quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

DEMOCRACIA A PREÇO DE SALDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Ronald Reagan foi presidente do estado terrorista mais perigoso do mundo na década de 80. Dedicou especial atenção à guerra que os sul-africanos impuseram a Angola e na parte final, em desespero de causa, fez uma encenação medíocre na Casa Branca com Jonas Savimbi e ofereceu-lhe os FIM-92 Stinger, mísseis terra-ar guiados por infravermelhos, para combater russos e cubanos. As armas eram para Pretória, mas parecia mal se as entregasse directamente, porque a ONU declarou o regime racista como um crime contra a Humanidade.

Este paladino da democracia foi fiel apoiante do regime de Pretória que era um exemplo de amor ao regime democrático. Em 6 de novembro de 1962, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que condenava as políticas racistas do apartheid. Os estados-membros foram exortados a cortar as relações económicas e militares com o país. 

Ronald Reagan, os seus antecessores e sucessores apoiavam incondicionalmente um regime onde os negros viviam em guetos e não podiam entrar nos bairros dos brancos sem passes especiais. Os brancos, uma minoria da população, concentravam toda a riqueza e ocupavam todas as terras aráveis. Quem se opunha a estas políticas era massacrado, preso, torturado. As potências ocidentais, com os EUA à cabeça, opunham-se ao embargo económico e militar. 

Em 1973, uma resolução das Nações Unidas considerou o apartheid como crime contra a humanidade. Em 1974, a África do Sul foi suspensa da Assembleia Geral. Ronald Reagan ofereceu armas modernas e altamente mortíferas aos criminosos, através de Jonas Savimbi. Mas os angolanos ganharam a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Em 1991, o governo sul-africano revogou todas as leis do apartheid. Em 1993, foi constituído um governo de transição. O estado terrorista mais perigoso do mundo perdeu em toda a linha. Os patriotas angolanos deram ao mundo uma lição de amor à liberdade.

Ronald Reagan viu logo no início do seu mandato cair a ditadura militar brasileira. Estrebuchou, conspirou e sabotou a democracia nascente. Em 1982, soltou os cães de guerra contra a  revolução sandinista na Nicarágua. Mas apoiou 60 anos de ditadura! Em 1983, o estado terrorista mais perigoso do mundo afogou em sangue a revolução na Ilha de Granada. Em 1989, nova intervenção militar sangrenta no Panamá. 

As ditaduras amigas na América Latina, criadas por Washington a seguir aos anos 30 do século XX, estavam em perigo. África conquistou a liberdade de armas na mão, em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Washington criou então vários disfarces para intervir contra as democracias. Uma dessas máscaras é o National Endowment for Democracy que “funciona em todos os cantos do mundo” e despeja dinheiro para os bolsos dos que defendam os interesses dos EUA, contra a liberdade e a democracia. 

O que faz este canal aberto da inteligência do estado mais terrorista do mundo? Eles explicam: “O nosso trabalho assume a forma de subsídios financeiros para organizações locais e independentes que promovam a liberdade política e económica, uma sociedade civil forte, Media independentes, direitos humanos e o Estado de Direito.” Para sabotar as relações da China com a Venezuela o NED despachou 35 mil dólares. O Haiti Solidary Center recebeu 830 mil. Devem ter colaborado na morte do presidente, executada por mercenários colombianos a mando de Washington.

Na nossa casa, o portal Maka Angola recebe, desde 2017, anualmente uma média de 85 mil dólares. O último pagamento foi de 90 mil dólares. Só de uma fonte chovem mais de sete mil dólares por mês para os bolsos de Rafael Marques! Os generais que andaram na guerra pela liberdade e a democracia entre 1976 e 2002 recebem do Estado Angolano apenas mil dólares. O crime de alta traição à Pátria compensa e muito! Rafael Marques é tratado como um herói e os Heróis Nacionais são atirados para a mendicidade. 

Uma coisa chamada Liberdade de Informação recebeu do National Endowment for Democracy, criado por Reagan, uma remessa de 51.600 dólares, sabe-se lá para quê. O famoso Friends of Angola recebeu um balúrdio que não consegui apurar mas já chegaram mais dois suplementos: um de 35 mil dólares e outro de 82.154 dólares. Para ensinar os jovens a liderar. O dia 10 de Janeiro já teve o dedo desses líderes.

O National Counselling Centre, uma instituição angolana mais conhecida do que o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior, embolsou 42 mil dólares para lutar pela democracia em Angola. O portal Maka Angola tem a missão de denunciar a corrupção. Desta vez é que o Rafael Marques vai na kionga! Mas também denuncia os abusos dos direitos humanos, fiscaliza o Governo e as eleições. Estamos salvos. O ministro João Melo defende a democracia angolana pelo lado da inteligência do Pentágono. O Rafael Marques, pelo lado do canal aberto da CIA. 

Além destes pagamentos directos ainda temos caixas de ressonância, mas que não constam da lista de pagamentos do National Counselling. Se calhar estão a colaborar e outros é que recebem! Tomem nota dos amplificadores: Repórter Angola, Novo Jornal, Club K, Angola24 Horas e AngoNotícias.

Odeio discriminações. O National Counselling Centre, canal aberto da CIA, está a passar a perna aos agentes angolanos. Como se fossem tão imprestáveis como a UNITA. Rafael Marques, João Melo e companhia quase ilimitada! Podem tomar nota. Os camones pagam aos cubanos mil vezes mais. 

A Fundação Cartel Urbano recebeu uma prestação (entre centenas) de 110 nil dólares para recrutar artistas de hip hop. O National Democratic Institute for International Affairs (NDI) recebeu meio milhão de dólares para proteger as mulheres da violência doméstica. Os cubanitos são danados para a porrada. E muito ciumentos! 

A Fundacion Espacio Publico recebe 108 mil dólares de cada vez. Observatório Cubano de Direitos Humanos sacou 150 mil e a Editorial Hypermedia embolsou 100 mil dólares. A Asociacion Diario de Cuba subiu para 215 mil dólares. O Instituto Cubano por la Libertad de Expresion y Prensa recebeu 146.360 dólares. Só mais este entre mil. O Directório Democrático Cubano recebeu de entrada, 650 mil dólares. João Melo, Rafael Marques, Jacques dos Santos, Bêbado da Valeta, exijam ser pagos ao nível dos cubanos. Se os bosses não aceitarem as reivindicações vão a Washington e queimem pneus na rua, incendeiem um autocarro e pegam fogo aos jornalistas que estiverem a cobrir o acontecimento. É como na Jamba. 

* Jornalista

Na imagem: Reagan e Savimbi na Casa Branca

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