quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

SISTEMA ECONÓMICO MUNDIAL É CONTRA OS POBRES

Artur Queiroz*, Luanda

A cadeia da sabedoria começou quando eu era criança. Aprendi muito com os meus pais e as duas professoras que tive na escola primária. Ainda criança aprendi mais com os idosos da minha vida, o Velho Tuma, os meus avós, a minha avozinha Gracinda, Tia Cachucha. Na adolescência aprendi com os mais velhos mas também com alguns professores. Na juventude aprendi com os mais velhos mas também com professores e os colegas.

Já adulto continuei a aprender muito com os mais velhos mas sobretudo com as mulheres que partilharam as suas vidas comigo. Assim foi até chegar a hoje. Nunca apendi tanto ao longo da vida. Já nada aprendo com os velhos, mas os jovens ensinam-me coisas extraordinárias. As e os que mais me ensinaram foram precisamente aquelas e aqueles que era suposto eu ensinar. 

Em 1974, aprendi imenso com o Homem Novo do MPLA. Tenho imensa pena que poucos quisessem aprender com os combatentes que vieram da guerrilha. Tinham um mundo fantástico para nos mostrar. Desgraçadamente, o elitismo e as taras do colonialismo afastaram quase todos dessa aprendizagem. Eu tentei aprender o mais possível. E aprendo o máximo da minha capacidade. 

Um dia o discurso dos políticos deixou de veicular sabedoria. Nada de novo. Nada a seguir. Nada a partilhar. Nada melhorou as nossas vidas. Um deserto de ideias tornou as sementes estéreis e triunfou a mediocridade, o óbvio, a encenação faz de conta. O fabuloso mosaico cultural angolano está em agonia. Cortei com os parasitas da política.

Um cardeal argentino chegou a Roma e mudou tudo. Jorge Mário Bergoglio, apenas oito anos mais velho do que eu, abanou o mundo das ideias e começou a ensinar-nos coisas extraordinárias. Aquilo que eu diria em horas ou 100 páginas se reduzisse a conversa a escrito, ele transmitiu assim: Este capitalismo mata! Em poucas palavras, muito simples, o Papa Francisco diz tudo o que os humanos precisam de saber para se libertarem. Já aprendi tanto com ele como com os jovens.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- A Mãe dos Rios É Eterna

Seke La Bindo

A nascente do rio nunca muda e vive para todo o sempre no seio da montanha donde brota. As águas correm eternamente para a foz, mesmo que pareçam paradas e escondam a bocarra do jacaré. 

As mães dos rios são eternas e ainda que sejam da espessura de um fio de água, têm a força suficiente para gerar o grande rio Zaire ou o traiçoeiro Mbridge! Kiangala, caçador de kimpitis, queria ser assim, ter sempre o mesmo rumo, a mesma origem, dormir no mesmo leito e espraiar-se na imensidão do mar. 

Querer é fácil mas conseguir exige tantos trabalhos, que por vezes baixamos os braços e resignados ficamos à espera que a vida nos dê na boca os frutos madurinhos. A grande diferença entre os homens e os rios está na mãe e no leito. 

Kiangala aprendeu por si que se a mãe de um rio é eterna, os sentimentos dos homens mudam profundamente entre o anoitecer e a madrugada. Os sentimentos volúveis fizeram dele um homem taciturno e esquivo. Mas um dia tudo mudou. 

Yangalala, a princesa do reino da Felicidade, andava a colher nsafu quando encontrou o caçador. 

- Estás triste, caçador? Fala dessa tristeza que te parte o coração.

Portugal | A ESQUERDA RADICAL

Carmo Afonso* | Público | opinião

As pessoas insatisfeitas, neste caso os eleitores, tendem a simpatizar com quem assume o discurso destemido. Sucede que a esquerda está à defesa. Defende-se da qualificação de extremismo que lhe é imputada e caiu no pior dos males: deixou-se condicionar. Com isso perde eleitorado mais jovem e sobretudo perde a sua própria juventude.

O resultado das últimas eleições parece representar uma derrota para o BE e para o PCP. É um engano. Os grandes derrotados daquela noite são trabalhadores portugueses, os que vivem do seu trabalho, os que dependem do salário mínimo nacional (SMN), os que não são classe média e que provavelmente não chegarão lá.

