segunda-feira, 18 de abril de 2022

A GUERRA E OS IDIOTAS ÚTEIS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor presidente Zelensky fez um grande favor ao mundo. Disse ao canal de televisão CNN que tem no Leste 44 mil homens que são os melhores militares da Ucrânia “verdadeiros heróis que fazem a guerra há oito anos”. Extraordinário! Afinal a guerra não começou no dia 24 de Fevereiro com a operação especial militar russa. Começou em 2014. E começou com um golpe de estado dos nazis, apoiado, financiado e armado pelos países da OTAN (ou NATO).

A guerra na Ucrânia, de sinal nazi, tem o principal teatro de operações nas repúblicas separatistas do Leste. Recusaram os golpistas de Kiev e declararam-se independentes. O comportamento dos 44 mil “melhores militares” ucranianos tem contornos de genocídio dos russos no Donbass. Isso está escrito em relatórios da agência da ONU para os Direitos Humanos. Portanto, as minhas fontes são o senhor presidente Zelensky e a Organização das Nações Unidas. Não me estou a servir da propaganda russa nem a transmitir recados do senhor presidente Putin.

Nestes oito anos de guerra no Leste da Ucrânia, milhares de civis fugiram das acções armadas dos 44 mil “melhores militares” ucranianos. Alguém se preocupou com eles nos países da União Europeia? Alguém lhes deu asilo? Alguém fez peditórios em seu nome? Alguém lhes mandou comida e medicamentos? Alguém filmou os seus mortos, gatinhos, cachorros, peluches e túmulos? Ninguém! Refugiados só existem desde 24 de Fevereiro. Mortos, só desde que começou a operação militar para desarmar e desnazificar a Ucrânia. Compaixão e solidariedade só nos últimos 50 dias. 

Então vamos falar de idiotas úteis. O primeiro e mais visível é Zelensky, que ganhou o papel da sua vida como actor. Atirou com os ucranianos para uma guerra por conta da OTAN (ou NATO) e o estado terrorista mais perigoso do mundo. Já não lhe chegava a guerra de oito anos com os seus melhores 44 mil militares no Donbass.

Idiota útil é a CNN que faz figura de canal oficial dos nazis da Ucrânia. Idiotas úteis são os que assassinam o jornalismo em directo pagos por uns trocos, umas promoções no emprego, umas esmolas. Idiotas úteis são generais que vão para as televisões dizer disparates tais que fazem deles soldados recrutas. Idiotas úteis são professores universitários das áreas do Direito e das Relações Internacionais que se comportam como propagandistas da CIA e do Pentágono.

OS CHULOS DA GUERRA

Chris Hedges [*]

A mesma cabala de gurus belicistas, especialistas em política externa e funcionários do governo, ano após ano, desastre após desastre, presunçosamente esquivam-se da responsabilidade pelos fiascos militares que orquestram. Eles são multiformes, mudando habilmente conforme os ventos políticos, passando do Partido Republicano para o Partido Democrata e depois voltando, mudando de guerreiros frios para neoconservadores e para intervencionistas liberais. Pseudo intelectuais, exalam um snobismo enjoativo da Ivy League enquanto vendem medo perpétuo, guerra perpétua e uma visão de mundo racista, em que as raças inferiores só entendem a violência.

Eles são os chulos (pimps) da guerra, fantoches do Pentágono, um Estado dentro de um Estado, e o complexo militar-industrial financia generosamente os seus think tanks – Project for the New American Century, American Enterprise Institute, Foreign Policy Initiative, Institute for the Study of War, Atlantic Council e Brookings Institute. Tal como algumas espécies mutantes de bactérias resistentes a antibióticos, eles não podem ser derrotados. Não importa quão errados estejam, quão absurdas sejam suas teorias, quantas vezes mintam ou denigram outras culturas e sociedades como incivilizadas ou quantas intervenções militares assassinas correm mal. Eles são inamovíveis, os mandarins parasitas do poder que são vomitados nos últimos dias de qualquer império, incluindo o dos EUA, saltando de uma catástrofe auto-destrutiva para outra.

