Preâmbulo da Carta da ONU
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.
E PARA TAIS FINS,
praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos.
RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS
Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas.
CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS – https://brasil.un.org/sites/default/files/2022-04/A%20Carta%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas.pdf
01- Em tempo de mudança de paradigma, nunca a Carta das Nações Unidas se impôs com todas as evidências como agora, nem nos tempos da então chamada “Guerra Fria”, quando mesmo assim se conseguiram levar a cabo lutas de libertação que tornaram muito mais abrangente e universal a aplicação da própria Carta!
A multilateralidade, o Não Alinhamento, a emergência, o respeito para com toda a humanidade, o respeito para com a Mãe Terra, o respeito pela Democracia e o respeito pela Paz, fundem-se hoje de tal modo, que é um acto de barbárie qualquer tipo de exclusão, tanto pior, qualquer tipo de reivindicada exclusividade, conforme ao padrão feudal da hegemonia unipolar!
A hegemonia unipolar é pela sua natureza um acto de barbárie retrógrado e lesivo em relação à lógica com sentido de vida pelo que suas práticas de conspiração são um flagrantemente contínuo processo que contradiz a Carta das Nações Unidas!
Tudo o que tem sido instrumentalizado nesse âmbito torna-se justamente condenável, por que sendo subversão da Carta das Nações Unidas, torna-se um factor promotor de intermináveis desequilíbrios, tensões, conflitos e guerras…
A hegemonia unipolar sabe disso e é por essa razão que, em desespero de causa fomenta, a cavalo na exclusividade, a subversão por via da mentira, a censura indiscriminada, os neofascismos e os neonazismos correntes e, uma vez que a federação Russa é um dos seus dilectos alvos, a russofobia descarada tendo como objectivo a implantação dum “apartheid global”!
02- África, dilacerada pela escravatura, pelo colonialismo, pelos expedientes derivados duma inquinada Conferência de Berlim em que africano algum participou, pelo “apartheid institucional” que um dia vigorou por décadas na África Austral, pelo “apartheid social” correspondente aos impactos do capitalismo neoliberal, tornou-se numa ultraperiferia cuja simples existência, à beira da inércia, é um anátema para com o conteúdo da Carta das Nações Unidas!
Um continente inteiro comprova a subversão da Carta das Nações Unidas em pleno século XXI!
A exclusividade da hegemonia unipolar ao subverter a Democracia e a Paz, à medida que abre espaços ao fascismo e aos neonazis, ao desrespeitar sistematicamente os relacionamentos internacionais saudáveis que se tornam possíveis por via da multilateralidade, torna-se num sistema obsessivo e opressivo para com os povos do continente, para com as vulneráveis nações cujos territórios derivam da Conferência de Berlim e para com os vulneráveis estados que subsistem na cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, com tão poucas hipóteses de vencer traumas e subdesenvolvimento para onde foram arrastados e condenados de há séculos até nossos dias!
Está-se contudo já em tempo de mudança de paradigma e a opção multilateral abre uma janela que África nunca teve, mesmo quando levou a cabo a luta armada de libertação contra o colonialismo e o “apartheid”!
Por essa razão é sinónimo de opressão impor a África o “apartheid global” fabricado pelas práticas de conspiração do “hegemon” unipolar, qualquer que seja o argumento utilizado, mesmo um argumento com base em “soft power” e utilizando um qualquer relacionamento bilateral!
Desse modo as tentativas de aproximação a África de poderes que se inscreveram de há largas décadas enquanto instrumentos da hegemonia unipolar como a União Europeia, ou a Organização do Tratado do Atlântico Norte, com a mudança de paradigma agora em fase de arranque, não são mais benvindas no continente-berço da humanidade, devem ser denunciadas, combatidas e apontadas como processos ávidos de neocolonialismo, antidemocráticos e contra a paz!
03- Logo que a situação na Europa se agravou em função da mentira e do avanço da NATO na direcção da Federação Russa alimentando uma contínua perspectiva de agressão, que a espiral de russofobia, de “apartheid global” e de monstruoso exclusivismo, marcado por sanções tornou-se incompatível com os interesses dos povos a nível global e a nível particular dos próprios povos europeus, agora sujeitos a situações de decrepitude nunca antes experimentadas!