Estamos a falar de milhões de portugueses. Existem em Portugal cerca de novecentos mil trabalhadores que vivem do SMN, parte deles certamente com outras pessoas a cargo. Faz sentido a pergunta: se tantos portugueses estão em situação de pobreza, ou quase pobreza, porque não tem esta esquerda, que se bate pelos seus interesses e direitos, uma votação mais expressiva? E também faz sentido perguntar se esta esquerda deixou de satisfazer as aspirações de quem sente urgência na melhoria das suas condições de vida.

O problema existe.

Esta esquerda sofreu a erosão do voto útil no Partido Socialista. Ponto assente. Mas algumas razões havia também para os partidos mais à direita terem igualmente sentido a erosão do voto útil no PSD. Não aconteceu. A IL e o Chega cresceram, não obstante a necessidade de reforçar o voto em quem poderia, à direita, ser primeiro-ministro.

O que tem então esta nova direita que capta o voto dos eleitores? A resposta pode ser difícil de ouvir. Vejamos: esta direita não apresenta soluções colectivas – no sentido do que seria o melhor para todos – mas apenas soluções individuais. Votar no que é melhor para si mesmo. Quem vota na IL quer à partida prosperar, o que é absolutamente válido. Mas quer fazê-lo individualmente, ser um vencedor, apanhar o elevador social que, como se sabe, não tem a capacidade de um monta-cargas.

Portugal | Legislativas: TC diz que acordo entre partidos sobre votos é ilegal

O Tribunal Constitucional (TC) advertiu que qualquer “acordo informal” entre os partidos políticos no sentido de aceitar os boletins de voto que não sejam acompanhados por fotocópia do documento de identificação do eleitor é “grosseiramente ilegal”.

No acórdão, que deliberou sobre um recurso apresentado pelo partido Volt Portugal, o TC refere-se à reunião ocorrida no dia 18 de janeiro entre os delegados das listas de candidatura para a escolha dos membros das mesas das assembleias de recolha e contagem de votos dos eleitores residentes no estrangeiro.

Nessa reunião, os partidos acordaram aceitar “como válidos todos os boletins cujos envelopes permitam a identificação clara do eleitor e descarga nos cadernos eleitores desmaterializados, mesmo que o envelope não contenha cópia do cartão de cidadão ou bilhete de identidade”, alegando que essa cópia “serve, afinal e apenas, como reforço das garantias do exercício pessoal do voto”.

No acórdão que deliberou declarar a nulidade das eleições na maioria das mesas do círculo da Europa, que terão de ser repetidas, os juízes do Palácio Ratton avisam que a Lei eleitoral da Assembleia da República “não atribui aos partidos políticos concorrentes à eleição, designadamente por via dos seus mandatários ou delegados, a faculdade de deliberar sobre os requisitos de validade dos votos”.

E apontam que “toda essa matéria — como não podia deixar de ser — está sob reserva de lei, devendo as decisões concretas sobre a validade de votos ser tomadas pelos órgãos eleitorais competentes, segundo o procedimento expressamente regulado e mediante a aplicação dos critérios legais”.

Portugal | CARVÃO E ÁGUA: UM RASTO NEGRO DE MISTIFICAÇÃO

As centrais termoeléctricas de Sines e Pego já debitaram mais poluição depois de encerradas do que quando produziam electricidade. É o que parece extrair-se da barreira de fumo denso veiculado em palavras ditas e escritas. 

Demétrio Alves | opinião

O ex-director-geral da energia (ex-DGEG) e o actual (DGEG) envolveram-se numa apimentada controvérsia, muito relevante, tanto devido ao nível de conhecimento e de responsabilidade dos intervenientes, como pelas suas ligações ao poder político e económico.

De permeio houve colheradas de um jornalista alcandorado a especialista que elabora suportado em dados expressamente disponibilizados pelos mandantes.

É objectivo deste texto tentar contribuir para limpar alguma da fuligem acumulada, coisa que não é fácil devido à falta de água.