Passei 20 anos como correspondente estrangeiro relatando o sofrimento, a miséria e os ataques assassinos destes vigaristas das guerras projetadas e financiadas. Meu primeiro encontro com eles foi na América Central. Elliot Abrams – condenado por fornecer testemunho falso ao Congresso sobre o Caso Irão-Contras e posteriormente perdoado pelo presidente George H.W. Bush para que pudesse voltar ao governo e vender-nos a Guerra do Iraque – e Robert Kagan, diretor do gabinete de diplomacia pública do Departamento de Estado para a América Latina – eram propagandistas dos brutais regimes militares em El Salvador e Guatemala, bem como dos violadores e bandidos homicidas que compunham as forças sem princípios dos Contras que lutavam contra o governo sandinista na Nicarágua, financiadas ilegalmente. O trabalho deles era desacreditar as nossas reportagens.

“Tal como algumas espécies mutantes de bactérias resistentes a antibióticos, eles não podem ser derrotados”

Eles, e o seu círculo de companheiros amantes da guerra, passaram a pressionar a expansão da NATO na Europa Central e Oriental após a queda do Muro de Berlim, violando o acordo para não estender a NATO para além das fronteiras de uma Alemanha unificada e antagonizando imprudentemente a Rússia. Eles eram e são animadores de claque (cheerleaders) do Estado de apartheid de Israel, justificando crimes de guerra contra os palestinianos e confundindo os míopes interesses de Israel com os dos EUA. Foram os autores da política de invasão do Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia. Robert Kagan e William Kristol, com a sua típica falta de noção, escreveram em abril de 2002 que “a estrada que leva à verdadeira segurança e paz” é “a estrada que atravessa Bagdade”.

Vimos como isso funcionou. Este caminho levou à dissolução do Iraque, à destruição da sua infraestrura civil, incluindo a aniquilação de 18 das 20 centrais eléctricas e de quase todos os sistemas de bombagem de água e saneamento durante um período de 43 dias quando 90 000 toneladas de bombas foram despejadas sobre o país, à ascensão de grupos jihadistas radicais em toda a região e a Estados falidos.

A guerra no Iraque, juntamente com a humilhante derrota no Afeganistão, destruiu a ilusão da hegemonia militar e global dos EUA. Também infligiu aos iraquianos, que nada tinham a ver com os ataques de 11 de setembro, a matança generalizada de civis, a tortura e a humilhação sexual de prisioneiros iraquianos e a ascensão do Irão como potência proeminente na região.

Portugal | Abusos na Igreja? "Sinais de ocultação" são preocupantes - Ana Gomes

Comentadora abordou o mais recente balanço da Comissão Independente que está a investigar os abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa.

Ana Gomes considerou que é “preocupante” que existam suspeitas de encobrimento e ocultação de casos de abuso sexual de menores na Igreja Católica portuguesa, além de uma alegada falta de colaboração com a investigação por parte de alguns setores religiosos.

No seu habitual comentário na SIC Notícias, este domingo, a ex-eurodeputada começou por abordar   o recente balanço feito pela Comissão Independente, que está a investigar abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal, e que nos primeiros três meses de trabalho já recebeu 290 testemunhos válidos de vítimas e que remeteu 16 casos ao Ministério Público. 

Depois de considerar que esta Comissão “está a fazer o seu trabalho”, a comentadora começou por expor, citando alguns elementos do grupo de trabalho, aspetos que lhe parecem “particularmente” preocupantes. 

“É muito preocupante (…) quando falamos deste tipo de abusos relativamente àqueles que seriam cuidadores. Seja um pai, seja um professor, seja um catequista, um padre. E é particularmente agravante que esse tipo de violações sinistras seja imputado a quem veríamos como cuidador”, começou por refletir. 

“Muito preocupante é uma figura dessa comissão independente, que eu muito respeito, o doutor Laborinho Lúcio, que foi ministro da Justiça, ter vindo dizer que há sinais de ocultação, de encobrimento, portanto conhecimento de que havia determinadas pessoas na Igreja que tinham este tipo de práticas e que foram transferidas, exatamente para as ajudar a encobrir”, acrescentou.

Portugal | LAVAR O BEBÉ MAS…

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

A "descentralização" de competências do Governo para as autarquias é um logro. Porque a limita a tarefas administrativas e de gestão de património, transformando as autarquias em meras "empregadas" do Governo - que mantém a orientação política dessas áreas. E porque a transferência não é acompanhada pela correspondente disponibilização de verbas que permita às autarquias, sem acréscimo de custos, tratar da respetiva gestão.

