quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A SOLIDÃO SOLITÁRIA DA UNIÃO EUROPEIA

# Publicado em português do Brasil

Augusto Zamora R. | Rebelión

Certos círculos políticos e jornalísticos ocidentais especulavam sobre o silêncio da China na crise entre os EUA e a Rússia, com a OTAN e a UE – que são as mesmas até prova em contrário – como marionetes e trupes.

Em sua ansiedade, eles até inventaram uma farsa de que o governo chinês havia pedido à Rússia que não invadisse a Ucrânia. Em 27 de janeiro, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, ficou encarregado de esclarecer as coisas. Em uma conversa com Anthony Blinken, Yi deixou bem claro que "as preocupações de segurança da Rússia devem ser levadas em consideração e abordadas". "A segurança de um país não deve ser à custa da segurança de outros, e a segurança regional não deve ser garantida pelo fortalecimento ou mesmo pela expansão dos blocos militares." "As preocupações legítimas de segurança da Rússia devem ser levadas a sério e tratadas", disse Yi. Claro. A China apoia a Rússia e se opõe à política dos EUA.

É preciso ser muito ideológico ou desinformado para pensar, até suspeitar, que a República Popular da China ia virar as costas para a Rússia e, muito menos, deixá-la em paz no desafio colocado pelos EUA. E estamos nos referindo única e exclusivamente aos EUA, porque toda essa confusão é obra dele e os EUA a controlam. Nesta matéria, como em muitas outras, a UE não pinta quase nada. Falar com a UE é perder tempo, porque, em assuntos sérios como a paz e a guerra, quem manda fala, não quem aparece.

Em artigo anterior mencionamos que a sociedade internacional é composta por 193 Estados e 7,8 bilhões de habitantes. Como bem apontou Vladimir Putin, a UE, em seu processo de desintegração interna, tornou-se uma associação de micro e pequenos estados, com muitos nomes e pouca conversa. Se entrarmos na página oficial da UE lemos o seguinte: "A UE tem uma área de 4 milhões de km² e uma população de 447,7 milhões de habitantes". 4 milhões de quilômetros quadrados e 27 países membros, o que daria uma média de 148.000 quilômetros por país. Agora, se forem retirados os oito maiores países (França, Espanha, Suécia, Alemanha, Finlândia, Polônia, Itália e Romênia), que somam 2,5 milhões de quilômetros quadrados, os 19 restantes da UE somariam 1,5 milhão de quilômetros. A Rússia européia tem 4 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, a mesma área de toda a UE, o que é uma medida da pequenez da comunidade e seu tamanho mínimo no planeta Terra. O México, em território, equivale a 50% da UE; Irã, para 45% e assim por diante. Na América Latina, o menor país é El Salvador, com 25.000 quilômetros, mas esse carinha é um gigante ao lado de Malta, Chipre ou Luxemburgo.

BORIS JOHNSON ESTÁ ACABADO

Nenhuma quantidade de 'reinicializações' ou remodelações pode esconder a verdade: Johnson está acabado

# Publicado em português do Brasil

Martin Kettle* | The Guardian | opinião

O primeiro-ministro é bom em criar distrações - mas os paralelos com a queda de Thatcher em 1990 são claros para ver

Relembrando a deposição de Margaret Thatcher como primeira-ministra conservadora, em 1990 , seu chefe, Tim Renton, concluiu que Thatcher havia perdido o poder porque “deixou de ter uma mente aberta” sobre como unificar seu partido ou governar. “Ela só queria ter seus próprios amigos ao seu redor e passou a identificar o número 10 e o cargo de primeiro-ministro com ela mesma”, escreveu Renton. “Qualquer um que ficasse em seu caminho… deveria ser dispensado. Eles não eram da fé correta.”

Boris Johnson não está na mesma liga que Thatcher como primeiro-ministro de sucesso e muito mais. Ela durou 11 anos em Downing Street e ganhou três eleições gerais. Ele foi primeiro-ministro por dois anos e meio e ganhou apenas uma vez. Ela possuía convicção ideológica em espadas. Seu único interesse sério é em si mesmo.

No entanto, todas as evidências da chamada reinicialização do governo de Johnson após os escândalos do partido de bloqueio são que esse primeiro-ministro está cometendo muitos dos mesmos erros que Thatcher cometeu há mais de uma geração. Como ela, Johnson se cerca de bajuladores. Como ela, ele passou a identificar o governo conservador consigo mesmo, e não com o partido ou o eleitorado. Como ela, ele afasta aqueles que não são verdadeiros crentes – o que neste caso significa crentes nele. É claro que existem algumas diferenças. No entanto, o resultado será o mesmo.