O ex-DGEG, defendeu, em síntese, num artigo publicado pelo Observador, que o encerramento das centrais a carvão do Pego e de Sines seria o factor central justificativo pelo qual «o sistema ficou claramente deficitário, sendo necessário recorrer à quase totalidade da potência disponível das centrais de ciclo combinado a gás natural, à importação de electricidade e finalmente à disponibilidade hídrica (água das barragens). Fica assim absolutamente perceptível o motivo pelo qual o nível de água nas barragens é bastante abaixo do normal. Há necessidade de produzir electricidade». Acrescentou que se trata de uma «situação para a qual diversos especialistas já tinham alertado, pois o encerramento precipitado das centrais a carvão (aproximadamente 2 GW) poderia tornar Portugal num país deficitário em termos de energia eléctrica».

Ou seja, o ex-DGEG diz que o drástico esvaziamento das albufeiras de alguns aproveitamentos hidroeléctricos estaria sobretudo relacionado, para além da óbvia menor pluviosidade, com a desactivação precoce das centrais termoeléctricas a carvão, o que teria obrigado, nos últimos quatro meses de 2021, a uma «relativamente elevada produção de energia hídrica».

Na sequência deste artigo o actual DGEG respondeu com uma peça onde afirmou que «o nível baixo de armazenamento das albufeiras tem uma relação directa com a fraca pluviosidade», acrescentando que «atribuir ao encerramento das centrais de carvão a responsabilidade pela falta de água nas albufeiras já é uma outra conversa, que terá de ser suportada em factos e dados concretos».

Embora não tivesse havido nenhuma referência a eventuais responsabilidades do Estado ou do governo, o DGEG entendeu que devia, ad initium, esclarecer que «afirmar que as centrais de carvão foram encerradas por ordem do Governo ou do Estado só pode indiciar ignorância ou malícia».

Compreende-se o zelo do alto funcionário porque se poderá admitir que existia, subentendida no artigo do ex-DGEG, uma crítica ao governo e à administração, até porque, de facto, diversos sectores técnicos e socioeconómicos já a tinham expressado de diversas formas.

Portugal covidado | DIZEM OS 'SÁBIOS' QUE ESTÁ TUDO A FICAR MELHOR. ESTÁ?

Portugal regista mais 20.041 casos e 46 mortes

Dados divulgados esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde. Portugal soma esta quarta-feira mais 20.041 casos e mais 46 mortes relacionadas com a Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo os dados publicados pela Direção-Geral de Saúde (DGS). 

Segundo os dados do boletim diário da DGS, o país registou 3.131.899 casos e 20.666 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia.

O número de internados voltou a descer. Estão agora internadas 2141 pessoas, menos 129 em relação ao dia anterior. Dessas, 142 estão em cuidados intensivos (menos cinco do que na terça-feira).

Recuperaram da doença mais 20.347 pessoas desde terça-feira, aumentando assim o número de recuperados para 2.574.750. Há, assim, menos 352 casos ativos no país, sendo que o número de casos ativos cai pelo sexto dia consecutivo.

Esta quarta-feira, há também atualização da matriz de risco e ambos os valores baixaram. A incidência a nível nacional baixou para 4390,9 casos de infeção por 100 mil habitantes (na segunda-feira era de 4989,6) e o índice de transmissibilidade, ou Rt, caiu quarta-feira de 0,81 para 0,76 a nível nacional.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é a região do país com mais casos esta quarta-feira, somando 6831 novas infeções e 12 mortes.

A região Norte regista 5594 novos casos e 16 óbitos; na região Centro há 3819 novos casos e 12 mortes; no Alentejo há 1060 novos casos e duas mortes; e no Algarve há mais 1371 novas infeções e duas mortes.

Hélio Carvalho | Notícias ao Minuto

Leia em Notícias ao Minuto:

"A ameaça persiste enquanto não houver uma vacinação global", diz Costa

PORTUGAL NA NATO E O SERVILISMO AOS EUA

Com a revisão e colaboração de Martinho Júnior sobre o envolvimento de Portugal na NATO e servilismo aos EUA e à hegemonia que em proveito próprio defende na ganância característica da exploração ultra capitalista que impõe pela via das armas em quase todo o mundo, reproduzimos parcialmente excerto de publicação a propósito retirada da Revista Militar para que assim se perceba qual o grau de envolvimento para que Portugal e os portugueses estão a ser arrastados sob o pretexto da “maravilha de vida ocidental”, aparentemente democrática para os países e povos mas, na realidade, deficitária dessa mesma democracia e justiça social de que o sistema ocidental se arroga possuir.