Este processo resultou de um acordo assinado por Costa e Rio, líderes dos partidos que dominam a Associação Nacional de Municípios Portugueses. Instituição que, nesta matéria, se portou mal, preferindo assumir-se como representante do Governo (ou dos titulares desse acordo), em vez de ser a defensora dos interesses dos municípios (que, apesar da proximidade, não terão verbas para fazer bom trabalho). Rui Moreira, tal como os autarcas da CDU e vários autarcas do PS e do PSD, assumiu, neste processo, uma posição correta, denunciando - e demonstrando com números! -, como o Governo não estava a descentralizar para melhorar serviços, mas sim a alijar responsabilidades...

Tem o mérito de, com a sua proposta de saída do Porto da ANMP, ter posto em cima da mesa este assunto. Mas esta saída, a ocorrer, não será benéfica para o processo, nem para o Porto. A ANMP, apesar das dificuldades, deve ser um espaço de diálogo e de concertação de posições em defesa do Poder Local. O que implica estar lá dentro a esgrimir argumentos. O Porto, sozinho, não aumentará a sua capacidade reivindicativa. Espero, assim, que impere o bom senso. Mantendo-se o Porto na ANMP e alterando esta o papel de subserviente parceira do Governo.

Senão lavaremos o bebé, mas deixá-lo-emos ir pelo ralo juntamente com a água suja.

*Engenheiro

O CORO DOS FALIDOS ENLOUQUECIDOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Diário de Notícias publicou um recado para o Executivo da República de Angola, enviado pelo Tio Célito e o chupista António Costa. O recadeiro foi um obscuro João Ribeiro-Bidaoui. Aquilo já foi um jornal mas agora é papel sujo por mãos de analfabetos insanáveis. A mukanda serviu para abrir caminho a um tal João Gomes Cravinho que herdou do pai o lugar de ministro dos negócios com os estrangeiros do governo de Portugal e chegou hoje a Luanda. 

Leiam o recado: “Portugal tem doado centenas de milhões de euros em ajuda ao desenvolvimento dos países africanos de língua oficial portuguesa. Só o Programa de Cooperação 2018-2022, com apenas um desses nossos parceiros privilegiados, Angola, custou 535 milhões de euros. Para Moçambique, e até 2026, estão previstos mais 170 milhões de euros. A que acrescem reestruturações e perdões da dívida externa que, e apenas no que respeita a Angola, totalizaram, em 2004, 561 milhões de euros”. Se o recado fosse escrito pelo ditador Salazar, chefe do pai do Tio Célito, acabava assim: Pretos caloteiros!

O tal Cravinho a esta hora já se encontrou com sua excelência o ministro Téte António e quanto a negócios deve ter deixado tudo em pratos limpos: Nós continuamos com a técnica de roubar no peso e na medida. Quem se porta mal vai para debaixo da terra, nas cordas, para o Missombo, Tarrafal ou São Nicolau. Cuidado com o cão! O moço de recados do Diário de Notícias fez por ele o relatório: 

“Ora, no passado dia 2 de Março, membros da CPLP (Angola, Guiné-Equatorial, Guiné-Bissau e Moçambique) representaram 10% do pequeno grupo de países que na Assembleia Geral das Nações Unidas não votaram a favor da Resolução que condenou a invasão da Ucrânia. E a 7 de Abril, apenas dois membros da CPLP, Portugal e Timor-Leste, se juntaram à larga maioria que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU”.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO DENTRO E AO REDOR DA RUSSIA (pt - gb)

Partido Comunista da Federação Russa - Viatcheslav Tetekin*

Há uma guerra na Ucrânia. Externamente, parece um conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia. Todas as forças políticas, incluindo a esquerda, falaram sobre esses eventos. A gama de avaliações: de humanístico-emocional (“as pessoas estão morrendo, pare a guerra”) a puramente de classe (“O Ocidente está empurrando dois regimes oligárquicos”). Na verdade, esse conflito tem raízes profundas. Ao analisar a situação, devemos levar em conta tanto o conteúdo nacional da luta de classes quanto o conteúdo de classe da luta nacional.

O que é a Ucrânia?

O território da atual Ucrânia, até meados do século XVII, era um espaço pouco povoado, contestado pelos países vizinhos. No início do século 20, as terras da atual Ucrânia foram divididas entre a Polônia, Império Austro-Hungaro e Rússia. Após a revolução de 1917 na Rússia, algumas dessas terras declararam temporariamente a independência. No entanto, em 1922, elas se juntaram à URSS como a República Socialista Soviética da Ucrânia. Assim, a Ucrânia ganhou a condição de Estado, embora limitada.

