamente democráticas (entre as condenações sobressaíram as da Venezuela
Bolivariana pela voz do Comandante Hugo Chaves e da África do Sul), nada mais
perverso e cínico: a Líbia foi alvo dum golpe de estado sangrento com a
decisiva participação de forças externas ao nível de alguns países da NATO, que
por seu turno nos mídia de amplo espectro e difusão global sob sua tutela,
enquanto catapultavam o jihadismo, propagandearam-no em nome da “democracia” e
do “direito para intervir”, tal como Ronald regan considerou Savimbi (“freedom
fighter”), nas metamorfoses que são a sua obra de arte fonte barbaridade e de
sangue!…
Essa afectação justificou também
e desde logo o esforço militar da FrançAfrique conjugado com o Comando África
do Pentágono com a distensão de forças ao longo do paralelo que vai do Senegal
a Djibouti, prevista em função do “êxito” na Líbia desde que se
distendesse a jihad, conforme aliás imediatamente aconteceu em 2012 com
sintomas agudos imediatamente no Mali!…
Quer no Senegal, quer no
Djibouti, a França possui bases militares desde os tempos coloniais,
autênticas “testas-de-ponte” de longa duração, que permitem
desencadear qualquer rápida intervenção Sahel adentro sempre que julgado
necessário e segundo o prevalecente princípio colonial-neocolonial de que,
década a década, “mais vale prevenir do que remediar”…
A meia-distância, entre o
Atlântico e o Mar Vermelho, está o Níger onde além das forças da Operação
Barkana da FrançAfrique, estacionaram os meios militares de rastreio do AFRICOM
que desde logo é um dos principais centros de drones dos Estados Unidos em
África!
Tacitamente a expansão jihadista
passou a justificar essa pujança militar extra continental, numa ossatura que
permite a afirmação neocolonial no seu mais requintado e habilidoso módulo,
incidindo sobretudo ali onde a extracção de matérias-primas a baixo preço é
essencial para a “civilização ocidental”, como o caso flagrante do urânio
do Níger e dos interesses da Areva naquele país âmago da FrançAfrique, por
sinal sintomaticamente na cauda dos Relatórios Anuais dos Índices de
Desenvolvimento da ONU!
O Mali foi dos primeiros
componentes do Sahel a sentir os efeitos do desastre da Líbia e a partir daí as
crises foram-se entrelaçando, alastrando até ao Lago Chade pelo oeste, aos
Grandes Lagos pelo centro e a Moçambique pelo leste do continente!
África desamparada e
vulnerabilizada está ainda atordoada e confusa sobre como dar a volta a esta
situação que se tornou cancro-crónico e é raiz da perversa onda neocolonial
tacitamente conjugada pela expansão do jihadismo financiado a partir de nexos
das monarquias arábicas que no Médio Oriente Alargado têm feito parte da “Coligação” contra
a Síria, a Líbia, o Iraque, o Iémen e o Irão, obedientes à doutrina
Rumsfeld/Cebrowski!...