WASHINGTON E LONDRES TENTAM PRESERVAR SEU DOMÍNIO SOBRE A EUROPA

# Publicado em português do Brasil

Thierry Meyssan* | OrientalReview

As respostas dos Estados Unidos e da NATO à proposta russa de um Tratado que garanta a liberdade de circulação , foram reveladas pelo diário espanhol El País , alegadamente graças a uma fonte ucraniana que temia que o seu país se transformasse num teatro do confronto Oeste-Leste.

A resposta da OTAN corresponde em todos os aspectos à apresentação feita pelo seu Secretário-Geral, Jens Stoltenberg. Isso é normal, pois este texto foi submetido aos 30 Estados membros e não poderia permanecer em segredo por muito tempo. Por um lado, a Aliança propõe medidas para reduzir o risco de uma guerra nuclear, enquanto, por outro, questiona o direito dos povos à autodeterminação na Transnístria (Moldávia), Abkhazia e Ossétia do Sul (Geórgia) e, finalmente, na Crimeia (Ucrânia). Por outras palavras, os Aliados rejeitam o direito internacional. É por isso que eles não se referem mais a isso, mas dizem que estão apegados a “regras” que eles mesmos estabelecem. Eles pretendiam permanecer sob a proteção dos Estados Unidos, apoiados pelo Reino Unido, mas não queriam arriscar uma Guerra Mundial.

A resposta dos Estados Unidos, por outro lado, foi uma surpresa. Era desconhecido para todos, incluindo os Aliados e a Ucrânia. Por isso, segundo seu título, é um “não-papel” (sic) que não precisa ser submetido a eles e deve permanecer em sigilo. Portanto, é altamente improvável que tenha sido revelado por uma fonte ucraniana. Só pode ser americano. Este “não-papel” é sobre “Áreas de engajamento para melhorar a segurança”. Nele, Washington se apresenta como se recusando a abrir mão de qualquer coisa, embora esteja disposto a negociar para congelar a situação atual. Manteria seus planos sem procurar ganhar mais terreno.

O BARRIL DE PÓLVORA NEONAZI NA UCRÂNIA

Miquel Ramos *

A gravidade da situação na Ucrânia vai para além da ameaça - alimentada pela NATO - de um confronto militar potencialmente catastrófico. Inclui igualmente equacionar o facto de o poder ucraniano, instalado pelos EUA, não só ter institucionalizado a presença de fascistas em zonas chave da governação como ter tornado o país um centro de treino, de apoio, de contactos e ligações entre organizações neonazis de todo o mundo.

A proliferação da ideologia nacionalista branca nas forças militares e de segurança da Ucrânia, treinadas e apoiadas pelo Ocidente, é um tema pouco estudado”, afirmava de Washington esta semana o jornalista de investigação Oleksiy Kuzmenko. A revista norte-americana Newsweek, nada suspeita de simpatizar com a Rússia, dedicava por estes dias uma extensa reportagem e que aprofundava o alerta de Kuzmenko e os perigos que supunha para a própria segurança dos EUA: “Um ano depois do assalto ao Capitólio, a guerra da Ucrânia atrai a extrema-direita dos EUA à luta contra a Rússia e a treinar para a violência em casa”, era o título da reportagem assinada por Tom O’Connor e Naveed Jamali.
Para além das análises geopolíticas que tentam explicar a escalada da tensão entre a Rússia e o Ocidente na fronteira ucraniana, nós que há anos estudamos a extrema-direita, acompanhamos de perto os acontecimentos que se desenrolam neste cenário. Fugindo do maniqueísmo e tentando concentrar-nos no nosso objecto de estudo, temos alertado para o barril de pólvora que se está a formar na Ucrânia, cujas análises usuais sobre o conflito muitas vezes ignoram ou menorizam.

Já a BBC o alertara em 2014 durante os protestos de Maidan, quando o jornalista britânico Gabriel Gatehouse entrevistou vários neonazis que estavam na linha de frente do combate contra as forças de segurança ucranianas, antes do golpe consumado, e como, posteriormente, o novo governo apoiado pelo Ocidente reforçou os seus laços com vários destes grupos de extrema-direita.

“Desde a revolta de Maidan em 2014, o governo, o exército e as forças de segurança institucionalizaram nas suas fileiras antigas milícias e batalhões de voluntários vinculados à ideologia neonazi”, declarava recentemente Kuzmenko à Newsweek, citando como exemplo o Destacamento de Operações Especiais Azov, que foi estabelecido pelo Ministério do Interior da Ucrânia em 2014 e posteriormente transferido para a Guarda Nacional.