A Ucrânia era um país agrícola. Para garantir seu desenvolvimento, em 1918, por sugestão de Vladimir Lenin, seis regiões industriais russas, incluindo Donetsk e Lugansk, que nunca fizeram parte da Ucrânia, foram transferidas para a Ucrânia. Em 1939, a Galiza (Ucrânia Ocidental) foi anexada à Ucrânia, depois de anteriormente fazer parte da Polônia. O atual território da Ucrânia é o resultado de sua entrada na URSS. É composto por peças díspares: da Galiza (Lviv), com forte influência do catolicismo, ao leste da Ucrânia, que gravita fortemente em torno da Rússia.

A Ucrânia socialista desenvolveu-se poderosamente. A construção de aeronaves e foguetes, petroquímica, indústria de energia elétrica (quatro usinas nucleares) e indústrias de defesa foram adicionadas à extração de metal e carvão. Como parte da URSS, a Ucrânia recebeu não apenas a maior parte de seu território atual, mas também o potencial econômico que a tornou a 10ª maior economia da Europa. Os políticos ucranianos eram dominantes na liderança soviética. Nikita Khruschev, Leonid Brezhnev e Konstantin Tchernenko dirigiram a URSS de 1953 a 1983.

Após o colapso da URSS em dezembro de 1991, a Ucrânia tornou-se um estado independente pela primeira vez em sua história. Mas isso destruiu a integração econômica secular com a Rússia. O modelo de “mercado” levou à desindustrialização da Ucrânia e a uma queda acentuada no padrão de vida da população. Com base na privatização predatória, surgiu uma classe oligárquica.

Agora é o país mais pobre da Europa. O nível de corrupção e a diferenciação social são os mais altos do mundo. A indústria manufactura, com exceção da metalurgia, está praticamente destruída. A economia depende de empréstimos ocidentais e transferências de dinheiro de trabalhadores migrantes que partiram para a Europa e a Rússia em busca de trabalho (cerca de 10 milhões de seus 45 milhões de habitantes), e que são em sua maioria especialistas qualificados. A degradação do capital humano chegou ao seu limite. O país está à beira de uma catástrofe nacional.

A população da Ucrânia está fortemente insatisfeita. No entanto, essa insatisfação com as autoridades pró-ocidentais é manipulada de tal forma que, a cada eleição, ainda mais forças pró-ocidentais vencem. Em fevereiro de 2014, um golpe de estado apoiado pelos EUA e pela NATO foi realizado na Ucrânia. O Departamento de Estado dos EUA declarou publicamente que investiu US$ 5 bilhões em sua preparação.

Os neonazis chegaram ao poder. Trata-se, em primeiro lugar, de pessoas da Ucrânia Ocidental (Galiza), que durante séculos esteve sob o domínio da Polônia e do Império Austro-Hungaro. Sentimentos extremamente nacionalistas, antissemitas, anti-polacos, russofóbicos e anticomunistas são historicamente fortes ali. Após a invasão da URSS por Hitler, as tropas alemãs foram recebidas na Ucrânia Ocidental com flores. As divisões SS formadas ali, lutaram contra o Exército Vermelho. Nacionalistas locais, liderados pelo admirador de Hitler, Stepan Bandera, começaram a exterminar a população judaica. Na Ucrânia, cerca de 1,5 milhão de judeus foram mortos – um quarto de todas as vítimas do Holocausto. Durante o “massacre de Volyn” em 1944, cerca de 100.000 polacos foram brutalmente assassinados na Ucrânia Ocidental. As forças de Bandera destruíram os guerrilheiros soviéticos e queimaram vivos homens, mulheres e crianças em centenas de aldeias na Bielorrússia.

ÁFRICA DEIXA DE SER UM CORPO INERTE

Preâmbulo da Carta da ONU

NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS

a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.

E PARA TAIS FINS,

praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos.

RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS

Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas.

CARTA DAS NAÇÕES UNIDAShttps://brasil.un.org/sites/default/files/2022-04/A%20Carta%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas.pdf 

01- Em tempo de mudança de paradigma, nunca a Carta das Nações Unidas se impôs com todas as evidências como agora, nem nos tempos da então chamada “Guerra Fria”, quando mesmo assim se conseguiram levar a cabo lutas de libertação que tornaram muito mais abrangente e universal a aplicação da própria Carta!