Sobre as Forças Armadas portuguesas, na NATO, salienta Martinho Júnior: “As Forças Armadas de Portugal avançam a pleno vapor e parece que está tudo bem e em banho de marasmo, quando aqui (na RM) é visível a prova da barbárie à portuguesa!”

O EXÉRCITO PORTUGUÊS E OS 70 ANOS DA ALIANÇA ATLÂNTICA. UMA PARCERIA CONSTRUTIVA…

Introdução

Quando o Embaixador Pedro Teotónio Pereira, em nome de Portugal, assinou em 4 de abril de 1949 em Washington, nos Estados Unidos da América, o designado “Tratado de Washington”, estava criada a maior e mais duradoura aliança militar (institucionalizada) da história da humanidade – a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ou na designação original na língua inglesa – North Atlantic Treaty Organization (NATO[1].

No momento da assinatura do Tratado, constituindo-se com o estatuto de membro fundador, o Embaixador Teotónio Pereira assumia “Por Portugal“, como está referenciado no documento original, um compromisso nacional que teria um enorme impacto político-estratégico no país e que passaria a fazer parte da história recente das Forças Armadas Portuguesas e em concreto do Exército Português.

Ao longo destes 70 anos, a “Aliança”, como é comummente conhecida, tem tido um enorme impacto nas políticas de defesa e segurança em Portugal, contribuindo direta ou indiretamente para os propósitos e objetivos nacionais, onde quer que eles se tenham materializado… no tempo e no espaço. A Aliança, ao longo deste lapso de tempo, acompanhou um Portugal em mudança… serviu os propósitos das políticas da ditadura e do Estado Novo, e no período pós-1974, relacionou-se com a mudança para a Democracia e a formação do Estado de Direito Democrático num país pós-revolução.

A Aliança acompanhou o evoluir de guerras e revoluções em que estivemos envolvidos, tendo contribuído para a evolução das Forças Armadas e concretamente do Exército Português. Esta “parceria construtiva” tem tido um impacto muito relevante ao nível da organização, nos programas de reequipamento, na vertente da doutrina e na área da educação e treino militar, tendo permitido a Portugal integrar as dinâmicas regionais e globais da segurança e defesa. Esta parceria tem possibilitado aos milhares de militares portugueses que têm cumprido missões na Estrutura de Comandos e na Estrutura de Forças da Aliança, bem como em atividades de formação e treino (através da participação em exercícios militares) e especialmente em operações, uma aprendizagem que teve (e continua a ter) um impacto significativo no nosso nível de operacionalidade como produtores de segurança à escala global.

Na intenção de procurar desvendar os principais elementos desta designada “parceria construtiva” entre a Aliança e o Exército Português, este artigo de opinião procura, seguindo uma orientação cronológica e factual, e tendo como referência principal o artigo escrito pelo (à época) Major Maia Pereira, por ocasião dos 50 anos da Aliança, dar a conhecer aos nossos leitores o impacto que a NATO teve (e continua a ter) nos seus 70 anos de existência no Exército Português e a forma como temos contribuído (e continuamos a contribuir), para os objetivos da Aliança Atlântica em nome de Portugal.

A ÚLTIMA PALAVRA PARA A VALETA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Sindicato dos Jornalistas merece-me todo o respeito porque ao longo da minha carreira profissional fui sindicalista. Dou exemplos: último presidente do Sindicato dos Jornalistas, eleito em 1974 e até à sua extinção em Outubro de 1975. Membro do Conselho de Redacção da Emissora Oficial de Angola e do jornal Diário de Luanda. Em Portugal fui membro da direcção do Sindicato dos Jornalistas. Membro da direcção do Clube de Jornalistas. Membro da comissão de trabalhadores dos jornais Correio do Minho e Jornal de Notícias. Estou em total desacordo com Teixeira Cândido e a sua direcção por nem sequer disfarçarem que fizeram do nosso sindicato uma correia de transmissão da UNITA.