TRÊS LIÇÕES PORTUGUESAS – Boaventura de Sousa Santos

Partidos à esquerda do PS perderam-se ao apostar, em meio à pandemia, numa ruptura que soou temerária aos eleitores. Ultradireita cresceu ao mobilizar desespero e ressentimento. Novo fracasso das pesquisas revela problema estrutura

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras

A Folha de São Paulo de 30 de Janeiro incluía uma reportagem sobre as eleições portuguesas com chamada na primeira página intitulada “Após sete anos, Portugal pode tirar os socialistas do poder”. A reportagem apoiava-se nos habituais comentadores de Lisboa e todos previam um empate técnico entre o maior partido de esquerda (PS) e o maior partido de direita (PSD). Poucas horas depois o PS ganhava as eleições com maioria absoluta. Os resultados dão-nos algumas indicações que podem ser úteis no Brasil neste ano de eleições.

Primeira lição: o fracasso estrondoso das sondagens. A vitória esmagadora do PS depois de seis anos de governo e dois anos de pandemia é memorável e merece ser refletida. As sondagens usam uma lógica binária própria do pensamento quantitativo dominante, hoje muito vigente na construção dos algoritmos nas redes sociais. Esta lógica não capta a ambiguidade, a complexidade, a contradição, o terceiro incluído e muito menos as diferentes camadas de realidade, de opinião e de emoção que cada cidadão mobiliza no momento de tomar decisões. Isto é particularmente evidente em situações que escapam à normalidade da vida coletiva. A pandemia criou uma dessas situações. Em tais circunstâncias, os dirigentes políticos devem manter contatos diretos, diversificados e continuados com os cidadãos e as comunidades e ir acumulando informações qualitativas em vez de se apoiarem em inquéritos de opinião tão fáceis quanto traiçoeiros.

Portugal | DIOGO PACHECO DE AMORIM É UMA VÍTIMA?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Eis um rápido perfil político de Diogo Pacheco de Amorim, candidato anunciado pelo partido Chega a vice-presidente da Assembleia da República, instituição de representação democrática do povo português, criada na sequência da Revolução dos Cravos, iniciada em 1974:

- Foi membro do MDLP, um movimento criado em 1975 que promoveu centenas de atentados bombistas e assaltos a sedes de partidos, dos quais resultaram várias mortes. Pacheco de Amorim nega envolvimento nos atentados, afirma ter feito "apenas" parte do braço político da estrutura liderada por António de Spínola.

- Foi militante do MIRN (1979), do neossalazarista Kaúlza de Arriaga, partido que concorreu coligado com duas outras formações de extrema-direita às eleições de 1980. Recebeu 0,4% dos votos.

- Foi assessor do vice-primeiro-ministro Diogo Freitas do Amaral (CDS) no primeiro governo da AD (1980-1981).

- Foi chefe de gabinete do grupo parlamentar do CDS-PP (1995-1997), durante a fase "popular" do partido, liderado por Manuel Monteiro.

- Foi dirigente do Partido da Nova Democracia (PND), também liderado por Manuel Monteiro (2003).

- Funda, com André Ventura, o Chega, em 2019.

Falta de enfermeiros no Santa Maria resulta de "anos de destruição do SNS"

PORTUGAL

O SEP admite que a falta de enfermeiros nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, resulta de uma política de destruição do Serviço Nacional de Saúde (SNS), conduzida por sucessivos governos.

Não sendo novo, o problema da carência de enfermeiros nas urgências do Hospital Santa Maria é generalizado no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), onde a falta destes profissionais é «estrutural», resultado de «anos de política de destruição», denuncia o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), através de comunicado. 

Em dez anos, assistiu-se a uma redução de cerca de 300 enfermeiros neste centro hospitalar. Entre as razões que concorrem para o fenómeno, o SEP recorda o desinvestimento dos cuidados de saúde primários e a desvalorização das carreiras e dos salários dos profissionais de saúde, mas também o encerramento de diversos serviços, nomeadamente nos hospitais Pulido Valente e Curry Cabral.

Portugal mortal | Incidência e R(t) baixam em dia com 52 mortos e 34 023 casos

Há agora 2435 pessoas internadas (mais 16 que ontem) com covid-19, das quais 163 em unidades de cuidados intensivos (menos 8 que na véspera).

Portugal registou mais 52 mortes e 34 023 novos casos de covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira, 9 de fevereiro.

Há agora 2435 pessoas internadas (mais 16 que ontem) com covid-19, das quais 163 em unidades de cuidados intensivos (menos 8 que na véspera).