A multilateralidade, o Não Alinhamento, a emergência, o respeito para com toda a humanidade, o respeito para com a Mãe Terra, o respeito pela Democracia e o respeito pela Paz, fundem-se hoje de tal modo, que é um acto de barbárie qualquer tipo de exclusão, tanto pior, qualquer tipo de reivindicada exclusividade, conforme ao padrão feudal da hegemonia unipolar!

A hegemonia unipolar é pela sua natureza um acto de barbárie retrógrado e lesivo em relação à lógica com sentido de vida pelo que suas práticas de conspiração são um flagrantemente contínuo processo que contradiz a Carta das Nações Unidas!

Tudo o que tem sido instrumentalizado nesse âmbito torna-se justamente condenável, por que sendo subversão da Carta das Nações Unidas, torna-se um factor promotor de intermináveis desequilíbrios, tensões, conflitos e guerras…

A hegemonia unipolar sabe disso e é por essa razão que, em desespero de causa fomenta, a cavalo na exclusividade, a subversão por via da mentira, a censura indiscriminada, os neofascismos e os neonazismos correntes e, uma vez que a federação Russa é um dos seus dilectos alvos, a russofobia descarada tendo como objectivo a implantação dum “apartheid global”!

Angola | O LIVRO DA RÁDIO E RASCUNHOS DA HISTÓRIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Antes de entrar no que interessa apresento humildemente desculpas ao bêbado da valeta e ao motorista do RI20 que é hoje membro da Academia Angolana de Letras ainda que a sua escrita seja aracnídea e balbuciante. Desculpem-me um dia ter entrado na Emissora Oficial de Angola, ainda no barracão de zinco ao lado dos Correios da Cuca. Perdoem-me por um dia ter alinhado na equipa fabulosa da Voz de Luanda: Pedro Moutinho, Paulo Cardoso e Horácio da Fonseca. Peço imensa desculpa por ter colaborado em programas independentes na antena da Rádio Eclésia, que eram o melhor da Rádio Angolana: Luanda (do inigualável Zé Maria), Equipa (do mestríssimo Brandão Lucas) e Café da Noite (do Sebastião Coelho). Também colaborei no Paralelo Nove, realizado, produzido e apresentado por Norberto de Castro. 

Com estes radialistas de excepção aprendi umas coisas. Antes que leve nas orelhas, quero convocar as mulheres da Rádio que me ensinaram imenso, apoiaram eajudaram a cumprir a minha missão: Concha de Mascarenhas, Maria Dinah, Graça D’Orey, Isabel Colaço, Catarina Gago da Silva e Luísa Fançony. Mandaram-me um texto do Humberto de Monfalino onde ele afirma que a Maria Dinah faleceu. Não consegui confirmar. Nem quero. Prefiro ficar na minha: Ela é eterna.

Depois do 25 de Abril de 1974 fui chefe de redacção da Emissora Oficial de Angola, hoje Rádio Nacional. Nessa altura ia todos os dias, ao fim da tarde, a casa do Presidente Agostinho Neto, no Bairro de Saneamento, para lhe contar o que tinha acontecido no mundo. O Mena Abrantes selecionava e traduzia os telegramas das agências noticiosas. Eu escrevia um resumo e fazia uma exposição ao nosso líder. 

Em meados de 1975, o Presidente Agostinho Neto dizia-me que a Rádio é muito importante mas a Imprensa é o rascunho da História. E nós estávamos a falhar nesse aspecto. Mas não havia falhanço nenhum. O MPLA simplesmente não tinha mão-de-obra.

O bêbado da valeta ainda era um rosqueiro analfabeto e o motorista do RI20, coitado, ainda não tinha descoberto o filão do MPLA. Mas recuperou do tempo perdido e ainda hoje vive à custa do Estado Angolano. Em grande! Saca o triplo dos generais que lutaram pela Independência, na Guerra de Transição e na Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. A Imprensa Angolana, naquela época, tinha poucos jornalistas interessados em colaborar no rascunho da História Contemporânea de Angola. A maioria estava mais interessada em adulterar a nossa luta, falsificar a nossa política e perpetuar o colonialismo.

Angola | O SUCESSO DO PRESIDENTE NO CUNENE

A agitação diária por tudo e por nada que a oposição promove na vida angolana, quase faz esquecer a realidade.