Reginaldo Silva publicou no Folha 8 uma “denúncia” enquanto membro da ERCA em representação do Sindicato dos Jornalistas, na qual me envolve. Escreve ele:

“Com a cumplicidade activa do Presidente da ERCA, Adelino Marques de Almeida, estou a ser neste momento alvo de uma estranha acção que, na minha avaliação mais estratégica, através de um putativo processo disciplinar, visa no fundo a impugnação do meu mandato, por alguém que assina com o nome de Artur Queiroz, residente em parte incerta, sendo certo que esta parte não faz parte de Angola”.

O jornalista Adelino de Almeida não é nem nunca foi das minhas relações. É um jornalista que muito respeito e tanto quanto me apercebi nos oito anos em que estive no Jornal de Angola, é respeitado por todos. Pelo seu passado, pelo seu carácter, pela sua dedicação ao Jornalismo Angolano. Falei com ele uma vez, precisamente no Jornal de Angola, quando foi visitar o seu jornal de sempre e estava com José Ribeiro e Eduardo Minvu, que mo apresentaram. Nunca mais trocámos uma só palavra.

Bispos católicos angolanos criticados por "ingerência" nos assuntos políticos

Vários membros do MPLA, no poder, insurgiram-se contra os bispos católicos, que denunciaram "ambiente sombrio e nefasto" em Angola. Denúncia tem sido considerada uma ingerência da Igreja Católica nos assuntos políticos.

As notas pastorais dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) sobre a situação no país têm enfurecido vários membros do partido no poder em Angola. No início do mês, os bispos denunciaram um "ambiente sombrio e nefasto". Mas muita gente não gostou da denúncia, vista em vários setores como "ingerência" nos assuntos políticos.

Nas redes sociais, Ismael Mateus, jornalista e membro do Conselho da República, escreveu que "a Igreja Católica faz tanta questão de se meter na questão política que deveria apresentar um dos seus bispos como candidato."

A Igreja Católica chega a ser acusada de apoiar os partidos da oposição. João Pinto, deputado do MPLA, disse em declarações à Rádio Ecclésia que "em momento algum, o Papa Francisco orientou os partidos políticos na Itália."

"A Igreja deve saber qual é o seu papel. Já dizia Lutero, que era também padre que se rebelou, o mundo da ordem é o mundo da política. O mundo da religião é celestial, é promover o amor e a concórdia", lembrou o político.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS -- Feridas da Flecha e Golpes das Palavras


Ngéji era um velho que vivia numa floresta, tendo apenas por companhia um regato que cantava dia e noite, feliz pela sua existência. Chegou àquele lugar há tantos anos, que ninguém na região se lembra, nem os mais velhos do que ele. Nas aldeias mais próximas diziam que ele veio das longínquas terras de Mbàka, a mítica pátria do mar. Ninguém se atrevia a chegar perto da sua casa, porque tinha fama de comedor de vidas, um ngánga que atacava pela calada da madrugada, quem tinha a desdita de não cair nas suas graças.

Como ninguém andava nas redondezas, além do regato cantante, Ngéji tinha a companhia de nunces, gulungus  ngungas e da imprevidente kasexi, cabrinha alegre que não via maldade nos caçadores. O velho caçava, cultivava a sua lavra, pensava e nas horas do entardecer fixava os olhos no horizonte até ver o sol partir. O amanhecer já o encontrava desperto, solitário com os seus pensamentos. Não falava com ninguém e ninguém o procurava.

Na aldeia mais próxima de sua casa existia um menino muito corajoso, Semuka, que fazia muitas perguntas sobre aquela casa isolada na margem do regato, mas nunca obteve respostas. Um dia resolveu ir ver aquele lugar misterioso. Quando chegou perto da cubata, encontrou Ngéji a dormitar à sombra de uma njíndu carregada de frutos, que os pássaros picavam avidamente. 