Nas últimas 24 horas recuperarm 27 261 doentes e há menos 9 152 pessoas em vigilância.

Na matriz de risco, o nível de incidência continua a baixar. É agora de 6562,1 casos de infeção por SARS-CoV-2/ COVID-19 por 100 000 habitantes a nível nacional - era de 6901 na passada segunda-feira. E de 6610,1 casos de infeção no continente - era de 6953,7 na segunda-feira.

O R(t) é agora de 0,92 a nível nacional e no continente. Há dois dias, altura da última contagem, era de 0,97.

Portugal | SAI UM CHEGA COMESTÍVEL PARA A MESA DA DIREITA

Se a direita se aproximar do Chega, fica acantonada. Se se afastar, dificilmente conquistará uma maioria. Sobra banalizar o discurso e as ideias do Chega, como se fossem apenas discutíveis e diferentes, na esperança que deixem de chocar. Para que não aconteça o que aconteceu nestas eleições, alguma direita tentará tornar o Chega comestível

 Daniel Oliveira | Expresso | opinião

Sobre as regras para a eleição do vice-presidente da Assembleia da República já escrevi o que tinha a escrever. Também sobre as acusações de violação das regras democráticas e da tradição parlamentar ou de se darem ao Chega argumentos para se vitimizar em vez de os integrar no sistema. Mal estaríamos se, para não dar argumentos para a vitimização dos inimigos da democracia, obrigássemos democratas a votar neles, transformando uma eleição numa formalidade sem critério.

Mas há um lado mais interessante nesta conversa. Nas redes sociais e na comunicação social foram muitos os militantes e até deputados da Iniciativa Liberal que vieram em defesa da suposta tradição. Ainda o fizeram, apesar de tudo, em nome de qualquer coisa que se assemelhasse a princípios. Mais aguerridos foram os principais colunistas daquilo a que alguns chamam “direita observador”. É esse o seu papel: esticar a corda. Anos a esticá-la deram, aliás, todo o espaço de tolerância intelectual e moral a fenómenos como o Chega.

Para além dos argumentos a que tentei responder na segunda-feira, o recurso para consumo popular é mais ou menos o mesmo que usam para tudo: Sócrates. Enquanto andam a discutir um racista com passado numa rede bombista, vão deixar passar uma candidata que ainda nem se sabe se é mesmo candidata (espero que não seja, porque é péssima candidata) e que era “amiga de Sócrates”, explicam.

GRUPO DA REVISTA VISÃO ALVO DE TENTATIVA DE ATAQUE INFORMÁTICO

PORTUGAL

Grupo garante que não houve dados comprometidos

O grupo de comunicação social Trust in News, que engloba revistas como a “Visão” e a “Caras”, foi alvo de uma tentativa de ataque informático.

Em comunicado, o Trust in News revela que foi esta madrugada “alvo de uma tentativa de ciberataque”.

“Os sistemas de alerta e segurança foram imediatamente acionados e a situação está a ser avaliada, mas nenhum sistema crítico foi comprometido. Os sites das marcas estão todos operacionais.”

A tentativa de intromissão ilegal “já foi reportada às autoridades competentes”.

No início do ano, o Grupo Impresa, que engloba a SIC e o Expresso, foi alvo de uma invasão aos seus servidores por parte de um grupo de hackers denominado de Lapsu$ Group.

A PJ investiga se, no último fim de semana, o Grupo Cofina foi igualmente alvo de piratas informáticos, tendo os sites do grupo ficado inoperacionais durante algumas horas.

Também a Vodafone foi alvo de um ciberataque à sua rede esta segunda-feira à noite, que foi já denominado pelo seu presidente como um “ato terrorista”.

Hugo Franco e Rui Gustavo | Expresso

LIBERDADE DE IMPRENSA AMEAÇADA EM CABO VERDE?

Investigação do Ministério Público a dois jornalistas e respetivos órgãos de comunicação continua a gerar críticas. Jurista diz estar-se perante "um ataque à liberdade de imprensa". Jornalistas pedem revisão da lei.

Em poucos dias, dois jornalistas e respetivos órgãos de comunicação foram constituídos arguidos pelo Ministério Público em Cabo Verde.

Hermínio Silves e o jornal online "Santiago Magazine" foram os primeiros indiciados. São acusados de crime de desobediência qualificada por, alegadamente, terem violado o segredo de justiça, com a divulgação de uma notícia sobre o processo da morte de um cidadão, em 2014, que envolve o atual Ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, na altura dirigente da Polícia Judiciária.

Seguiu-se o jornalista Daniel Almeida e o jornal "A Nação". Foram também constituídos arguidos, sem saberem os motivos. Mas, supõe-se que seja no âmbito do mesmo processo.