As oligarquias europeias vassalas da hegemonia unipolar, não só não levaram a cabo a descolonização mental, como se tornaram radicalmente exclusivistas, a ponto de fazer crescer as sensibilidades neofascistas, neonazis e neocoloniais dentro do espectro sociopolítico dos seus próprios estados!...
Como as oligarquias europeias não fomentaram diálogo na busca de consensos, não procuraram a paz e utilizaram sistematicamente a mentira para alimentar a perfídia dos seus propósitos no quadro da hegemonia unipolar, (a evolução da situação na Ucrânia é disso expoente, particularmente desde a Euro Maidan), agora estão tentadas em vir a África buscar o que lhes falta por causa dos exclusivismos de natureza feudal que têm sido alimentados, num momento em que o multilateralismo tende a criar um outro desafogo para os povos africanos!
África não se deve iludir com essa azáfama, sinónimo de neocolonialismo!
É por essa razão que a tendência para a abstenção nos fóruns da ONU por parte dos estados africanos, deve ser também denunciada, por que nenhum africano se deve abster quando a ameaça é desde já neocolonial e vem emoldurada de muitas “doces palavras” que não escondem o “soft power” exclusivista que bate à porta com proveniência duma “comunidade internacional” que, pelas suas contantes práticas conspirativas, risca todos os outros do mapa e da saudável interpretação da Carta das Nações Unidas!
04- Angola nesse aspecto é um dos alvos diletos dos europeus que embarcaram no canto do vigário que é a União Europeia ocupada pelo Pentágono e a Organização do Tratado do Atlântico Norte instrumentalizado para a agressão, para a provocação de conflitos e de intermináveis guerras!
As oligarquias europeias tendem a vir a Angola buscar o que já não conseguem noutras partes do mundo, explorando a necessidade de investimentos que Angola tem em função dos seus projectos de crescimento económico a fim de com isso, enganando os angolanos, alimentar de facto o seu exclusivismo e os seus propósitos neocoloniais!
Numa situação de mudança de paradigma, os angolanos não se devem deixar enredar nesses propósitos, até por que outras alternativas se vão desenhando com a emergência e o multilateralismo que se distendem particularmente desde o imenso continente asiático!
Nas actuais circunstâncias, conjunturas e mantendo a obstinação da NATO, da UE, do exclusivismo feudal, das contínuas práticas de conspiração, da russofobia e do “apartheid global”, nenhum estado da “comunidade internacional” eminentemente anglo-saxónica é benquisto a África e a Angola, sabendo por outro lado quanto algumas sensibilidades sociopolíticas angolanas como a UNITA, são propensas à continuação do agenciamento que lhes são inerentes desde a sua fundação enquanto expedientes etno-nacionalistas e subversivos à própria independência e soberania nacional!...
África tem diante de si um longo processo de luta para deixar de ser “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”, por todas e mais algumas razões e, neste momento, por que a humanidade é contra o neofascismo, contra os neonazis, contra os bárbaros exclusivismos fomentados de há largos séculos, contra os conflitos, tensões e guerras por ausência de diálogo e de busca de consensos!
Angola impôs a si próprio diálogo, busca de consensos e paz, ainda que num ambiente saturado de neoliberalismo e não há razão alguma que esse critério no limiar de lógica com sentido de vida, não seja aplicado por outros, particularmente pelos europeus, ainda que eles não tenham levado a cabo a descolonização mental que de há muito se impõe!
A União Europeia e todos os filtros da hegemonia unipolar, devem fazer sua conversão aos propósitos da Carta das Nações Unidas e deixarem de ser os bárbaros abutres de toda a humanidade, prolongando séculos de escravatura, de colonialismo e de sistemáticas agressões que tardam em ter fim!
Abaixo o “apartheid global”!
Abaixo a NATO!
Abaixo a hegemonia unipolar!
Martinho Júnior, 17 de Abril de 2022.
Imagem – símbolo da ONU – conheça a história por detrás do emblema – https://segredosdomundo.r7.com/simbolo-da-onu/
Sem comentários:
Enviar um comentário