OS OLHOS DOS EUA EM ÁFRICA

# Publicado em português do Brasil

Edoardo Pacelli* | Monitor Mercantil

Disputa com Rússia e China reativou interesse norte-americano

Com o fim da Guerra Fria, a África apareceu como um “problema”, alheio aos objetivos dos Estados Unidos. A agenda de Washington parecia focada na Europa, na América Latina e no Oriente Médio. Mas, após o ataque às Torres Gêmeas, o desligamento americano da África sofreu uma forte desaceleração. Desde 2007, sob a presidência de George W. Bush, foi instituído o Africom, comando para a África das Forças Armadas americanas.

Uma novidade que manifestou, de forma cristalina, o interesse estratégico dos Estados Unidos pelo continente, a ponto de o Pentágono estabelecer um comando único para todas as operações na África, quando antes fazia parte de três comandos geográficos distintos, todos voltados para outras frentes.

A construção de um comando para a África ocorreu em paralelo com um aumento progressivo do engajamento militar de Washington no continente, surgindo, em primeiro lugar, devido à guerra ao terrorismo de origem islâmica, que representa a plataforma mais importante para realizar (ainda hoje) as principais operações bélicas no continente.

Do Chifre da África às várias missões, mais ou menos secretas, no Sahel e em algumas áreas da África equatorial, os Estados Unidos, mesmo em momentos recentes de maior distanciamento dos destinos africanos, nunca abandonaram o continente.

A EUROPA E O MUNDO EM CONSTANTE PESADELO!

ACABAR COM A NATO É PÔR FIM À BARBÁRIE FEUDAL!

Martinho Júnior, Luanda

A NATO é de facto um prolongamento do Pentágono e a sua bárbara coerência é a coerência do poderoso lóbi da energia e do armamento que influi nos relacionamentos externos dos Estados Unidos, a ponto de atirar para as urtigas a Carta da ONU!...

Insistir nessa arrogância de hegemonia sem ética, sem moral e sem respeito para com a humanidade e para com o próprio planeta, torna as “democracias representativas” em vigor numa autêntica fraude que além do mais coloca constantemente em risco a paz!

A NATO nesses termos tem sido um instrumento que a hegemonia unipolar se serve para fomentar a IIIª Guerra Mundial não declarada contra o Sul Global e contra os emergentes ávidos de paz!

Muitas vezes a NATO abandona o seu espaço original para ir complementar acções militares e de inteligência que se agregam ao Pentágono e aos interesses da hegemonia unipolar, sem que a defraudadas “democracias representativas” europeias o consigam evitar nos seus próprios Parlamentos!

Portugal, que entrou na NATO como membro fundador em tempo colonial-fascista, é um exemplo disso: as suas Forças Armadas até para o Afeganistão já foram parar entre 2011 e 2015 e nada constou no seu Parlamento, um pesadelo para quem engole uma pílula dessas!

Essa NATO impede além do mais a possibilidade da descolonização mental dos vassalos dilectos, que aproveitam da arrogância a fim de dar continuidade, como o caso crónico da FrançAfrique, ao refinamento dum colonialismo que teve apenas a habilidade de tisnar de bandeiras, “terceiras bandeiras”, os relacionamentos internacionais!

Chuva torrencial de milhões de dólares, de euros e de armamento para a Ucrânia

A GUERRA SEGUE DENTRO DE MOMENTOS?

Sinais contraditórios. Putin quer negociar mas a ameaça continua

Líder russo fala em "retirada parcial de tropas" e diz não querer guerra com Ucrânia, enquanto deputados apelam para que reconheça a independência das regiões separatistas.

A visita do chefe do governo alemão ao presidente russo ficou marcada pelas declarações de Vladimir Putin em como não quer invadir a Ucrânia e que pretende prosseguir a via diplomática com o Ocidente. Mas o dia ficou marcado, como disse o britânico Boris Johnson, por "sinais contraditórios": Moscovo anunciou o início da retirada de tropas junto da fronteira com a Ucrânia, mas ao mesmo tempo faltou a uma reunião no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para dar explicações sobre as manobras militares; os deputados russos pediram a Putin para este reconhecer a "independência" das duas regiões em guerra com Kiev; e vários sites ucranianos voltaram a ser alvo de um ciberataque.