Mas a realidade impõe-se. Temos assistido diariamente desde a ida de João Lourenço ao Cunene a um entusiasmo nunca visto com o Presidente. Os relatos que chegam à nossa redacção e as notícias positivas sobre essa visita são imensas e avassaladores. Há um grande entusiasmo provocado pela visita do Presidente.

Isto demonstra que o impacto extremamente positivo da obra do Presidente no Cunene.

O partido que o apoia (MPLA) será certamente o vencedor de Agosto com 5 deputados provinciais eleitos. Aqui a alternativa é João Lourenço, o homem que faz.  

O seu trabalho começa a aparecer e a água também. E é isso que o povo quer. Soluções para os seus problemas e não conversa fiada. Com água vai haver mais economia e mais emprego para os jovens.

João Lourenço arrasou no Cunene e mostrou como se faz.

Tribuna de Angola

Ler masi em Tribuna de Angola:

Tentativa de arruaça iminente 

Oresultado estrutural

CONTOS POPULARES ANGOLANOS

A Viagem do Macaco às Costas do Jacaré

Seke La Bindo

Era uma vez um macaco cheio de fome. Percorreu a floresta à procura de fruta mas nada encontrou. Um dia, fraco e cansado, chegou à margem do rio Lulondo, ali onde Ngoyo e Kakondo são separados pelas águas. Na outra margem estava um bananal carregado de bananas douradas. Mas os macacos não sabem nadar. Para atravessarem os rios, agarram-se à cauda uns dos outros, atiram-se ao rio de uma vez e deixam-se levar pela corrente até que o primeiro chega à margem, saindo um por um para terra. Mas aquele macaquinho faminto estava só: A fome separou-o da sua família.

O macaco estava a pensar numa forma de atravessar o rio sem se afogar, quando viu um jacaré nadando silenciosamente ao seu encontro.

- Jacaré, podes levar-me para a outra margem? Tenho muita fome e quero ir comer aquelas bananas madurinhas que brilham ao sol!

O jacaré disse logo que sim, foi para terra e o macaco subiu para a carapaça das suas costas. Começou a nadar muito lentamente para que o macaco não caísse à água. Quando já estavam no meio do rio, ele parou e disse:

- Amigo macaco, a minha família está muito doente. Têm todos uma doença rara. O Nganga disse que só há uma maneira de curá-los, é dar-lhes de comer um pedacinho de coração de macaco. Dás-me o teu coração para salvar a minha mulher e os meus filhinhos?

O macaco ficou preocupado porque estava refém do jacaré. Para sair daquela situação difícil tinha que ser inteligente. Então teve uma ideia luminosa:

- Meu caro amigo! Fizeste mal não me teres avisado antes de começarmos a viagem. Eu deixei o meu coração em cima daquela árvore grande. Volta para trás que eu vou buscá-lo para to oferecer. 

- Mavanga…bubi manga ku kamba ke minui manga nata ntim’ami. Minu mbikizi wau vana vumongo nti. Kuna lixima li-nti.

O jacaré deu meia volta e regressou à margem. Quando o macaco se apanhou no alto de uma mafumeira gritou ao jacaré:

- Meu amigo, se alguém te disser que deixou o coração seja onde for, não acredites. Ninguém anda sem o coração a bater no peito. É uma coisa que não se pode dar a ninguém.

O jacaré ficou furioso, bateu com o rabo nos arbustos da margem, abriu a bocarra, esperneou e ameaçou. Mas depois, conformou-se com a situação. Compreendeu que se foi enganado pelo macaco, ele tinha enganado em primeiro lugar. 

Já mais calmo, disse ao macaco:

- Podes vir que eu levo-te para matares a fome na outra margem. Na minha família ninguém está doente e eu apenas queria comer-te.

O macaco era muito desconfiado mas achou que o jacaré estava a ser sincero. Por isso desceu da mafumeira e voltou a subir para a carapaça das suas costas. Quando começou a viagem disse ao amigo:

- Aceitei atravessar o rio contigo não por ter fome, mas para mostrar que confio em ti.

O jacaré desta vez levou a viagem até ao fim e ficou deitado ao sol a ver o macaco encher a barriga de bananas douradas. Desde esse dia, o macaco e o jacaré ficaram amigos para sempre. 

Moral da história: a confiança não pode ser traída e sem a confiança dos outros valemos pouco ou nada.

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