Jeremias Furtado, Presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), aponta o dedo ao Ministério Público, dizendo que constituir jornalistas e meios de comunicação arguidos é uma estratégia para silenciar a imprensa no país.

"Ficamos com medo, porque está-se aqui a abrir um precedente para, de agora em diante, calar todos os jornalistas e jornais que se enveredam para o jornalismo investigativo. Está-se a calar um jornalista e um órgão de comunicação social, o que é grave", diz Jeremias Furtado.

Casa de analista atacada em Bissau: "Dispararam contra o quarto das crianças"

A casa do analista político Rui Landim, em Bissau, foi alvo de um ataque na noite desta terça-feira. Homens armados dispararam contra o portão e lançaram gás lacrimogéneo dentro da casa, denunciou o próprio à DW.

A casa do analista político Rui Landim foi alvo de um ataque na noite desta terça-feira (08.02) perpetrado por um grupo de homens armados que disparou contra o portão e lançou gás lacrimogéneo no interior da casa.

"Estou dentro [de casa] só com as crianças. Estão lá fora a disparar contra o portão. Lançaram gás lacrimogéneo dentro do quarto da minha neta, que está sufocada. Apenas estou com as crianças cá em casa. Os vizinhos dizem para não sair porque há uma viatura cheia de homens armados lá fora", relatou à DW o politólogo guineense em situação de aflição.

Rui Landim diz que o grupo de homens com uniformes da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) forçou a entrada na sua residência, mas não conseguiu derrubar o muro da vedação. 

Guiné-Bissau | Liga dos Direitos Humanos denuncia "onda de raptos em Bissau"

A Liga Guineense dos Direitos Humanos exige ao Ministério do Interior a "cessação imediata das detenções arbitrárias" e a "observância da legalidade" nas investigações ao ataque ao Palácio do Governo a 1 de fevereiro.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) denunciou esta segunda-feira (07.02) estar em curso uma "onda de raptos em Bissau" e exigiu ao Ministério do Interior a "cessação imediata das detenções arbitrárias".

"Está em curso onda de raptos em Bissau", refere, em comunicado divulgado na rede social Facebook, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos.

A LGDH denuncia que dois cidadãos "foram vítimas de rapto ao início da noite de hoje [segunda-feira] por um grupo de homens armados" e que estão detidos na segunda esquadra, em Bissau.

Angola | GUERRILHEIRAS GRAVIDAS COM DIAMANTES DE SANGUE

Artur Queiroz*, Luanda

Fátima Roque acaba de publicar um livro com as suas memórias de guerrilheira da UNITA, entre 1975 e 2002. Tive uma ideia. Vou escrever um livro sobre as minhas memórias de marciano, entre 1975 e 2002. Contarei as viagens que fiz aos confins da Terra, a Vénus, mais conhecida como a Estrela da Tarde (nada tem a ver com camisinhas) e à Jamba, um país fabuloso que tinha dois milhões de habitantes, 30 mil soldados, um sinaleiro e um presidente que governava a golpes de fogueiras. Estava fora do sistema solar.

A escritora conta tudo excepto como se fazia o tráfico dos diamantes de sangue, que engordaram a pança do defunto ex-marido, Horácio Roque. O milionário, nos seus tempos de proletário, era criado de mesa na Mónaco e de um dia para o outro apareceu como sócio do Colégio Viriato, em Luanda. O dono principal era um tenente misteriosamente afastado das forças armadas portuguesas e tinha uma relação especial com a PIDE. Adiante que se faz tarde.

O BANIF faliu quando a UNITA ficou sem acesso aos diamantes de sangue. Li o livro da guerrilheira Fátima e não vi uma linha sobre este milagre económico à Rasoilo e Gustavo Costa. As filhas de Fátima e Horácio sacaram milhões. A última mulher, Dona Paula Caetano, também sacou milhões. A UNITA anda a sacar dinheiro “a descoberto” porque as guerrilheiras tipo Fátima Roque cassumbularam o kumbu. Cassumbula não pega!

Angola foi uma mina para Horácio, Fátima, Teresa, Paula Cristina e Dona Paula Caetano. Pouco tempo depois da morte de Jonas Savimbi, o BANIF entrou em queda livre e foi à vida. Centenas de desgraçadas e desgraçados que lá depositaram as suas poupanças, andam a contar tostões. A guerrilheira Fátima escreve livros. Fim feliz para ela, fim trágico para quem confiou no banco da UNITA. E se em Angola alguém confiar no Galo Negro, a tragédia bate à porta de milhões.

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