Da conferência de imprensa conjunta de Putin e Olaf Scholz ressalta ainda uma ideia do alemão: "É nosso dever encontrar um entendimento político sem que ninguém tenha de desistir dos seus princípios neste processo. Isso é liderança política."

Na véspera, ao lado do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky Scholz tinha manifestado estranheza pelo finca-pé do líder russo no que respeita à adesão da Ucrânia à NATO, um tema que, diz, não estava na agenda e que para Zelensky não passa de um "sonho". No Kremlin, se bem que tenha criticado a condenação do opositor Alexei Navalny, o social-democrata mediu as palavras e disse que "não se pode alcançar uma segurança duradoura contra a Rússia, mas apenas com a Rússia".

Já o líder russo, que vinha a dar sinais de alguma distensão, negou com um "claro que não" a ideia de querer invadir a Ucrânia, mas insistiu no ponto que, a seu ver, os Estados Unidos e a NATO não cumprem, o princípio da segurança indivisível, isto é, que estado algum deve reforçar a sua segurança à custa da segurança de outros, previsto no documento da cimeira de Istambul da OSCE, em 1999. "Estamos prontos para seguir o caminho das negociações", disse Putin.

O presidente que já levou a Rússia para quatro conflitos - um doméstico, a segunda guerra na Chechénia, e as guerras na Geórgia, Ucrânia (de forma não declarada) e Síria - também confirmou uma "retirada parcial de tropas" da região sob tensão e na qual os Estados Unidos afirmam haver mais de cem mil soldados russos. Mas não foi dada mais informação, o que levou a comentários cautelosos por parte das capitais ocidentais.

TRAUMATISMO UCRANIANO

César Príncipe [*]

Os presságios de Joe e de seus acólitos e meninos de coro constituem, a poucos meses da debandada do Afeganistão, um CSMI/Comprovativo da Saúde Mental do Império. As fábricas de pânico laboram noite e dia. É a reindustrialização da América. Mobilizadas por Joe, o Profeta, as meretrizes da Velha Roma regressam às estradas e ao circo mediático: os russos estão às portas da Ucrânia. Fujam. Os russos irromperão, desde logo, em Dezembro de 2021, logo depois, em Janeiro de 2022, finalmente, impreterivelmente em 16 de Fevereiro de 2022. Portanto, daqui a poucas horas, o mundo prestará contas ao Criador e à Reserva Federal.

Joe, Por qué no te callas?

Entretanto, as tropas USA NATO apertam o nó à Rússia. E Portugal também está lá para ence(nações) de músculo. Depois das colónias africanas, as colónias americanas. Os USA e as suas forças instrumentais declaram não intervir, porque a Ucrânia não é membro da NATO. Acreditem os formalistas. A NATO está experimentada em bombardear e massacrar sem considerações formais. Jugoslávia: um dos álbuns sangrentos e radioactivos. Ainda se lembram? Uma coisa está comprovada pelos ERO/Expeditos Repórteres do Ocidente: as meretrizes estão na estrada. O circus maximus está montado em Washington e Kiev e noutras capitais da agitprop. Minhas senhoras e meus senhores, a Rússia está na iminência de cruzar as sagradas fronteiras de uma Antiga República Soviética. Mas a Rússia desmente, farta-se de desmentir e farta-se de denunciar a histeria e até a pretensamente ameaçada Ucrânia não vê sinais de tanques a rolar, aviões a zumbir, fragatas a apontar as canhoeiras na sua direcção. E para lá chegar, a Rússia conhece todos os caminhos, palmo a palmo. Mas Joe é Profeta e tira selfies às intenções do gigante eslavo e previne e manda alinhar os vassalos europeus. E os serviçais e o seu amo estão em retirada das posições em solo ucraniano. Temem ou simulam recear que os russos despejem milhares de mísseis. Faça-se jus: os foragidos não querem ser apanhados pelo fogo de Putin ou – quem sabe – de Joe. Em desespero de causa, Joe faz-se filho de Putin. Sim, os diplomatas e os instrutores e os mercenários da Academi e os inteligentes do costume aviam as malas. Compreende-se: entre tantas lanças e crateras e fragores, sentir-se-iam traumatizados.

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